Fui na apresentação do Núcleo Hespérides - Música das Américas na série Música Erudita no Sesc Pinheiros. Não achei nenhuma foto com o grupo todo. Eles, Heloisa Petri (foto - Soprano), Andrea Kaiser (Soprano), José Antonio Soares (Barítono), Rosana Civile (Piano), Rogério Wolf (Flauta) e Paulo Porto Alegre (Violão), interpretam em grupos variados. Gostei bastante do repertório. Esse projeto do Sesc busca um repertório de músicas recentes, de novos compositores.
Do repertório gostei muito das composições de Paulo Porto Alegre (f0t0), Tocata, com uma fusão de ritmos e o funk original, não essa criação comercial recente, muito interessante, do portoriquenho Ernesto Cordeiro,Fantasia Mulata e do mexicano Max Lifchitz, Vilancicos Rebeldes, que trazia letras sobre conflitos típicos de países da América Latina e sobre preconceito racial. Foram muito divertidas duas peças cômicas, uma do canadenseJohn Bechwith, L´Habitant de Saint e outra sobre um cão do americano Tom Cipullo, Another Reason Why I Don´t Keep a Gun in the House.
Outras músicas do repertório foram: Canções Portenhas de Astor Piazzolla, 3 Gacelas de Luís Gustavo Petri, com poemas do García Lorca, Eu de Antonio Ribeiro e Opus Dez de Henrique Autran Dourado.
Assisti O Grito (2004) de Takashi Shimizu no Telecine Action. Uma co-produção entre Japão, Estados Unidos e Alemanha. Queria muito ver o filme que originou vários parecidos. Esse não é o primeiro, o japonês. É do diretor do japonês, Takashi Shimizu, mas é a versão americana do original. Gostei! Está lá a idéia dos filmes que o precederam, mas os dois O Chamado e Água Negra são infinitamente superiores. Souberam bem desenvolver a história desse talentoso japonês e fazer um excelente filme.
Há um certo mal gosto em O Grito, um pouco cafona e mal feito, mas a estrutura do roteiro que tanto fez sucesso nos filmes posteriores estão lá. Tem algumas cenas até engraçadas em vez de amedrontadoras. Também a escolha do elenco comprometeu bastante, são bem canastrões. Nossa mocinha é Sarah Michelle Gellar. O menino é interpretado por Yuya Ozeki e sua mãe por Yoko Maki .
Outros do elenco são Bill Pullman, Jason Behr, William Mapother, Clea DuVall, KaDee Stricklan, Grace Zabriskie, Ryo Ishibashi e Rosa Blasi.
Assisti Um Bom Ano (2006) de Ridley Scott no Telecine Premim. É Um Bom Filme, mas nada mais do que isso. A fotografia de Philippe Le Sourd é maravilhosa, como disse o 007, marca registrada do Ridley Scott. O 007 gostou mais do filme que eu. Eu acho o Russell Crowe muito canastrão e ele se superou em mal desempenho em Um Bom Ano. O roteiro baseado no livro de Peter Mayle é meio clichê, o desenvolvimento até que nem tanto.
Vai nessa onda dos dias de hoje. um executivo estressado do mercado de ações, nada ético, como sempre acham que os profissionais dessa área são e o quando é chique e cult gostar de vinhos e saber degustá-los. E o mais incrível é que em Um Bom Ano eles separam o vinho do mercado de ações, quando hoje em dia tudo isso está sempre junto, já que ricos acham chique entender e gostar de vinhos.
O que mais me incomoda nesse culto ao vinho é esse vínculo comercial que fizeram com a saúde. Mostram o avô dando vinho pra a criança e para mostrarem que ele era correto, ele coloca água. Certo, isso se fazia no passado, mas mostram como se fosse a melhor coisa do mundo, como se crianças pudessem tomar vinho e não falam do risco alcóolico. O vilão é o uísque, a salvação é o vinho. Como se só as outras bebidas alcóolicas viciassem. Quem tem propensão ao vício, basta um gole, e se esse gole for na infância, pior ainda.
O menino que faz o personagem do Russell Crowe criança é o fofo Freddie Highmore que fez Em Busca da Terra do Nunca e A Fantástica Fábrica de Chocolate, ele é ótimo. O avó é interpretado pelo talentoso Albert Finney. Há duas belas moças em Um Bom Ano: Isabelle Candelier e Isabelle Candelier.
Eu gostei bastante da trilha sonorade Marc Streitenfeld e o 007 adorou. Ele lembrou que no final tocam a Biquini de Bolinha Amarelinho em francês. Eu só percebi quando me vi cantando a música em português.
Terminei de ler Shnittke - Música Para Todos os Tempos (2007) de Marco Aurélio Scarpinella Bueno pela Algol Editora. É a biografia desse compositor russo, pós-Shostakóvitch. Eu li uma biografia do Shostakóvitch e agora li essa. Gostei muito de conhecer esse universo que só estudamos os fatos históricos, mas conhecemos pouco do dia a dia de artistas que viveram nesses países. Encontramos mais o nome Shnittke escrito com c. No próprio livro explicam a escolha do nome sem o c.
Eu não conhecia basicamente nada desse compositor, nunca tinha ouvido uma obra sua. Só o que ouvi sobre ele foi um amigo dizer que lembrava bem de um concerto onde um guitarrista tocava com a orquestra. Achei agora algumas gravações no Youtube e gostei muito e fiquei curiosa de conhecer mais. Me surpreendi a influência alemã em Shnitkke. Apesar do compositor ser russo, ele teve muito contato com a cultura alemã, principalmente por influência de sua avó. Diferente de Shostakóvitch. Algo que me supreendeu na cultura comunista foi o autoritarismo com composições. Sabia que proibiam pensamentos e obras que fossem contrários ao regime, mas não sabia que proibiam o contato com compositores ocidentais e russos que não faziam parte do regime. Já era absurdo o que sabia, essa dimensão na música me assustou. Anotei inclusive um trecho. Shnitkke não podia ensinar nem tocar obras proibidas pelo regime. Não chegavam nem a ter contato com partituras.
Shnittke teve muita influência religiosa e se converteu mais tarde a Igreja Católica, não a Ortodoxa que era mais difundida na Rússia, mas a Católica, religião que era de sua avó. Suas composições acabam trazendo a influência da religião. Há algumas obras sacras em seu repertório.
Gostei bastante da obra mencionar gravações, ter uma relação de gravações no final e comentar alguns concertos realizados no Brasil.
Trecho de Shnittke - Música Para Todos os Tempos de Marco Aurélio Scarpinella Bueno:
“Volga é o maior rio da Europa, com mais de 3600 quilômetros de extensão, navegável em quase toda a sua totalidade.”
“No Brasil a forma mais comum de encontrarmos a grafia do nome Shnittke é em sua transliteração alemã, Schnittke, com a letra “c” precedendo a letra “h”. A fim de preservar ao máximo a ortografia do russo, optei pela grafia Snittke e por adotar as mesmas regras de transliteração, em alfabeto latino, das palavras escritas em cirílico, indicando a tônica nas palavras transliteradas com um acento.”
“Foi na cidade de Engels, então capital da República Socialista Soviética Autônoma do Volta Alemão, que Alfred Garrievitch Shnittke veio ao mundo em 24 de novembro de 1934, mesmo ano em que Dmítri Shostakóvitch (1906-1975) estrearia sua segunda ópera, Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk que, dois anos após, em 1936, seria o motivo da primeira grande desavença entre as autoridades stalinistas e o seu criador. Para aqueles que consideram Shnittke o compositor russo mais importante depois de Shostakóvitch, a associcação de datas pode soar interessante.”
“A partir de 1954, a política de desestalinização iniciada por Khrushtchóv liberou oficialmente a entrada de partituras de músicos contemporâneos ocidentais na URSS. Dessa forma, alunos de música das diferentes instituições de ensino passaram a ter acesso a obras de compositores como Zoltán Kodály (1882-1967), Paul Hindemith, Carl Off (1895-1982) e, fundamentalmente, Schönberg, Webern e Berg, sem que isso fosse encarado como atividade subversiva.”
Assisti A Hora do Lobo (1968) de Ingmar Bergman no Telecine Cult. O Marcelo Janotque avisou no blog dele que ia passar esse filme no canal. Eu sou fã do Ingmar Bergman e o Telecine Cult resolveu passar vários, inclusive raros, de difíceis exibição e que eu não tinha visto. A Hora do Lobo é uma piração total. Começa muito normal, um jovem casal vai morar em um lugar afastado e estão muito felizes. São interpretados maravilhosamente por Max Von Sydow e Liv Ullmann.
O marido é pintor e eles vivem de forma pacata, em uma simpática casa. Na viagem me surpreendi o quanto estamos acostumados hoje a tecnologia. Eles viajam praticamente numa canoa e lá levam algumas bagagens.
Até que aparecem estranhos visitantes. Com o tempo ficamos na dúvida se são delírios de nossos protagonistas ou realmente toda aquela loucura aconteceu. O texto é absolutamente genial, pena que a legenda fosse péssima. E para os filmes do Bergman as legendas são cruciais porque o idioma é estranhíssimo aos nossos ouvidos.
Há um texto impressionante no final da Liv Ullmann que ela diz não saber se de fato tudo aconteceu, ou se foi a convivência com o marido perturbado que a contaminou de sua loucura. A fotografia é simplesmente maravilhosa.
Outros do elenco são: Gertrud Fridh, Bertil Anderberg, Naima Wifstrand, Gudrun Brost, Ulf Johansson e Gerg Rydeberg.
Em uma dessas visitas malucas ao casarão eles mostram um trecho da ópera A Flauta Mágica de Mozart e fazem análises. Foi um trecho dessa ópera que escolhi para ilustrar musicalmente o post.