sábado, 13 de outubro de 2007

O Diabo Veste Prada

Assisti O Diabo Veste Prada (2006) de David Frankel no Telecine Premium, baseado em livro de Lauren Weisberger. Esse livro fala de uma moça que teve um emprego com um chefe difícil. Modificaram um pouco para adequar ao estilo do cinema americano. O começo é bem interessante, mostra bastante o mundo da moda, as exigências de cargos executivos, a dificuldade de uma alta executiva se manter no cargo.

Mas o final é absurdamente machista e moralista. Além da nossa protagonista desejar ser canonizada e há muitos furos também. Ela tem uma discussão com sua chefe que a compara com ela. Então para ela não ser encalhada como a chefe, ela abandona o cargo, mas pior, vai para uma redação de uma revista. Como se uma redação não fosse igualmente estafante e também não permitisse uma vida pessoal. E nossa protagonista resolve dar todas as roupas que ganhou em Paris para a sua rival. Forçado e tolo, afinal, a outra vivia no deslumbre da profissão e andava relaxando no cumprimento das tarefas mais maçantes. E é nítido o amadurecimento da protagonista através do trabalho, que não é acompanhado pelo seu namorado, nem pelos seus amigos. É péssimo ela voltar a atrás e achar melhor ser imatura e machista. Como se todas as altas executivas devessem largar seus cargos para continuarem casadas.

É compreensível que sua chefe estivesse cansada de contratar profissionais deslumbradas, que a tinham como ídolo e procurasse uma inteligente, mas fora dos padrões da moda. Pessoas deslumbradas só querem saber das festas e fazem com má vontade as funções do cotidiano. O Diabo Veste Prada fala muito pouco do quanto o segmento da moda movimenta a economia, da quantidade de empregos que proporciona.
Meryl Streep está excelente, tanto que ganhou Globo de Ouro de Melhor Atriz de Comédia e Musical. Os outros do elenco são: Anne Hathaway, Emily Blunt, Stanley Tucci e Adrian Grenier. Gisele Bunchen aparece em uma ponta, está péssima.



Eu adoro a música tema de O Diabo Veste Prada, Suddenly I See de KT Tunstall, nesse vídeo há a abertura do filme.

Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

A Mansão do Terror


Assisti A Mansão do Terror (1961) de Roger Corman no Telecine Cult, baseado em um conto de Edgar Allan Poe. Assisti com a minha mãe, nós sempre fomos fãs dos filmes de suspense com o Vincent Price e esse nunca tínhamos visto. De todos os que vi com ele até hoje, esse é o mais violento, menos romântico e bastante sádico. A maioria dos filmes que o ator contracenava sempre tinham o amor na trama, e apesar de maldades, eram sempre ligados a vingança por amor, nós lutávamos pelos vilões. Esse já é diferenciado.
Um homem chega na mansão. São engraçadas as cenas desses filmes desse período. Ainda mais os de baixo orçamento. Há algumas cenas externas que eles usam recursos para mostrar as mesmas de noite, de dia e depois tudo se passa em cenários bem precários. Esse homem foi em busca de informações sobre a morte da sua irmã. Ele leva um susto em saber que ela morreu faz três meses e demoraram tudo isso para avisá-lo. O viúvo, interpretado por Vincent Price, está inconsolável e não quer falar no assunto. A irmã que ajuda o homem a conseguir algumas pouquíssimas informações.
As atrizes são lindas e interpretadas por Barbara Steel e Luana Anders. O homem que chega na mansão é interpretado por John Kerr. Há ainda um médico interpretado por Antony Carbone. Os outros têm menor participação. Elenco pequeno também para diminuir custos, tanto que esses filmes eram feitos em quantidade. Há vários em datas próximas com temas semelhantes. Minha mãe comentou que inclusive usavam sempre os mesmos cenários com poucas alterações.


Beijos,

Pedrita

terça-feira, 9 de outubro de 2007

A Última Noite


Assisti A Última Noite (2006) de Robert Altman no Telecine Cult. Estranhei esse filme estrear direto no Telecine Cult, não sei se é uma edição especial já que o canal passou naquela semana filmes do Festival do Rio do ano passado. Esse é o último filme de Robert Altman. Ela já sabia que estava com câncer, quer seria seu último filme e é um filme de adeus. Triste, sem ser melodramático, mas muito metafórico sobre a morte, ou mesmo claramente sobre a morte, ele inclusive não conseguiu finalizar o filme que foi terminado por outro diretor.

A Prairie Home Companion é uma rádio tradicional em uma cidade. Todos os sábados a rádio grava se apresenta em um teatro. O terreno acaba de ser vendido e o teatro será derrubado para a construção de um estacionamento, o capitalismo destruindo a arte. E essa será A Última Noite de todos eles. Entre as apresentações vamos conhecendo um pouco de cada um daqueles artistas, suas histórias. Tudo tem a sensação do fim, do adeus. Há até mesmo uma anja que circula entre eles. Ela veio buscar alguém. O mais estranho é que ela leva o empresário que comprou o teatro. Ele morre, mas os planos do fim do teatro não. Uma metáfora clara de que nada muda depois da nossa morte, tudo continua como está.
É um filme triste, sem muitas lágrimas e com muita música, muito nostálgico. Tudo lembra o passado. Muito rococó. Quase todas as cenas trazem muitos elementos. Os camarins, além dos espelhos com histórias à parte, trazem muitas roupas, objetos, de uma riqueza imensa de detalhes, como as nossas vidas que com o tempo acumulam fatos, lembranças e objetos. Também é muito triste saber que é o último filme desse diretor que adoro. Vou sentir falta de seu estilo sagaz e brilhante.


O elenco é imenso e excelente: Meryl Streep, Woody Harrelson, Tommy Lee Jones, John C. Reilly, Lily Tomlin, Kevin Kline, Virginia Madsen, entre outros. Lindsay Lohan queria muito participar do filme, insistiu muito e ganhou uma personagem criada especificamente pra ela.



Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

A Fugitiva

Terminei de ler A Fugitiva de Marcel Proust, publicado entre 1913 e 1927. É o penúltimo livro de Em Busca do Tempo Perdido. Esse comprei em um sebo por R$ 17,00 e pelo jeito nunca foi lido. As páginas estavam intactas. Só a lateral é que azulou em vez de estar na cor original, lilás, parece que ficou em uma prateleira por bastante tempo, mas nunca foi folheado.


Tela Boat at Giverny - Claude Monet

Nesse último livro, Albertine partiu. Nosso ciumento protagonista, depois de incomodar sua amada, praticamente enlouquece com sua partida. São incríveis os seus pensamentos sobre o ciúme, sobre a perda. Mas tudo fica muito pior quando ela morre em um acidente. Seu ciúmes só aumenta, ele deseja saber tudo o que sua amada fez escondido, sobre suas inúmeras traições com mulheres.

Tela Vida de Casada (1912) de Roger de la Fresnaye

Sempre ouço algumas pessoas comentarem que não lêem os clássicos porque são livros antigos e me surpreendo com tanta desinformação. Várias obras que li são profudamente revolucionárias e ousadas até mesmo para os dias de hoje. Em Busca do Tempo Perdido é uma dessas obras. Nosso protagonista nunca assume sua amada, vive com ela, mas por ela não ter uma posição social e financeira adequada, ele nunca enfrenta sua família. Está confortável viver com ela sem assumir, mas tem um ciúmes possessivo e avassalador. É doentio o desejo dele de saber detalhes das relações homossexuais da mulher com quem viveu. Depois de sua morte ele se aproxima das amantes da sua amada e pede que elas mostrem a ele como eram as carícias, pede inclusive que façam nele pra demonstrar.


Tela Oliver Tress de Georges Braque

Depois ele conhece uma mulher por quem se interessa, mas em sua confusão e ciúme, perde a possibilidade de casar. Há um relato complexo sobre a origem dessa moça, que é protegida e mudam seu nome, já que a família que descende tinha se envolvido em escândalos. Essa moça se casa e nosso protagonista fica inconformado de saber que o marido dessa moça é amante de um amigo seu e que só se casou visando o dote da moça. Relações complexas, com muita futilidade da alta sociedade da época.



Tela Três Mulheres (1921) de Fernand Leger

Trechos de A Fugitiva de Marcel Proust:

“A srta. Albertine foi-se embora! Como, em psicologia, o sofrimento vai mais longe do que a psicologia! Ainda há pouco, ao analisar-me, julgara que essa separação sem no termos visto outra vez era justamente o que eu desejava, e, comparando a mediocridade dos prazeres que Albertine me proporcionara com a riqueza dos desejos que me impedia de realizar, eu me achara sutil, e concluíra que não queria tornar a vê-la, que já não a amava.”

“Muitas vezes não prestamos bastante atenção, no momento, em coisas que já então podiam parecer-nos importantes; não ouvimos bem uma frase, não notamos um gesto, ou senão os esquecemos. E quando, mais tarde, ávidos por descobrir a verdade, remontamos em dedução, folheando nossa memória como uma coleção de testemunhos, chegamos a essa frase, a esse gesto, é impossível nos lembrarmos; recomeçamos vinte vezes o mesmo trajeto, mas inutilmente: o caminho não vai mais adiante.”

“Os homossexuais seriam os melhores maridos do mundo, se não representassem a comédia de amar as mulheres.”

Beijos,



Pedrita