Obra Caipira Picando Fumo (1893) de José Ferraz de Almeida Júnior
Depois de eu ter comprado esse livro, eu me surpreendi com o roteiro central. Um Amor Anarquista é baseado em uma colônia anarquista que existiu na cidade de Palmeira no Paraná em 1890. Não tinha ideia que o Brasil tinha tido uma experiência como essa. O livro é ficcional, mas o autor relatou que foi desenvolvido depois de terem entregue a ele documentos sobre essa colônia. A capa desse livro também é linda é uma imagem de O Quarto Estado de Giuseppe da Volpedo de 1901. Nessa comunidade uma mulher teve três homens.
Obra Casa e Capela de Antônio Raposo Tavares de João Batista da Costa
Foi uma leitura difícil, me lembrou a dificuldade que tive para ler Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago, já que Um Amor Anarquista é igualmente desesperançoso. Dá desgosto ver a humanidade tão medíocre, hipócrita, egoísta e oportunista. Não sou muito otimista sobre a dignidade humana, mas mesmo assim é difícil ver o ser humano explorando o outro, se dando direitos a mais que o outro sob critérios subjetivos e egoístas. O tom utópico perdura em todo o livro e a minha descrença na filosofia desse grupo só aumentava a minha descrença. Um Amor Anarquista é um livro triste, de uma comunidade com muita miséria e privação. A falta de mulheres no grupo agrava mais ainda as diferenças. E incomoda a forma machista como as mulheres são tratadas ou como algumas se nomeiam.
Passeio Público de Curitiba (1936) de Guido Viaro
Trechos de Um Amor Anarquista de Miguel Sanches Neto:
“Sobre uma banqueta de madeira, deixada ao lado de minha cama, estreita igual à dos demais solteiros, coloquei uma lata com flores silvestres, para que Jean Gelèac encontrasse ambiente agradável.”
“Sobre uma banqueta de madeira, deixada ao lado de minha cama, estreita igual à dos demais solteiros, coloquei uma lata com flores silvestres, para que Jean Gelèac encontrasse ambiente agradável.”
“Tímido e jovem, um tanto romântico como sempre somos aos vinte anos, Geléac tem se dedicado ao vício da virtude, resolvendo-se sozinho.”
“-O amor para você foi também alegria?
-Até agora tem sido dedicação.”
“-O amor para mim tem sido mais companheirismo.
- O amor justo é sempre companheirismo.”
“A natureza fala uma única língua, mas os livros, sempre confusos, falam muitos idiomas, até os mortos, e isso é prova de que nunca dizem a verdade. Apenas a natureza não mente.”
Beijos,
Pedrita