Fui ao concerto 2 Pianos: Eudóxia de Barros e Gilberto Tinetti no Centro Cultural São Paulo. Belíssima apresentação, eu e muitos brasileiros amamos esses pianistas e que repertório lindo. Estava lotado. Primeiro eles tocaram um linda obra de Mozart, seguiram para Ravel. Que linda a Sonata de Poulenc. Finalizaram com uma belíssima valsa de Mignone, O público gostou tanto que tocaram no bis novamente. E uma de Nazareth. Inesquecível!
Programa: Wolfgang Amadeus Mozart – Sonata em Ré maior K 448 Ravel – Ma mère l'oye (5 peças infantis) Francis Poulenc – Sonata Francisco Mignone - 2ª Valsa de Esquina Ernesto Nazareth – Escorregando
Esse vídeo não é desse concerto. Esse do vídeo tinha orquestra, mas são com os dois pianistas.
Assisti `71 de Yann Demange no Telecine Play. Faz tempo que via esse filme na seleção de Cults do Now. Mas como andei lendo e vendo muita arte de guerra, aguardei. Um belo dia resolvi arriscar e me surpreendi com um filme impressionante, absurdamente atual e com um roteiro de Gregory Burke inteligentíssimo. Inclusive ganhou Bafta de Melhor Roteiro.
Essa foto ilustra bem o filme. Soldados ingleses treinam na época da Segunda Guerra Mundial, só que são enviados para a Irlanda em vez de irem para a Alemanha. Eles até gostam por irem perto de casa. Na Irlanda as cidades estão em guerra com os principais atentados do IRA. Mal chegam são enviados a uma rua sem entender o que acontece. Dois soldados são espancados, a tropa vai embora, atiram na cabeça de um e o outro, sem poder voltar com a tropa que partiu passa a se esconder. Ele não conhece a cidade, não sabe voltar ao quartel, está completamente perdido.
Muito rapidamente e nesse mesmo dia nosso protagonista descobre muitos segredos de todos os lados e passa a ser jurado de morte por todos, mas só nós que sabemos, ninguém sabe que todos o querem morto por motivos diversos. A tropa nem tem ideia do que está acontecendo, continuam longe dos fatos reais. O protagonista começa a se esconder, rouba um agasalho para parecer menos um soldado, está de noite. Uma bomba mata todos inclusive crianças e a bomba não é do IRA e sim quem teoricamente estaria lá para defender a cidade. O roteiro é muito inteligente, mostra a crueldade das pessoas, as mentiras, as complexidades de crises como essa. Sempre vi filmes colocando o IRA como os revolucionários, sim, no filme eles também atiram, matam, não todos, alguns fanatizados. O filme fala inclusive muito sobre fanatismo, falta de humanidade e não de um grupo, de todos que acham que estão agindo certo pelas suas crenças.
Em um determinado momento, um médico que socorre o rapaz diz que já foi do exército, mas que o exército só está preocupado com seus ideias e não com as pessoas. Nosso protagonista, depois de tudo o que passa, abandona o exército. Eu não pensaria de outra forma. O rapaz está excelente e é interpretado por Jack O´Connell, ele está absolutamente incrível. Alguns outros do elenco por Sean Harris, Jack Lowdem, Joshua Hill, Baboo Cesay, Sam Reid, Paul Anderson e Corey McKinley. ´71 é um filme muito impressionante, trágico, angustiante. `71 ganhou inúmeros prêmios. Prêmio do Júri de Melhor Filme no Festival de Berlim.
Terminei de ler Dôra, Doralina (1975) de Rachel de Queiroz. Comprei em um sebo de uma edição do Círculo do Livro, de capa dura vermelha, com pó de ouro em cima, não desse capa da foto. Parecia que nunca tinha sido lido, que pena, as páginas grudadas e impecáveis. Adoro essa escritora! E que livro maravilhoso! Não tinha ideia que era tão extenso, é dividido em três partes. As páginas são finas e a letra miúda.
Obra Estação de Carros no Sertão (1859) de José dos Reis Carvalho
Inicialmente li O Livro da Senhora. Senhora é a mãe de Dôra, Doralina. A filha nunca a chama de mãe, sempre de Senhora. A relação das duas não é boa. Dôra conta que se chama Maria das Dôres, de uma promessa da Senhora, mas a promessa não era para a filha e sim para a Senhora. Dôra detesta o nome Maria das Dores, todas as chamam de Dôra. Ela gosta de Doralina que é como o pai que mal conheceu a chamava. Ela e a Senhora tem uma pequena propriedade. Dôra herdou uma parte do pai e a gananciosa Senhora a outra parte. A Senhora arranja um casamento para a filha com um homem mais velho. Dôra não sabe se o que vive é felicidade, mas tem uma relação cordial com o marido oportunista. Até descobrir um grande segredo da Senhora e do marido. Logo depois o marido é achado morto, talvez um acidente. Dôra vende o pouco que tem e vai para a cidade grande.
Obra de Clóvis Graciano
Na cidade Dôra ajuda na pensão de um parente onde conhece uma companhia de teatro e passa a fazer alguns serviços lá também. Com a partida de uma atriz convidam Dôra para substituir a atriz que partiu. Dôra sempre teve um temperamento muito prático, não acha que a vida de artista seja boa, já que todos vivem em dificuldades financeiras, mal ganham para o seu próprio sustento. Mas a companhia acaba insistindo e Dôra segue com eles com outro nome, um nome artístico. Segue então o segundo livro, O Livro da Companhia.
Obra de Josinaldo Barbosa
A Companhia pega um navio para ir pelo Rio São Francisco se apresentando até chegar no Rio de Janeiro. Lá Dôra conhece o Comandante e eles se apaixonam. Começa então O Livro do Comandante. O Comandante era um homem como ela, de personalidade forte, decidido. Boa parte do trabalho dele era de contrabando. Estamos na época da guerra, ele então consegue mercadorias, até mesmo penicilina clandestina que pagam a peso de ouro. Dôra vive muito feliz com ele. O círculo se fecha quando Dôra volta para onde nasceu, agora só com os empregados envelhecidos, tentando recuperar a subsistência da pequena propriedade rural. Amei a riqueza dos personagens, tantas nuances, não óbvios. É fascinante a capacidade de Rachel de Queiroz de relatar os fatos, esmiuçar os cenários, tudo rico e apaixonante. Entre as melhores obras que li. Vai deixar saudade!
As pinturas são todas de brasileiros. A primeira é de um cearense, estado que começa Dôra, Doralina e rural já que ela vivia com a Senhora em um sítio. A seguinte é de pintor brasileiro que pintou expressões culturais. Por último, um artista que pintava o Rio São Francisco.
Assisti Spectre (2015) de Sam Mendes no Telecine Premium. Fiquei bem animada que esse filme era o da Super Estreia e me programei para ver. Muito bom! Não tinha gostado muito do anterior Skyfall, que comentei aqui. Não entendi muito bem porque Missão Impossível Nação Secreta e esse estrearam no mesmo ano, os roteiros são praticamente iguais. Nos dois os serviços secretos são proibidos de atuar e os dois agentes passam a atuar na clandestinidade. As cenas de corre corre de carros são praticamente iguais, com aquelas tradicionais de corridas em escadas. Parecia que eu estava vendo o mesmo filme.
Eu gosto demais do Daniel Craig, é meu 007 preferido e gosto muito do realismo desses filmes. E de serem menos machistas. Ele não é um mulherengo inconfessável, costuma se apaixonar. Gostei demais da atriz que surge dessa vez, Léa Seydoux. 007 encontra o pai dela muito doente em uma investigação. O pai pede que ele cuide da filha e ele a conhece. Como as mulheres de filmes de ação atuais, é corajosa e destemida, além de muito inteligente. Esse 007 lembrou um antigo que não gosto muito, que tem uma instalação em um lugar deserto e um homem muito forte que fica perseguindo os dois interpretado pelo colombiano Dave Bautista. Ambas as cenas no deserto e com esse perseguidor são mirabolantes demais e não curti muito. 007 também não é um bom protetor. Ele está junto com a moça o tempo todo, mas quando estão de noite em uma cidade, ele com um grupo, ela simplesmente não quer ir, ele não envia ninguém com ela que sai andando à noite sozinha nas ruas e claro, o vilão a pega. 007 é um péssimo protetor.
O vilão é interpretado pelo ótimo Christopher Waltz. Muito boa essa trama. Ele e o 007 foram criados juntos. Ele filho legítimo, vê sua rotina mudar com a chegada de outra criança adotada pelo pai.
Meio de paraquedas a participação de Monica Bellucci na trama. Tem uma certa lógica, viúva do homem que 007 investiga, mas o romance de uma noite com os dois é meio forçada. Alguns outros do elenco são: Ben Whishaw, Ralph Fiennes, Naomi Harris, Andrew Scott, Rory Kinnear, Jesper Christensen e Marc Zinga. Incríveis os momentos iniciais na Cidade do México, belíssima abertura e muito linda a canção tema de Thomas Newman interpretada por Sam Smith, que inclusive ganhou Oscar de Melhor Canção.
Fui ao concerto do Centro de Música Brasileira no Centro Britânico Brasileiro. Inicialmente tocou o Duoboé ao Piano formado pela Arlete Tironi Gordilho ao piano e Gilson Barbosa no Oboé. Gosto muito desses músicos. Uma das obras foi interpretada com corne inglês. Belos sons dos instrumentos.
Crédito da foto: Luciana Aith
Programa:
Francisco Braga: Bluette
Savino de Benedictis: Psiquê
Edmundo Villani-Côrtes: Três Miniaturas
(Da Esperança, Da Saudade, Da Alegria)
Osvaldo Lacerda: Variações sobre
“Carneirinho, Carneirão”
Fernando Cupertino: Cantilena
José Siqueira: Sonatina
Depois se apresentou o Duo Palheta ao Piano com Jairo Wilkens no clarinete e Clenice Ortigara ao piano. Fiquei impressionada com esses músicos que não conhecia. Eles são um casal, vivem em Curitiba e lançaram um CD com esse repertório. Que interpretações, que obras, que precisão. Amei todas as obras que eram de difícil execução. Começaram com uma belíssima de Osvaldo Lacerda, fundador do Centro de Música Brasileira. Gosto muito das obras de Marlos Nobre e Liduíno Pitombeira. Não conhecia Lindembergue Cardoso, que é baiano. Já tinha ouvido algumas obras de Harry Crowl. Essas eram dificílimas e instigantes. Adoro obras que me tiram da zona de conforto, que geram curiosidade, que me surpreendem.
Osvaldo
Lacerda (1927-2011) - Quatro peças (I Chalumeau, II Clarino, III Improviso e IV
Toccatina)