quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Holocausto Brasileiro de Daniela Arbex

Terminei de ler Holocausto Brasileiro (2013) de Daniela Arbex da Intrínseca Editora. Eu comprei esse livro na última Feira do Livro da USP presencial. Queria muito ler, mas adiava porque sabia que seria um grande sofrimento, mas necessário. Desde Bicho de Sete Cabeças sou da luta antimanicomial.

O marcador de livros é um trecho de uma matéria de jornal.

Foto do Hospital Colônia de Barbacena (1961) de Luiz Alfredo

O Hospital Colônia de Barbacena foi criado em 1903 com tudo o que há de mais retrógado no tratamento a doentes mentais, se é que só existiam doentes no hospital. Criado para abrigar 200 pacientes chegou a 5 mil rejeitados, porque é isso o que o local era, um lugar de rejeitados e condenados à prisão perpétua porque foram pouquíssimas altas em muitos anos. Com a lei de Getúlio Vargas qualquer um podia pedir a internação de alguém. Maridos se livravam de esposas, delegados de presos sem julgamento, mulheres estupradas e grávidas de patrões, por tristeza, por timidez. Muitos médicos enviavam doentes ao Hospital Colônia para diminuir a lotação dos hospitais que trabalhavam. E os doentes eram levados de trem, o trem de doido como ficou chamado, exatamente como na época dos campos de concentração. Crianças e adultos se misturavam mesmo sendo proibido por lei. 

Foto de Luiz Alfredo

Pra caber mais criaram uma grama para os internos viverem no chão. A água que bebiam era do esgoto. Eles conviviam com as moscas, a fome, a sujeira, o frio, nem sempre tinham roupas, quando davam sorte tinham alguns trapos e os urubus. Em geral não eram tratados. Quando tinham força de se rebelar, mesmo com a inanição que viviam, levavam choques e eram severamente medicados. Em dias muito frios se amontoavam nus no pátio e os que ficavam por baixo costumavam morrer. Mortes diárias eram comum e eram levados em carroças a valas comuns. O hospital não tratava os doentes que viviam lá até sua morte. O hospital teve mais de 60 mil mortos entre 1903 a 1980.

Na década de 60, o fotógrafo Luiz Alfredo conseguiu fazer imagens do hospital que foi publicada na famosa revista Cruzeiro em várias páginas. Provocou muita comoção, muitos debates, mas é estarrecedor que nada mudou. Foram muitas outras tentativas. Depois de muitos anos conseguiram criar casas e passaram a dar um pouco de dignidade aos internos.  O Brasil ainda tem 200 manicômios e ainda trabalha com a internação em muitos casos, mesmo já existindo muitos outros tratamentos mais eficazes.
O livro fala de um curta que rodou o mundo mostrando os horrores da instituição. Recentemente o Canal Brasil disponibilizou uma série que vou assistir.

Beijos,
Pedrita

12 comentários:

  1. Muito interessante!

    .
    Beijos, e uma boa noite :)

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  2. Um bsurdo total, Diante de coisas assim é que a gente concorda que, se existe um inferno, ele fica aqui na Terra mesmo!

    Beijo

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  3. Olá, tudo bem? Ótima dica de leitura. Admiro a autora Daniela Arbex. Bjs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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  4. Que horror, não fazia ideia de todas essas histórias

    blog | instagram

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  5. Não li o livro, mas já levo a indicação.
    Fiquei impressionada com a série. É impactante. Angustiante. Chorei em muitas passagens.
    Assisti a conta gotas porque era muito devastador.
    As atuações são impecáveis. Andréa Horta e Fernanda Marques estão sensacionais. A Fernanda então que vê os fantasminhas está maravilhosa.
    O personagem do Arlindo Lopes dá vontade de botar no colo e trazer pra casa 😢😢
    Bukassa Kabengele como sempre extraordinário.
    Minha personagem favorita intetpretada pela Rejane Faria é daquelas pra nunca esquecer ❤
    Sem falar naqueles que dá uma raiva danada por serem tão maus 😕


    Bjs Luli
    https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. luli, eu comecei a ver a série, qd o irmão coloca a moça no vagão escuro já não consegui continuar. vou me esforçar. nem me fale.

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