sábado, 8 de setembro de 2018

Recital de Fabio Brucoli

Fui ao recital de Fabio Brucoli para o lançamento do CD Violino Solo no Salão Nobre do Theatro Municipal de São Paulo. O violinista escolheu obras desafiadoras para o CD. Eu amo Bartók e Brucoli tocou a Sonata para Violino Solo. Bartók está entre os meus compositores preferidos e que obra dificílima, impressionante! De Bach, ele interpretou a Sonata nº 1 em sol menor, BWV 1001, que também foi incrível. Igualmente linda a obra de Olivier ToniIn Memoriam para aqueles que nos deixaram. O recital estava lotado e foi gratuito. O Theatro Municipal de São Paulo tem uma programação gratuita às 18h regularmente. O CD Violino Solo está em várias plataformas de streaming.
Foto de Marcelo Donatelli
Beijos,
Pedrita

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Mãe!

Assisti Mãe! (2017) de Darren Aronofsky no TelecinePlay. Eu tinha uma certa resistência em ver esse filme pelas inúmeras críticas negativas, mas principalmente por ouvir falar que tinha religião, mas Mãe! é muito mais que isso, é absurdamente complexo, um filme que me deixou impactada e que devo ficar assim por muito tempo.

Mãe! permite inúmeras interpretações e  li uma entrevista com o diretor onde ele se divertia com as inúmeras visões que os jornalistas da coletiva tinham tido com o seu filme, mas há uma questão, a que acho mais impactante, que passa a ser fundamental para debatermos nos dias de hoje. Na entrevista o diretor fala da indiferença há duas questões ambientais no Canadá e Estados Unidos, mas que você traz a questão para dentro de sua casa, quando pessoas entram na sua casa sem você convidar e queimam o seu tapete, as pessoas ficam indignadas. E é esse o grande trunfo de Mãe! Colocar a terra como uma mulher constantemente violentada, desrespeitada, invadida, dentro de sua intimidade, dentro de sua própria casa. A terra é a casa e nós invadimos sem a menor cerimônia, mudando como bem entendemos a casa do outro.

No finalzinho que eu achei que a protagonista era a terra e tudo se encaixou junto com a perplexidade. As relações bíblicas são alegorias para contar a história. Um casal está arrumando a casa que já tinha sido totalmente destruída por um incêndio. A protagonista cuida de cada detalhe, enquanto um marido narcisista, egoísta e egocêntrico a ignora por completo. Talvez aí o ódio de muitos para esse filme já que esse homem pode ser deus. Até que o diretor não errou muito com essa imagem de deus que tudo vê e nada faz, um verdadeiro omisso que adora ser idolatrado e pouco se importa com o resto, inclusive pouco se importa com a terra. E se existe não é mais ou menos assim? As crianças continuam morrendo de fome no mundo, na Etiópia, nas travessias de fugas de imigrantes e se existe alguém que "olha por nós", porque continuam morrendo? O homem tem a mesma arrogância quando a terra cobra dele alguma proteção, alguma posição. Ele sempre a menospreza, maltrata e a violenta, mas ele vai muito mais longe, um verdadeiro monstro.
 As pessoas vão entrando nessa casa sem pedir autorização ou dizem que o marido convidou e vão usando tudo, quebrando tudo e pasmem, até pintando a casa porque viram a tinta... Ela fica indignada, mas todos riem, ou reclamam dela e continuam. Ela diz que a casa é dela e todos riem. E não é como fazemos com a terra? Compram uma fazenda e a primeira coisa que fazem é derrubar todas as árvores, inúmeras raras e centenárias. Constroem uma casa e aí plantam umas poucas árvores onde poucas vão sobreviver como "reposição". Mas se enjoam da casa naquele lugar, destroem tudo de novo, tiram as árvores de novo e plantam outras de novo depois em outro lugar. Mas fora esses exageros monstruosos, o que cada um de nós faz por essa casa de outra pessoa? Realmente simbolizar a terra na casa de alguém fica tudo mais claro. A convidada deixa inúmeras cascas de limão espalhadas pela cozinha com inúmeras outras sujeiras e a "terra" que limpe. E a pia que não estava soldada? Ela avisa várias vezes  para não sentarem nela e riem dela. E o quanto rimos de quem fala para cuidarmos melhor do planeta, quantos já vi rirem quando você fala pra não jogar lixo no chão. E voltamos de novo para nossas pequenas ações, o quanto consumimos lixo e jogamos "lá fora", no próprio planeta.
As referências bíblicas foram as que menos interessaram. Elas permitiram a história ter um roteiro, Adão e Eva, Caim e Abel, e no final o apocalipse. O diretor falou ainda que tinha o sacrifício de Jesus e outras referências, mas é o de menos. Servem para mostrar como o homem tudo invade, como cada um de nós não respeita a nossa casa que é a terra que de forma tão generosa nos acolhe. A terra é a Mãe que tenta a todo custo preservar a casa, cuida, cozinha, ama e nós só usamos, destruímos. No "apocalipse" os homens matam uns aos outros sem explicações claras. E o parto? É insuportável. Ela está em trabalho de parto e continua sofrendo violências, não é protegida, a empurram, a agridem. O filme é contundente demais, insuportável demais, como somos desumanos. Qual a parcela de culpa de cada um de nós para a destruição da terra? No filme há os monstros, os radicais, mas eu fiquei desconfortável várias vezes e me perguntava o que eu fazia para proteger a terra? Nunca vou esquecer esse filme.
 Todo o elenco está impressionante. Que incrível a atuação da Jennifer Lawrence. Como Javier Bardem está insuportável como esse homem omisso, agressivo e assassino. Os personagens do Ed Harris e da Michelle Pfeiffer também dão vontade de esganar. Ela pede que não fumem na casa, ele finge que aceita, mas continua fumando, até mesmo na cara dela. E a esposa ridiculariza o tempo todo a anfitriã. Fala mal de tudo, o quanto não reclamamos do que ganhamos de graça da terra? 

Beijos,
Pedrita

domingo, 2 de setembro de 2018

Versão Brasileira

Fui ao show Versão Brasileira de Claudio Goldman na Casa de Cultura de Santo Amaro. Ótimos todos os músicos: Claudio Goldman se apresenta na voz e teclado, Frank Herzberg no contrabaixo acústico, Décio Gioielli nas percussões, Álvaro Couto no acordeão e Mário Aphonso nos sopros. Adorei o show! O repertório tem dois momentos, lindas músicas que aquecem o coração como Insensatez do Tom Jobim, várias de Villa-Lobos. Me emocionei muitas vezes! E outro momento espirituoso com Versões Brasileiras de grandes músicas como Pour Elise de Beethoven que virou um delicioso chorinho, uma da ópera O Barbeiro de Sevilha que virou o Cozinheiro de Salvador, um xote nordestino que Mozart com uma brincadeira que o compositor teria feito a sua amada brasileira. Tudo com uma variedade grande de ritmos. Claudio Goldman vai fazer ainda vários shows nesse semestre em locais da Prefeitura em vários pontos da cidade e tudo de graça!


Gostei demais da Casa de Cultura de Santo Amaro que foi inaugurada em 1897 como Mercado Municipal de Santo Amaro. Foi tombada em 1972. O organizador do espaço contou que Santo Amaro tem vários prédios públicos na região inclusive uma biblioteca.

Beijos,
Pedrita