sábado, 28 de maio de 2016

Escritoras

Faz tempo que falo sobre escritoras, resolvi fazer um levantamento das que li. São 103 até agora. E qual não foi a minha surpresa que na infância e adolescência li várias. Adorei Soprinho de Fernanda Lopes de Almeida, o segundo livro que mais me marcou na infância, o primeiro foi Heidi de Johanna Spyri.

Agatha Christie é a responsável pela minha paixão pela leitura. Comecei a ler com uns 10 anos, nosso entusiasmo resultou em livros de presente nos natais e posso dizer que li quase todos. A ponto de já adivinhar um pouco a lógica da escritora e acertar alguns palpites. Mas qual não foi a minha surpresa em descobrir que li obras importantes de escritoras na adolescência. Foi quando li A Muralha de Dinah Silveira de Queiroz que adorei. Era um livro da família, encapado em tecido. Li também Pearl Buck e pela escola Clarice Lispector. Na adolescência comecei lendo a pequena biblioteca de casa que tinha vários livros de fácil assimilação. Li várias escritoras nessa época, algumas poucas representativas. Passei a complementar a leitura com a biblioteca da escola e a da vizinha. Só depois que passei a anotar listas de livros a ler e comecei a ler livros mais consistentes de forma constante.

Fui sócia gratuitamente de várias bibliotecas. Adorava andar pelos seus corredores vendo os livros que ia ler. Foi assim que conheci os poemas de Hilda Hilst. Em uma dessas bibliotecas tinha esse exemplar desse foto, lembro que de pé comecei a ler esse e não queria parar, fascinada com o andamento de trem do texto e fiquei fã dessa poeta. Nessa biblioteca que achei o único livro da Añais Nin traduzido no Brasil. Autora que é considerada escritora de livros eróticos no Brasil, mais um equívoco. Passei a querer ler essa autora depois do filme Henry and June. Invejava minha amiga que podia ler no francês e lia os diários de Añais Nin. Hoje em dia há outras publicações, mas todos com a peja de eróticos. Vários escritores colocam cenas eróticas em seus livros e nunca recebem esse estigma.

Entre os meus autores preferidos estão Marguerite Yourcenar e Virgínia Woolf. Da Marguerite o meu preferido é A Obra em Negro, mas sou fascinada por várias de suas obras que li. Seus livros são fáceis de encontrar em sebos e em geral por bons preços. Comecei lendo Memórias de Adriano que estava em uma das minhas listas. Não é o que mais gosto. Li em um clube de leitura onde se pagava um valor por mês e podia ler quantos livros quisesse, comigo não funcionou muto bem. 

De Virgínia Woolf li vários, o meu preferido é Rumo ao Farol. Nesse blog comentei sobre As Ondas que gostei muito. Adoro também Jane Austen, Isabel Allende e Colleen McCullough O meu preferido da Isabel Allende é A Ilha Sob o Mar.

Depois comecei a ler os vencedores do Prêmio Nobel. Já tinha lido Pearl Buck na adolescência e comecei lendo Toni Morrison, A Canção de Solomon que comentei aqui. Apesar das escritoras já serem mencionadas em possíveis ganhadoras, o Brasil só as traduz após o prêmio. Foi assim com Herta Müller que li O Compromisso e é incrível. Li também ensaios da incrível Nadime Gordimer e estou devendo ler suas ficções. Tempos de Reflexão comentei aqui. Ainda faltam várias a ler.



Foi na novela Lado a Lado que ouvi falar de Júlia Lopes de Almeida. Comprei então A Falência e adorei. Comentei aqui. Comprei outro livro da autora que está na estante de livros a ler. De uma indicação da Livraria Nobel, passei a ler os livros da Jennifer Egan que está entre as minhas favoritas também, li dela O Torreão e A Visita Cruel do Tempo. Recentemente também li Tempos Extremos de Míriam Leitão e gostei muito.

Na Livraria Acervo Editorial que vou de vez em quando, o livreiro sabe do meu gosto em conhecer escritoras. Ele indicou então essa série Mulheres e Letras que tem inclusive uma ganhadora de Nobel. Eu comprei esse da Kate Chopin e outro de outra coleção, o livro No Bosque da Noite de Djuna Barnes. Culpados está entre os melhores livros que li no ano passado. O que mais me surpreendeu na escritora é que ela tinha uma vida convencional nos Estados Unidos. Esposa de um fazendeiro vê sua vida mudar quando fica viúva e assume os negócios. Seus livros foram tão contundentes que foram proibidos por um bom tempo. Culpados não está entre os livros proibidos. Quero ler esses agora. Difícil vai ser encontrá-los no meu idioma.


Gertrude Stein chegou por caminhos tortos. Li o livro À Margem Esquerda de James Campbell e lá falam dela. Tinha na Cosac Naify e li. Que grata surpresa. A Cosac Naify tinha uma coleção Mulheres Modernistas, comprei outro da coleção que aguarda ser lido.

Já tinha lido e gostado de alguns livros da Simone de Beauvoir. Muito recentemente li Os Mandarins e fiquei impactada. Estou com outro na estante mas soube que é de uma trilogia e o que tenho não é o primeiro. Estou vendo se consigo os outros.

Li várias biografias de mulheres corajosas que resolveram contar suas tragédias: Infiel de Ayaan Hirsi Ali e Malala. Mas outras mulheres também contaram suas histórias como Jung Chang em Cisnes Selvagens. Em biografias, Antonia Frase escreveu sobre Maria Antonieta. E em livros históricos, há os excelentes da antropóloga Lilia Moritz Schwarcz como As Barbas do Imperador e o primeiro que li, A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis que mais parecia um livro de ação. Misturando ficção e reportagem, descobri em um sebo Laura Restrepo, antes dela vir a Flip. Já li dois livros dela e são fascinantes: A Noiva Escura e Heróis Demais.

Atualmente estou lendo Dôra, Doralina de Rachel de Queiroz e adorando. Tinha gostado demais de Memorial de Maria Moura. Adoro também Lygia Fagundes Telles, o meu preferido é Antes do Baile Verde que comentei aqui. Vou parando por aqui senão essa postagem não termina nunca. De 103 escritoras mencionei 31, realmente muito pouco. Adoraria que vocês também fizessem um post sobre as escritoras que leram.

Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 27 de maio de 2016

A Família Bélier

Assisti A Família Bélier (2014) de Eric Lartigau no TelecinePlay. Foi a Liliane do Paulamar que me falou desse filme e comentou aqui. Liliane assistiu por indicação da Bruxa do 203 que comentou aqui. Vi a sinopse e levei um tempo para ver, mas como é comédia, resolvi ver. É muito bonitinho. O mais bonito é a união familiar. Três são surdos, só a menina ouve. Eles vivem dos produtos da fazenda que é bem produtiva. A menina auxilia no contato com os outros, na venda dos produtos e na compra do que precisam para a produção.

A menina vai participar no coral da escola e se destaca. O professor sugere ela participar de um concurso em Paris. Ela participa escondida da preparação e mente ao professor. As regras da menina aparecem, então calculei que ela teria no máximo 14 anos, apesar da atriz parecer ter bem mais. Hoje em dia as regras costumam surgir entre 11 e 12 anos, no máximo 14. O professor é bem revoltado pelo trabalho, desejaria uma colocação melhor, mas com o repertório popular que trabalha é compreensível o ostracismo. Por sorte no canto há a possibilidade de aos 14 anos conseguir ingressar em uma escola formal e seguir se tiver talento. Se fosse para um instrumento seria tarde demais, 14 anos é muito tarde. Por sorte também a banca autoriza uma canção popular. Estranho só terem duas candidatas a vaga, em geral são filas e filas de candidatos.

Mas o mais bonito do filme é a linda relação de amor e compreensão da família. A mãe é um pouco controladora, mas sabe respeitar as diferenças, reluta um pouco, mas é muito amorosa. O prefeito da cidade é um oportunista, tenta se aproveitar da deficiência auditiva da família para faturar. O pai da menina fica muito bravo e também com as propostas do prefeito, resolve se candidatar. Todos estão ótimos. A menina é interpretada pela Louane Emera, ela inclusive ganhou César de Melhor Atriz Promissora. A atriz está com 19 anos, devia ter uns 17 quando atuou no filme. O pai está ótimo e é interpretado por François Damiens. A mãe é muito engraçada e interpretada por Karin Viard. O professor por Eric Elmosnino. Alguns outros do elenco são: Roxane Duran, Luca Gelberg, Stéphan Wojtowicz e Ilian Bergala.

Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Concerto do Centro de Música Brasileira

Fui ao concerto do Centro de Música Brasileira no Centro Britânico Brasileiro. Inicialmente tocou a pianista Eliana Monteiro da Silva que faz uma pesquisa de obras de compositoras. No repertório tocou três brasileiras: Cacilda Borges Barbosa, Eunice Katunda e Nilcéia Baroncelli. Eliana ressaltou a importância do CMB de difundir a música erudita brasileira que tem tão poucos espaços para execução. Eu completaria que é esse o motivo que muitos não conhecem, porque são pouco executados. Lindas as obras. Eliana comentou que a Katunda está em publicações internacionais. Segue detalhes desse programa: 


Eunice Katunda - Dois Estudos Folclóricos para piano solo
I. Canto Praiano
II. Canto de Reis

Nilcéia Baroncelli - Os tons da claridade (piano solo)
  
Cacilda Borges Barbosa - Estudo Brasileiro nº 1 (piano solo)                                                                                                                    

Diorama 3º vol. nº 2 (piano solo)

Depois apresentou-se o Duo Flutuart com flauta e piano, Paula Pascheto e Lucas Carvalho. Vocês sabem o quanto gosto de flauta. As primeiras obras foram de Patápio Silva, lindas. As obras desse compositor são bem acessíveis ao público, apesar de muito difíceis, principalmente para a flauta. Tanto que foi a valsa dele que o público pediu de bis Depois o duo tocou obras de Edmundo Villani-Côrtes, Osvaldo Lacerda e Radamés Gnattali. Lindas!
Crédito da foto: Letícia Lima.
Programa:

Evocação Op.1 – Patápio Silva (1880-1907)
1. Andante Assai

Serenata D'Amore  Op.2 - Patápio Silva (1880-1907)
1. Romanza

Margarida Op.3 - Patápio Silva (1880-1907)
1. Mazurca

Primeiro Amor Op. 4 - Patápio Silva (1880-1907)
1. Valsa

- Sonata -  Osvaldo Lacerda (1907-2011)
1. Moderato
2.  Moderadamente Lento
3. Allegre

Ipê Amarelo - Edmundo Villani Côrtes (1930)

- Sonatina Re Maior – Radamés Gnattali (1906-1988)
1. Allegro Moderato
2. Expressivo
3. Allegro (Lembrando Pixinguinha)


Além de um concerto maravilhoso, era gratuito. O teatro estava bem cheio.

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 25 de maio de 2016

O Padre a a Moça

Assisti O Padre a a Moça (1965) de Joaquim Pedro de Andrade no Canal Brasil. Há anos queria ver esse filme, mas nesse canal os filmes antigos só passam de manhã. Por sorte agora posso gravar e ver quando dá. O filme é inspirado no poema de Carlos Drummond de Andrade. O padre chega em uma cidade fantasma de Minas Gerais, a maioria dos moradores partiu. Dessas cidades que prosperaram na extração de ouro, mas com a escassez dos minérios quase desapareceu. A maioria da população é idosa, os jovens partiram.

O padre chega para a extrema-unção do vigário. O padre veio pelas montanhas, não há estradas que unem a cidade ao estado. A moça é filha do dono da cidade. O dono é interpretado pelo Mário Lago, o padre pelo Paulo José e a moça por Helena Ignez. Fauzi Arap e Rosa Sandrini também estão no elenco. Além dos atores, moradores da locação em Minas Gerais também participam do filme.  O Padre e a Moça foram gravados em São Gonçalo do Rio das Pedras, Serra do Espinhaço e na Gruta de Maquiné. Direção Musical de Guerra-Peixe, com interpretação do Quinteto Villa-Lobos.

No poema a moça é virgem, no filme ela é de todo mundo. A estrada aparece milagrosamente no final. O padre e a moça fogem, apesar dele buscá-la em casa e dela se arrumar para segui-lo, ela não pega nenhuma trouxa, nenhuma bolsa. Os dois andam muito, mas quando retornam rapidamente a cidade é avistada novamente. Eu pude ver esse filme graças a duas restaurações, uma em 1999 e uma segunda pela Cinemateca Brasileira que utilizou parte da restauração de 1999 e outra de um material original.

Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Prazer, eu sou Marianna Armellini

Assisti ao programa Prazer, eu sou Marianna Armellini no Youtube. Eu fiquei sabendo que a Regina Volpato ia estrear um programa de entrevistas na internet, o Prazer, eu sou... Vi alguns e escolhi esse para o blog. Eu adoro essa atriz, adoro a personagem dela em Eta Mundo Bom! A personagem é amiga, parceira, solidária, aquelas amigas que sempre sonhamos, amigas que podemos contar. E gostei de conhecer o pensamento da atriz, o quanto ela questiona o papel da mulher.

Eu admiro o trabalho da Regina Volpato. Eu sempre achei incrível o quanto ela respeita o entrevistado, o convidado. Ela apresentava o Casos de Família, e ela respeitava sinceramente todos os que estavam ali. Ela respeitava as dificuldades das pessoas de lidarem com suas questões. Fiquei muito feliz dela ter esse programa agora. Prazer, eu sou... traz sempre entrevistas novas  às terças-feiras, ao meio dia.

Beijos,

Pedrita

domingo, 22 de maio de 2016

Uma História Verdadeira

Assisti Uma História Verdadeira (2015) Rupert Goold no TelecinePlay. Nunca tinha ouvido falar nesse filme. É a história do jornalista Michael Finkel baseada na autobiografia que ele escreveu. Mike era jornalista do New York Times, fez uma matéria de capa para a revista sobre um negro escravo, só que descobrem que ele uniu histórias de vários jovens em uma só para dar mais impacto. É uma prática comum do jornalismo americano. Ele foi mais escancarado, mas esse hábito de exagerar nos dramas, nos heróis, é americana. O Brasil anda copiando esse mal hábito. Potencializar uma história para vender mais e chamar mais a atenção. Essa prática é mais discreta que o sensacionalismo, mas mente do mesmo jeito.

Esse jornalista é então severamente punido, não consegue emprego, até que um fã seu o procura e fala que um homem que matou a família foi preso dizendo que era esse jornalista. Michael Finkel vai descobrir e encontra um homem frio, manipulador e muito inteligente. Michael Finkel descobre várias semelhanças entre eles, o estilo das anotações quando escrevem, entre outros detalhes. O assassino é Christian Longo, ainda será julgado e quer ajuda do jornalista para que este escreva a sua história. Os dois atores estão incríveis: Johan Hill e James Franco. Alguns outros do elenco são: Felicity Jones, Ethan Suplee, Robert John Burke e Maria Dizzia.

Michael Finkel coloca várias ironias contra o New York Times. Ele comenta com o editor que foi ele que disse que desejava uma grande história, com um personagem forte. No final a ironia é maior. Michael Finkel nunca mais conseguiu escrever para o New York Times, mas o jornal passou a comprar artigos do assassino e publicar na revista. Um homem que mata uma família inteira pode escrever no jornal, mas um que errou e assumiu não. Não concordo com o que o Michael Finkel escreveu, mas volto a dizer que a indústria do herói nos Estados Unidos contamina o jornalismo e que Michael Finkel não é o único a cometer crimes nos textos para vender mais jornal. Espero que o Brasil abandone esse hábito nocivo também. Esse tema, livro e filme podem promover inúmeras aulas em faculdades de comunicação. São muitos temas para analisar.

Michael Finkel escreveu um livro sobre essa história que quero ler e continua atuando como jornalista. Christian Longo continua preso, escrevendo artigos e vendendo aos jornais americanos.


Beijos,
Pedrita