Terminei de ler
A Fugitiva de
Marcel Proust, publicado entre 1913 e 1927.
É o penúltimo livro de
Em Busca do Tempo Perdido. Esse comprei em um sebo por R$ 17,00 e pelo jeito nunca foi lido. As páginas estavam intactas. Só a lateral é que azulou em vez de estar na cor original, lilás, parece que ficou em uma prateleira por bastante tempo, mas nunca foi folheado.
Tela Boat at Giverny - Claude Monet
Nesse último livro, Albertine partiu. Nosso ciumento protagonista, depois de incomodar sua amada, praticamente enlouquece com sua partida. São incríveis os seus pensamentos sobre o ciúme, sobre a perda. Mas tudo fica muito pior quando ela morre em um acidente. Seu ciúmes só aumenta, ele deseja saber tudo o que sua amada fez escondido, sobre suas inúmeras traições com mulheres.
Tela Vida de Casada (1912) de Roger de la Fresnaye Sempre ouço algumas pessoas comentarem que não lêem os clássicos porque são livros antigos e me surpreendo com tanta desinformação. Várias obras que li são profudamente revolucionárias e ousadas até mesmo para os dias de hoje.
Em Busca do Tempo Perdido é uma dessas obras. Nosso protagonista nunca assume sua amada, vive com ela, mas por ela não ter uma posição social e financeira adequada, ele nunca enfrenta sua família. Está confortável viver com ela sem assumir, mas tem um ciúmes possessivo e avassalador. É doentio o desejo dele de saber detalhes das relações homossexuais da mulher com quem viveu. Depois de sua morte ele se aproxima das amantes da sua amada e pede que elas mostrem a ele como eram as carícias, pede inclusive que façam nele pra demonstrar.
Tela Oliver Tress de Georges Braque Depois ele conhece uma mulher por quem se interessa, mas em sua confusão e ciúme, perde a possibilidade de casar. Há um relato complexo sobre a origem dessa moça, que é protegida e mudam seu nome, já que a família que descende tinha se envolvido em escândalos. Essa moça se casa e nosso protagonista fica inconformado de saber que o marido dessa moça é amante de um amigo seu e que só se casou visando o dote da moça. Relações complexas, com muita futilidade da alta sociedade da época.
Tela Três Mulheres (1921) de Fernand Leger
Trechos de A Fugitiva de Marcel Proust:
“A srta. Albertine foi-se embora! Como, em psicologia, o sofrimento vai mais longe do que a psicologia! Ainda há pouco, ao analisar-me, julgara que essa separação sem no termos visto outra vez era justamente o que eu desejava, e, comparando a mediocridade dos prazeres que Albertine me proporcionara com a riqueza dos desejos que me impedia de realizar, eu me achara sutil, e concluíra que não queria tornar a vê-la, que já não a amava.”
“Muitas vezes não prestamos bastante atenção, no momento, em coisas que já então podiam parecer-nos importantes; não ouvimos bem uma frase, não notamos um gesto, ou senão os esquecemos. E quando, mais tarde, ávidos por descobrir a verdade, remontamos em dedução, folheando nossa memória como uma coleção de testemunhos, chegamos a essa frase, a esse gesto, é impossível nos lembrarmos; recomeçamos vinte vezes o mesmo trajeto, mas inutilmente: o caminho não vai mais adiante.”
“Os homossexuais seriam os melhores maridos do mundo, se não representassem a comédia de amar as mulheres.”
Beijos,
Pedrita