sábado, 26 de janeiro de 2008

Adrenalina

Assisti Adrenalina (2006) de Mark Neveldine e Brian Taylor no Telecine Premium. Uma co-produção entre Reino Unido e Estados Unidos. Os diretores também assinam o roteiro. Não, vocês não entraram em blog errado e sim, eu vi esse filme tosco. O 007 tinha comentado comigo que eu deveria ver, ainda não falei com ele pra saber por quê, mas até imagino. Li algo a respeito do filme querer tirar sarro desses filmes exagerados de aventura, mas continua sendo tosco. Comecei a ver no susto, tinha acabado de começar, estava com uma preguiça daquelas, mesmo não gostando das bobagens do início resolvi continuar vendo. Até que ri muito de tão tosco em alguns momentos, mas é muito babaca, mesmo querendo ridicularizar, é tosco e babaca.


Nosso protagonista é um assassino profissional. Ele matou quem não deveria e recebeu uma injeção letal com um veneno chinês. Esse veneno desacelera e mata a pessoa. Aí ele precisa de adrenalina pra ficar vivo. Então é um corre-corre tosco o filme todo, com cenas exageradas e sensacionalistas pra dar ibope, com cara de cult. E pior, eu aguentei até o final na cena mais tosca, quando ele liga pra sua amada e deixa um recadinho meloso medíocre.

Há muitos efeitos especiais, muito merchandising, muito red bull, muitos carros, muitas mulheres bonitas com roupas minúsculas. Todos os clichês do gênero estão impreterivelmente no filme. Uma cena engraçada é do carro de lado subindo a escada rolante. Eles devem ter tido dificuldade de parar de rir pra fazer a cena como se fosse tudo muito normal. O protagonista é intepretado pelo belo Jason Statham, sua namoradinha burrinha loirinha por Amy Smart. Alguns outros do elenco são: Efren Ramirez, Jose Pablo Cantillo, Dwight Yoakam, Carlos Sanz, Reno Wilson, Keone Young, Valarie Rae Miller, Edi Gathegi e Chester Bennington. E claro, já tem uma continuação.

Música do post da trilha sonora: Trix Are For Kids - The Crowd



Beijos, Pedrita

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O Jogo da Amarelinha

Terminei de ler O Jogo da Amarelinha (1963) de Julio Cortázar. Eu sempre quis ler esse livro. Há anos anotei uma lista de obras que devem ser lidas e lá estava ele. Nunca encontrava em sebos, só achei Os Prêmios que li e gostei muito. Tive uma surpresa na minha última visita ao sebo, eles tinham um exemplar a venda, e apesar de eu ter passado lá há ano atrás, o atendente lembrava-se que eu sempre quis esse livro. Hoje vi que já é possível comprar nas livrarias virtuais, está o dobro do que eu paguei e parece que demoram pra entregar, mas já é possível encontrá-lo. O que comprei não é o dessa belíssima capa, é da editora Cvilização Brasileira.

Obra de Xul Solar.

Eu não gosto de ler sinopses antes de ler livros, já que muitas revelam mais do que deveriam, então desconhecia sumariamente a estrutura do livro. Fiquei maravilhada no início que dizia que o livro permitia várias leituras. Eu segui a orientação inicial. Ler do início até o capítulo 56, que traz o Fim. Depois segui pela ordem sugerida pelo autor, como um Jogo de Amarelinha. Comecei pelo capítulo 73, e a cada final de capítulo lia o que o autor me enviava. Simplesmente genial.


Obra Conceito Espacial (1965) de Lucio Fontana

Nosso protagonista é muito perturbado. Ele tem uma relação doentia com a Maga. É difícil sabermos o que é delírio ou realidade. Fiquei chocada com a presença do bebê. É claro para mim que é filho dele, mas ele sempre se refere a criança, ele nunca assume a possibilidade que é seu filho. Parece que pelo fato dele ter sugerido o aborto, e ela teimosamente não ter aceito, ele está livre agora da responsabilidade sobre eo bebê, deixa de ser seu, mas também pode ser porque sempre acha que Maga o traiu e nunca sabemos o que é verdade ou delírio de sua mente confusa. Tudo em seu raciocínio é perverso, manipulador e cruel. Eles também vivem em pobreza quase miserável.

O Jogo da Amarelinha é um livro muito complexo, com sentimentos muito vastos, do ódio ao amor, posse ao desprezo. Fiquei absurdamente embebida naquela narrativa doentia. Também nada é claro, há inúmeras lacunas, e talvez seja o que faça de O Jogo da Amarelinha mais fascinante, a dúvida. A não certeza de nada. Como se uma mente perturbada nos levasse a diversos caminhos, mas não há certeza de que realmente aconteceram. Devorei avidamente a tortura de seus personagens e pensamentos confusos.

Obra A Lua de Antonio Berni

Seguem trechos da obra O Jogo da Amarelinha de Julio Cortázar, mas merece ser lido na íntegra, várias vezes e com várias construções de ordens dos capítulos:

Encontraria a Maga? Tantas vezes bastara-me chegar, vindo pela rue de Seine, ao arco que dá pra o Quai de Conti, e mal a luz cinza esverdeada que flutua sobre o rio deixava-me entrever as formas, já sua delgada silhueta se inscrevia no Pont dês Arts, por vezes andando de um lado para o outro da ponte, outras vezes imóvel, debruçada sobre o parapeito de ferro, olhando a água.”

“Acostumaram-se a comparar as colchas, as portas, os abajures, as cortinas; os quartos dos hotéis.”

“Por cima ou por baixo, Big Bill Broonzy começou a cantar See, see, rider; como sempre, tudo convergia de várias dimensões irreconciliáveis, um grotesco collage, que era preciso montar com vodca e categorias kantianas, esses tranqüilizantes contra qualquer coagulação demasiado brusca da realidade. Ou como quase sempre, fechar os olhos e voltar para trás, para o mundo, para o confortável mundo de qualquer noite, escolhida cuidadosamente entre o baralho aberto. See, see, rider, cantava Big Bill, outro morto, see what you have done.”


“Em Paris somos como cogumelos, crescemos nos corrimões das escadas, em quartos escuros onde cheira a gordura, onde a gente faz o amor todo o tempo e, depois frita ovos e põe discos de Vivaldi, acende cigarros... todos nós fazemos o amor e fritamos ovos e fumamos, ah!, nem pode imaginar tudo o que fumamos e o tanto que fazemos o amor, parados, deitados de joelhos, com as mãos, com as bocas, chorando ou cantando, e lá fora existe de tudo, as janelas dão para o ar e isso começa com um pardal ou uma goteira, aqui chove muitíssimo.”

Todas as telas são de pintores argentinos.
Música do post: See see rider (A vitrola de Maga é incessante. Seja de noite, seja de dia, seja com criança doente, com vizinho reclamando, está sempre lá tocando, e nós acompanhamos todas as escolhas musicais. Essa música é uma das mencionadas na obra.)


Beijos,

Pedrita

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Mary

Assisti Maria (2005) de Abel Ferrara no Telecine Cult. Queria muito ter visto esse filme quando veio ao Brasil na Mostra Venezia Cinema Italiano. Uma co-produção entre Itália, França e Estados Unidos. O filme era muito comentado na Europa, muito comentado na mostra, mas passou em duas únicas sessões no meio da semana e não consegui ir. Fiquei emocionadíssima quando estreou no Telecine e é simplesmente maravilhoso. Imperdoavelmente não conhecia o estilo desse diretor e tinha um certo medo do roteiro do filme que tem como assunto principal Maria Madalena. Achei que seria um filme com uma narrativa clara sobre a vida de Maria Madalena, mas não é.

Maria é um filme sobre fé, ou a não existência da fé, sobre cinema. Começa com a finalização das gravações de um filme sobre Jesus, a maravilhosa Juliette Binoche é Maria Madalena. Ela desiste de voltar para os Estados Unidos e resolve imergir em Jerusalém e entender um pouco mais sobre fé. Passa então o filme aos Estados Unidos, onde um apresentador de TV faz uma série de programas de entrevistas sobre Jesus. O filme não faz pontes com religiões, fala esporadicamente de fé, mostra o mundo em conflitos, vários entrevistados falam trechos sobre teorias da vida de Jesus. Um judeu fala como eles vêem Jesus. Um teólogo francês conhecido, Jean-Yves Leloup, fala que Maria Madalena disputava com Pedro o posto de discípulo mais importante de Jesus. Inclusive o teólogo diz que o fato de Maria Madalena ser mulher e muito próxima a Jesus eram os maiores conflitos pelo posto de primeiro discípulo. Que ela e mais dois apóstolos também tiveram evangelhos que foram considerados hereges, enterrados e descobertos em 1945. Eu desconheço essa sinformações, não sou estudiosa do tema.

O maravilhoso Forest Whitaker interpreta o jornalista. Ele não tem fé, nem religião. Do mesmo modo que em seu programa mostram entrevistas sobre fé, a personagem da Juliette Binoche visita vários templos de vários credos em Jerusalém. O filme mostra ainda matérias sobre religiões, conflitos em Jerusalém, sobre credos diferentes. Gostei muito porque não entra a fundo em religião, fala de fé, não questiona os credos, só mostra a grande diversificação que existe de assuntos relativos a fé, de pesquisas.

Alguns outros no elenco são: Heather Graham, Matthew Modine, Marion Cotillard, Stefania Rocca e Marco Leonardi.

Maria ganhou o Grande Prêmio do Júri, no Festival de Veneza.
Música do post: Jerusalem



Beijos, Pedrita

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Marcas da Violência

Assisti Marcas da Violência (2005) de David Cronenberg no Cinemax. Fazia tempo que queria ver esse filme, mas estava sem coragem. Logo no começo fiquei com receio que fosse daqueles filmes que bandidos violentos mantém uma família refém, fazendo atrocidades por todo o filme, mas não é não e o roteiro é bem interessante e surpreendente. Tem alguns clichês, umas questões forçadas, mas a temática principal é bem interessante. O roteiro é baseada na novela gráfica de Wagner e Vince Locke.

Esquecendo o desenrolar da trama, Marcas da Violência debate uma questão crucial dos dias de hoje. De civis fazerem a justiça com as próprias mãos e se exporem e as suas famílias a vinganças de integrantes de grupos de bandidos. Às vezes um ato impensado e heróico pode expor as famílias, mas não reagir pode ser igualmente pior. É uma questão muito complexa, que o filme aborda bem no início, depois vem o desenrolar surpreendente, mas só essa discussão inicial já acho interessante. Não sou a favor de justiça com as próprias mãos, de reagir em ações de violência, mas acho um tema complexo. Não é possível escolher teorias simplistas.

O elenco é muito com três belos e talentosos atores, o lindíssimo Viggo Mortensen, lembra um pouco o nosso Murilo Rosa, Ed Harris que não está muito bonito no filme e Maria Bello. Alguns outros do elenco são Peter MacNeill, Ashton Holmes, Heidi Hayes e William Hurt.

Música do post, não do filme: Violence Of Summer (Love's Taking Over).



Beijos

Pedrita

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Por Gentileza

Assisti ao filme francês Por Gentileza (2003) de Pierre Salvadori no Cinemax. Tive uma surpresa agora na biografia do diretor, ele nasceu na Tunísia. Eu não sei se sabem, mas sou fã do Daniel Auteuil. Vivia perdendo esse filme porque esse nome não me chamava a atenção. Até que enfim conseguir ver. É uma comédia deliciosa, ri muito, ótimo texto, ótimo elenco, muito bom.

No início eu achava que o personagem do Daniel Auteuil era dono de um restaurante, mas depois vi que ele era um garçom. Ele tem um jantar do outro lado da cidade, resolve cortar caminho por um parque fechado e se depara com um homem se suicidando. Ele salva o homem, vê que ele está muito desequilibrado emocionalmente, e o leva para a sua casa, onde mora com essa mulherque não gosta nada da idéia. Nosso protagonista se sente responsável por esse homem perturbado e resolve ajudá-lo. Só que esse homem está muito fora do eixo totalmente deslocado, amalucado e cria uma série de confusões para o seu salvador.

O elenco é excelente. Junto com Daniel Auteuil contracenam José Garcia, Sandrine Kiberlain e Marilyne Canto. Daniel Auteuil ganhou prêmio de Melhor Ator no Étoile d'Or.
Música do post: Ma Solitude




Beijos,
Pedrita