quinta-feira, 26 de abril de 2012

O Retrato

Terminei de ler O Retrato (1951) de Érico Veríssimo.No ano passado eu li O Continente que tinha comprado em um sebo. Essa edição que li, da Editora Globo, eu peguei emprestado da minha mãe. Não são com essas belas capas, é de alguma edição anterior. Em O Retrato passa a história de Rodrigo Cambará, bisneto de Um Certo Capitão Rodrigo. Ele pouco sabe dos seus antepassados. Como sempre há mudança cronológica na obra, começa com Rodrigo Cambará doente, mais velho e com risco de vida devido aos excessos. Depois começa a história dele de quando ele retorna a cidade assim que se forma em Medicina, é o primeiro dessa família que faz universidade. O volume 1 é bem político. Ele volta cheio de ideais, é parecido com o seu bisavó, mas se controla mais, gosta de uma boa briga e abre um jornal para afrontar o líder local.

O segundo volume o Rodrigo resolve trabalhar no seu escritório, se casa com a Flora e é quando o seu Retrato é pintado. O Retrato já é mencionado no volume 1, mas é no dois que ele é feito. O Retrato é da época que o Rodrigo Cambará é idealista e ele não se reconhece mais na tela alguns anos depois. Como outros dessa família, ele carrega depois uma culpa monumental em relação a vida de uma pessoa, como um de seus antepassados. O volume 2 termina com os filhos do Rodrigo e todos são muito diferentes entre si.



Obra de Angelo Guido, pintor do Rio Grande do Sul

Trechos de O Retrato de Érico Veríssimo:

Naquela tarde de princípios de novembro, o sueste que soprava sob os céus de Santa Fé punha inquietos os cata-ventos, as pandorgas, as nuvens e as gentes; fazia bater portas e janelas; arrebatava de cordas e cercas as roupas postas a secar nos quintais; erguia as saias das mulheres, desmanchava-lhes os cabelos; arremessava no ar o cisco e a poeira das ruas, dando à atmosfera uma certa aspereza e um agourento arrepio de fim de mundo.”

“Licurgo e Toríbio voltaram para o Angico, e Rodrigo ficou com a madrinha no Sobrado, o que lhe deu uma gostosa sensação de liberdade.”



Beijos,
Pedrita

terça-feira, 24 de abril de 2012

Mama Gógó

Assisti Mama Gogó (2010) de Friðrik Þór Friðriksson no Max. Eu tinha visto uma chamada desse filme e quis ver. O diretor é da Islândia. Esse filme é triste, realista e irônico. Sempre ouço que na Europa os idosos ficam sozinhos ou em asilos, que é comum. Mamma Gógó é uma senhora independente, que vive bem em sua casa, tem três filhos, de vez em quando fica com o neto para cuidar, mas começa a ter esquecimentos e fazer confusões. Como gera transtorno aos vizinhos, eles mesmo irritados falam para os filhos a deixarem em um asilo. Ninguém sugere que alguém tem que morar com ela ou ela tem que morar com alguém. É muito natural a solução de um asilo. Inclusive um dos filhos é casado, eles ficam em casa, poderiam ficar tranquilamente com a mãe, talvez contratar uma pessoa para ajudar a cuidar dela, porque o casal tem disponibilidade de tempo. Eu não conseguiria deixar entes queridos próximos em asilos, me consumiria de culpa.

A nora não tem paciência com a sogra, não percebe que os desatinos dela são as confusões. O filho é mais presente, mas não hesita em deixar a mãe no asilo, mesmo ele praticamente não trabalhando. Assim que ele e as irmãs colocam a mãe no asilo eles começam a vender os bens dela e a casa para ficar com o dinheiro. Outra ironia do filme é sobre esse filho que é cineasta. Ele fez um filme sobre idosos que fogem do asilo, como ninguém na Europa tem interesse pelo tema, nem os idosos, o filme é um fracasso de bilheteria e ele começa a se endividar. O tempo todo há ironia pelo interesse do mercado em filmes mais comerciais, diretores mais conhecidos. No asilo também é predominante a presença de imigrantes, esses trabalhos de cuidados com idosos são em geral realizados por estrangeiros.

A atriz principal que faz a Mama Gógó, Kristbjörg Kjeld, está impressionante. Ela começa altiva, segura, e vai se transformando em um trapinho, insegura no andar, o rosto diferente, que atriz. Outros do elenco são: Hilmir Snær Guðnason, Gunnar Eyjólfsson, Ólafía Hrönn Jónsdóttir Inga María Valdimarsdóttir. 





Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Voz e Violão - Canções Brasileiras

Assisti a apresentação Voz e Violão - Canções Brasileiras com a soprano Adélia Issa e o violonista Edelton Gloeden no Museu Histórico e Cultural de Jundiaí. Vocês sabem o quanto gosto desse duo e desse repertório. Esse evento encerrava a exposição dos 80 anos da Sociedade Jundiaiense de Cultura Artística. Na exposição cartazes de vários eventos e artistas que se apresentaram nessa sociedade. Fico admirada com essas associações que investem regularmente em cultura, que dirá em 80 anos, em uma continuidade e persistência invejável. Nesse repertório, Adélia Issa e Edelton Gloeden interpretaram pela primeira vez Três Canções de Inês de Ronaldo Miranda, belíssimas, baseadas nos poemas de Inês Cavalcanti. Segue o repertório completo:



CÉSAR GUERRA PEIXE                Mãe d’água                                         
        (1914-1993)                                 2 Prelúdios para violão
                                                                  nº. 1 -  Lua Cheia                             
                                                                  nº. 5 -  Ponteado Nordestino                                        

CAMARGO GUARNIERI                Tres Canções Brasileiras 
        (1907-1993)                                      - Quando embalada 
                                                                  - Vou-me embora
                                                                  - Quebra o côco, menina  (Juvenal Galeno)
                                                  
HEITOR VILLA-LOBOS                  Canção do Amor (Dora Vasconcellos)            
      (1887-1959)                                     Estudo nº 11 para violão                      
                                                       
RONALDO MIRANDA                     Três Canções de Inês (Inês Cavalcanti)
           (1948)                                              - O Rio
                                                                   - Inês sem Pedro
                                                                   - Fragmentos

RADAMÉS GNATTALI                       Tocata em Ritmo de Samba nº 2 para violão solo
       (1906-1988)

EDMUNDO VILLANI-CÔRTES         Rua Aurora (Mário de Andrade)                                                                              
               (1930)                                         Imaginária Serenata (Cecília Meireles)   

ERNST MAHLE                                     Queixa da Moça Arrependida (Ribeiro Couto) 
      (1929)                                                  Natal (Vinícius de Moraes)      

Beijos,
Pedrita