sábado, 31 de maio de 2008

Positivamente Millie

Assisti Positivamente Millie (1967) de George Roy Hill no Telecine Cult. Que delícia de filme! São muito inteligentes as estruturas de linguagens do filme. Logo no início já vemos a originalidade. Nossa protagonista está com cachos, uma saia longa e enquanto a música toca aparece em uma tela negra seus pensamentos. Ela analisa as mulheres e vê que precisa mudar o cabelo, encurtar as saias, comprar um colar de pérolas e ser uma mulher moderna. Ela olha pra nós e aí vem a tela negra com seus pensamentos. É muito divertido ver ela contracenar conosco. Essas cenas vocês podem ver no vídeo no youtube que passa a apresentação do filme. É ágil e inteligente!


Positivamente Millie tem bastante música, me diverti muito com o fato do elevador só andar com elas sapateando.


Nossa protagonista mora em um hotel para moças. Nós vemos que muitas mulheres desaparecem lá para o comércio de escravas brancas. Mas nossa protagonista é bastante desligada. Aparece lá sua amiga, uma órfã como as outras e começa a ser alvo da quadrilha.


Positivamente Millie é um filme leve, engraçado e bonitinho. Claro, apesar da mulher moderna ter os cabelos curtos, trabalhar bem, ela ainda busca um bom casamento. Não chega a ser um filme que quebra grandes paradigmas, mas é uma graça mesmo assim.
Nossa protagonista é a ótima Julie Andrews. Sua amiga é a bela Mary Tyler Moore. Os rapazes são interpretados por James Fox e John Gavin. Há outros personagens deliciosos interpretados por Carol Channing, Cavada Humphrey e Pat Morita.

A trilha sonora de Elmer Bernstein é uma delícia, tanto que ganhou Oscar. Os figurinos de Jean Louis são belíssimos!

Há várias montagens de musicais com essa obra. Há vários vídeos no youtube dos musicais.


Música do post e do filme, mas o arranjo do filme é outro: 04 - Baby Face

Youtube: Thoroughly Modern Millie




Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 29 de maio de 2008

O Amor Não Tira Férias

Assisti O Amor Não Tira Férias (2006) de Nancy Meyers no Telecine Premium. A diretora também assina o roteiro. Gostei muito, é uma graça de filme. O 007 se incomodou com algumas questões, principalmente o final, e realmente ele tem um pouco de razão. Mas o roteiro eu achei bem inteligente, me surpreendeu. É um filme leve e despretencioso, mas bem bonitinho. Eu queria ter visto no cinema com a minha mãe, mas passou na época do Natal, então não conseguimos ir, que dirá enfrentar os shoppings abarrotados.

Minha mãe adora filmes românticos e leves, motivo que eu queria ver nos cinemas, mas também porque eu adoro o elenco. Amo a Kate Winslet, o Jude Law e a Cameron Diaz. Se unem a eles o ótimo Jack Black. Só ele não me convenceu muito como um homem apaixonado por uma mulher. Ele parecia mais que gostava de alguém do mesmo sexo do que do sexo oposto. Mas o personagem dele é muito simpático.

O roteiro é bem inteligente. Duas moças sofrem decepções amorosas. Li que a diretora viu um dia um site onde as pessoas trocam residências e que pensou em fazer um filme com essa história. O 007 concorda comigo que esse sistema não daria muito certo por aqui. Mas que a idéia é interessante é e que eu fiquei com vontade de participar, fiquei. Elas então mudam de casas em países diferentes. Uma mora em Los Angeles e outra em Londres. Eu gostei porque as duas mulheres são bem sucedidas profissionalmente, inteligentes e bonitas. Vou falar detalhes do filme: Achei realista mostrar que um dos rapazes é viúvo, tem duas filhas e que saía sem compromisso com as mulheres. Atitude normal para pessoas que tiveram perdas estar ainda em período do luto. O texto tem momentos bem inteligentes. Gostei bastante!

A trilha sonora de Hans Zimmer também é muito bacana!

Música do post e do filme: 16-hans_zimmer-verso_e_prosa-eon
Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 28 de maio de 2008

O País das Neves

Terminei de ler O País das Neves (1947) de Yasunari Kawabata da Estação Liberdade. Minha irmã que me emprestou esse livro. Há um tempo ela começou a procurar obras de ganhadores de Prêmio Nobel e eu gostei da idéia e tenho procurado e lido também obras desses autores. Yasunari Kawabata ganhou Prêmio Nobel em 1968. Eu gostei demais dessa obra, tive dificuldade de engatar no início já que o autor passeia pelo tempo e nos confunde. Aos poucos que os personagens vão se descortinando.

Obra Ocre: amplitude de Tikashi Fukushima

Nosso protagonista viaja para o País das Neves e lá conhece duas mulheres. Uma delas é uma gueixa, ele gosta de conversar com ela, da sua companhia. O País das Neves é um livro triste, sobre solidão, pessoas sem futuro que aceitam os seus destinos e tentam viver da melhor forma com eles. Só vamos conhecer um pouco melhor os personagens no desenrolar da trama. O interessante é que esse livro foi publicado em 1937, mas só dez anos depois o autor encontrou um final que lhe desse satisfação e publicou a última versão em 1947.

Obra de Yasuo Ishimoto

Eu sempre anoto trechos da obra que li, mas acabei achando trechos no site da editora que lançou o livro no Brasil. Vou colocar inicialmente os trechos que anotei e depois a selação da editora.

Trechos de O País das Neves de Yasunari Kawabata:

“Atravessava um longo túnel e lá estava o País das Neves.”

“Os dois pareciam marido e mulher, e podia-se notar que ele estava doente. No momento de uma doença, forçosamente, diminui a distância entre um homem e uma mulher. Quanto maior o cuidado e a atenção dispensados à pessoa, maior a impressão de que se trata de um casal. Na prática, para quem observa, um precoce gesto maternal de uma jovem que cuida de um homem mais velho também pode ser interpretado como próprio de um casal.”

Os da editora:

“Como o interior do trem não era muito claro, aquele espelho não era tão nítido quanto deveria ser. Ele não refletia bem as imagens. Por isso, enquanto Shimamura olhava compenetrado, foi se esquecendo da existência do espelho e começou a pensar que a moça flutuava na paisagem do entardecer. Foi nesse momento que os raios de sol, já tênues, iluminaram o rosto dela. O reflexo do espelho não era suficiente para apagar a claridade de fora, nem esta, forte o bastante para ofuscar a imagem refletida no espelho. A claridade passava como um relâmpago pelo seu rosto, mas não era suficiente para iluminá-lo. A luz era fria e distante. No momento em que o contorno de sua pequena pupila foi se iluminando, como se os olhos da moça e a luz se sobrepusessem, seus olhos se tornaram um vaga-lume misterioso e belo que pairava entre as ondas da penumbra do cair da tarde.” (p. 15)

“... sob a sombra de um beiral, cinco ou seis gueixas conversavam em pé. Shimamura pensou que Komako — nome artístico que ficara conhecendo graças à empregada da hospedaria naquela manhã — poderia estar por ali; de fato, parecendo perceber que ele se aproximava, seu semblante sério a distinguia das outras. Sem que houvesse tempo para Shimamura pensar que ela ficaria ruborizada, desejando que um vento desinteressado a refrescasse, o rosto de Komako já estava vermelho até o pescoço. Já que era assim, ela deveria ter ficado de costas, mas desviando o olhar, visivelmente incomodada, movia aos poucos o rosto na direção em que ele andava.” (p. 48)

“No entanto, ao pensar que Yoko estava naquela hospedaria, Shimamura, sem saber por que, sentiu receio de chamar Komako. Embora o amor de Komako fosse destinado a ele, sentia um vazio como se isso fosse mais um belo esforço em vão. Ao mesmo tempo, também sentia a vida que Komako tentava viver roçar nele tal qual uma pele nua. Compadecendo-se dela, também se compadeceu de si mesmo. Julgou que Yoko era possuidora de um olhar semelhante a uma luz que pungia tal situação, e, por algum motivo, se sentiu atraído por ela também.” (p. 114)
As ilustrações são de pintores japoneses do mesmo período do autor e o compositor japonês também.

Música do post: Toru Takemitsu: A Way a Lone

Beijos,

Pedrita

terça-feira, 27 de maio de 2008

Não Sobre o Amor

Assisti a peça Não Sobre o Amor de Felipe Hirsch no Centro Cultural Banco do Brasil. Minha amiga tinha comentado no blog dela sobre essa peça. Quando vi a foto já tinha ficado instigada sobre o espetáculo, mas quando li o texto e vi todos os envolvidos enlouqueci. Estavam no projetos profissionais que adoro e quis muito ver. Não Sobre o Amor entrou para a lista dos espetáculos inexquecíveis que vi, é simplesmente maravilhoso! Tudo é perfeito! Eu gosto demais da Daniela Thomas que assina a cenografia e fiquei impressionada com a disposição das peças no palco. Tudo é ao contrário. A cama como podem ver é na nossa frente, inclusive o ator está deitado nela. A mesa também é invertida e o ator senta de costas para o chão. Com a direção o ator senta em tudo quanto é lugar estranho, de uma genialidade surpreendente. Eu sou muito fã do ator principal, Leonardo Medeiros e ele está maravilhoso!

São somente dois atores no palco, mas na verdade eles não estão juntos já que o roteiro é baseado nas cartas entre o russo Victor Shklovsky (1893-1984) com a franco-russa Elsa Triolet, mais um texto anotado que gostaria de ler, é um texto de uma beleza imensa. Ela pede que ele escreva Não Sobre o Amor, portanto as cartas falam de outros assuntos, mas sempre de forma metafórica falam do amor que ele sente por ela. Além dessa correspondência colocaram outras cartas entre os textos. A atriz estréia nessa peça e gostei muito, é Arieta Corrêa. A iluminação é de Beto Bruel. No palco são projetadas imagens, com outras estruturas do mesmo cenário. Tem horas que nos confundimos se a atriz está realmente lá ou se é a projeção. Belíssimo! Nessas projeções estão trechos das cartas, comentários sobre o que estamos ouvindo, de uma genialidade incrível. Realmente, só assistindo. Essa peça custa pouco, R$ 15,00, há meia entrada e fica em cartaz até julho. É absolutamente inexquecível, me emocionei muito!
Música do post: 1st mvt Nocturne - Shostakovich Violin Concerto No. 1






Beijos, Pedrita

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Maria Antonieta

Assisti Maria Antonieta (2006) de Sofia Coppola na HBO. Uma co-produção entre França, Japão e Estados Unidos. O filme é baseado na biografia de Antonia Fraser que é possível encontrar traduzido no Brasil, fiquei com vontade de ler. Eu adoro essa diretora e quis ver nos cinemas, mas não consegui. É maravilhoso mas pelos trailers que vi tinha uma idéia bem diferente, até mesmo pelas críticas negativas que li. Tinha a impressão que era um filme sobre uma amalucada rainha e vi uma mulher forte e determinada.

No início Maria Antonieta é uma adolescente austríaca e aceita com bastante resignição e curiosidade o casamento arranjado com o príncipe da França. Ela tem apenas 15 anos e tem que entre as fronteiras deixar tudo o que é austríaco e vai para uma corte exagerada em luxos, cerimoniais e fofocas. A corte a trata mal já que há a rivalidade dela ser uma estrangeira e ter outros costumes. O pior mesmo que ela sofreu foi o fato do príncipe não cumprir suas funções matrimoniais e ela virar chacota da sociedade. E diante de todo esse sofrimento ela ainda recebe cartas recriminatórias da mãe. O filme mostra muito o quanto a sociedade sempre culpou a mulher de tudo até mesmo do desinteresse do marido por ela. Todos culpavam a mulher de ser fria, quando o marido só sabia caçar e fugir literalmente do contato com sua esposa.

O que achei mais interessante é que parecia que ela não odiava o seu destino. Parecia se incomodar com os excessos da corte, mas aceitava de uma certa forma todos os cerimoniais. E também parecia gostar do marido. Não uma paixão arrebatadora, mas parecia ter um carinho por ele. E depois que o casamento se consuma, anos depois, eles acabam tendo três filhos. Eles sofrem muito com a morte de um deles e ela parece ser sempre uma mãe carinhosa e zelosa. Me surpreendi também ela não querer partir após a Queda da Bastilha e ficar ao lado do marido. Ambos foram quilhotinados, mas o filme só mostra eles sendo levados na carruagem pelos revolucionários.
Kirsten Dunst está maravilhosa! O príncipe também interpretado por Jason Schwartzman. Alguns outros do elenco são: Judy Davis, Rip Torn, Rose Byrne, Asia Argento e Steve Coogan.
A direção de arte de Anne Seibel é impecável. Os figurinos de Milena Canonero são impecáveis. Gostei muito também da trilha sonora de Jean-Benoît Dunckel e Nicolas Godin, inclusive o CD do filme é duplo. Maria Antonieta é um filme belíssimo, muito bem dirigido, esteticamente impecável, muito tem adaptado. Gostei demais!
Maria Antonieta ganhou o Oscar de Melhor Figurino.

Música do post e do filme: New Order - Ceremony


Trailer: Marie Antoinette

Beijos,

Pedrita

domingo, 25 de maio de 2008

Leitura de Poesias Italianas do Novecento

Fui em uma Leitura de Poesias Italianas do Novecento na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista. Eu não conhecia essa livraria da Paulista, fique próxima a avenida Brigadeiro Luís Antônio. É enorme! A leitura de poesias aconteceu em um simpático café que fica lá dentro no segundo andar. Dois professores da USP Elisabetta Santoro e Mauricio Santana Dias fizeram a leitura de poemas italianos. A Elisabetta lia os poemas em italiano e o Mauricio a tradução em português. A noite estava badalada! Entre os participantes tradutores, um poeta e mais uma organizadora de leitura de Poesias da Casa da Rosas, Fernanda M. Bueno de Almeida Prado.

Foram lidos poemas de Giuseppe Ungaretti, Eugenio Montale, Dino Campana, Salvatore Quasimodo, Pier Paolo Pasolini, entre outros. Gostei demais dos poemas!

O poeta que assistia contou que acabava de chegar da Itália onde foi convidado para escrever um poema para uma cidade colocar em uma pedra. Há anos uma cidade italiana convida poetas do mundo todo para que coloquem em pedras na cidade.

Obra L'albero e i manifesti de Orfeo Tamburi
Vou colocar um poema de Giuseppe Ungaretti para que conheçam um pouco a obra desse autor. Eu achei esse poema no site poesia.net:

Irmãos
Mariano, 15 de julho de 1916

A que regimento pertenceis
irmãos?

Palavra que estremece
na noite

Folha recém-nascida

No espasmo do ar
a involuntária revolta
do homem que encara sua
fragilidade

Irmãos

Fratelli
Mariano il 15 luglio 1916

Di che reggimento siete
fratelli?

Parola tremante
nella notte

Foglia appena nata

Nell'aria spasimante
involuntaria rivolta
dell'uomo presente alla sua
fragilità

Fratelli

Música do post: Ennio Morricone - Cinema Paradiso



Tanto o compositor como o pintor são italianos e viveram no mesmo período que Ungaretti.

Beijos,
Pedrita