sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Quinteto Persch - Brasileiríssimo

Assisti ao concerto do Quinteto Persch - Brasileiríssimo na Caixa Cultural São Paulo. Que incrível, nunca vi tantos acordeões juntos, cinco acordeões, com os excelentes músicos Adriano Persch, André Machado, Daniel Castilhos, Ezequiel de Toni e Luciano Rhoden. Eles são do Rio Grande do Sul, cada um de uma cidade. Como ficam bonitas as obras com 5 acordeões, uma experiência única e que repertório lindo. Adorei os Quatro Momentos nº 3 de Ernani Aguiar, gosto muito desse compositor. Gostei bastante de Batuque de Henrique Alves de Mesquita e as duas de Otavio de Assis Brasil. Adoro Ernesto Nazareth e dele tocaram Vem Cá, Branquinha. Tocaram lindas obras de três outros compositores preferidos Radamés Gnatalli, Carlos Gomes e Guerra-Peixe. Boa parte dessas músicas integram o CD Brasileiríssimo que ganhou 5 troféus no Prêmio Açorianos de Música 2015, Melhor Arranjador (Adriano Persch), Melhor Álbum Erudito, Melhor Instrumentista e Melhor Intérprete (Quinteto Persch), Melhor Compositor (Toninho Ferragutti). Eu adorei o cenário do concerto que criaram para as apresentações com um belo tapete, móveis, cadeiras de madeiras e abajures. Essas fotos lindas são de Marcos Muzi.

Acharam muito 5 acordeões? Pois é, o Quinteto Persch convidou o paulista Toninhho Ferragutti para tocar com eles músicas próprias e assim formarem um grupo de 6 acordeões, que preciosidade. Foi um lindo concerto e o mais incrível, de graça. O Quinteto Persch toca ainda hoje até domingo.

Segue o programa completo:

Ernani Aguiar (1950)
Quatro Momentos nº 3
1. Tempo de Maracatu
2. Tempo de Cabocolinhos
3. Canto
4. Marcha

Henrique Alves de Mesquita (1830-1920)
Batuque

Otavio de Assis Brasil (1984)
À Moda Francesa
O Afiador de Faca

Ernesto Nazareth (1863-1934)
Vem Cá, branquinha

Radamés Gnattali (1906-1988)
Pixinguinha (Suíte Retratos)
Pé de Moleque

Carlos Gomes (1836-1896)
O Burrico de Pau

César Guerra-Peixe (1914-1993)
Mourão

Toninho Ferragutti (1959)
Nem Sol Nem Lua

Na Sombra da Asa Branca

Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Florence Foster Jenkins

Assisti Florence Foster Jenkins (2016) de Stephen Frears no TelecinePlay. Eu tinha visto um trecho em uma matéria sobre filmes indicados ao Oscar e quis muito ver. Foi uma grande surpresa descobrir que Florence Foster Jenkins (1868-1944) existiu. Uma grande mecenas da música, vivia ajudando grandes orquestras com cantores para que realizassem os seus eventos. E o sonho dela era cantar. No Brasil claro que colocaram juízo de valor no título.

O filme começa com a contratação de um pianista para as aulas. O maestro que vai lecionar é um grande regente de uma orquestra. Como ela era uma grande mecenas, vivia rodeada de pessoas importantes. Uma graça o pianista interpretado por Simon Helberg. O pianista é Cosmé McMoon. O momento da contratação e da primeira aula são preciosidades. Que interpretação da Meryl Streep. Todos estão incríveis. Hugh Grant interpreta o marido de Florence. Eles estavam casados há anos, mas não era um casamento carnal já que ela tinha sífilis que adquiriu do marido anterior quando tinha 18 anos nas núpcias.

O filme é muito delicado e bonito. Ela quer cantar, começa muito tarde o que já dificulta e não é nada afinada. O marido faz de tudo para protegê-la das críticas. Escolhe a dedo quem vai assisti-la. Ele tem outra mulher e diz que vai jogar golfe quando quer ficar com ela e é em uma dessas viagens que Florence grava um disco e aluga o Carnegie Hall. Vira um furor e sucesso, como disse um amigo, porque queriam rir dela o que é muito triste e feio. Até hoje é o disco mais vendido. Florence lotava os teatros, com inúmeras personalidades da música. Alguns sim iam para rir, mas muitos iam em respeito a tudo o que ela fazia e patrocinava na música. Eu gostei muito da atualidade do filme porque fala muito de respeito e tolerância. O quanto julgamos os outros e nos divertimos com as dificuldades dos outros pra encobrirmos as nossas falhas. Meu amigo disse que há outro filme sobre essa história que ele gostou muito, um filme francês de nome Marguerite que quero muito ver também.

No final vieram fotos de Florence Foster Jenkins, ainda do marido e do pianista. Contam que o pianista só tocou mesmo com Florence, amante do fisioculturismo acabou se tornando júri da modalidade. 


Depois de viúvo, o marido de Florence, St. Clair Bayfield, continuou investindo em música até sua morte.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Filha da Fortuna

Terminei de ler Filha da Fortuna (1999) de Isabel Allende da Bertrand Brasil. Que edição linda, que capa de Raul Fernandes maravilhosa, que livro espetacular! Acho somente que o livro poderia ser menor pela edição, não em texto. Há várias páginas em branco, letras bem grandes, um pouquinho só menor e menos espaços faria o livro ser menor e menos pesado.

Obra Paisagem de La Hacienda Aculeo de José Gandarillas

O livro começa em 1843 e fala bastante do início do Chile colonizado. Dois irmãos vivem com uma moça que não sabem quem são os pais. A irmã tem uma rara beleza, mas não quer casar. Há vários personagens, navios, mercadorias. É muito interessante como ela mostra costumes do Chile e povoados. Que a escravidão não vingou no país porque eram pequenas extensões de terra. Eu conhecia muito pouco do início do Chile.

Obra de Xavier Martinez

A jovem se apaixona por um rapaz pobre, tem um romance escondido e eu ficava pensando onde o livro seguiria. Estava no meio, tinha muito texto ainda e o livro dá simplesmente uma reviravolta, impressionante. Chega no Chile a notícia de ouro na Califórnia e todas aquelas lendas sobre enriquecimento rápido. O rapaz, querendo dar uma vida melhor a mãe miserável e ser digno da sua amada, rouba para conseguir viajar. A jovem descobre-se grávida e segue clandestinamente em um navio atrás do amado. Incrível como o livro passa a ter tantos contornos diferentes. Quem coloca a jovem em um navio clandestinamente é um chinês, que era cozinheiro do navio e amigo da família dela. A relação entre eles é de uma beleza incrível.

Obra de Xu Gu

O livro segue para o passado então para contar a triste história desse chinês. Ele era o quarto filho, passavam muita fome. Ele é vendido como escravo, mas acaba virando um aprendiz de um médico e ficando com suas agulhas de ouro quando ele mora. Ele vira cozinheiro do navio porque é sequestrado, prática comum na época. Acaba indo parar no navio. Vem ao Chile e ajuda a jovem a ir para a Califórnia clandestinamente. A jovem para sair do navio sem levantar suspeitas veste-se de chinês e passa muitos anos vestida como homem, só mudando o personagem que ela criava. Só prostitutas iam aquele lugar, demorou para chegarem mulheres com outras profissões, construíram famílias. É muito interessante também como Eliza começa a amar essa liberdade, de viajar, de ir a onde queria, principalmente porque vestia-se de homem. Ela não se via mais com outra vida. Algumas pessoas perceberam que iriam ganhar dinheiro não com o ouro, mas com tudo o que seria necessário para as pessoas que lá passaram a viver. Sim, prostituição, livros eróticos, mas também alimentos, estalagens. Quem enriqueceu foi com o que conseguiam fornecer aos novos moradores e não com o ouro. Absolutamente fantástico! Filha da Fortuna é incrivelmente feminista.

Obra Sherman House de M. Evelyn McCormic

O livro todo é incrível, foi difícil me despedir dele e daqueles personagens. Na Califórnia, o texto fala muito de preconceito, dos nomes pejorativos aos chineses, aos chilenos. Do trabalho escravo na extração do ouro. A lei não defendia os chineses que criavam regras próprias e bastante cruéis. 

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Shame

Assisti Shame (2011) de Steve McQueen na HBO On Demand. É um filme estranho, desconfortável, mas bem realizado. Nosso protagonista é um viciado em sexo. Ele é interpretado brilhantemente pelo Michael Fassbender. Um alto executivo, bem sucedido, um belíssimo apartamento, promove ótimos negócios na empresa que trabalha, mas vive vendo pornografia, contratando prostitutas e indo ao banheiro, tanto em casa como no trabalho. São várias vezes ao dia. Muito provavelmente se ele fosse mulher nunca conseguiria emprego. Em geral as mulheres são bem mais vigiadas e julgadas.

Até que chega a sua irmã. Ele fica muito irritado e diz que ela só pode dormir uma noite. Ela é o oposto dele. Enquanto ele não se envolve afetivamente com ninguém, não tem amigos, namorada, nada. Parece um cubo de gelo, ela é passional. Vive atrás de homens que se envolve, implorando. Até com o próprio irmão deixava recados na eletrônica diariamente implorando contato e ele muito, mas muito maldoso nunca atende nem retorna. Carey Mullingan também está brilhante. O filme não chega a lugar nenhum. É interessante de ver, desconfortável. A sinopse dá a entender que chega a algum lugar, mas não chega não. São vidas com dificuldades de relacionamentos, uma de se envolver e outra de ter auto-estima, mas pelo jeito assim continua. Outros atores passam pelo filme: James Badge Dale, Nicole Beharie, Lucy Walters e Alex Manette.

Beijos,
Pedrita

domingo, 20 de agosto de 2017

Recital de violão e piano

Fui ao recital de piano e violão do Centro de Música Brasileira no Centro Britânico Brasileiro. Paulo Porto Alegre fez uma homenagem aos 100 anos do compositor Laurindo Almeida. O violonista contou que esse compositor fez várias trilhas para o cinema. Fui no IMDB e achei, são inúmeras mesmo. Belas composições que Paulo Porto Alegre interpretou dele. Eu não conhecia do Guerra-Peixe, compositor que adoro, obras com influências do dodecafonismo. Adoro Villa-Lobos, ainda mais suas obras para violão, lindos os prelúdios e estudos que o violonista interpretou. Paulo Porto Alegre contou que Osvaldo Lacerda compôs 4 obras para violão, ele interpretou o Ponteio. Gosto demais também de Radamés Gnatalli, foi tocada a Pequena Suíte com várias influências de brasilidade. Foi tudo muito bonito.

Obras:

Heitor Villa-Lobos: Prelúdios números 3 e 5 e Estudo 10

César Guerra Peixe: Suíte (Ponteio, Acalanto e Choro)

Osvaldo Lacerda: Ponteio

Radamés Gnattali: Pequena Suíte (Pastoril, Toada e Frevo)

Laurindo Almeida (homenagem aos 100 anos de nascimento): Crepúsculo em Copacabana e Brasileiro

Paulo Porto Alegre: Três Estudos

Foto de João Caldas

Depois tocou a pianista Maria Helena De Andrade. Ela é do Rio de Janeiro e nunca tinha tido a oportunidade de ouvi-la tocar. Fiquei encantada. Que delicadeza de estilo. Não conhecia Heitor Alimonda e gostei muito. A pianista disse que a Temperamento de Francisco Mignone falava dos temperamentos. Gosto muito desse compositor e ela interpretou várias obras dele. De Villa-Lobos tocou a linda Saudades das Selvas Brasileiras Lindas as obras de Osvaldo Lacerda. Gostei muito também da Dobrado do Ricardo Tacuchian. A pianista terminou o recital com obras bem lindas e conhecidas: Gaúcho de Chiquinha Gonzaga e Tico-tico no Fubá de Zequinha de Abreu, esta comemora 100 anos.

Obras:

Heitor Alimonda: Três Estudos

Francisco Mignone: Seguida (1984)
Temperando
Outra lenda sertaneja
Beliscando forte
Valsa que no de esquina
Batuque batucado

Heitor Villa-Lobos: Saudades das Selvas Brasileiras (1927)

Osvaldo Lacerda: Pequena Canção (1972)
Valsinha Brasileira (1975)
Homenagem a Scarlatti: Sonata I e Sonata II

Ricardo Tacuchian: Dobrado

Chiquinha Gonzaga: Gaúcho

Zequinha De Abreu: Tico-tico no Fubá

Os dois músicos interpretaram obras de 10 compositores brasileiros. Fico sempre encantada com a  variedade e riqueza da música brasileira. 

Beijos,
Pedrita