Assisti Eu, Tonya (2017) de Craig Gillespie no TelecinePlay. Esse filme é da série "todo mundo viu, menos eu". O roteiro é de Steven Rogers. Fala da grande patinadora Tonya Harding com uma história absurdamente surreal. Tonya participou de duas Olimpíadas.
Aos 4 anos Tonya começou a treinar. Logo passou a ganhar campeonatos. Além da patinação Tonya aprendia com o pai a caçar e a consertar carros. Com o tempo ela largou os estudos pra se dedicar exclusivamente a patinação. Sua mãe foi interpretada por Allison Janney.
Margot Robbie interpreta brilhantemente Tonya. Ganhou vários prêmios.
Tonya Harding sofreu inúmeros preconceitos. Mesmo sendo uma das poucas patinadoras do mundo que faz um Axel Triplo, era sua rival, com perfil de princesa, que saía vencedora. Os juízes criticavam sua aparência, que parecia ser mais importante que seu desempenho técnico.
Filha de violência, Tonya trocou as agressões da mãe pelo do marido Jeff, interpretado por Sebastian Stan.
Um terceiro personagem junta-se a eles, Shawn, melhor amigo de Jeff, interpretado por Paul Walter Hauser. Sua grande rival Nancy, a princesinha, sofreu um golpe nos joelhos. Os três foram acusados de terem pago os que realizaram o golpe e os dois acusaram que a mentora foi Tonya. O filme fala que ela não sabia dos detalhes, que a Nancy só seria ameaçada como ela vinha sendo, mas fica meio no ar quem mandou o crime. Tonya vai presa e sua carreira como patinadora termina. Nada justifica o que foi feito com a rival, mas Tonya sofreu violências sistemáticas de jurados por sua aparência, mesmo com desempenho superior. É um filme pra se pensar.
Terminei de ler Água de Barrela (2016) de Eliana Alves Cruz da Malê. Esse livro fez muito sucesso, ganhou prêmios, elogiosas resenhas, queria muito ler. Águas de Barrela é seu primeiro livro. Na última Festa do Livro da USP adquiri com 50% de desconto. Essa capa de Bruno Pimentel Francisco é muito linda. O livro está na 7ª Edição. Que bela obra!
O marcador de livros é de uma obra de Lucia Buccini, da Livraria Cultura
O quadrinho é em porcelana com moldura de madeira, pintado por Peggy-Lou.
Obra de Rubem Valentim (1989)
A autora conta a história de sua família desde quando foram sequestrados no Continente Africano e escravizados no Brasil. Quando sua família veio no navio negreiro, já era proibida a comercialização de escravizados, mas continuou mesmo assim. Se tivessem respeitado a lei, Eliana não seria brasileira e sua família teria uma história menos triste. Toda a história de sua família foi passada pela oralidade.
Obra de Madalena dos Santos Reinbolt
Água de Barrela é aquela mistura que colocam em panos pra quarar. Boa parte das famílias de Eliana trabalharam lavando roupas. Primeiro seus parentes foram escravizados, mulheres violentadas, filhos misturados e muita, mas muita revolta. As fazendas que trabalhavam eram em Cachoeira na Bahia, cidade que quero muito conhecer. Com a libertação dos escravizados, alguns parentes foram tentar a vida em Salvador. Incrível a garra de Martha que era uma grande comerciante. Sabia perceber as necessidades e vender o que se precisava. Conseguiu juntar dinheiro e investir em joias de crioula para usar nos estudos dos seus descendentes.
Na edição há algumas fotos como de Damiana, a história demora a chegar nela. Damiana estudou em colégio religioso pago. Apesar de pagar como as outras alunas, passa a maior parte do curso lavando, passando e cuidando das roupas das outras internas brancas. Sua mãe fez de tudo para ela estudar. Seu pai roubou as joias de crioula da avó e desapareceu, mesmo assim elas não desistiram de manter a filha e neta na escola. Tanto Damiana quanto sua filha fizeram maus casamentos. Relações tumultuadas, homens irresponsáveis, machistas. Damiana estudou muito e fazia muito questão do estudo nos seus descendentes. Levava seus netos ao teatro, bibliotecas, era incansável. E deu certo, um de seus netos se formou advogado no Rio de Janeiro. A família passou por inúmeros momentos históricos como o fim da escravidão, com os negros abandonados à própria sorte, a crise de 1929, as guerras. Com as dificuldades financeiras, infelizmente tão comum no Brasil, principalmente para os mais pobres, uma parte da família vem tentar a vida no Rio de Janeiro, onde Eliana nasce.
Eliana Alves Cruz conseguiu os dados para o livro com Nunu que tinha dado muito trabalho para a família por sofrer de esquizofrenia, e que sofreu o diabo em clínicas psiquiátricas monstruosas com seus eletrochoques e violências. Uma parente que conhecia ervas que ajudava muito mais ao equilíbrio de Nunu, que os doutores. Com uma mente inacreditável, Nunu lembrava de muitos detalhes de sua família. Eliana, jornalista, checava muitos dados históricos, que batiam corretamente com os relatos de Nunu. Gostei demais obra e de contar histórias de famílias brasileiras.
Fui ao recital do Centro de Música Brasileira no Mackenzie Higienópolis. Primeiro tocou o ótimo violonista Bruno Madeira com um repertório original e primoroso. Adorei a Noite do Desterro de Maria Ignez Cruz Mello. Não conhecia essa compositora. Ao final tem um vídeo dessa obra. Gosto muito das obras da Eunice Katunda e ele interpretou Prelúdio nº 1. Todo o repertório era muito bonito. O violonista avisou que algumas obras estão nas plataformas e eu ouvi novamente no Spotify.
Depois tocou o excelente pianista Paulo Gori com um repertório igualmente belo. Linda a Valsa nº 1 de Osvaldo Lacerda. Fiquei encantada com a última obra, A Sertaneja Opus 15 de Brazílio Itiberê, compositor que não conhecia. No bis o pianista tocou Caixinha de Música Quebrada de Villa-Lobos, uma graça. Gori participou da gravação do CD duplo com a Obra Integral para Piano de Osvaldo Lacerda que também está nas plataformas.
Programa
Osvaldo Lacerda
Brasiliana n° 1 (Dobrado, Modinha, Mazurca e Marcha de Rancho) Valsa nº 1 Suíte n° 1 (Dobrado, Choro, Toada e Baião)
Villa-Lobos – Saudades das Selvas Brasileiras I & II
Lorenzo Fernandes – Valsa Suburbana
Brazílio Itiberê – A Sertaneja Opus 15 (Fantasia característica sobre temas brasileiros)
A apresentação do Centro de Música Brasileira foi gratuita.
Assisti Ó Paí, Ó 2 (2023) de Viviane Ferreira no TelecinePlay. Divertido, musical, colorido, é um ótimo filme que foi realizado 15 anos depois do primeiro que comentei aqui.
Filmado em Salvador, agora o Pelourinho sofre com a especulação imobiliária. Todos se unem pra manter o espaço. São várias histórias, Dona Joana, pela maravilhosa Luciana Souza,está inconsolável com a perda do filho. Elas faz terapia com o personagem do Luís Miranda. Na volta leva três garotos pra casa. Fui às lágrimas na cena dela com o filho novo na praia. Boa parte do elenco é Bando de Teatro de Olodum. E também Érico Brás,Lyu Arisson, Rejane Maia, Clara Buarque, Edvana Carvalho e Dira Paes. Os figurinos são muito bonitos.
São inúmeros musicais. Lázaro Ramos é o protagonista e sua música viraliza cantada por outra pessoa. Vários grandes músicos aparecem na trama, são reverenciados, cantam suas músicas. Lindo no final quando aparecem os créditos dos atores com imagens da equipe técnica e dos músicos. Tem a playlist no Spotify, várias foram pras minhas pastas.
As cenas finais foram na Festa de Iemanjá. Me emocionei demais!