quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Calvário

Assisti Calvário (2014) de John Michael McDonagh no TelecinePlay. Nunca tinha ouvido falar desse filme, vi na lista dos filmes no Now. Calvário debate fé, bondade, violência, é impressionante. O protagonista é um padre bom interpretado brilhantemente por Brendan Gleeson. Logo no início, no confessionário, o padre ouve uma confissão de um homem que foi abusado por um padre aos 7 anos e nos 5 anos seguintes. O padre aconselha o confessor, que só ouvimos e não vemos, a denunciar o padre, mas o confessor diz que o padre morreu. O confessor então diz que vai chamar mais a atenção se matar um padre bom, ameaça de morte esse padre bom e dá uma semana para ele se organizar até ser morto.

Os problemas do padre continuam. Calvário é um filme triste, amargurado, desesperançoso, sobre uma sociedade doente. Ele é padre de uma pequena cidade na Irlanda, todos parecem perdidos. Sua filha chega, ela tentou suicídio e vai até o seu pai. A filha é interpretada por Kelly Reilly. Ele foi casado, muito bem casado, teve a filha, ficou viúvo e foi ser padre. É um padre incrível, ouve todos, tem debates filosóficos, recua quando é questionado, se desculpa se concorda com os argumentos. Sempre que ele sabe que alguém está em conflito ele vai conversar, não para falar de Deus e religião, mas para falar de relacionamentos, tolerância, dificuldades. Muitos da cidade julgam o padre com sentimentos que ele não tem.  O texto de Calvário é impressionante. As locações são belíssimas.

Alguns outros do elenco são: Dylan Moran, Chris O´Dowd, David Wilmot, Marie-Josée Croze, Isaach de Bankolé, David McSavage, Owen Sharpe, M. Emmet  Walsh e Aidan Gillen. Calvário ganhou vários prêmios como no Festival de Berlim.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Ligações Perigosas

Assisti a minissérie Ligações Perigosas (2016) na TV Globo. Eu tinha lido o livro de Chordelos de Laclos há muitos anos e amado. Depois vi o famoso filme com Glenn Close. Nas entrevistas dessa produção falaram muito do filme. Direção geral de Vinícius Coimbra. Adaptação do texto de Manuela Dias.

O famoso jogo de Valmont e Merteuil foi protatonizado por Selton Mello e Patrícia Pillar. Foi um dos primeiros livros mais densos que li. Até então lia mais literatura de fácil assimilação. Lembro que fiquei impressionada em ler um livro que era todo construído em cartas. Foi quando comecei a perceber que a literatura podia ir bem mais longe do que eu vinha descortinando. A minissérie é muito caprichada, cenários, figurinos, elenco. Eu lembro muito pouco do livro. Lembrava da maldade da dupla em manipular, promover jogos e disputas com outras pessoas. O romance foi publicado em 1792, estranha a ambientação para a década de 20. Há questões abordadas no livro que eram escândalo em 1700, não tanto na década de 20. Impecável produção mas teve dois pequenos furos. Cuidadosa demais para deixar passar furos. Isabel pega um disco para tocar no gramophone que tinha capa. Na época todos tinham papel pardo e um furo no meio. E depois a mesma Isabel chama Cecília de putinha. acho que não existia essa expressão na época, talvez usassem rameira. Uma pesquisa definiria o termo correto.

Para as externas escolheram dois belíssimos lugares. Puerto Madryn e uma belíssima casa em Concépcion del Uruguayna na Argentina. O convento na Fortaleza de Santa Cruz em Niterói. A belíssima abertura lembrava bastante a da série O Hipnotizador, inclusive a música.

Brilhante o elenco escolhido. Marjorie Estiano arrasa como a beata. Os personagens são dúbios, não há claramente o maniqueísmo. A própria beata lavava os pés dos indigentes, imagino que seja só para se mostrar mais mártir, afinal esse ato em nada ajuda os indigentes, só a coloca na posição de heroína para conseguir ser heroína frente a sua sociedade. Lindíssimas as cenas dela no convento, que atriz.

A jovem Cecília foi interpretada pela Alice Wegmann. Seu amor romântico por Jesuíta Barbosa. O homem mais velho que queria casar com ela por Leopoldo Pacheco. A mãe austera por Lavínia Pannunzio. A tia de Valmont por Aracy Balabanian. Isabella Santoni e Guilherme Lobo interpretaram Valmont e Merteuil jovens. Alguns outros do elenco foram: Yanna Lavigne, Renato Góes, Danilo Grangheia, Alice Assef, entre outros.


Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Carol

Assisti no cinema Carol (2015) de Todd Haynes. Queria muito ver esse filme, adoro a Cate Blanchett. É maravilhoso! Delicado, sutil. É baseado no livro de Patrícia Higsmith que quero ler. Essa autora é especializada em livros policiais, de ação, ela que escreveu a saga Ridley´s. Nossa protagonista está se divorciando e conhece uma vendedora de loja de departamentos de brinquedos. É Natal!

As duas são muito diferentes. De uma família de posses, Carol mora em uma mansão, o marido é de uma família tradicional. A jovem vendedora é pobre, mora em um pequeno apartamento sem aquecimento, tira fotos ainda por hobby. É muito sozinha. Tem vários amigos. Carol tem as relações do marido e de amiga só a madrinha da filha que já foi sua companheira. O marido sabe que ela teve antes um relacionamento com a madrinha. Ele se casou sabendo, mas se aproveita dessa relação para pedir a guarda da filha alegando cláusulas de moralidade. O ex-marido bebe muito, vai levar a criança à noite em uma época que as estradas eram mais escuras, é agressivo com a ex-mulher, mas quem põe a filha em risco era a ex-mulher. Ele é interpretado por Kyle Chandler.

Para conseguir a guarda da filha ela começa a se sujeitar. Almoços com os sogros e suas indiretas, psicoterapeuta para o tratamento. Só pode visitar a filha com supervisão.

As duas atrizes estão excelentes. A vendedora é interpretada pela Rooney Mara. Tudo é contido, discreto, movimentos econômicos, olhares sutis, tudo pouco, que já era muito para a época. Ainda no elenco: Sarah Paulson, Jack Lacy, John Magaro e Cory Michael Smith. Carol concorre a vários Oscars para as duas atrizes, figurinos, roteiro. A ambientação de época é primorosa. Além das atrizes é uma categoria também merecida. Lindo o carro da protagonista. Passou em brancas nuvens no Globo de Ouro.


Beijos,
Pedrita