Terminei de ler
Romanceiro da Inconfidência (1953) de
Cecília Meireles. Esse livro veio na
Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros que adquiri no ano passado.
Cecília Meireles escreve poemas que nos levam para as Minas Gerais do século XVIII e nos mostram o clima e a tensão desse período. Passado os primeiros poemas, parece que já estamos em Vila Rica, no Tejuco, e que já vivemos naquela região. Os poemas falam de moradores da região, alguns momentos históricos, escravidão, censura. São simplesmente maravilhosos! Eu até hoje só tinha lido poemas esparsos de
Cecília Meireles, fiquei fascinada em conhecer e ser levada por uma obra tão vasta em ideais e palavras. No início há um texto da própria
Cecília Meireles comentando a obra.
O
Obra Tiradentes (1940) de J.W.Rodrigues
Anotei alguns trechos de Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles, mas é infascinante ler na íntegra:
“Um Gênio singular protegeu, desde o princípio, Vila Rica: fê-la surtir, prestigiosa e riquíssima, das curtas ondas de um riacho–fábula maior que a da própria Vênus, que nasceu do grandioso mar.”
Romance III ou do Caçador Feliz
Caçador que andas na mata,
bem sei por que vais contente,
com grandes olhos felizes:
vês que s de reino encantado,
pelo vale, pela serra,
qualquer caminho que pises.
Tropeças em seixos de ouro,
em cascalho de diamantes,
nunca em singelas raízes.
Os grãos da tua escopeta
- e como vai carregada! -
para a caça que precises,
são pepitas de ouro puro...
E está cheio de ouro o papo
das codornas e perdizes...
Caçador que andas na mata,
são bichos que vais caçando,
ou caças o que não dizes?
Caçador que andas na mata...
Fala aos pusilânimes
Escrevestes cartas anônimas,
apontastes vossos amigos,
irmãos, compadres, pais e filhos...
Queimastes papéis, enterrastes
o ouro sonegado, fugistes
para longe, com falsos nomes,
e a vossa glória, nesta vida,
foi só morrerdes escondidos,
podres de pavor e remorsos!
Beijos,
Pedrita