sábado, 20 de novembro de 2021

Ninguém Sai Vivo

Assisti Ninguém Sai Vivo (2021) de Santiago Menghini na Netflix. Amei! Não só porque tem os ingredientes do gênero que amo, mas porque o roteiro é muito bom. É baseado no livro do inglês Adam Nevill que quero muito ler. O diretor é canadense e a belíssima protagonista mexicana Cristina Rodlo.


 

A jovem é uma imigrante ilegal nos Estados Unidos. Ela trabalha em uma confecção e tenta com uma amiga do trabalho conseguir um RG. Ela vai então se hospedar em um casa que não pede documentos. A história da jovem é muito triste. A mãe ficou muito doente e ela precisou largar tudo pra cuidar da mãe. Parou os estudos e trabalhos por muito tempo. Quando a mãe faleceu ela não tinha como se virar.

A casa é fascinante, típica de filmes de terror. O locatário acabou de mudar e ainda está arrumando o local. O quarto da jovem é espaçoso. Ela vê outra jovem (Vala Noren) que diz que tem muitos outros moradores na casa. O elenco é grande: Joana Borja, Morenka Akinola, Marc Menchaca, Davi Figlioli, Claudia Coulter e Jeff Mirza.

A parte sobrenatural é muito bem construída, mas o filme fala muito da situação de vulnerabilidade que imigrantes ilegais passam. Como são explorados, são ludibriados, já que ficam em situação muito precária. O ser humano é torpe tentando se aproveitar de quem está em situação de risco.

Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

I May Destroy You

Assisti a série I May Destroy You (2020) de Michaela Coel na HBO Go. Micaela foi a primeira negra a ganhar Emmy de Melhor Roteiro e no discurso de premiação pediu por mais séries desconfortáveis. E é isso, essa série é desconfortável. E urgente, já que fala sobre traumas diferente dos estereótipos, de modo realista.
 

A protagonista é uma escritora de sucesso. Ela acaba de voltar da Itália onde estava com o namorado (Marouane Zotti) e vai comemorar com os amigos em um bar. Ela acorda no dia seguinte sem lembrar o que aconteceu. Em flashes, vai lembrando que foi dopada e estuprada. Ela tem pouca lembrança. Então começa o tratamento com polociais especializados em estupro e mulheres, psicólogos, grupos de ajuda. O roteiro é inspirado na própria Micaela que sofreu abuso.

Importante mostrar várias formas dos traumas agirem nas pessoas. Bella passa por vários momentos. Logo, e muito compreensível, passa a ter bloqueio criativo e claro que seus empresários e editores não entendem e a pressionam. Em um determinado momento ela acha que precisa expor o que passou, e de modo agressivo e compulsivo, passa a postar e falar com pessoas que passaram traumas semelhantes. Imagino o quando os editores devem tê-la julgado, já que ela vivia em bares, festas, mas nós, os amigos e a psicóloga, percebemos que ela não está bem que ela continua mal. Que esse comportamento é do trauma, que ela não está se divertindo e feliz, que ela continua sofrendo.
Ela julga e maltrata inclusive o seu amigo (Paapa Essiedu) que também sofre violência sexual. Ela duvida da dor dele. Ele também não tem um comportamento que a sociedade espera de um sofredor, ele compulsivamente passa a sair com vários homens que mal conversa por aplicativos ou lugares que passa. Outras amigas são interpretadas por Weruche Opia e Harriet Webb.

O fim é muito inteligente. Começamos a achar que tudo se esclareceu, mas aí percebemos que a roteirista deu várias possibilidades e que talvez nenhuma possa ter acontecido. Pode ser que Bella nunca descobriu quem a dopou. Lindo quando ela se despede do seu trauma, me emocionei. Ela consegue publicar o livro que fala da sua experiência, mas no modo independente, porque quem ganhou muito dinheiro com o primeiro livro dela, virou às costas quando ela precisou de ajuda e acolhimento. Que série profunda!
Tem merecido todos os elogios e os inúmeros prêmios que vem recebendo.

Beijos,
Pedrita

domingo, 14 de novembro de 2021

O Caso Collini

Assisti O Caso Collini (2019) de Marco Kreuzpaintner na Netflix. Não é um grande filme mas fala da Lei Dreher que foi criada em 1968 para proteger nazistas de crimes de guerra. É baseado no livro de Ferdinand von Schrach. As escolhas do filme são muito equivocadas, a começar pelo cartaz privilegiando o jovem advogado interpretado por Elyas M´Barek.

Um homem (Franco Nero) mata friamente um outro (Manfred Zapatka) e se entrega. Nada fala e a justiça escolhe um defensor público. Bem ruim o suspense, o tempo de suspense, bem espetaculoso e oportunista, pra falar de um tema tão sério como o nazismo.
Há muito exagero para enaltecer o julgamento com revelações no último minuto. Quando o foco deveria ser os horrores da Lei Dreher. Os alemães queixam-se muito que o mundo sempre quer lembrar dos horrores do nazismo, e essa lei na década de 60 mostra o quanto muitos alemães ainda acham que eram crimes de guerra, que era em outro contexto, e que tinham que ser visto dessa forma. Recentemente li um livro, Uma Pequena Cidade na Alemanha de John Le Carré, que falava exatamente sobre isso. Fatos que não podem ser esquecidos, ainda mais nos tempos obscuros atuais, mesmo que o filme não tenha uma linguagem adequada e seja mediano.

Beijos
Pedrita