Tela Vida de Casada (1912) de Roger de la Fresnaye
Sempre ouço algumas pessoas comentarem que não lêem os clássicos porque são livros antigos e me surpreendo com tanta desinformação. Várias obras que li são profudamente revolucionárias e ousadas até mesmo para os dias de hoje. Em Busca do Tempo Perdido é uma dessas obras. Nosso protagonista nunca assume sua amada, vive com ela, mas por ela não ter uma posição social e financeira adequada, ele nunca enfrenta sua família. Está confortável viver com ela sem assumir, mas tem um ciúmes possessivo e avassalador. É doentio o desejo dele de saber detalhes das relações homossexuais da mulher com quem viveu. Depois de sua morte ele se aproxima das amantes da sua amada e pede que elas mostrem a ele como eram as carícias, pede inclusive que façam nele pra demonstrar.
Depois ele conhece uma mulher por quem se interessa, mas em sua confusão e ciúme, perde a possibilidade de casar. Há um relato complexo sobre a origem dessa moça, que é protegida e mudam seu nome, já que a família que descende tinha se envolvido em escândalos. Essa moça se casa e nosso protagonista fica inconformado de saber que o marido dessa moça é amante de um amigo seu e que só se casou visando o dote da moça. Relações complexas, com muita futilidade da alta sociedade da época.
Tela Três Mulheres (1921) de Fernand Leger
Trechos de A Fugitiva de Marcel Proust:
“A srta. Albertine foi-se embora! Como, em psicologia, o sofrimento vai mais longe do que a psicologia! Ainda há pouco, ao analisar-me, julgara que essa separação sem no termos visto outra vez era justamente o que eu desejava, e, comparando a mediocridade dos prazeres que Albertine me proporcionara com a riqueza dos desejos que me impedia de realizar, eu me achara sutil, e concluíra que não queria tornar a vê-la, que já não a amava.”
“Muitas vezes não prestamos bastante atenção, no momento, em coisas que já então podiam parecer-nos importantes; não ouvimos bem uma frase, não notamos um gesto, ou senão os esquecemos. E quando, mais tarde, ávidos por descobrir a verdade, remontamos em dedução, folheando nossa memória como uma coleção de testemunhos, chegamos a essa frase, a esse gesto, é impossível nos lembrarmos; recomeçamos vinte vezes o mesmo trajeto, mas inutilmente: o caminho não vai mais adiante.”
“Os homossexuais seriam os melhores maridos do mundo, se não representassem a comédia de amar as mulheres.”
Pedrita
Vc chegou a se questionar do pq que ninguem leu este livro até chegar às suas mãos? Ou que caminho ele percorreu até chegar no sebo? Será que alguem ganhou e depois vendeu pro sebo? Será que ganhou de alguem importante, ou foi só mais um presentinho???
ResponderExcluirDá pra viajar pensando nisso... e sem perspectivas de confirmações... Passei pra desejar uma semana maravilhosa e cheia de luz pra vc, grande beijO!
Verdade, Andréa, o que será que aconteceu para este livro acabar num sebo? Curioso pensar nisso...
ResponderExcluirBeijos
Ahhh Pedrita... que post fantástico, pelo texto e pelas imagens escolhidas.
ResponderExcluirUm post que eu gostaria de ter feito.
Parabéns por ele!
Proust e esse mergulhar na alma humana...
Trata-se "apenas" de uma das melhores obras alguma vez escritas.
ResponderExcluireu sempre gosto de pensar o caminho dos livros. e a coleção do em busca do tempo perdido me fascina também por esse motivo. cada um veio de um lugar diferente e traz uma história diferente. o anterior tinha um cheiro de mofo terrível e claramente tinha sido muito lido. as páginas até dobravam muito. esse foi comprado no mesmo sebo e no mesmo dia e já é totalmente diferente, possivelmente de outra pessoa. tenho fascínio por esses caminhos. os livros que lia de bibliotecas eu tinha as mesmas sensações.
ResponderExcluirobrigada teresa. gostamos igualmente de unir imagens e textos.
realmente josé quintela soares
Ai, e eu só li o primeiro livro de "Em busca do tempo perdido". Os outros 3 estão aqui comigo e eu ainda não criei coragem. Acho que é porque a letra é muito pequena e eu preciso trocar meu óculos!
ResponderExcluirA mim chocou-me profundamente o facto de ter aquele ataque de ciúmes após a morte de Albertina. Mas é nisso que o livro é bom: sentimentos fortes e pensamentos profundos a condicionar a vida do narrador.
ResponderExcluirQuanto è ideia de os clássicos serem livros do passado; são, sim. Mas é nesse passado que encontramos as melhores reflexões sobre a alma humana, sobre a vida. E a vida não é passado, portante os clássicos são actuais :) Beijinhos
manuel, verdade, clássicos são muito atuais. realmente ataque de ciúmes pós morte é muito estranho. macabro. mas essa coragem de ser despir, de ir ao ridículo é que tanto fascina.
Excluir