Terminei de ler Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos (1956) de Lima Barreto da Cosac Naify. Esse é mais um dos livros que comprei após o fechamento dessa editora há alguns anos. Vários lugares colocaram os livros com mais de 50% de desconto. É uma edição belíssima, caprichadíssima. Há páginas bege e brancas. As duas obras são inacabadas e publicadas postumamente.
O marcador de livro é magnético com trecho da obra de Tarsila do Amaral, a embalagem vem com 3 marcadores, que juntos, completam a obra.
Atualmente essa edição está com a Companhia das Letras com essa capa. Não sei se o conteúdo está parecido. A edição que li tem várias fotos do acervo do Instituto Moreira Salles, do IPHAN e de outras fontes. Em Diário do Hospício, Lima Barreto relata a sua segunda estada em um hospício. Alcoólatra, ele acabou sendo levado novamente a instituição. Na época, essas instituições misturavam pessoas com problemas mentais e alcoólatras, até separavam por departamentos. Lima Barreto conhecia muita gente, médicos, internos e parecia ter uma convivência pacífica no local. Gostava de ir a biblioteca e sentiu que dessa vez não tinham mais volumes de obras de Dostoiévski e de outros títulos que gostava. Ele pode sair no carnaval, mas achou arriscado sair nessa época, e ficou até depois do carnaval.
O Cemitério dos Vivos é uma obra inacabada que foi inicialmente publicada em jornal. Fala de um homem que nunca pensou em se casar, mas acaba casando porque a mãe da moça pede. Eles tem um filho com problemas de alfabetização, a mãe morre, a sogra fica ruim da cabeça, e o personagem foge para a bebida, já bebia bastante antes, mas o vício se intensifica, até ser internado em um hospício. A edição procura mostrar o olhar de outros autores da época sobre o hospício e coloca ainda crônicas de Machado de Assis, Olavo Bilac e Raul Pompéia. Os olhares desses autores é do lado de fora do hospício, bem diferente do olhar do Lima Barreto não só porque conheceu internamente o hospício mais de uma vez, mas porque viveu lá dentro. O Prefácio é de Alfredo Bosi.
Beijos,
Pedrita