Terminei de ler
Minha infância na Prússia (1993) de
Marion, Condessa Dönhoff da
Editora 34. Minha irmã que me emprestou.
Marion é uma jornalista que resolveu contar o período áureo de sua infância na Prússia que era uma província alemã. É estranho ver aquela vida de uma certa forma pacata, cheia de luxos e imaginar que todos perderam tudo após a guerra. Imaginar que depois podemos não mais ter o nosso lar, que um país deixou de existir pelas mãos da Alemanha nazista. É estranho achar na internet que ela foi uma jornalista alemã. Não, não foi, ela nasceu sim na Prússia. Estranho acabar um país e mais estranho depois de desaparecer ser ignorado como país de nascença.
Obra de 1909 do pintor prussiano
Lovis Corinth
Novamente vemos os exageros de empregados da nobreza desse período. Muitos filhos. Me surpreendi com a distância que eles tinham dos pais. Quando Marion fala de sua infância comenta a enorme saudade do convívio com os seus irmãos e com os empregados. Eu anotei um trecho onde ela comenta que moravam em outro andar, que viam os pais muito pouco e eram os empregados que estavam sempre com eles. Eles andavam muito a cavalo, caçavam, tinham títulos de nobreza. Marion conta como eles armazenavam os alimentos no inverno, como juntavam o gelo para conservar, já que não havia geladeira. A Prússia era um país muito frio, com invernos muito rigorosos, nos dá agonia quando ela viaja dias e dias a cavalo para fugir da invasão nazista. É possível verificar nos trechos que anotei valores e regras que não conhecemos.
1858 -
Princesa Auguste Viktoria Friederike Luise Feodora Jenny Princess da Prússia
Anotei vários trechos da obra Minha infância na Prússia de Marion, Condessa Dönhoff:
“Em geral, a hierarquia era observada com tanto rigor nos níveis inferiores quanto entre os dignatários da corte. A cozinheira jamais faria uma refeição com as criadas da cozinha, ou a castelã, a senhorita Schikor, com as domésticas, que tinha sob suas ordens; a cozinheira e a castelã sentavam-se à mesa numa sala especial à qual apenas a camareira de minha mãe tinha acesso e, ocasionalmente, um ajudante solteiro do administrador, o chamado eleve. Os três jovens cocheiros subordinados ao cocheiro-mor também faziam as refeições no castelo e tinham uma mesa própria – no entanto, apenas num local de passagem.”
“Convenção, o conceito que uma geração posterior combateu com tanta veemência – o convencional tornou-se o superlativo de tudo o que é vazio, superficial e fútil – era algo determinante para minha mãe e seu tempo. Para mim, a forma, no sentido de estilo, parecia muito importante, mas a convenção não; e já bem cedo também eu desenvolvi uma resistência contra ela. Só depois de ver o quão insegura as pessoas ficam sem convenções é que se aprende a valorizá-las.”
“Violação à honra eram inadmissíveis. O divórcio, por exemplo, estava absolutamente fora de questão para oficiais e altos funcionários e acarretava a perda do cargo.”
“As crianças, pelos menos nós três, os filhos mais novos, quase não víamos nossos pais; eles viviam lá embaixo, nós vivíamos em cima com a babá, comíamos sozinhos, brincávamos sozinhos. À noite, minha mãe subia para as orações, e quando havia convidados tínhamos que descer para dizer boa noite.”
Música do post: Prussian Military Song - Hohenfriedberger_Marsch
Beijos,
Pedrita