Assisti A Walk Among the Tombstones (2014) de Scott Frank no TelecinePlay. No Brasil está com o péssimo nome Caçada Mortal. Eu não pensava em ver esse filme, mas o 007 disse que gostava muito dos filmes de ação recentes com o Liam Neeson que como eu ele gosta, resolvi ver. O 007 que me perdoe, mas o filme é bem fraquinho e previsível.
Logo no início já sabemos que dois homens estão matando mulheres. O Liam Neeson interpreta um policial aposentado. Ele é contratado por um traficante para descobrir quem matou sua mulher. O policial descobre que outras mulheres foram mortas de forma parecida. Um rapaz que vive nas ruas acaba ajudando, interpretado pelo Astro, uma graça o garoto, só merecia um nome artístico melhor.
O final me irritou profundamente. O maior segredo é do policial. Vemos no início ele mais jovem atirando em uns assaltantes em um bar e aí vai para o futuro. Vemos o policial hoje frequentando o AA, Alcoólicos Anônimos. Ficamos sabendo que ele parou de beber no passado e luta para não beber mais. No final ele vai ao AA e uma moça começa a ler os 12 passos para parar de beber. E as cenas finais ficam com essa narrativa. Não sei se é esse AA, mas os 12 passos eram religiosos, assustador. Sei que boa parte desses lugares de reabilitações são em igrejas, mas acho um absurdo que nesse espaço usem a religião no tratamento. Quer dizer que ateus não podem procurar ajuda? Só se converterem? Só se ficarem ouvindo calados aquela religiosidade toda? Uma violência para quem já é tão frágil emocionalmente. Se espontaneamente quem ir nesse lugar resolver ir a igreja, ok. Mas nas sessões para largar bebidas, entorpecentes, acho um absurdo. Sei o quanto a igreja ajuda viciados, acho bonito o que fazem, mas acho um absurdo que utilizem esse espaço para angariar fiéis. Esses lugares deveriam ser laicos. Nada de rezar quando chegam, quando vão embora, ler trechos bíblicos. É um espaço de tratamento, não de reza. Espero que no Brasil esses espaços sejam laicos.
Ainda no elenco estão: Maurice Compte, Laura Birn, Boyd Holbrook, David Harbour, Dan Stevens, Razane Jammal e Adam David Thompson.
O trailer tem spoiler, o único segredo do filme contam no trailer. As poucas surpresas do filme o vídeo conta.
Assisti a novela Além do Tempo - 1ª Fase de Elizabeth Jhin na TV Globo. Que obra de arte! Agora a novela segue no tempo atual. Essa autora mexe muito com o fantástico. Mescla ideias de reencarnação, com alguma vertente espírita, mas não fica com discursos. É o mote para a criação da história. Eu não costumo falar de novelas, séries e livros antes de terminar de vê-los, mas essa novela fecha um ciclo e começa praticamente uma segunda novela, uma incrível inovação que merecia um post a mais.
Um folhetim clássico, inspirado no amor impossível de Romeu e Julieta, mas com a inovação de seguir no tempo mais de 100 anos depois. Lindo o amor de Lívia e Felipe, ela interpretada pela linda Alline Moraes e ele por outro talentoso ator, Rafael Cardoso. Li entrevistas com a Alline Moraes que ela tinha muito receio de fazer uma mocinha, agora a atriz é mãe, e que tinha receio de não conseguir convencer já que a moça tinha sido criada em um convento. Mas ela foi tão incrível e ela mesma se surpreendeu com a aceitação do público. O sucesso está no maravilhoso texto. Os segredos que ela não podia revelar realmente não podiam ser revelados.
A condessa interpretada magistralmente por Irene Ravache, um de seus melhores papéis, tinha mandado matar a mãe da Lívia várias vezes. Então resolveram deixar que a condessa achasse que tinha conseguido para a mãe ficar protegida. E um segredo assim não pode ser revelado. A mãe de Lívia foi interpretada por Ana Beatriz Nogueira. Muito interessante também a relação de crueldade entre a condessa e sua fiel escudeira interpretada incrivelmente pela Nívea Maria. Uma mulher amargurada que sacrificou a sua vida para criar o filho e vivia a sombra da condessa que só a maltratava. A sensação que eu tinha é que uma não podia viver sem a outra tão fechadas em suas neuroses de algoz e vítima.
As vilãs eram incríveis, arrasaram Paola Oliveira e Júlia Lemmertz. Júlia Lemmertz, interpretava Dorotéia, como ela mesmo dizia era uma plebeia, tinha tido a sorte de fazer um bom casamento com um nobre e sua filha era meio nobre. Amava o casal dela com o Bento, o vilão mor da novela, interpretado brilhantemente por Luiz Carlos Vasconcelos. Que personagem rico. Ele que fazia todas as maldades que a condessa ordenava. Uma delícia o romance que ele tem a Dorotéia.
Val Perré ganhou um grande personagem. Estava no início de Babilônia que ainda não acabara quando ele abraçou o Raul de Além do Tempo. Como é uma novela de época não seria possível ele não falar de negritude e de escravidão. Ex-escravo, ele tinha sido abandonado pela mulher que lhe deixou o filho. Além do conde Bernardo, ele era o único que conseguia fazer as rosas ficarem maravilhosas pelos seus cuidados e sensibilidade. Ele e a Gema se apaixonam, que casal lindo. Ela sofria porque o filho não aceitava, mas também porque era mais velha que ele. Mas ele não se importava com a questão da idade, só com a desavença entre mãe e filho porque ele sabia da importância de uma família já que era um ótimo pai. Pena que esse casal não pode ficar junto. A Gema foi interpretada lindamente pela Louise Cardoso.
Adorava todas as crianças, com histórias completas e consistentes. Foram interpretadas por Mel Maia, João Gabriel D´Aleluia e Kadu Schons. Adorava as preceptoras também interpretadas por Daniela Fontan, atriz que adoro e Dani Barros.
Incrível nessa cena com os empregados, quando ainda não conhecíamos suas histórias. As histórias dos empregados eram muito completas. Letícia Persiles, atriz que amo, interpretou uma doce e sonhadora jovem que cai na sedução de um conquistador, interpretado muito bem por Rômulo Estrela. Ele é filho de Dorotéia e junto com a mãe estão sempre preparando golpes. A família de Dorotéia está falida e precisa da bondade da condessa e de bons casamentos para não cair na miséria. Outra empregada que gostava muito da personagem foi Carola, interpretada por Ana Flávia Cavalcanti, ela trabalhava como empregada na casa da condessa, mas o sonho era poder ter dinheiro para pagar os estudos e ser professora.
Muito rica a história da personagem da Carolina Kasting, atriz que adoro. São vários segredos em vários personagens de Além do Tempo o que enriquecia muito a trama. Rosa Ventana tinha tido um filho e suas escapadelas eram para vê-lo. Com o trabalho ela pagava uma mulher para cuidar dele. Severa também tinha um segredo.
Uma das poucas novelas que foi tão correta com a música erudita. Melissa tocava muito bem piano, eles se sentavam após o jantar para ouvi-la. Eram peças pequenas, mas executadas inteiras na novela. E não as óbvias Claire de Lune. E sim outras obras, uma só romântica, as outras densas. Só quando o menino Alex foi aprender a tocar que começou pelas mais fáceis e algumas eram mais conhecidas, mas nem todas. Fiquei curiosa em saber de quem eram as mãos de pianista que mostravam. E muito bem feita a edição, parecia mesmo que era a Melissa tocando. E tiveram o cuidado de escolher uma ótima pianista, mas com dedos finos e bonitos como os da Paola Oliveira.
Eu já gostava do Emílio Dantas em personagens da TV Record, fiquei muito feliz com ele na TV Globo e em um personagem tão complexo. Um egoísta, ele só queria o seu amor pra ele, mas mesmo assim a põe em risco para matar o seu rival. As cenas finais ele arrasa e é muito surpreendente. Tudo é impecável. Cenários, figurinos, caracterizações, direções de cena e de arte. Essa novela é uma obra de arte.
Tinham muitos atores e personagens que eu gostava: Felipe Camargo, Luís Melo, Carlos Vereza, Cassiano Carneiro, Michel Melamed, Othon Bastos, Norma Blum, Inês Peixoto, Caio Paduan, Marcelo Torreão, Flora Diegues, Nica Bonfim, Saulo Arcoverde e Wagner Santisteban.
Concordo com o FabioTV que o único ponto negativo foi a música da abertura. Não tinha nada a ver. E eu ainda ouvia sempre "palavras, palavras, palavras, ao Bento".
Assisti ao documentário Zweig - A Morte em Cena (1995) de Sylvio Back no Curta!. Eu tinha assistido do mesmo diretor o filme Lost Zweig. A Liliane do Paulamar me avisou desse e gravei. Eu gostei muito e é interessante como os dois filmes se completam, não se repetem. Começa com imagens de cinema antigas de Petrópolis e um narrador lendo uma carta de Zweig para sua ex-mulher. Ele fala da beleza da cidade, que pode morar, apesar de ter largado tudo para trás, casa, livros e objetos.
Nesta foto estão Stefan Zweig e sua mulher Lotte. Ele veio ao Brasil com a Lotte. Tinha vindo ao Brasil e a Argentina algumas vezes dar palestras, até que se instala em Petrópolis. Nessa carta que é narrada inicialmente ele diz que ele vai gostar de morar na cidade, que é perfeita. O documentário entrevista pessoas, como Alberto Dines, que escreveu um livro sobre Zweig. Stefan e a mulher se suicidaram um tempo depois de morar em Petrópolis. Tudo indica que o Stefan estava desgostoso com os rumos da Europa. No final o narrador lê a última carta a ex-mulher onde ele diz que não vê mais Petrópolis como antes, que Hitler está vencendo e tomou a Europa, que vai demorar muito para ele voltar a Alemanha. Um entrevistado diz que Zweig queria voltar a publicar os seus livros em alemão, que mesmo a melhor tradução nunca era a mesma coisa. Outra entrevistado falou do tempo que a Lotte demorou para morrer depois dele, 4 a 5 horas, pensam se ela teria relutado de ir junto com Stefan. Eu fico pensando que amor tão intenso para alguém abraçar a escolha do outro e partir com ele. Depois de ter visto do filme em 2004 eu vi dois filmes incríveis com textos de Stefan Zweig, A Coleção Invisível e O Grande Hotel Budapeste. Eu nunca li um único livro desse autor que só tive conhecimento pelo filme do Sylvio Back. No documentário falam como ele era personalidade, que todos queriam autógrafos. Preciso ler algumas obras. Inclusive foi Stefan Zweig que escreveu uma biografia sobre Maria Antonieta. Os links com todos os posts no blog sobre Stefan Zweig estão aqui.
Assisti ao recital In Questa Tomba Oscura da série Humor & Horror do Sesc Vila Mariana. Apresentaram-se a cantora Adélia Issa, o pianista Ricardo Ballestero e o violonista Edelton Gloeden. Vocês sabem o quanto eu gosto de fantasminhas no cinema e devem imaginar como fiquei radiante de ouvir obras eruditas desse gênero. Que repertório maravilhoso. A obra que dava nome ao recital é de Beethoven e muito escura como mesmo diz o nome. Gostei que colocaram em um telão as letras das músicas, então pudemos compreender os textos.
Crédito da foto: João Pires
A de Fernando Sor era de humor, já que dizia que as mulheres e as cordas são parecidas, precisam estar sempre afinadas e se apertar demais estouram. Muito triste a canção de Schubert com texto do Goethe, da criança que diz ao pai que os Elfos estão querendo levá-lo embora. A obra de Henri Duprac com texto de Gautier parecia que eu via os filmes que gosto. Nos divertimos muito com a última canção de Rossini, a canção do bebê, que inclusive teve bis, é uma canção do bebê, engraçadíssima. Edelton Gloeden quis dar mais um toque cômico e no final da execução colocou uma chupeta, muito divertido. Adorei o repertório. Incrível que esses compositores foram tão criativos seja no humor ou no horror para escrever essas obras, como a música erudita é rica e maravilhosa! O recital foi gratuito.
Crédito da foto: Gal Oppido
Programa completo:
Ludwig Van Beethoven (1770-1827) - In questa tomba oscura (Giuseppe
Carpani)
Erik Satie (1866-1925) - Chanson du Chat (Léon-Paul
Fargue)
Fernando
Sor
(1778-1839) - Las mujeres y cuerdas (texto popular)
John Dowland (1563-1626) - In darkness let me dwell
(anônimo)
Gioacchino
Rossini
(1792-1868) - Assez de memento: dansons para piano solo
Hugo Wolf (1860-1903) - Ich hab in Penna einen Liebsten
wohnen (texto popular)
Franz Schubert - Erlkönig (J. W. von Goethe)
John Dowland (1563-1626) - Fine knacks for ladies (Anônimo)
Francisco
Tárrega
(1852-1909) - Gran Vals para violão solo
Franz Schubert (1797-1828) - Der Zwerg (Matthäus von Collin)
Enrique
Granados
(1867-1916) - El Majo Discreto (Fernando Periquet)
Antonio
Carlos Gomes
(1836-1896) - Conselhos (Carlos Gomes)
Henri Duparc (1848-1933) - Connaissez‑vous la blanche tombe
(Théophile Gautier)
Emmanuel
Chabrier
(1841-1894) - Scherzo-Valse para piano solo
Felix Mendelssohn (1809-1847) - Hexenlied (Ludwig Hölty)
Cândido
Inácio da Silva
(1800-1838) - Lá no Largo da Sé Velha (Araújo Porto-Alegre)
Gioacchino
Rossini
(1792-1868) - La chanson du Bébé (Émilien Pacini) Coloquei vídeos com outros intérpretes de duas canções do repertório e depois vídeos com os intérpretes mas com outras obras.
Assisti E La Nave Va (1983) de Federico Fellini no Arte 1. Essa semana passou esse filme na programação e eu coloquei pra gravar. É incrível! Fiquei profundamente incomodada com o rinoceronte, foi difícil abstrair, mas o filme é incrível. Inicialmente E La Nave Va começa filme mudo, genial como vão colocando cor sutilmente.
O barco seguirá para uma ilha. Inspirado na morte de Maria Callas, Fellini fez um filme onde artistas e personalidades viajam até uma ilha para levar as cinzas de uma grande cantora lírica. Há uma orquestra, muitos músicos, nobres. Um filme de difícil realização.
O tempo todo o filme mostra as incoerências. Para que todos viagem no luxo, muitos trabalham exaustivamente. Irônico quando vão visitar as caldeiras e os cantores começam a disputar uns com os outros quem vai cantar melhor, em uma disputa insuportável de egos para aqueles homens trabalhando de forma sub-humana. Um narrador interpretado pelo Freddie Jones nos conta como tudo será.
Incrível também como E La Nave Va é atual. No meio do percurso salvam sérvios do mar. Os nobres começam a pedir que sejam segregados, impedirem que sentem em sofás, querem que eles fiquem ao relento. No elenco ainda estão: Barbara Jefford, Victor Poletti, Peter Cellier, Paolo Paolloni, Elisa Mainardi, Pasquale Zito, Fiorenzo Serra e Sarah-Jane Varley. Fiquei muito surpresa quando vieram os créditos finais e vi que a Pina Bausch estava no elenco, ela fazia a princesa que era cega. No final vão para as câmeras e mostram como estão sendo realizadas as últimas cenas. Genial!