Assisti a entrevista com Barack Obama no Conversa com Bial na TV Globo. De manhã eu vi que muito tarde da noite teria essa entrevista. Coloquei pra gravar e vi logo cedo no dia seguinte. Que entrevista! Adoro o Pedro Bial e o Obama. O foco é o livro que o Obama acaba de lançar, o primeiro de suas memórias, Uma Terra Prometida, lançado pela Companhia das Letras. Quero antes ler o livro da Michelle Obama, Minha História. Obama diz que escreverá o livro de biografias seguinte.
Participou ainda da conversa virtual a editora executiva do jornal O Globo, Flávia Barbosa. Muito interessante quando Obama diz: "líderes são reflexos das contradições de seus países." Sobre os jovens disse: "eles são instintivamente inclusivos, acreditam instintivamente em igualdade e justiça para as pessoas, mesmo que não sejam iguais a eles, eles reconhecem que o mercado livre precisa ter algumas regulamentações que permitam que os pobres também avancem e que garantam a sustentabilidade ambiental". E complementou: "as linhas de tendência são boas, mas o trajeto pode ser turbulento". Excelente entrevista!
Assisti Maria e João (2020) de Oz Perkins no TelecinePlay. Gosto demais dessa história, acho-a sempre pesada e triste, mas infelizmente exageradamente atual. Acho que só o que não é atual é a existência de uma floresta, que pode ser substituída por uma cidade grande.
Livremente inspirado nos contos dos Irmãos Grimm, Maria e João é um filme sombrio e muito, muito mais trágico que o conto. Não é um filme para crianças. Maria vai com o irmão tentar um emprego para cuidar de uma casa. O homem deixa claro que quer na verdade outros serviços dela. Ela vai embora, volta pra casa. A mãe e o irmão estão irritadíssimos. Ela deveria ter ficado com o emprego, não importassem as condições, porque assim comeriam. Não há comida em casa, então a mãe os manda embora. Impressionante o desempenho de Sophia Lillis, que atriz.
A casa não tem doces na sua estrutura, é igualmente sombria, mas tem um cheiro delicioso. Mortos de fome, eles olham a mesa repleta de comida e uma mulher assustadora e velha os convida. A jovem oferece seus serviços domésticos em troca de comida. A dona da casa gosta muito. Eles ganham um quarto com cama quentinha.
Essa jovem sempre teve sonhos e visões que se intensificam na casa. A bruxa vai treinando a jovem. O texto, mesmo que sussurrado e insinuado é todo muito forte. Desde o texto do empregador e da mãe no início. Cheio de nuances. A bruxa diz que a irmã sempre se viu responsável pelo irmão. Que assumiu toda a responsabilidade pra si. Eu vi recentemente um filme assim. E igualmente como nesse filme, a mãe ainda existe e não assume a sua responsabilidade. A irmã que arca com todas as responsabilidades. A bruxa passa o tempo todo criando intriga entre os irmãos. O garoto é uma graça, Samuel Leakey.
Duas atrizes fazem a bruxa: Alice Krige e Jessica De Gouw. A mãe é interpretada pro Fiona O´Shaughnessy. A fotografia é belíssima. Tudo sempre muito escuro, com poucas cenas iluminadas, muitas sombras. Eu diria que é um filme de sombras. Belíssimo!! Fiquei muito impactada!
Terminei de ler Menino do Engenho (1932) de José Lins do Rego da José Olympio Editora. Eu adoro essa edição que tem capa com ilustração de Hélio Paixão. Comprei esse livro em um sebo aqui perto. É o primeiro volume do Ciclo da Cana-de-Açúcar e o primeiro livro do autor. O livro passa-se em Pernambuco e é poesia pura.
O marcador de livros é da Livraria Cultura com trecho da obra naif de Lucia Buccini.
Quadrinho em porcelana de Peggy-Lou.
Obra Os Gêmeos (1977) de Francisco Brennand
Uma tragédia abate um garoto. Nós entendemos, mas o menino pouco vê e nada entende. Sua mãe está morta no chão com sangue, seu pai com uma arma na mão. O menino segue então para a fazenda do avô materno, no Engenho. Como era costume na época ninguém conversa com o menino sobre o ocorrido. Ele sabe que o pai está em um hospício e que sua mãe morreu e mais nada.
Obra Engenho de Itamaracá (1647) de Frans Post
Logo que chega no Engenho apresentam o lago. Ele passa então a ter contato com a natureza, com as brincadeiras na fazenda. No livro José Lins do Rego coloca todas as diferenças entre os senhores do Engenho, os pobres e os escravos. Uma escrava engravida e prendem os pés de um negro para que case a força com ela. Ele se recusa e fica sofrendo dias com a falta de circulação. É o menino que fica com ele, leva água e alimentos. Até que a jovem confessa que engravidou do Tio Juca. O negro é solto, mas o tio não é obrigado a casar e nem é preso pelos pés até ceder. A justiça e a lei do Engenho é só para o negro.
Obra Dando Cafuné (1943) de Lula Cardoso Ayres
No Engenho, aos 12 anos, o menino faz sua iniciação sexual. O livro termina quando o menino segue para um colégio para estudar. Belíssima obra!
Assisti Greta (2018) de Neil Jordan na HBO Go. Eu adoro essas atrizes, Isabelle Huppert e Chloë Grace Moretz. No Brasil já resolveram dar spoiler no título, aqui chama Obsessão. Sutileza pra que né?
Quase larguei o filme. Na verdade parei de ver inúmeras vezes e pensei se deveria voltar. Faz muito tempo que comecei a assistir. Mas eu sou daquelas insistentes, que acha que tem que ver até o final. Não entendo essa mania. E também tinha uma certa curiosidade no que ia acontecer no final.
A jovem está no metrô e vê que alguém esqueceu uma bolsa. Ela pega, vê um cartão de identificação, liga, vai devolver e selam uma amizade. Até que ela acha uma porção de bolsas iguais prontas para o abate por aí. Ela se afasta e começa a ser perseguida pela dona da bolsa. Pode ser que Huppert aceitou o papel pelo dinheiro ou por ser um papel diferente do que já fez, mas o personagem é caricato e sofrível. O filme é sofrível. Não sai muito do lugar. Falta sutileza! Dá uma certa vergonha pelas atrizes terem que dar credibilidade a um roteiro tão frágil, over e óbvio.