Terminei de ler
O Véu Pintado (1925)
de
William Somerset Maugham. Comprei esse livro em um sebo por R$ 6,00, já que tinha lido uma obra desse autor e gostado muito. Não é da edição da capa ao lado. É de uma edição do Círculo do Livro.
O Véu Pintado é simplesmente maravilhoso e surpreendente!
Começa com nossa protagonista praticando adultério e ela tem a impressão de que alguém abriu a porta do quarto. Ela acaba relembrando porque casou com o seu marido. Ela sempre foi belíssima, muito desejada e queria continuar seduzindo a tudo e a todos. Mas sua irmã mais nova, considerada feia, marca a data do casamento e pra ela casar antes, aceita o partido que está mais a mão e que menospreza. Ela se muda com o marido para a China e é lá que o trai.
Tela O jardim de Vaucresson de Edouard Vuillard
A mudança dessa personagem, dos seus sentimentos são surpreendentemente complexos. Maugham parece realmente compreender a alma feminina. Me surpreendi com a profundidade da obra. Mesmo quando nossa protagonista muda, ela não se torna óbvia como nossa imaginação poderia prever. Ela não segue o caminho mais óbvio. Ela continua tendo comportamentos complexos e surpreendentes, seja em atitudes louváveis ou condenáveis socialmente.
Fala muito da hipocrisia da sociedade que vê o casamento como a única razão de uma mulher na sociedade. As falsas aparências. É muito complexo como Maugham descreve o ódio e a expressão desse sentimento, nem sempre clara e muitas vezes por subterfúgios, ações agressivas em outros segmentos, para extravazar a raiva ou se consumir na raiva.
Tela de RenoirEu devorei
O Véu Pintado de tanto que queria saber qual o destino daquelas vidas tão complexas. Fiquei imaginando como
Maugham teria criado todo aquele universo tão complexo. O mais estranho é que ele viveu a hipocrisia na publicação de
O Véu Pintado. Primeiro ele foi processado por familiares
Lane e precisou mudar o sobrenome do protagonista. No prefácio ele diz que alguns colecionadores tem os poucos que foram adquiridos antes de serem recolhidos e os vendem a peso de ouro. Depois ele teve que criar uma cidade fictícia já que recebeu processo de um político de Hong Kong. Isso porque no prefácio ele conta como criou o enredo e não tem relação nenhuma com essas pessoas e sim com um clássico que ele leu na Itália.
Anotei alguns trechos, mas
O Véu Pintado é para ser lido na íntegra, seus parágrafos não fazem muito sentido sem o contexto:
“Assustada, ela gritou.”
“Sabe por que me casei com você?
- Porque queria casar-se antes de sua irmã Doris... Eu não tinha ilusões a seu respeito. Sabia que era tola, frívola e que tinha a cabeça vazia. Mas eu a amava. Sabia que seus ideais e objetivos eram vulgares. Mas eu a amava. Sabia que era uma pessoa de segunda classe. Mas eu a amava."Beijos,
Pedrita