Assisti ao documentário Saudade do Futuro (2021) de Anna Azevedo no Festival de Brasília do Cinema Brasileira. Sim, é isso, só tenho saudade do futuro. Depois de tantas perdas, centenas evitáveis, tanto sofrimento, tanto desmatamento, tantas queimadas, tanta tragédia, só dá pra ter saudade do futuro. Que seja melhor!
O documentário foi o vencedor do Festival de Brasília. A diretora filmou em três países, Brasil, Portugal e Cabo Verde com entrevistados falando de saudade. Essa cena é a última e é com uma linda canção. Essas mulheres confeccionam esses instrumentos que estão entre as pernas, e mostram no documentário como são construídos.
Saudade do Futuro começa com as viúvas de pescadores no mar de Portugal. Mulheres que após as tragédias passam a vida de preto. Nesse núcleo pescadores falam de quando foram a guerra. Valter Hugo Mãe da estranheza de ver essas mulheres sempre de preto.
No Rio de Janeiro um grupo de crianças de uma comunidade brinca contando história. Na praia três mães falam da morte violenta de seus filhos. Os índios falam que vão ter que se mudar mais uma vez porque suas terras foram ocupadas. São muitas saudades.
Assisti a série Squid Game (2021) de Hwang Dong-hyuk na Netflix. Coisas de Brasil, aqui o nome continua em inglês, mas é outro, não faz sentido algum, Round 6. Eu tinha muita resistência pra ver essa série, tudo que é quase unanimidade eu fico relutante. Mas eu amo produções coreanas, principalmente as de terror, então fui ver e não conseguia largar.
Essa imagem explodiu na estreia nas redes sociais. E na época eu entendi que seriam jogos e como conheço os filmes coreanos, pavorosos. Os jogos são inspirados em brincadeiras infantis, algumas desconhecidas por aqui, algumas com semelhanças.
O protagonista é viciado em jogos, cavalos mais especificamente. Que ator, Lee Jung-Jae. Ele não consegue emprego e é muito atrapalhado, vive apostando. Ele recebe então um cartão com uma proposta. Perto da meia noite os participantes vão a um lugar indicado, uma van passa, eles são dopados até chegar no local do jogo. Ele é o último, o número 456. Todos são imperfeitos, com ele não é diferente, mas ele tem alguma integridade, respeito ao próximo, sentido de equipe. Muito interessante que ele tem a maior admiração pelo amigo bem sucedido (Park Hae-soo) que também está lá. O amigo foi o melhor aluno em tudo, formado com louvor e atuava no mercado financeiro. O 456 vive elogiando-o.
Duas jovens contam suas vidas, uma é da Coreia do Norte, muito triste a vida das duas. Ótimas e lindas atrizes: Jung Yo-Heon e Lee Yoo-mi.
O 456 afeiçoa-se ao 001 que diz estar com um tumor. Oh Yeong-su está majestoso! O 456 passa a protegê-lo de alguma forma. Mas é interessante também que esse senhor, por ter brincado muito na infância, sabe técnicas onde mesmo um grupo mais fraco possa ser vencedor. A série debate muitas questões, pré-conceitos, é muito profunda.
A série debate também imigração com o personagem de Anupam Tripathi, o preconceito a imigrantes e fala de profissões de sobrevivência, como a prostituição na personagem de Kim Joo-Ryung. O grupo dos "vilões" é encabeçado pelo personagem do Heo Sung-tae.
O jogo é muito surreal. O líder fala sempre que a regra principal é todos terem direitos iguais, mas essa regra é bem controversa, na verdade, a série toda é muito controversa. Como na vida real, a noção de igualdade não é igualitária. Muito interessante quando termina dando a ideia de uma continuação.
Assisti Ela e Eu (2020) de Gustavo Rosade Moura no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro no Canal Brasil. Que filme delicado e bonito! Começa com um parto, a mãe passa mal e fica vegetativa por anos.
Esse cartaz é lindo e o mais bonito é que é uma cena do filme.
O tempo passa, a filha está na faculdade, a mãe acorda. Primeiro só vê vultos, depois precisa reaprender a falar, andar. O pai está com uma companheira. Ele, a filha e uma funcionária cuidam da mãe. O cuidado deles com a mãe emociona. A companheira fica intranquila com a mudança. O equilíbrio de décadas passa, eles precisam se reorganizar.
O elenco impressiona. Andréa Beltrão faz a mãe, Eduardo Moskovis o pai, Lara Tremouroux a filha, Mariana Lima a companheira, Karina Teles a funcionária. Aparecem ainda Jessica Ellen, Bella Camero e Flávio Bauraqui. Andréa Beltrão ganhou merecidamente prêmio de Melhor Atriz no Festival de Brasília. Eduardo Moskovis de Melhor Ator e o filme ganhou Melhor Roteiro.