sábado, 23 de abril de 2016

Mr. Holmes

Assisti Mr. Holmes (2015) de Bill Condon no Max. Eu tinha visto na programação e coloquei pra gravar. É muito lindo, sobre a não possibilidade de reparação do nosso passado. Ian McKellen simplesmente arrasa. Sherlock Holmes está velho e esquecido. Mora solitário com uma governanta e o filho dela.

O menino está fascinado pelos segredos de Holmes que tenta escrever um livro com suas confusas memórias. A mãe não gosta nem um pouco. Sem saber ler, sem entender o que acontece, acha o tempo todo que o melhor é ela e o filho irem trabalhar em um hotel. O menino não quer de jeito nenhum.O menino é interpretado brilhantemente por Milo Parker.

E a mãe por uma atriz que adoro, Laura Linney. Mr. Holmes é um lindo filme sobre a velhice. É muito angustiante o desejo dele de lembrar e as confusões que faz com a memória. O quanto deve ser difícil para uma pessoa que sempre viveu do raciocínio, não conseguir lembrar e juntar os fatos do passado, nem mesmo os nomes de quem convive no presente, mesmo sendo tão poucas pessoas. Ainda no elenco estão: Hiroyuki Sanada, Hattie Morahan, Patrick Kennedy e Roger Allan.

Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 21 de abril de 2016

As Filhas da Mãe

Assisti As Filhas da Mãe de Ronaldo Ciambroni no Teatro Bibi Ferreira. A direção é de Maria Dudah Senne. É uma comédia muito engraçada sobre uma mãe deslumbrada que faz de tudo para que suas filhas alcancem o estrelato, só que elas são muito ruins, sem talento algum. Todos estão ótimos. A mãe é interpretada por Luiggi Francesco. As filhas por Carmen Sanches e Nicole D Fiore. Não deve ser fácil interpretar más atrizes, más cantoras. As Filhas da Mãe parecem mesmo sem talento, ótimas atrizes. Tem umas participações muito divertidas com Alexandre Battel, Ozamir Araujo Alexandre Biondi. Muito engraçado que esse trio faz diversos personagens, já que as meninas tentam trabalho em tudo quanto é lugar, em cada buraco. A peça As Filhas da Mãe está há décadas em cartaz e já teve vários elencos.
Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Concerto do Centro de Música Brasileira

Fui ao concerto do Centro de Música Brasileira no Centro Britânico Brasileiro. Se apresentaram dois grupos com obras repletas de muita brasilidade e diversificação de ritmos. Inicialmente um duo de flauta e piano com Sérgio Barrenechea (flauta) e Lúcia Barrenechea (piano). Eu adoro flautas. Os dois vivem no Rio de Janeiro, nunca tinha ouvido e são incríveis. belíssimo repertório. 
Osvaldo Lacerda (1927-2011)
Poemeto (1974) 
Romântica (1975)
Toccatina (1974)  
Cromos, caderno IV (1975) (I. Mixolídio, II. Dórico, III. Lídio e VI. Pentafônica) – piano solo

Francisco Mignone (1897-1986) - Três Peças (I. No Fundo do Meu Quintal (1945), II. Lenda Sertaneja nº 8 (1940) e III. Cucumbizinho (1930)) – piano solo
Suíte para flauta e piano (1949) (I. Ária, II. Minuetto, III. Sarabanda, IV. Siciliana e V. Salterello)

Depois se apresentou o Coro Osvaldo Lacerda, ficamos surpresos com a qualidade. A própria pianista elogiou já que tinha ouvido um ensaio quando chegou. E também são muito espirituosos na escolha do repertório. 

Osvaldo Lacerda 
Fuga Proverbial 
A primeira missa e o Papagaio 
Moda para 4 rapazes 
Pai Nosso 
Ofulu Lorerê
  
Marlui Miranda, Villa-Lobos (compilada por Martinho Lutero Gallati) - Suíte Amazônica

Ronaldo Miranda - Suite Nordestina

Marcos Leite - Três Cantos Nativos dos Índios Kraó

Heitor Villa-Lobos - Estrela é lua nova
O concerto foi gratuito, o teatro estava lotado. No final avisaram que no concerto de maio terá outro duo com flauta novamente. Ansiosa pra ver.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 19 de abril de 2016

Mil Vezes Boa Noite

Assisti Mil Vezes Boa Noite (2013) de Erik Poppe no Max. Eu coloquei pra gravar, antes de começar teve uma entrevista com o diretor que contou que é fotógrafo e foi fotógrafo de áreas de conflitos, de guerras, e que quis fazer um filme sobre isso. Ele escolheu Juliette Binoche para ser a fotógrafa.

Começa com ela tirando fotos de uma mulher sendo preparada para ser mulher bomba. Se é assim mesmo, é impressionante. Temos ódios de homens bombas, então só os vemos como maus. Há toda uma preparação, como um ritual religioso, muita tristeza, muito respeito. Como se é assim que tem que ser. Um sacrifício por um bem maior. Um horror de qualquer jeito, mas muito diferente do que eu imaginava. Se pensarmos que a guerra não é muito diferente disso, grupos de homens em nome de uma pátria vão atirar em outros de outra pátria. Acho o terrorismo um horror, até porque atacam principalmente inocentes. Na regra da guerra não se atacam civis, embora nem sempre isso aconteça. Mas acho qualquer violência injustificável. A fotógrafa se acidenta, acorda em um hospital em outra cidade com o marido cuidando dela, interpretado pelo Nikolaj Coster-Waldau.

Começa então os conflitos familiares com a fotógrafa. Ela tem duas filhas, uma criança e uma adolescente que está revoltada com as ausências da mãe. O marido também. Não deve ser fácil conviver com pais ausentes e constantemente correndo risco de vida, deve ser um eterno sobressalto. Mas o marido se apaixonou por ela porque admirou a paixão dela por trabalhos em zonas de conflitos, cobrar agora que ela abandone é incoerente. Se ela dissesse ok, abandono, mas eu preciso viver em uma cidade grande, duvido que ele abandonasse o trabalho dele. Eles vivem em uma cidade de praia porque ele trabalha no mar. Não aceitaria viver em uma cidade que não tivesse mar. Ele está confortável no trabalho dele, egoísmo querer que ela abandone tudo pela família, por mais difícil que deva ser viver com alguém que vive em risco. Se ele não suporta mais, deveria pedir a separação, nunca pedir, quase forçar, ela a largar tudo. O desrespeito ao trabalho dela é vergonhoso. 

O melhor seria que ela não se casasse, nem tivesse filhos, mas no momento que tem uma família, todos precisam tentar se equilibrar da melhor forma nessa estrutura difícil de lidar. A fotógrafa acredita que as pessoas nas zonas do conflito precisam do trabalho dela pela paz, pela proteção, não dá pra mudar isso. As filhas são interpretadas por Lauryn Canny e Adrianna Cramer Curtis. Interessante que recentemente vi o documentário Sal da Terra, sobre o fotógrafo Sebastião Salgado e ele comenta no filme a gratidão a compreensão da esposa por tanto tempo de ausências e sobressaltos. Inclusive quando ele está mais velho e cansado, ela que sugere ele modificar o olhar, para fazer fotos de meio ambiente, sugere a publicação dos livros, reflorestar a fazenda do pai. Sugere várias atividades que continuariam o grande trabalho do fotógrafo, mas com redução de riscos.



Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Tempos Extremos de Míriam Leitão

Terminei de ler Tempos Extremos (2014) de Míriam Leitão da Editora Intrínseca. Na época do lançamento surgiram muitas matérias e fiquei com muita vontade de ler. Admiro demais o trabalho jornalístico de Míriam Leitão e o tema do livro me interessava. É ficção. Em textos sobre o livro falam que a jornalista foi em uma fazenda em Minas Gerais e ficou imaginando que histórias guardava, começou então o início do que seria a obra.

Obra Ouro Preto (1957) de Yara Tupynambá

Tempos Extremos fala de dois momentos vergonhosos brasileiros, a escravidão e a Ditadura Militar. Uma família se reúne em uma antiga fazenda em Minas Gerais para comemorar o aniversário da matriarca que faz 88 anos. Os filhos tem atritos e aos poucos vamos conhecendo os seus segredos. A neta vai dormir em um quarto que dizem mal assombrado e passa a ter contato com os escravos que viveram na fazenda.

Obra de Jean-Baptiste Debret.

Muito interessante como a autora costura as tramas. A neta fala com os escravos que morreram na fazenda. Ela vive também o drama de ter um pai desaparecido na ditadura. Também muito interessante como costura as tramas dos irmãos. Um é militar e a outra foi revolucionária e teve o marido desaparecido. Colocar personagens falando de seus dramas nos aproximam de suas dores. Como deve ter sido difícil para a esposa e para a filha procurarem incansavelmente por um parente desaparecido. Na trama da escravidão também dois irmãos se desentendem. A moça tenta conseguir a alforria com a patroa que vai casar. Mas o irmão quer que a irmã siga com ele em fuga.

Obra Vermelho e Verde em Mutações Cromáticas (1986) de Israel Pedrosa

Míriam Leitão mostra na trama da ditadura os riscos de relatar torturas e mortes. Um oficial que tudo viu entrega fotos e é assassinado depois. A autora mostra também o quanto o silêncio coloca vidas em riscos, mas o quanto é perigoso denunciar. E reforça o fato de tudo ainda ser escondido, expondo todos a riscos. Gostei demais de Tempos Extremos, gosto muito das obras da Editora Intrínseca. Míriam Leitão declarou recentemente que foi torturada na ditadura.


Beijos,
Pedrita