sábado, 21 de janeiro de 2017

O Pintassilgo de Donna Tartt

Terminei de ler O Pintassilgo (2013) de Donna Tartt da Companhia das Letras. Ufa! Foram meses de degustação. Também o livro levou dez anos para ser escrito nas suas 720 páginas, não tinha como ler rapidamente e perder tantos detalhes maravilhosos. Muitos amigos, alguns blogueiros, falavam muito desse livro que eu queria muito ler. Comprei em uma promoção com 50% de desconto. Adorei a capa do livro de Keith Hayes, tem tudo a ver com o livro e ainda é linda. Esse livro rendeu o Prêmio Pulitzer para a autora.

Retrato de Muriel Levy por Dorothea Tanning

Nosso protagonista começa com 13 anos. A mãe é chamada a escola e eles no caminho param em um museu. A mãe amava obras de artes. Acontece um ataque terrorista, ele sai com uma pintura embaixo do braço e volta para casa para esperar a mãe. Ele tinha certeza que a mãe já tinha voltado para casa para esperá-lo. A dor da espera é muito angustiante. Mas a dor desse menino só continua. Lá no museu ele conhece uma menina que fica encantado. Essa menina estava com um homem.

Obra sem título (1965) de Richard Anuszkiewckz

Muito doloroso quando a assistente social insiste que o garoto saiba onde está o pai. Nós já sabemos que o pai sumiu no mundo e fez questão de ficar escondido porque tinha muitos credores no pé. Já sabemos que o pai roubou a mãe e sumiu. Mostra a inabilidade de assistentes sociais que não conseguem compreender que há famílias com formatos diferentes dos pré-estabelecidos. Com os avós não é diferente. Na verdade é um avô que casou com outra mulher. O menino naquela solidão e os avós arrumando as desculpas mais esfarrapadas para ele não ir morar com eles. E não pensem que eles vieram. Tudo a distância. 

Obra de Keneth Nolan

Por sorte ele lembra o telefone de um amigo que não via a um ano e essa família o acolhe. Lindo o amigo Andy, que por ter sofrido muito na escola e por ser defendido pelo nosso protagonista, compreende a dor desse garoto e fica em silêncio. Ele senta em silêncio ao lado do amigo. É de emocionar. Tudo o que acontece no entorno do protagonista é nos relatado pelo garoto, então percebemos muitos fatos na sutileza. A mãe de Andy parecia uma mulher fútil, rica, mas é lindo como ela protege o garoto como uma leoa. Os jornais desapareciam diariamente, os jornalistas, a assistente social, todos eram barrados por essa mulher que protegia lindamente o garoto. Ele vai devolver o objeto do homem que morreu no museu e é em um antiquário que ele se encontra. Entre os objetos, na feitura dos objetos, no conserto de peças antigas. Me identifiquei muito nesse momento. Nosso protagonista vive escondendo a obra de arte que saiu com ele no museu, com medo de ser preso e dos seus protetores serem presos, não conta nada a ninguém, ainda mais quando descobre que a obra é O Pintassilgo, uma obra caríssima e raríssima. Segredos no livro não faltam.

Obra Drivers in the Two Streets (1998) de Edward Rusha

As sutilizes acontecem também quando o pai aparece. Nosso protagonista ouve seu pai dizer seguro ao telefone, mas ele não pensa nisso mais. Mas nós pensamos que muito provavelmente o pai só reaparece quando descobre que o garoto tem algum dinheiro por ser vítima da tragédia. E é quando a vida do protagonista começa a degringolar. Fico pensando que se o pai nunca tivesse aparecido, talvez ele tenha seguido um caminho mais tranquilo, que tenha estudado. O pai não queria saber do garoto, nem a namorada dele. Ele vivia solto em Las Vegas, comendo o que aparecia em casa, embora a namorada do pai reclamava. Ele conhece Boris. Um garoto que tinha vivido em muitos países. vivia de drogas e bebidas. Então nosso protagonista começa a viver embriagado e drogado. A namorada do pai tomava pílulas, drogas, eles roubavam e viviam chapados. O pai morre, e ele foge com um cachorro para a cidade que vivia com a mãe. É angustiante a viagem com o cachorro escondido no ônibus, de cortar o coração.
Obra Mapa (1961) de Jasper Johns

Ele consegue entrar em uma universidade para super dotados, mas ele percebe que foi só porque ele é um sobrevivente do ataque terrorista e não por seus méritos. Desestimulado e cobrado inadequadamente, ele pouco aproveita do curso. O livro dá um salto, nosso protagonista já é adulto. Está envolvido em muitas confusões que ele mesmo aprontou por ter perdido o sentido moral. São incríveis as páginas sobre antiquários, que como não há preço para as peças, cada um cobra o que bem entende, engana como bem entende. É uma aula. Que as pessoas sempre querem sentir que levam vantagens e os vendedores fazem questão de forjar essa sensação. Também é incrível a parte que ele fala do apego a objetos, que pessoas que tem antiquários amam seus objetos, cada dobra. Me identifiquei profundamente. Ele passa a trabalhar no antiquário. Boris reaparece e continua destruindo a vida do rapaz que ele diz ser amigo. Quando o protagonista é abandonado na Holanda, no Natal, doente, é que cai a ficha sobre esse falso amigo que só se aproveitou dele, igualzinho ao seu pai. É quando ele retoma a sua vida e começa a reequilibrá-la.
Obra de Peter Halley

Em geral os autores escrevem dentro de seus universos. No início, onde ela falava da relação da mãe e do filho, daquela vida mais regrada, mas depois ele segue para Las Vegas e tudo muda completamente. Incrível como a autora muito provavelmente sai do seu universo confortável. Só na questão das drogas é que achei meio artificial. O garoto para e começa nas drogas, pílulas, morfina, quando quer e quando resolve parar. Sem nenhum sacrifício, sem crises monstruosas e abstinência e sempre consegue quando quer. Como se fosse possível ser tão fácil.

Vou colocar as postagens dos meus amigos sobre esse livro e agora vou lá ler em detalhes:

blog Abkdbra - Coisas da Vida
Adriana Balreira

Os pintores são americanos como a autora.



Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

O Orgulho da Rua Parnell

Assisti O Orgulho da Rua Parnell de Darson Ribeiro na Verniz Galeria. O texto é do irlandês Sebastian Barry. Não conhecia esse autor e gostei demais do texto. Ele fala a história de um casal pobre. Eles se amam muito, tem três filhos.

Um filho é atropelado e morre. Outro dia o marido chega em casa e espanca violentamente a mulher. Ela sai de casa com os dois filhos. O casal sempre viveu em ambientes de violência e pobreza. Ele vai preso, depois fica doente e ela tem que sobreviver. Os filhos seguem as histórias de pobreza dos pais, sem perspectiva de melhora de vida. É um texto muito complexo e triste. Gosto demais do trabalho da Claudiane Carvalho. Já tinha visto alguns trabalhos com ela que comentei aqui. Eu não conhecia o Alexandre Tigano que faz o marido, gostei também. No início um garoto interpreta o filho e canta a capela, Enrico Bezerra, que graça de menino. O Orgulho da Rua Parnell fica em cartaz até 20 de fevereiro.
Foto Eliana Souza

Muito interessante que a peça acontece na Verniz Galeria. É uma loja de objetos, gostei demais do elenco andar entre os objetos e nós sentarmos em cadeiras que estão a venda. É um lugar peculiar, que traz muito o clima da peça. Gostei muito do lugar e da peça ser lá. Foi uma experiência e tanto.
Foto de Claudio Magalhães

Sorteio de um par de ingressos. Se algum leitor do blog quiser assistir, deixe o nome no comentário e a data. No dia estará o seu nome na portaria com um par de ingressos. Tenho cortesia para um par de ingressos.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Antonio Maia | Ex-voto, Alma e Raiz

Fui a exposição Antonio Maia Ex-voto, Alma e Raiz na Caixa Cultural São Paulo. A curadoria foi de César Romero. Antonio Maia (1928-2008). era sergipano. Na mostra tinham 40 telas, além de livros, catálogos, cartas, postais, origamis e ex-votos originais.


Gostei muito da montagem da exposição, pintaram na parede rostos como os de Antonio Maia que ligavam as obras. E que incrível não? 3 exposições e um show em um único passeio e tudo de graça. Isso porque não fui aos outros espaços gratuitos do centro. O centro é uma ótima opção para passeios nas férias ou mesmo em outras datas, ou para visitantes na cidade. Pelo o que eu descobri essa exposição já passou pelo Rio de Janeiro. Essa mostra também segue até 28 de fevereiro como as outras.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Anico Herskovits - Percurso Gráfico

Fui a exposição Anico Herskovits- Percurso Gráfico na Caixa Cultural São Paulo. A curadoria é de Angélica de Moraes. São 50 gravuras feitas em xilogravura que remete à tradição da gravura japonesa. A artista plástica é uruguaia e vive no Rio Grande do Sul. Suas obras mostram muitos profissionais da construção em atividade.

Algumas obras tem textos quase poemas: "Como um pássaro sem asas, ele subia com as casas, 1981, de Anico Herskovits. São obras que mostram vidas simples com ofícios difíceis. Os textos que dão nome as obras foram tirados dos poemas de Vinícius de Moraes e Thiago de Mello e da música Construção do Chico Buarque.

Gostei demais das que são transformadas em livrinhos tridimensionais. Os textos são de Jorge Rein, um escritor brasileiro/uruguaio. O livro ganhou Prêmio Jabuti de Projeto Gráfico. Não sei se esse da foto estava na exposição, mas tinham alguns que vinham dos quadros, resolvi colocar um para ilustrar. A exposição vai até 28 de fevereiro e é de graça.

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Carybé - As Cores do Sagrado

Fui a exposição Carybé - As Cores do Sagrado na Caixa Cultural São Paulo. A curadoria é de Solange Bernabó. Vocês não imaginam como estava ansiosa para ver essa mostra. Adoro as obras do Carybé e queria muito ver ao vivo. Carybé nasceu na Argentina em 1911. Viajou por vários países até se fixar na Bahia onde ficou até morrer.


Foi lá que fez as obras mostrando os rituais tradicionais da religiosidade de matriz africana, na tradição nagô, jeje e angola entre 1950 e 1980.  Carybé retratou as vestimentas, costumes, armas e também os instrumentos musicais usados nos rituais. São 50 obras na mostra.

Obviamente eu fiquei encantada com as obras que mostram os instrumentos musicais, a precisão. Infelizmente essa mostra já passou nas Caixas Culturais de Salvador, Recife e Rio de Janeiro, nem vou poder sugerir que fiquem atentos. A mostra vai até 28 de fevereiro e é gratuita. 
Beijos,
Pedrita

domingo, 15 de janeiro de 2017

Cabruêra

Fui ao show da banda Cabruêra na Caixa Cultural São Paulo. Esse grupo é da Paraíba. Cabruêra é formada por Arthur Pessoa (voz, viola e melódica), Pablo Ramires (Bateria), Edy Gonzaga (Baixo) e Leo Marinho (Guitarra). Participaram ainda dos shows Rodrigo (Trombone) e João Henrique (Trompete).  Gostei muito das músicas. Eles interpretaram obras da trajetória deles. São ótimas pra dançar, o show é uma animação. A Cabruêra comemora 18 anos de existência, então tocaram composições do repertório deles desse período. Uma que o público gosta muito é a Passarada, eu também adoro. A banda se apresenta no Brasil e em vários países. Já se apresentaram em Portugal, Alemanha, África do Sul, Estados Unidos e Colômbia. Hoje é a última apresentação na Caixa Cultural São Paulo, sempre de graça.
A foto é de João Henrique
Beijos,

Pedrita