Fui a estreia de Jeca - Um Povo Ainda há de Vingar do Grupo 59 de Teatro no Teatro Anchieta no Sesc Consolação. Como queria ver esse peça, só se falava nisso na semana. A direção é do renomado Kleber Montanheiro. A estreia estava badaladíssima e o teatro lotado.
Onde eu "ia" nas redes socias, lá estava essa foto maravilhosa!!! Que grupo potente! Que espetáculo intenso! Inspirado livremente no disco Refazenda de 1975 de Gilberto Gil, o musical conta a história de Jeca, que vai e vem no tempo para pensar sobre sua vida, origens, futuro. No elenco estãoCarolina Faria, Felipe Gomes Moreira, Fernando Vicente, Gabriel Bodstein, Gabriela Cerqueira, Jane Fernandes, Mirian Blanco, Nilcéia Vicente, Nathália Ernesto, Thomas Huszar. Lindíssimos figurinos também do diretor.
Foto de Gustavo Mendes
Tem uma banda no palco com ótimos músicos Bruno Menegatti, Dicinho Areias, Lua Bernardo, Bruna Duarte, Juliano Veríssimo. Adoro peças com músicos ao vivo. Os números musicais são lindos demais! Adorei que no programa relacionaram quais eram as músicas do espetáculo.
Gostei que as chamadas para começar a peça eram feitas ao berrante.
Jeca - Um Povo Há de Vingar fica em cartaz até 23 de novembro.
Assisti História de um Crime: O Cabeleireiro das Estrelas (2023) de Jacques Toulemonde Vidal na Netflix. Foi uma grata surpresa. É um bom filme de suspense. É inspirado em um caso real, mas tanto no início quando ao final vem escritos dizendo que é ficção, livremente inspirado no fato. Depois fui até ler sobre o crime, e o desfecho foi parecido.
Gostei demais da atriz que faz a investigadora, Juana del Rio.
Começa com o irmão, Johan Velandia, no carro recebendo um telefonema do cabeleireiro. Quando ele chega em casa, o irmão, Alejandro Gómez e a mãe, Myriam de Lourdes, estão mortos na cama e tem um bilhete suicida. A polícia vem, logo suspeita de assassinato e a perícia confirma.
A bela investigadora tem só 20 dias pra decifrar o caso. Como o cabeleireiro era de famosas e famoso também, o caso tem muita repercussão. Eu achei o filme bem redondinho. Gostei das escolhas, do tempo, das interrogações. Prende a atenção, é inteligente e bem realizado. A investigadora suspeita do irmão. O cabeleireiro enriqueceu a família toda e era muito talentoso. Todos ficavam em sua sombra. Mas ela não tem prova nenhuma. Com os indícios, pressionam o irmão que confessa o crime, mas ele nega depois, diz que foi coagido, o que pode ter acontecido. Sem provas, o caso fica anos na justiça sem solução. Gostei também que mantiveram o desfecho real.
Assisti Se Algo Acontecer... Te Amo (2020) de Michael Govier e Will McCormack na Netflix. Tinha tempo que queria ver, mas sabia que era triste, estava sem coragem. O curta ganhou Oscar de Melhor Curta Metragem de Animação.
É bem curtinho, 11 minutos, mas é muito inteligente e bem editado. O casal come sem se falar. É quase tudo preto e branco, só surge alguma cor quando é relacionado a menina. Demoramos pra descobrir o que aconteceu que é de cortar o coração. Aparece mesmo só no final o que abalou os dois, muito triste.
Terminei de ler Moçambique com Z de Zarolho (2022) de Manuel Mutimucuio da Dublinense. Esse livro foi muito elogiado quando lançado que quis muito ler e comprei em uma Festa do Livro da USP. É incrível! Mas muito, muito triste.
O marcador de livros é magnético da Livraria Cultura.
Obra de Malangatana
Hohlo é o protagonista. Ele é empregado doméstico, mora muito longe do trabalho. O idioma oficial é o português que ele não domina. Boa parte da população fala o idioma original do país. Hohlo depois do trabalho vai para a escola estudar o português porque quer melhorar de vida. Só os que vivem bem são os que dominam o português. Muito inteligente como a narrativa é construída. Seu patrão é político e no parlamento terá a votação da mudança do idioma para o inglês. Os políticos querem o inglês que é o idioma dos computadores, do futuro e conseguem votar a mudança. É o início da tragédia de Hohlo, que livro triste.
Obra de Chichorro
Para o político, a mudança também interfere, mas ele tem contatos, consegue reverter o negativo do fato. O filho ganhou uma bolsa pra cursar faculdade em Portugal, mas ele e a esposa acham que será perda de tempo. Ele consegue inicialmente uma vaga na universidade do Quênia e depois é promovido a diplomata em Portugal.
Obra Dimensão (1972) de Bertina Lopes
A escola que Hohlo estudava muda o curso para o inglês, mas há poucos professores que sabem o idioma, então só conseguem vagas os que terão mais chance de futuro. Hohlo, com 27 anos, vai ter que esperar outra vaga. A cena de Hohlo tentando escolher uma roupa para ir a escola, já que a sua estragou, é de cortar o coração. Enfim, uma sucessão de infortúnios vão acontecendo, que livro triste.
Manuel Mutimucuio é moçambicano,doutor em Governação e Economia Política das Instituições pela Universidade de Coimbra e atua como consultor internacional de gestão de recursos naturais. Suas obras buscam a análise social e seus questionamentos.
Recentemente eu tinha ouvido que o Timor, após a independência, tinha instituído o idioma da terra como oficial, excluindo o do colonizador. Fiquei querendo entender melhor e acabei me deparando com esse livro que mostra o impacto do idioma na vida da população.
Assisti no cinema O Último Azul (2025) de Gabriel Mascaro na Espaço Petrobras de Cinema. Às terças e quartas é meia entrada pra todo mundo, só R$ 14,00. Queria muito ver esse filme, acompanha há muito tempo. Merecidamente, o filme ganhou Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim.
O Último Azul é Denise Weinberg, que atriz, que personagem, que filme. No futuro, o sistema decide que pessoas mais velhas, com mais de 80 anos, vão pra colônia, é obrigatório.
A protagonista é Tereza. Ela trabalha em um frigorífico, tem amigas, mora sozinha em uma casinha simpática, cuida das plantas, das suas coisas, é independente, ativa. Até que começa a ser abordada pelo governo. Ela diz que tem 77 anos, que falta ainda 3 pra ir pra colônia, mas avisam que mudaram, agora é 75. A filha de Clarissa Pinheiro já recebe um auxílio pra ser a tutora da mãe. A filha não está nem aí pra mãe. Tereza é demitida sem querer do emprego, adora o que faz. Ela resolve realizar o sonho de viajar de avião, vai para a agência de turismo, quer uma passagem ida e volta no mesmo dia, o primeiro voo que tiver, mas ligam pra filha tutora que não autoriza.
Ela fica sabendo que existe ultraleve em uma cidade, que voa também, resolve procurar um barco pra viajar até a cidade que a indicam. Ela tem uma dificuldade enorme de encontrar quem aceite levá-la clandestinamente. É muito perigoso, podem ser multados. É quando surge Rodrigo Santoro que faz uma participação. É linda a viagem dos dois pelos rios da Amazônia, é poesia pura. E também é quando surge o último azul. Santoro acha o caracol Barba Azul que diz que é o contrário, o caramujo que acha a pessoa, que é o último azul. Ele pinga o azul dele nos olhos e tem alucinações e febre por dias. Diz que foi uma experiência inesquecível.
O filme é praticamente um boat movie, lindo demais. Depois de muitas andanças ela encontra Roberta de Miriam Socarras. Ela tem um barco e vende bíblias virtuais. Também mais velha como Tereza, ela fica distante da fiscalização e jura quem tem uma autorização que comprou, Tereza também quer, mas é muito caro. A cena final do filme no barco com a música Rosa dos Ventos na voz de Maria Bethânia é de rasgar o coração. Fiquei muito emocionada! Que filme lindo! Inesquecível!