sábado, 25 de agosto de 2007

A Invenção da Ópera


Assisti ao recital de lançamento do livro A Invenção da Ópera, de Sergio Casoy, com a mezzosoprano Denise de Freitas e a excelente pianista Vania Pajares, ao cravo. A apresentação e lançamento aconteceu na Sala Eva Herz, na nova sede da Livraria Cultura, onde era o famoso cine Astor.

Gostei muito das árias antigas do repertório, já que o livro conta o início da ópera: Se Florindo è fedele (da ópera La Donna ancora è fedele) e Spesso vibra per suo gioco de Alessandro Scarlatti (1660–1725); Come raggio di sol e Sebben, crudele (da cantata La Costanza in Amor vince l’Inganno) de Antonio Caldara (1670–1736), Ragion sempre addita de Alessandro Stradella (1639–1682); Caro mio ben de Giuseppe Giordani, (1751–1798); Amarilli de Giulio Caccini (1545–1618); Danza, danza, fanciulla gentile de Francesco Durante (1684–1755); Quella fiamma che m’accende de Benedetto Marcello (1686–1739); Sposa son disprezzata (da ópera Bajazet) de Antonio Vivaldi (1678–1741); Ah! Mio cor, schernito sei (da ópera Alcina) de Georg Friedrich Haendel (1685–1759); Vittoria, vittoria! (de Canzonette Amorose) de Giacomo Carissimi (1605–1674).


Muito boa a interpretação de Denise de Freitas. Gostei em especial de duas árias e também no dueto com a Vania Pajares no final.

Beijos,Pedrita

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Recordando Maria Callas

Fui ao recital Recordando Maria Callas do lançamento do livro de culinária A Paixão Secreta de Maria Callas no Auditório da Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos. As sopranos Elayne Casehr e Mônica Martínez interpretaram árias que se consagraram na voz da Maria Callas, acompanhadas ao piano de Marizilda Hein. Foi um recital simpático!

No repertório: De Vincenzo Bellini: Norma – ato I: Casta Diva (ária de Norma), de Giacomo Puccini: Tosca – ato II: Vissi d’arte (ária de Floria Tosca) e La Bohème – ato III: Donde lieta uscì (ária de Mimi), de Gaetano Donizetti: Lucia Di Lammermoor – ato I: Regnava nel silenzio (ária de Lucia), de Arrigo Boito: Mefistofele – ato III: L’altra notte in fondo al mare (ária de Margherita), de Giuseppe Verdi: La Traviata – ato III: Teneste la promessa...Addio del passato (recitativo e ária de Violetta), de Amilcare Ponchielli: La Gioconda – ato IV: Suicidio ! (ária de Gioconda), de Jules Massenet: Le Cid – ato III: Pleurez, pleurez mes yeux (ária de Chimène).

Gostei que o recital teve a apresentação do Sergio Casoy que explicou a importância de cada ária para Maria Callas, quantas vezes se apresentou, se encenou ou só deixou gravações, personagens preferidos. Excelente!


Beijos,

Pedrita

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Arsène Lupin

Assisti Arséne Lupin (2004) de Jean-Paul Salomé no Telecine Cult. Uma co-produção entre França, Itália, Espanha e Reino Unido. Foi uma grata surpresa! O 007 inclusive se arrependeu de não ter visto quando os canais Telecines estavam abertos. É a história de um incrível ladrão, só ladrão, que não mata, ambientado em 1800. É baseado no livro de Maurice Lebranc, que pelo sucesso do primeiro livro, teve muitos episódios escritos pelo autor. Fiquei com vontade de ler algumas dessas obras.

Começa com o jovem Arséne Lupin. ele admira seu pai que é acusado de ser um ladrão e foge. Seu pai acaba aparecendo morto e Arséne Lupin se torna um grande ladrão.

Nosso protagonista é interpretado pelo Romain Duris. Amei que está no elenco a belíssima e talentosa Kristin Scott Thomas. Outra bela que aparece no filme é interpretada por Eva Green. Alguns outros do elenco são: Pascal Gregory, Robin Renucci, Patrick Tommey e Marie Bunel.

Arséne Lupin é um filme longo, com uma fotografia belíssima, uma ambientação de época impecável e um roteiro envolvente. Os belíssimos figurinos de Pierre-Jean Larroque ganharam prêmio César em 2005.

Só achei Arséne Lupin muito triste. Fiquei bem emocionada e triste com o filme.


Beijos,

Pedrita

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Brasília 18%

Assisti Brasília 18% (2006) de Nelson Pereira dos Santos no Canal Brasil. Queria muito ver esse filme apesar das críticas não elogiosas. É realmente difícil falar mal de um filme desse grande diretor, mas Brasília 18% é ruim.

Fala muito de corrupção, poderia ser o filme do movimento Cansei, mas tem muitos problemas de roteiro. Parece que propositalmente, mas não gostei da estrutura de liguagem de Brasília 18%.

Um médico legista chega em Brasília para dar um laudo sobre o corpo de uma mulher. Todos acreditam ser de uma assessora parlamentar desaparecida. O médico legista é interpretado pelo Carlos Alberto Riccelli.

Começa então um jogo enorme de corrupção. Envolvem o médico em toda a trama política. Cada partido deseja um resultado e faz tudo para que sejam prevalecidos. Nosso protagonista está muito perturbado, ele acaba de ficar viúvo e com isso tem muitos sonhos acordado. Sua mulher é interpretado pela Bruna Lombardi. Todas as mulheres que aparecem em seus sonhos estão nuas.

A coitada da moça desaparecida é a que mais aparece nua de corpo inteiro. Tudo é propositadamente confuso. Ela é interpretada pela Karine Carvalho. Os políticos da trama são só atores famosos como Othon Bastos, Bete Mendes, Malu Mader e Carlos Vereza.

O roteiro é do próprio Nelson Pereira dos Santos, mas não gostei, propositalmente confuso tem várias brechas e furos. Tenta criticar a corrupção, mas os sonhos malucos do protagonista enfraquecem a trama. Não é compreensível como o médico não aproveita a imprensa para revelar toda a pressão que estão lhe fazendo. Porque ele não entrega aos jornalistas a fita que mostra a moça sendo estuprada por vários políticos em uma festa. A fotografia de Edgar Moura é bem ruim. A música é de Paulo Jobim.

Também não entendi porque Nelson Pereira dos Santos desejou que todos os nomes dos personagens fossem de escritores famosos. Nosso protagonista é o Olavo Bilac. Outros são Machado de Assis, Marília de Dirceu e Rui Barbosa. Não vi sentido e achei inclusive constrangedor que aqueles personagens sórdidos trouxessem nomes de brasileiros ilustres da nossa literatura. Definitivamente não gostei de Brasília 18%.


Beijos,


Pedrita

domingo, 19 de agosto de 2007

O Véu Pintado

Terminei de ler O Véu Pintado (1925) de William Somerset Maugham. Comprei esse livro em um sebo por R$ 6,00, já que tinha lido uma obra desse autor e gostado muito. Não é da edição da capa ao lado. É de uma edição do Círculo do Livro. O Véu Pintado é simplesmente maravilhoso e surpreendente!

Começa com nossa protagonista praticando adultério e ela tem a impressão de que alguém abriu a porta do quarto. Ela acaba relembrando porque casou com o seu marido. Ela sempre foi belíssima, muito desejada e queria continuar seduzindo a tudo e a todos. Mas sua irmã mais nova, considerada feia, marca a data do casamento e pra ela casar antes, aceita o partido que está mais a mão e que menospreza. Ela se muda com o marido para a China e é lá que o trai.

Tela O jardim de Vaucresson de Edouard Vuillard

A mudança dessa personagem, dos seus sentimentos são surpreendentemente complexos. Maugham parece realmente compreender a alma feminina. Me surpreendi com a profundidade da obra. Mesmo quando nossa protagonista muda, ela não se torna óbvia como nossa imaginação poderia prever. Ela não segue o caminho mais óbvio. Ela continua tendo comportamentos complexos e surpreendentes, seja em atitudes louváveis ou condenáveis socialmente.

Fala muito da hipocrisia da sociedade que vê o casamento como a única razão de uma mulher na sociedade. As falsas aparências. É muito complexo como Maugham descreve o ódio e a expressão desse sentimento, nem sempre clara e muitas vezes por subterfúgios, ações agressivas em outros segmentos, para extravazar a raiva ou se consumir na raiva.

Tela de Renoir

Eu devorei O Véu Pintado de tanto que queria saber qual o destino daquelas vidas tão complexas. Fiquei imaginando como Maugham teria criado todo aquele universo tão complexo. O mais estranho é que ele viveu a hipocrisia na publicação de O Véu Pintado. Primeiro ele foi processado por familiares Lane e precisou mudar o sobrenome do protagonista. No prefácio ele diz que alguns colecionadores tem os poucos que foram adquiridos antes de serem recolhidos e os vendem a peso de ouro. Depois ele teve que criar uma cidade fictícia já que recebeu processo de um político de Hong Kong. Isso porque no prefácio ele conta como criou o enredo e não tem relação nenhuma com essas pessoas e sim com um clássico que ele leu na Itália.

Anotei alguns trechos, mas O Véu Pintado é para ser lido na íntegra, seus parágrafos não fazem muito sentido sem o contexto:

“Assustada, ela gritou.”

“Sabe por que me casei com você?
- Porque queria casar-se antes de sua irmã Doris... Eu não tinha ilusões a seu respeito. Sabia que era tola, frívola e que tinha a cabeça vazia. Mas eu a amava. Sabia que seus ideais e objetivos eram vulgares. Mas eu a amava. Sabia que era uma pessoa de segunda classe. Mas eu a amava."




Beijos,

Pedrita