quarta-feira, 3 de abril de 2019

Espelho da Vida

Assisti a novela Espelho da Vida (2018-2019) de Elizabeth Jhin na TV Globo. A direção foi de Pedro Vasconcelos. Amei! Entre as minhas novelas preferidas. Essa autora é sempre atacada por espíritas que dizem que ela erra a forma como acontecem as reencarnações. No Brasil acontece essa insistência religiosa de achar que a única religião que abraça a reencarnação é o espiritismo. e que o espiritismo sabe exatamente como é a reencarnação. São dois equívocos. Várias religiões orientais acreditam em reencarnação, com teorias completamente diferentes.

A própria autora diz que a novela dela é espiritualista. Eu que não sei se os fenômenos existem ou não e por achar que a autora arruma tudo muito bonitinho demais, vejo a novela como de fantasminhas. Mas acho que 007 resumiu bem, é uma novela fantasia. É isso. Os fenômenos existem para que se contem duas boas histórias no passado e no presente, uma trama profunda, como a autora já tinha feito com maestria em Além do Tempo.

Muito se reclamou do ritmo lento da novela, mas eu amei cada segundo e achei que se tivesse mais uma semana ou quinze dias as tramas se acomodariam melhor. Quase todos os personagens interpretam mais de um, seja na vida atual ou na vida passada. Victoria Strada estava majestosa como Cris/Júlia. O namorado dela, interpretado por João Vicente, é um cineasta e ela uma atriz de teatro. Ele precisa voltar a cidade de Rosa Branca porque seu avô está morrendo. Na cidade Cris fica surpresa e diz que já esteve lá. Ela acha então uma casa abandonada e passa a viver experiências no passado. Por um espelho, como em Outlander, ela vai ao passado e se vê como Júlia.
No passado, Júlia teria sido assassinada pelo seu amado Danilo, interpretado por Rafael Cardoso, que aparece na trama no passado e demora muito para aparecer no presente, podia ter aparecido um pouquinho antes. Cris passa a sofrer pressão por pessoas em Rosa Branca que querem que ela limpe o nome de Danilo e descubra quem realmente matou Júlia. Cris passa a ir e vir ao presente e ao passado e a novela passou a ser muito criticada por isso. Resolveram mudar algumas questões e eu fiquei apavorada de a trama se estragar, mas foram muito inteligentes. Depois de idas e vindas, Cris fica presa ao passado para ficar até Júlia ser morta. Então a trama nos dias de hoje passam a não contar com a protagonista. Para ajudar no entendimento, alguns personagens do presente dizem que o tempo do passado é outro. Então isso acomodou as licenças poéticas. 

Outra crítica seria sobre a turma do cinema, mas eu amava a produção de cinema, quem seria o ator que faria o personagem da novela do passado. As gravações, o elenco,m os figurantes, cada detalhe.

Bola era o braço direito de Alan no cinema, o assistente de direção que substituía o diretor quando necessário, Eu adoro esse ator, Robson Antunes. Ele tem um romance quente com Sheila, que atriz linda e talentosa, Dandara Albuquerque. A personagem não valia nada, no começo da trama está na cidade grande tentando uma vida melhor. Sua filha fica com o avô (Cosme dos Santos), que fofa essa menina, Maria Luiza Galhano. Eu queria mesmo que Bola ficasse com Sheila. Desde o começo a novela insinuava que ele ficaria com a competente produtora Daniela (Renata Tobelem), mas nunca deu química. E eu me incomodava com a ideia que gordinha só consegue gordinho pra namorar. Seria muito melhor ela ficar com algum galã de filme, bem mais jovem que ela e deslumbrante. Gordinhas também amam e muito. E Bola tinha muito mais química com Sheila. E Espelho da Vida falava muito em perdão. Seria bem mais bonito ele perdoar Sheila e ajudar a moça a ser alguém melhor.

Eu amava as crianças das novelas, lindas e talentosas. Priscila (Clara Galinari) e Jadson (Otávio Martins). Os dois tinham vidas difíceis nos dois tempos da novela. Como seus personagens sofriam e como estavam bem. A preparadora do elenco infantil é a Pequetita de Cabocla, a Mareliz Rodrigues que se especializou em ajudar jovens atores em novelas. E as crianças pareciam adorar porque volte e meia punham fotos com ela nas redes sociais.
As adolescentes também eram demais. Amei as atrizes Débora Ozório e Catarina de Carvalho. Mas se juntavam a elas outros atores muito bacanas Cadu Libonati, Guilherme Hamacek e Anna Rita Cerqueira.

Eu amei que Vera Fischer e Luciana Vendramini estavam no elenco. Elas vão pra Rosa Branca porque são grandes atrizes pra atuar no filme. Lindas as homenagens que fizeram a carreira da Vera Fischer. O elenco todo se reuniu para ver um trabalho da personagem e exibiram trechos de Riacho Doce e depois de um filme do Walter Hugo Khouri, que não vi e está entre meus diretores preferidos. Ela tem um grande amor nas duas tramas interpretado por Marcelo Escorel.
Espelho da Vida falou muito de perdão, mesmo quando é muito difícil perdoar. Grace (Patrícia Travassos) abandona a filha grávida quando ela mais precisa da mãe. O suposto pai do filho dela morreu, o ex-namorado foi embora depois da traição. A filha fica sozinha e grávida tendo que assumir tudo. Isabel era uma das grandes vilãs da trama em grandes personagens pra Alinne Moraes, que arrasou. Mas ela não é espancada no final após as maldades, muito pelo contrário, é salva pelo pai da filha dela. Vai presa em uma prisão psiquiátrica, mas recebe a visita da mãe e da filha com muito choro, carinhos e abraços. Muito inovador e necessário nos dias de hoje perdoar até mesmo quem tanto nos magoou.
São muitos personagens e atores maravilhosos. Irene Ravache está majestosa nos dois personagens. A doce Margot tem cenas dilacerantes sobre seu filho que foi sequestrado aos 5 anos. Mas a dura Hildegard do passado também está majestosa. Interessante que achei que Reginaldo Farias ia fazer só uma participação especial no início da novela. Ele morre logo no começo. Mas ele passa a aparecer, mesmo que Margot não veja, para ajudá-la. E depois seu personagem no passado está vivo. Com Patrick Sampaio acontece o mesmo. Parecia uma participação minúscula na trama, mas ele passa a vir como fantasminha e depois tendo um personagem completo no passado. Como seus personagens sofreram, que dó.
Fantasminhas foram muitos, eu amo trama de fantasminhas. Que personagens incríveis para Suzana Faini e para Emiliano Queiroz. Interessante que praticamente até o final nós não sabíamos se alguns personagens estavam vivos ou mortos. 

Tinha tanto personagem que eu gostava que eu fico tentando não esquecer nenhum. Amei a atriz que faz a Bendita e a Débora, Luciana Malcher. Ela foi uma verdadeira guardião da Júlia e da Piedade. E nos dias atuais uma grande atriz.

Júlia Lemmertz também ganhou grandes personagens. A sofrida Piedade, submissa ao marido e nos dias de hoje, uma mulher realizada e com um casamento feliz.

Felipe Camargo e Ângelo Antônio. tiveram dois grandes personagens em cada tempo da novela. Felipe surge como Américo, um pai relapso, alcoólatra, trambiqueiro e fazedor de filhos largados pelo mundo. No passado um coronel monstruoso e igualmente fazedor de filhos. Ângelo um padre no passado e um homem íntegro e dedicado a filha do primeiro casamento da esposa.

E que personagem para Ana Lucia Torre. Depois de despertar pra vida por um amor não correspondido, ela faz um texto maravilhoso achando que Américo está dormindo, agradecendo a ele por ter feito ela voltar a ter sentimentos, a se sentir bonita e a despertar para a vida. Ela acaba encontrando um par no final com o personagem de Roberto Perillo.
A pensão era uma delícia, as irmãs Zezé (Maria Mônica Passos) e Abigail (Andréa Dantas) proporcionaram deliciosos momentos. Zezé se apaixonava por qualquer um que chegasse na pensão, não importava se tivesse 25 anos, ela achava que qualquer um estava apaixonado por ela. Mas eram grandes os personagens também de Lenita (Luciana Paes), Marcelo (Nikolas Antunes), Martim (Wal Schneider), Letícia (Letícia Persiles) e Dalva (Andrea Bacellar), esses todos tiveram outros personagens no passado. Eu delirava cada vez que surgia no passado um personagem do presente. Kéfera Buchmann estava ótima. Disseram que ela estreava, sim, em novelas, mas ela já havia atuado em alguns filmes. Ficaram só no presente ainda outros personagens que gostava muito Mauro César (Rômulo Arantes Neto), Tavares (Marcelo Laham), Neusa (Flavia Garrafa), Sergio (Márcio Machado), Josi (Thati Lopes), Claudio (Pedroca Monteiro), Jorge (Miguel Coelho), Padre Léo (José Santa Cruz), Emiliano (Evandro Mesquita) e Valdete (Rosana Dias).

No final inclusive, após o assassinato de Julia, o elenco todo estava entre os curiosos. Imagino o trabalhão que foi preparar cada ator em figurino de época para a cena. Tudo era primoroso. Foram feitos dois casarões no cenário. Um com cara velha e caindo aos pedaços e outro novinho para as gravações duas épocas. A trilha sonora também é incrível.

Sérgio Santos do De Olho nos Detalhes também amou a novela e escreveu vários textos sobre a trama.

Beijos,
Pedrita

domingo, 31 de março de 2019

Suburbicon

Assisti Suburbicon (2017) de George Clooney na HBO On Demand. Nunca tinha ouvido falar nesse filme. O Clooney sempre participa de filmes que tenham alguma profundidade, e não é diferente desse. Só no final que vi que o roteiro é dos Irmãos Coen e entendi tudo.

Suburbicon é um bairro americano, daqueles que foram clássicos em difundir o estilo americano de viver. Lugares para famílias, sem violência. Aqueles lugares que tudo parecia sereno e lindo do lado de fora.

Uma família de negros muda-se para Suburbicon. O filme passa então a falar de duas famílias que moram uma em frente a outra. A que vive os negros é praticamente só pano de fundo.

Dois garotos praticamente da mesma idade fazem amizade estimulada pela mãe do garoto. O filme é praticamente todo pela ótica do garoto da família branca que sofre logo no começo um assalto e a mãe do garoto é morta.

Eu logo desconfiei o que estava acontecendo, mas o filme não faz muito segredo disso. Eu fiquei imaginando que desfecho teria já que o filme seguia muito mal e vem bem ao estilo dos Irmãos Coen, com muita violência e fatos surreais desconfortantes. Matt Damon é o pai do garoto. A mãe e a tia gêmeas são interpretadas por Juliane Moore. O garoto muito fofo por Noah Jupe. A família negra é interpretada por Karimah Westhbrook, Leith M. Burke e Tony Spinosa. Alguns outros do elenco são: Glenn Fleshler, Corey Allen Kloter, Oscar Isaac, Gary Basaraba e Nancy Dale.

Beijos,
Pedrita