sábado, 3 de maio de 2008

Selvagem

Assisti Selvagem (2006) de Steve Williams na HBO. Gostei bastante, há momentos muito fofos, só não curti o estilo americano de finalização de filmes, o final se arrasta um pouco e é bastante óbvio a figura do herói na personagem do leão, bem forçado e exagerado. Mas depois os bichos estão no barco é bastante divertido que a chateação passa. Selvagem é dos estúdios Walt Disney Pictures.

O roteiro de Mark Gibson e Philip Halperin é bem similar a outros do gênero, no zoológico o filho do leão fica chateado e acaba fugindo. O grupo vai atrás resgatá-lo. Mas as músicas são legais, amei o Coala e as brincadeiras com esse animal são ótimas. O desenho é bem feito. Uma boa diversão!
Música do post e do filme: Everlife_Real Wild Child



Beijos, Pedrita

sexta-feira, 2 de maio de 2008

MSTesão

Assisti a peça MSTesão de Aimar Labaki no Sesc Consolação. Era em uma sala pequena no terceiro andar. Gostei muito! Texto instigante e complexo! Além da direção, Aimar Labaki assina a concepção e escreveu o texto. A peça aborda várias questões: exposição de imagem, culto ao corpo, desejo de ser celebridade, prostituição, opções sexuais, sem terra, miséria, preconceito. Bom, preconceito parece pautar a peça, cada qual com sua visão fechada e cega defende suas posições e levanta questionamentos sobre vários temas. Há também uma projeção de imagens que se mistura aos personagens.

Em um estúdio fotográfico um integrante do movimento dos sem terra vai tirar fotos nu. Ele precisa de dinheiro para o plantio, já que ganharam a terra e essa foi a forma que ele encontrou, já que o governo não enviou os créditos para o plantio como prometeu. A peça então aborda várias questões como o fato de ser mais fácil conseguir verba entrando no mundo das celebridades, mesmo que instantânea, do que através do trabalho e do agribusiness. Gostei demais do rapaz, a direção na interpretação dele também foi muito boa. Ele é um jovem ator interpretado por Murillo Carraro e alterna mostrando claramente a fragilidade de suas convicções juvenis. Inicialmente é um rapaz que tenta se mostrar corajoso e que assinou tirar foto nu, mas é contrário a esse tipo de trabalho. Quando seu pai chega ele se mostra um menino mimado e medroso. Quando uma mulher aparece, ele passa a defender o pai e por último mostra que deseja as fotos e que tem um narcisismo latente, muito bom!

Gosto muito do Augusto Pompeo que fez o fotógrafo. Eu jamais esqueço sua interpretação na peça Comédia dos Erros. Os outros dois do elenco são Mario Cesar Camargo e Luciana Domschke. Só me incomodei com a arma. Eu tenho uma dificuldade de lidar com violência em eventos culturais. Ficava o tempo todo pensando que era uma arma de brinquedo, mas em um espaço pequeno, volte e meia apontada para a platéia, achava que não ia conseguir ficar e ia acabar saindo. Por sorte resisti bravamente.
A peça já saiu de cartaz, mas como aqui volte e meia comentam sobre os altos custos dos ingressos em peças de teatro, essa custava apenas R$ 10,00.

Eu não lembro qual era a música do Chico Buarque que toca no início da peça, vou colocar essa para ilustrar musicalmente o post.


Música do post: Chico Buarque - Até o Fim




Beijos, Pedrita

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Seminário no Dia Internacional do Livro e do Direito Autoral

Fui no Seminário no Dia Internacional do Livro e do Direito Autoral no Istituto Italiano di Cultura de São Paulo em Higienópolis. O instituto fica em uma mansão belíssima no bairro. Eu queria muito participar desse seminário porque esse tema é muito atual e queria muito compreendê-lo melhor. Com a internet esse tema voltou muito mais as discussões. Participaram do seminário uma escritora jovem italiana, Letizia Russo, que viveu por dois anos em Portugal, e uma advogada especializada em Direito Autoral, Maria Luiza Valle Ege. A escritora ainda acredita que alguém em qualquer país que desejar montar sua peça vai contactá-la pra pedir autorização. A advogada mostrou que não é bem assim, há pessoas mal intencionadas. Algumas até pegam textos sem autorização e fazem uma montagem sem recursos pelo prazer de destrinchar e aprender com a obra. Mas alguns podem querer e conseguir ganhar dinheiro com a obra e podem de má fé alterar o nome do autor fazendo algumas pequenas modificações no texto. Os blogs mostram bastante o quanto as pessoas se apropriam de textos alheios, modificam um pouco e colocam como seus. Ou mesmo nós que já cansamos de receber por emails textos medíocres em nomes de grandes escritores que têm um estilo totalmente diferente do escrito enviado. E se você tenta alertar quem enviou ficam bravos porque querem que você prove então quem é o autor daquele texto medíocre.

A advogada disse que os países tem associações de Direito Autoral ligados a outros países. Cada um pode procurar o do seu país que eles vão se contactar com os outros do mundo todo para conseguir uma autorização para algum projeto ou mesmo para reinvindicar o pagamento de algum direito autoral. Gostei muito do debate!


Música do post: Puccini - Maria Callas - Un Bel Di (Madame Butterfly)




Beijos,

Pedrita

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Désirée

Terminei de ler Désirée (1951) de Annemarie Selinko (1914-1986). Comprei esse livro em um sebo por R$ 10,00 e só me interessei por se tratar daquela coleção da Editora Abril, Clássicos Modernos, já que não conhecia nada da autora, nem se sua obra. É simplesmente fascinante! Annemarie Selinko conta a história de Bernadine Eugénie Desirée Clary que viveu entre 1777 e 1860. Todos os fatos históricos que viveu Désirée são reais, os sentimentos e diálogos que são ficcionais. Désirée foi noiva de Napoleão Bonaparte, casada com um grande general do exército de Napoleão, Jean-Baptiste Bernadotte, e se tornou Rainha da Suécia. Só achei obras em outros idiomas pra comprar. Infelizmente essa rica obra só é possível achar em sebos ou em outros idiomas. Há um filme baseado nessa obra com Marlon Brando como Napoleão. Claro que a obra é bastante romanceada, até achei o final estranho, acabando na união do amor e não na morte da nossa protagonista, mas a obra é muito rica em detalhes políticos e de guerra da época, fascinante!

Logo que comecei o livro fiquei com vontade de pesquisar sobre Désirée. Achei algumas páginas com vários links de fotos e histórias sobre ela, mas muitos textos estão em sueco. O livro é extenso mas li rapidamente, não queria parar, tal minha curiosidade sobre essa obra e esse período histórico. Sabemos de Napoleão no que estudamos na história, mas nunca tinha lido nada que me trouxesse sentimentos e aumentasse a minha curiosidade. Mesmo que os diálogos sejam ficcionais e bem romanceados no estilo romântico, todas as decisões políticas estão ali e fica mais fácil compreender esse período complexo em uma obra como essa. Achei várias páginas com links para textos sobre a Désirée.

Obra Napoleão Bonaparte como líder da França pintado pelo Barão Antoine Gros

Por mais que tenhamos estudado algumas questões ficam distantes nos livros de história. Nesse romance parece que participamos. Napoleão estava na Revolução Francesa, era um revolucionário, pobre, quase miserável, que queria casamentos que tivessem bons dotes ou influências, para que pudesse seguir com sua carreira política e suas ambições exacerbadas. Assim que começa a ter poder e governar ele deseja voltar a monarquia, agora como imperador, e passa a exigir todos os protocolos de reis e rainhas, dar títulos a seus familiares, totalmente diferente daquilo que lutou quando estava na Revolução Francesa. Ele começa a ter sede de dinheiro e poder, que poderia sempre estar dentro dele, e perde a dimensão do que vinha fazendo. Ele e seus generais eram ótimos de conquistas pela guerra, mas Napoleão parecia esquecer que depois teria que manter essas terras conquistadas e governá-las. Parecia não perceber que a vitória momentânea poderia não significar constante e que os povos dominados iam tentar em algum momento reconquistar suas terras.

Pintura de Désirée como a Rainha Desideria da Suécia
Trechos de Désirée de Annemarie Selinko:
“Acredito que uma mulher de busto bem formado se pode impor mais facilmente ao homem. Por essa razão resolvi que amanhã estufarei o corpete com quatro lencinhos para parecer que já sou adulta. É certo que estou bastante crescida, mas isso é coisa que só eu é que sei, pois os outros não notam.”

“Étienne pertence à classe desses moços que se grudam aos seus semelhantes na razão direta dos seus triunfos.”

“A nossa família toma banho com muito mais freqüência do que muitas que conhecemos, porque papai tinha idéias modernas e mamãe não se cansa de recomendar que vivamos sempre segundo as normas paternas. De modo que tomamos banhos mensais e o fazemos dentro de uma grande tina que papai mandou instalar numa alcova do porão.”

Como Désirée conheceu Beethoven, vou colocar uma interpretação de uma de suas composições.

Música do post: Beethoven cd 2 9



Beijos, Pedrita

terça-feira, 29 de abril de 2008

Dead Man


Assisti Dead Man (1995) de Jim Jamrsch no Telecine Cult. Tenho adorado descobrir esse diretor no Telecine Cult. Eu imperdoavelmente nunca tinha visto nada dele. E esse especial traz sempre comentários do Marcelo Janot no início que me ajudam muito a compreender esse universo diferente desse incrível diretor. Eu não queria perder nem por decreto Dead Man já que o protagonista é o maravilhoso Johnny Deep. Dead Man é de uma ternura supreendente, me emocionei muito! Esse filme passou no dia e na hora do terremoto que não vi e não senti nada.

O início já é genial. O personagem do Johnny Deep atravessa os Estados Unidos em um trem. Parece ser o único a fazer isso. E não há fala alguma. Sempre que ele dorme um pouco, quando acorda são outros passageiros, a cada localidade mudam os estilos dos passageiros. Genial! Só quando ele começa a chegar ao seu destino, a última viagem do trem, é que conversa com um passageiro e conta que vai a caminho de um emprego. O passageiro ri muito e pergunta se ele realmente acredita em um pedaço de papel. Ficamos sabendo então que nosso personagem perdeu os pais, está sozinho no mundo e não tem realmente nada a perder. Jamursch fala da solidão como ninguém, chega a nos doer a história e a solidão dos persoangens que cruzam o caminho de nosso protagonista.

Os atores são incríveis. Gary Farmer faz o índio Ninguém maravilhosamente. O filme é praticamente os dois juntos e sozinhos o tempo todo. Alguns outros do elenco são: Crispin Glover, Lance Henriksen, Michael Wincott e Mili Avital. Há participações especiais de John Hurt, Robert Mitchum e Iggy Pop, esse inclusive traz seu personagem vestido de mulher e é realmente um homem vestido de mulher. A fotografia é maravilhosa e é de Robby Müller.

A trilha sonora é excelente e é do Neil Young.


Música do post: Neil Young & Johnny Depp - Dead Man



Youtube: Dead Man (Soundtrack) by Neil Young



Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 28 de abril de 2008

O Labirinto do Fauno

Assisti O Labirinto do Fauno (2006) do diretor mexicano Guillermo del Toro no HBO. Queria ver esse filme desde que o Rubens Ewald Filho falou em uma cerimônia do Oscar que achava esse filme o melhor do ano. Depois foi o 007 que reforçou o quanto esse filme é bom. Mas não consegui ver nos cinemas e demorei pra ver na tv a cabo. O filme parecia que fugia de mim. É realmente maravilhoso mas muito, muito triste. É sobre a violência e intolerância humana. Há algo de fantasia, mas tanto eu como o 007 ficamos na dúvida se efetivamente existiu. Se não era a tristeza da menina que buscava algum alento naquela vida miserável. Se não era tudo ilusão!

Vou falar detalhes do filme: É possível que O Labirinto do Fauno seja realmente um filme de fantasia e que tudo aquilo que a menina passou com o Fauno seja verdadeiro, que a fábula seja verdadeira. Mas tanto eu quanto o 007 ficamos com a sensação no final de que era só um sonho da menina para fugir daquela realidade horrenda onde o direito da criança não é preservado, onde há muita violência, maldade e intolerância. Fiquei muito triste com o filme e com o final, que eu poderia ter outra interpretação, mas a tristeza é tanta que nem consegui me convencer que poderia ser verdade aquele mundo de fantasia que ela achava que existia.
Mesmo o Fauno não parecia trazer um alento a essa menina. Parece que nos sonhos dela até aquele que traria alguma esperança a aquela falta de futuro também era agressivo, pouco confiável e violento. Todas as provações que ela parece ter que passar para conseguir um pouco de paz são agressivas, perigosas e não trazem conforto a essa menina sofrida e só. Parece que ela não consegue imaginar algo que a acolha, que lhe dê afeto. Está tão acostumada a uma vida de agressividade e privações que até em seus sonhos o que aparece não é amistoso. O quanto o direito da infância não é garantido e o quanto a há violência contra a infãncia. O quanto muitos adultos acham que é o melhor que fazem quando da verdade só expõe a criança a maus tratos e privam ao direito da infância. E o quanto alguns adultos, até mesmo os pais, não conseguem ver o mal que expõe os seus filhos.
A menina trabalha maravilhosomente e a atriz é Ivana Baquero. Também gostei muito da empregada da casa que de alguma forma tenta proteger essa menina, é a ótima atriz Maribel Verdú. A mãe da menina é interpretada por uma atriz muito linda, Ariadna Gil. O Fauno por Doug Jones e o vilão por Sergi López.

O Labirinto do Fauno ganhou 3 Oscars de Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Maquiagem. Ganhou o Independent Spirit Awards de Melhor Fotografia. 3 prêmios BAFTA de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Maquiagem e Melhor Figurino. 7 prêmios no Goya de Melhor Revelação Feminina (Ivana Baquero), Melhor Roteiro Original, Melhor Maquiagem, Melhor Som, Melhores Efeitos Especias, Melhor Fotografia e Melhor Edição.
Música do post e do filme: El laberinto del fauno

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Beijos, Pedrita