sábado, 17 de março de 2018

Por Trás do Céu

Assisti Por Trás do Céu (2016) de Caio Sóh no TelecineCult. Que filme lindo!  Nós não entendemos bem porque aquele casal vive no meio do nada, com aquelas roupas. Aos poucos, em idas e vindas na trama, vamos conhecendo a triste história deles.

Eu adoro os dois atores Nathália Dill e Emilio Orciollo Neto. Os personagens entraram em um universo paralelo depois que uma tragédia se abateu sobre eles. As locações são lindas e li que foram filmadas na Paraíba. Alguns outros do elenco são Renato Góes, Léo Rosa, Paula Bulamarqui, Roberto Bontempo e Everaldo Pontes.
O texto é todo poético, metafórico e lindo. A trilha sonora também. Por Trás do Céu é um filme poético sobre vidas difíceis, em terras sem lei. Por Trás do Céu ganhou vários prêmios:  no 20ª CinePE levou cinco prêmios: Melhor Filme Pelo Júri Popular, Melhor Roteiro, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Ator Coadjuvante. Venceu o prêmio do público no 11º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo. Participou na seleção oficial dos festivais FESTin Lisboa, Festival do Cinema Brasileiro em Munique e Festival Du Film Bresilien em Luxemburgo. E teve exibição quase inexistente nas salas de cinema no próprio país que continua ignorando o seu próprio cinema.


Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 16 de março de 2018

Corra!

Assisti Corra! (2016) de Jordan Peele no TelecinePlay. Eu tinha alta expectativa em ver esse filme e uma certa culpa por ter achado que A Forma da Água merecia o Oscar de Melhor Filme sem ter visto esse, um dos mais elogiados filmes que concorreram ao Oscar. E não, Corra! não merecia o Oscar de Melhor Filme, muito menos o Oscar de Melhor Roteiro Original. Quem como eu gosta de filmes de fantasminhas e experiências científicas sabe que Corra! não é nada original. Inclusive Corra! é um filme de um tema só e maniqueísta. Brancos líderes engabelam negros para tirar deles o que os idosos "precisam".

Sim, Corra! é um bom filme, mas simplista. O protagonista é um parvo, ele percebe que algo muito errado acontece naquela reunião onde brancos sabem seu nome, o idolatram e onde os negros que aparecem são parvos e robotizados. Primeiro o filme demora a acontecer. São longas demais as cenas na cidade com a namorada e a viagem. Acho que estavam sem assunto. Como disse, o filme tem um roteiro simples demais, então encheram linguiça. Confesso que em vários momentos me lembraram as soluções simplistas do Shyamalan por ter tanta cafonice.
E as interpretações não são nada demais. Como Corra! é muito maniqueísta, os negros são fortes, viris e fruto de inveja, e os brancos idiotas, querendo o que o negro tem. Daniel Kaluuya é o protagonista parvo, lindo, mas o personagem exige muito pouco do ator. A namorada é interpretada por Alissom Williams

Os pais psicopatas dela são interpretados Catherine Keener e Bradley Whitford. Alguns outros do elenco são: Caleb Landry Jones, Marcus Henderson, Betty Gabriel, Lakeith Stanfield, Stephen Root e Lirel Howery. O tempo todo eu ficava com a sensação que já tinha visto um filme semelhante. Não igual ao final, mas a trama de pegar uma pessoa para enxertar algo nela. E Corra! tem vários furos. Gostei do final, mas é o momento de mais furos. O protagonista matou todo mundo da casa, há impressões digitais em tudo. Ok, ele ia mostrar os laboratórios, mas o grupo que frequentava a casa era enorme, iam ser muitas testemunhas contra ele. E sim, ele matou aquela gente toda, iria preso mesmo que fosse em legítima defesa. O diretor resolveu esse problema terminando o protagonista indo embora. Também não é de hoje que tem me incomodado a forma rápida como hipnotizadores conseguem dominar a mente do outro. Estou quebrando a cabeça, uma hora vou lembrar o filme que Corra! me lembrou.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 14 de março de 2018

Hibisco Roxo de Chimamanda Ngozi Adichie

Terminei de ler Hibisco Roxo (2003) de Chimamanda Ngozi Adichie da Companhia das Letras. Queria muito ler esse livro, quando ganhei um vale presente não relutei e que capa linda. Chimamanda é da Nigéria e antes de começar a ler fui pesquisar o país. A Nigéria é praticamente dividida em duas religiões, a muçulmana e a católica. Um pequeno percentual é de nigerianos que ainda mantém suas tradições e religiões nativas. Foi na Nigéria que sequestraram aquelas centenas de meninas nas escolas para serem estupradas, e recentemente novamente praticaram o mesmo ato hediondo.

Obra de Joseph  Eze

Hibisco era a flor da minha infância, tinha na casa alugada da minha avó. E é a flor da casa da tia da protagonista. A tia era universitária, e universitários criaram em laboratório o Hibisco Roxo, já que em geral a cor natural é rosa ou mesmo rosa avermelhada. 

Hibisco Roxo é um livro difícil de ler. O pai da protagonista é um monstro. Enquanto ele posa de bom homem para a comunidade católica, em casa espanca todos, põe chá fervendo nos pés das crianças, espanca a esposa até ela abortar duas crianças. E da onde vem tanto dinheiro? Todos em casa tem atividades escritas, tudo é milimétrico, cada obrigação tem hora, insuportável. Não há alegria, só há medo. O pai proíbe contato com o avô porque ele mantém suas tradições. O avô passa necessidades, o filho diz que dará muito dinheiro, carro, casa, se o pai se converter. É uma arrogância achar que a sua fé é superior a dos outros. E praticar muitas, mas muitas maldades em nome de uma religião.

Obra de Akpokieri Karo

O catolicismo é tão prepotente na Nigéria, que as crianças que vão ser batizadas ou crismadas precisam trocar seus nomes para nomes ingleses. Como se o nome nativo do país não tivesse valor, só o inglês.

É na casa da tia que os irmãos tem um pouco de paz. Lá que eles começam a ter mais contato com o avô, mas o pai tem sempre chilique quando descobre que as crianças dormem no mesmo teto que o avô. O avô está velho e doente, mas o pai das crianças está preocupado com a fé do pai. A própria neta por medo está preocupada em dormir sob o mesmo teto que um "pagão" e pelo medo, não consegue perceber que teria que abandonar os horrores da proibição e ter um pouco de compaixão e empatia por um velho doente. 

Fotografia de J.D. ' Okhai Ojeikere

A autora coloca também as incoerências humanas. O pai é um industrial e tem um jornal, se opõe ao governo opressor, é admirado por suas ideias. 

Na casa da tia tudo é difícil, ter combustível, água, luz, tudo que é essencial falta. Não há água para banhos como na casa do parente rico. As comidas estragam na geladeira, mas eles reaproveitam colocando muito tempero. Tudo trágico e desumano. Em muitas questões, corrupção, falta de saúde pública, inúmeras greves, lembrou muito o Brasil.

Tanto os artistas plásticos bem como o músico são nigerianos. Uma personagem adorava ouvir Fela Kuti. A família católica proibia rádio e televisão. Também proibia o idioma nativo.

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 12 de março de 2018

Anthropoid

Assisti Anthropoid (2016) de Sean Ellis no TelecinePlay. Desde que estreou no Now eu queria ver, mas sabia que tinha que ser quando estivesse preparada, sim, é um filme forte. O filme é baseado na Operação Anthropoid criada pela Inglaterra que visava o assassinado do General nazista Reinhard Heydrich. Para isso enviam dois paraquedistas a Tchecoslováquia que estava sob domínio alemão.

Adoro os dois atores que fazem os paraquedistas Cillian Murphy e Jamie Dornan. O filme é muito bem realizado, editado, muito realistas as cenas. Há vários filmes históricos que permeiam o filme. Os dois paraquedistas se unem aos poucos rebeldes que sobreviveram. Praga estava toda tomada por alemães e cercada. Os poucos rebeldes não queriam que a Tchecoslováquia desaparece. 

Várias pessoas ajudam no processo inclusive duas mulheres, para que eles andem pela cidade em casal e possam planejar o ataque. Lindas as duas: Charlotte le Bon e Anna Geislerová, essa tcheca.

Gosto muito do Toby Jones que está no elenco, mas as atuações de todos são incríveis: Anna Frejková, Marcin Dorocinski, Bill Milner, Jirí Simek, Harry Lloyd, Václav Neuzil e Roman Zack.

Beijos,
Pedrita