sexta-feira, 6 de março de 2009

A Última Convidada

Terminei de ler A Última Convidada (1989) de Josué Montello da Editora Nova Fronteira. Tinha comprado esse livro em um sebo por R$ 12,00, nunca tinha ouvido falar desse autor. Fui pesquisar e Josué Montello escreveu muito livros, nasceu no Maranhão e foi membro da Academia Brasileira de Letras. Gostei bastante de seu estilo, mas principalmente da trama dessa obra especificamente. Uma mulher, esposa de um diplomata resolve fazer uma festa nos seus 40 anos. Ela tem a falta de lucidez de desejar convidar todas as suas amigas do colégio. É o argumento principal da obra, a preparação da festa e os convites. Mesmo que tudo tenho ocorrido bem no passado, eu particularmente acho uma insanidade juntar colegas, trazer o passado à tona, nunca acho uma boa ideia. Eu acho que passado fica no passado e nunca conseguimos revisitar o passado com o mesmo olhar, então não acho confortável revê-lo com os olhos de hoje.

Obra Figuras na Varanda (1980) de Cícero Dias
Com nossa protagonista a questão é muito séria, ela teve um sério desentendimento com sua melhor amiga e foi julgada e condenada por várias colegas de turma. Ela acabou casando com o homem que a amiga apresentou e que muitos achavam que esse homem ia casar com a amiga. Essa amiga que ficou solteira tem muitos problemas emocionais e estava em um sanatório, a nossa última convidada. Nossa protagonista não vai convidá-la, mas todas as outras. Nossa protagonista ficou uma mulher da sociedade, das colunas sociais, riquíssima, não entendo como desejasse uma festa onde seria tão invejada. Sem contar que desde que casou com esse homem recebia constamentes ameaças de vida por carta e telefone. Realmente esse foi o argumento do autor e sem esse argumento o livro não existe, mas só na ficção eu veria uma mulher cometer tal insanidade.
Obra de Ivan de Freitas (1997)
E A Última Convidada fica muito interessante sob esse argumento quase impossível. Nos incomoda muito ver essa mulher não ter noção do vespeiro que mexe. De se tornar responsável por aquilo que provoca. Gostei muito dessa obra.

Anotei somente a primeira frase de A Última Convidada de Josué Montello:
“Todas as noites, sempre que apagava a lâmpada de cabeceira, o mesmo receio das longas horas de insônia lhe subia à consciência, e ela permanecia quieta, um pouco de lado, repetindo os velhos expedientes que lhe tinham ensinado, ou que ela própria inventara, na perpétua astúcia para adormecer: a sucessão de pinheiros na floresta infinita, os patos que formavam uma longa fila nas águas da lagoa, nadando na mesma direção, um atrás do outro; os palitos que ela ia tirando de uma caixa de fósforos, no cuidado de esvaziá-la sem pressa, metodicamente; os soldados que desfilavam com o mesmo passo, o mesmo uniforme, a mesma carabina ao ombro, e iam marchando ao som dos mesmos tambores; tam-tam,rataplã; tam-tam, rataplã.”


Música do post: Dilu Melo - Fiz a cama na varanda




Beijos,

Pedrita

quinta-feira, 5 de março de 2009

Trair e Coçar, é Só Começar

Assisti Trair e Coçar, é Só Começar (2006) de Moacyr Góes no Telecine Pipoca. Ontem eu estava no espírito certo para ver esse filme. Muito acalorada, cansada, queria ver algo leve, desprentensioso e divertido. E gostei! Outra vez que tentei ver e larguei no início. O texto de Marcos Caruso é ótimo! Mesmo não sendo a melhor montagem, é engraçado o filme. Em alguns momentos podia ser hilariante, mas perde um pouco o tempo da comédia e fica só engraçado. Adriana Esteves não parece ser a melhor Olímpia, mas é divertida! Eu, como muitos, já vi esse espetáculo no teatro há muitos anos. E foi bárbaro! Esse espetáculo está em cartaz com várias montagens diferentes desde 1986 e já levou ao teatro mais de 481.008 espectadores.

É a empregada Olímpia que faz todas as confusões, ela no início já tem que guardar vários segredos, que a patroa viajou, mas não viajou, que vai fazer um jantar. Ela já começa a se contradizer com essas mentiras, que só vão se avolumando na trama. O que menos gostei é o final. É quando toda a confusão é esclarecida. Fizeram os esclarecimentos picados, editados, todos na varanda, falando só pedaços, no meio de barulho, e perdeu muito do ápice do espetáculo teatral. Eu sei que no cinema menos é mais, mas para o grande público, acho que ficou meio confuso e menos engraçado, não funcionou.

O elenco é bárbaro! Gosto muito do Cássio Gabus Mendes e da Bianca Byington que fazem o casal principal. Sou saudosa do ótimo ator Mário Schoemberger. E recentemente passei a gostar do trabalho da Mônica Martelli que formam o segundo casal. Os outros atores também são ótimos: Ailton Graça, Márcia Cabrita, Otávio Muller, Cristina Pereira, Thiago Fragoso, Leandro Firmino, Fabiana Karla e Lívia Rossy.

Gostei muito do final com os créditos. Usaram um recurso ótimo de animações, colocaram os atores dançando, é divertido ver cada um mais engraçado que o outro.
Youtube: Trair e Coçar é só começar-parte01



Beijos,

Pedrita

terça-feira, 3 de março de 2009

Tropa de Elite

Assisti Tropa de Elite (2007) de José Padilha no Telecine Pipoca. Eu tinha um pé atrás com esse filme pela comoção e exagero que gerou. Fico sempre preocupada com obras de arte que se tornam idealizadas. Tropa de Elite é excelente, inteligente e muito bem feito, mas quem acha que qualquer obra de arte dá respostas está equivocado. Tropa de Elite é narrado por um policial, o roteiro foi constituído com depoimentos de policiais, portanto mostra a visão de policiais e mais especificamente de uma corporação. Devemos ficar preocupados com aqueles que viram o filme e acharam que tudo bem o uso da violência, e que amaram o final e pensaram que é isso aí mesmo, olho por olho, dente por dente. "Bandido bom é bandido morto". Não é o filme que preocupa, mas a visão violenta de quem o assiste. As cenas de ação são impecáveis, a direção de fotografia de Lula Carvalho excelente e Tropa de Elite é um filme muito bem realizado.


Tropa de Elite é muito bom porque gera discussões, porque toca em várias questões politicamente incorretas e mexe em vespeiros. Mas não dá pra achar que Tropa de Elite é a solução para um sistema corrupto. Segundo o Capitão Nascimento, quem participa do Bope não é corrupto, mas nós vimos que qualquer um que queira participar do Bope vai ter que corromper todos os seus valores. A visão da classe média também é simplista, é o olhar que muitos policiais têm daqueles que tem uma vida mais confortável, já que no Brasil a maioria que trabalha na polícia não veio de lares mais abastados, uma grande maioria é de famílias de baixa renda.
Apesar de Tropa de Elite esteriotipar a classe média, as Ongs, toca em questões delicadas e importantes sobre a alienação e a falta de visão do todo de muitos cidadãos e pessoas que se engajam em questões sociais. Isso me lembra as matérias que vi sobre o "passeio" turístico em favelas e o quanto esse programa tem crescido e atrai estrangeiros.

Wagner Moura arrasa como o Capitão Nascimento. O elenco é maravilhoso! Gosto demais do Milhem Cortaz, estavam ótimos os dois aspirantes a policiais: Caio Junqueira e André Ramiro. Gosto muito da Fernanda Machado e da Maria Ribeiro. Outros que se destacaram foram: Fernanda de Freitas, Paulo Vilela, Marcelo Valle e Marcelo Escorel.

Tropa de Elite ganhou Urso de Ouro no Festival de Berlim.


Youtube: Trailer Oficial do Filme Tropa de Elite



Beijos,

Pedrita

segunda-feira, 2 de março de 2009

Pucca

Assisti Pucca no Jetix. A Pucca foi criada na Coréia e hoje está nos Estúdios Disney. Vi alguns episódios, agora já perdi a conta quantos, acho que uns 7. O 007 comentou comigo que tinha viciado nessa animação, avisou qual era o canal. Como a Marion também gosta muito da Pucca, não sei se ela vê a animação, resolvi assistir. Passa umas 3 vezes por dia, uma meia hora de desenho, uns 3 por vez, são curtinhos. Adorei! Alguns são meio bobinhos, mas outros são ótimos. Não é para criança muito pequena porque o humor é meio ácido. Só se a criança gosta da confusão e não absorve os diálogos mais subliminares.

O 007 acha que a animação é criada só para vender produtos. Pode ser! Mas me pareceu mais esquetes pequenas de humor. Pra divertir! Essa animação ridiculariza muito o consumo. Isso não quer dizer que não seja proposital pra vender mais. Dos que vi: amei: o Puccahontas, O Reveillon e O Biscoitinho da Sorte. São uma graça. Ontem o 007 perguntou se eu já tinha me viciado na Pucca e fiquei pensando, achava que não, mas à noite lá estava eu vendo mais um. É, acho que viciei como ele.
Youtube:Pucca - Puccahontas




From Mata Hari e 007


Beijos,

Pedrita

domingo, 1 de março de 2009

A Falecida

Assisti A Falecida (1965) de Leon Hirszman no Canal Brasil. Há anos que queria ver esse filme, passa muito raramente no Canal Brasil, mas passa. Eu adoro os textos do Nelson Rodrigues e já tinha visto uma cena maravilhosa interpretada pela Fernanda Montenegro na chuva. Começa com a personagem da Fernanda Montenegro em uma cartomante. Ela não tem uma boa situação financeira, atravessa a cidade pra se consultar e a cartomante diz que ela tem que tomar cuidado com uma mulher loira que é muito perigosa. Ela diz ao marido desempregado que foi excelente a visita a cartomante. E começa a procurar uma mulher loira pra se preocupar. Depois ela quer ter uma doença fatal, quer morrer, e encomenda seu próprio enterro rico para ostentar na cara da mulher loira que virou seu alvo. É o primeiro filme que a Fernanda Montenegro atua.

O elenco é ótimo. Só grandes atores: Nelson Xavier, Ivan Cândido, Paulo Gracindo, José Wilker, Hugo Carvana, Vanda Lacerda, Joffre Rodrigues e Zé Keti. A trilha sonora é do Radamés Gnatalli.


Música do post: Radamés Gnatalli - Vaidosa



Beijos,

Pedrita