sábado, 20 de janeiro de 2024

De Tanto Amar

Assist a peça De Tanto Amar de Eddy Fernandes na SP Escola de Teatro. A direção impecável é de Rodrigo Ferraz e Samira Lotcher. A bela iluminação é de Thiago Capella.

Fotos de Jones Malfitano


É um monólogo maravilhoso com a inacreditável Martha Mellinger. Que atriz! Que peça! É um texto desconcertante! Uma mulher acaba de chegar de um velório, seu marido morreu. Ela conta a sua história. Aos 18 anos ela se casou com um jovem que a família toda gostava. É muito difícil querer se separar de alguém que todos gostam, acham digno, decente, um bom marido. E Violeta não queria. Como a própria personagem diz, 18 anos não é uma idade pra se casar e sim pra viver. Corajosa, dois anos depois (acho que ela esperou muito), ela larga tudo e foge, deixa só uma carta. Brasileira, ela segue pra Portugal. Em vez de virar mochileira, viajar e beijar muito, ela escolhe esperar um homem do seu sonho, com uma idealização romântica assustadora. Um sedutor aparece com todos os encantamentos possíveis, artista plástico, quer que ela pose pra ele, tocava piano, e ela vai ficando no encantamento que ela mesmo criou.
Quando ela começa a perceber que tudo era ilusão, parece que a coragem a havia abandonado. Diferente do primeiro relacionamento, nesse ela estava muito, mas muito apaixonada e ele, como sedutor, pelo jeito sabia encantá-la novamente quando a raiva a cobria. É uma história triste demais de codependência, que texto profundo. Ficou gravado na minha pele.



De Tanto Amar fica em cartaz todos os sábados até 24 de fevereiro.


Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Lorena dos pés ligeiros

Assisti ao documentário Lorena dos pés ligeiros (2019) de Juan Carlos Rulfo na Netflix. Eu procurava na busca por biografias e vi esse lindo cartaz. Lorena Ramírez é da comunidade Rarámuri, do município de Guachochi, no México.  

É lindíssimo o lugar que ela vive com sua família. Como tudo é montanha e longe, eles fazem tudo a pé, então ela se tornou uma grande maratonista. Ela corre sempre de saia e sandália. Chegou até a ganhar um tênis lindo, mas ela disse que quem usa aquilo está sempre atrás dela. Mostra ela nas maratonas, ela sempre chega primeiro. Impressiona a quantidade de medalhas que ela ganhou. Em uma maratona ela correu 13 horas e foi a primeira a chegar embaixo de chuva. Ela ama o lugar onde mora que é lindíssimo realmente. Por ser tudo longe de tudo e todos, eles vivem só entre eles. Só o irmão foi estudar e era longe, ia caminhando, ele é corredor também. 

Já as irmãs ficaram com os cuidados dos animais e da plantação. Elas que costuram suas roupas. Fiquei encantada com Lorena, que mulher brilhante. 

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Maestro

Assisti Maestro (2023) de Bradley Cooper na Netflix. Eu relutava em ver esse filme. Sempre fico com receio de ver filmes de ídolos, de gênios, ainda mais quando os protagonistas não podem se defender. Mas encontrei um filme belíssimo! Cinemão! Com uma edição impecável! O filme é sobre o gigante regente e compositor Leonard Bernstein. Há uma biografia no Brasil, mas só se acha em sebos.

O filme tem trechos em preto e branco, mas é colorido. Começa com a história clássica que um grande maestro fica doente e Bernstein é chamado pra substituir em cima da hora, sem ensaios e sua carreira decola. Excelente maestro, ele era reverenciado no mundo todo. Esteve no Brasil em 1953 regendo a Orquestra Sinfônica Brasileira. Fiquei encantada com sua esposa Felícia Montealegre. Uma grande atriz, acaba encantando Bernstein que era um apaixonado pela vida e pelas pessoas. Tinha uma vida afetiva intensa. Inteligente e perspicaz, ela é uma grande incentivadora das composições de Bernstein. Ele regia grandes compositores e compunha musicais. O próprio diretor interpreta o maestro. Ela é a incrível Carey Mulling, em um dos grandes papéis de sua carreira. O filme é muito bem dirigido e milimétrico, como a cena que Bernstein está em sombra regendo e ela dentro da sombra. A casa é belíssima e é muito impactante a cena que ela pula na piscina. As cenas são cheias de símbolos. Não é um filme óbvio, é arte.
Eles tiveram três filhos. Fiquei encantada com a união e afetividade da família. No filme não mostra, mas ela continuou com sua carreira artística após o casamento, mas em menor intensidade. Era uma relação difícil pelas sucessivas paixões de Bernstein. Até que ela se cansa e eles se separaram. Não devia ser fácil conviver com um gênio. Nós amamos os gênios, mas o convívio não deve ser fácil. No filme eles voltam um pouco antes dela adoecer, mas na biografia disseram que ele volta quando ela descobre o câncer. Os dois tinham dinheiro pra terceirizar tudo, a criação dos filhos, os cuidadores dela, embora vemos uma enfermeira com ela em casa, tanto ele como os filhos cuidaram e a amaram muito enquanto estava doente. O amor da família toda me comoveu.
Leonard Bernstein em família.



Beijos,
Pedrita