sábado, 7 de março de 2015

Boogie Oggie

Assisti a novela Boogie Oogie (2014-2015) na TV Globo. Escrita por Rui Vilhena e dirigida por Ricardo Waddington. Já estou com saudades. Amei a novela ambientada nos anos 70. Cheia de suspense, romance, comédia, ágil, bem editada, excelente texto. Genial! Quando pensávamos que um mistério tinha sido revelado aparecia outro desdobramento. A trama principal era das filhas trocadas na maternidade. Uma amante largada, cheia de ódio, paga uma enfermeira sem escrúpulos para trocar os bebês. A novela começa quando essas jovens já são moças e a ex-amante volta para se vingar para localizar as moças e desestabilizar o ex-amante.

Bianca Bin arrasou com uma das filhas trocadas. Uma é filha de um amoroso mas austero militar de classe média. A outra mora em uma mansão de um pai amoroso que a mima de tudo quando é jeito e uma mãe cruel e indiferente. Tanto que a mãe fica feliz de saber que é a filha não é a filha, mas odeia a outra também.

A outra foi interpretada pela Isis Valverde, adoro as duas atrizes e elas eram fortes e determinadas. O namorado da outra se apaixona pela outra irmã trocada sem saber, ele é interpretado pelo Marco Pigossi. Os pais são: Fernando (Marco Ricca) e Carlota (Giulia Gam) e Elísio (Daniel Dantas) e Beatriz (Heloísa Perissé). Em um momento das novelas elas ficam sabendo da troca, elas se odeiam. Mas o segredo da paternidade continua. A oprimida Beatriz teve um caso na adolescência e a filha pode ser filha do vizinho.

 Como todas as novelas das 6, há muitos avanços comportamentais. Três homens tinham várias cenas na cozinha Tadeu (Fabrício Boliveira), advogado que estudava pra ser diplomata, Mário (Guilherme Fontes) corretor e Homero (Osvaldo Mil) esse o único que morava sozinho e era bandido. Sem alardes, sem texto de preconceito, a família chegava, ficava na sala e o marido de avental avisava que o prato preferido da família estava pronto. Tadeu, Rafael, e muitos outros volte e meia estavam arrumando a cozinha, lavando a louça. Dos romances da novela amei o de Tadeu e Inês (Deborah Secco). Tadeu era o meu personagem preferido. Pena que a atriz precisou sair antes porque vai estar em outra novela. Mas o autor não se apertou, criou uma trama tão linda pra ela. Um agente que vive nos Estados Unidos sugeriu a ela fazer vídeos de ginástica, como tinham na época. Lindo no último capítulo o Tadeu recebendo o enorme vídeo cassete e a fita pra assistir.

Outra dinâmica que ajudou muito foi as trocas de casas. O autor ultrapassou inúmeros limites com sacadas muito inteligentes nas trocas de personagens nas casas. Era um tal de Vitória para a casa dos pais biológicos e Sandra para a mansão. Mas as trocas iam além. Até normal o apartamento que moravam jovens ter sempre hóspedes novos. Inicialmente Tadeu e Ísis moravam lá, mas a tresloucada Susana com a excelente Alessandra Negrini em um de seus grandes papéis passou por lá. As cenas no banheiro eram geniais. A Susana inclusive foi uma das que mais peregrinou. Expulsa constantemente, morou no apartamento do Homero na casa da Cristina (Fabiula Nascimento) e inusitadamente no apartamento da Célia (Thaís de Campos) e de Artur (Gustavo Trestini).. Amei que a Susana ficou com o Fernando, eles eram muito parecidos. Ele colecionava amantes. Inusitadíssimo ele se envolver no final com a Cristina, muito inteligente o roteiro. Outra casa que mudou completamente a dinâmica com a separação da Cristina e do Mário. Acabaram se mudando pra lá a Susana e o Fernando, mas o Fernando como amante da Cristina e ex-amante da Susana, imaginem a confusão. Adorava o novo casal, Mário e Gilda (Letícia Spiller). 

Essa troca gerava uma dinâmica deliciosa. A pobre da Augusta  (Sandra Corveloni) precisa ir morar com o vizinho ranzinza Vicente (Francisco Cuoco). Bastava a trama começar a ficar repetitiva, alguma troca acontecia. Logo no começo se juntam a mansão a família do Ricardo (Bruno Garcia) em um excelente papel.

As festas eram lindas. Amei o casamento Rastafari de Danielle (Alice Wegmann) e Rodrigo (Brenno Leone). Ele foi escolhido em testes no Vídeo Show. Amava as imagens do Rio de Janeiro da época. A trilha sonora. E as inúmeras festas na Boogie Oggie sempre com confusão muito além do esperado.


Achei uma foto com algumas das crianças. Adorava a personagem da Claudia (Giovanna Rispoli), ela era uma pestinha. Com um pai exageradamente austero, ela fica rebelde e nos divertiu a trama toda. A atriz também cresceu muito durante a novela, ficou uma mocinha. E adorei ela ganhar uma viagem de volta ao mundo. Mas todos estavam ótimos Otávio (José Victor Pires), Felipe (Caio Manhente), Alessandra (Julia Dalavia) e Serginho (João Vithor Oliveira). Eles viviam no Fliperama, pena que não achei uma foto todos juntos.

O autor resolveu homenagear grandes atores. Além de Betty Faria e Francisco Cuoco em papéis importantes. trouxe atores consagrados para deliciosas participações. Francisco Cuoco chamava Madalena de Leninha, divertido perguntarem porque e ele dizer porque sim, na verdade porque eles fizeram par romântico em Pecado Capital e ela se chamava Leninha nessa novela. Para relembrar o embate de Tieta, surgiu Joanna Fonn na mansão como tia da Carlota. Uma personagem mandona que de hóspede passou a mandar na casa e nos empregados. O corvo era uma "Corva" como dizia Vitória interpretada por Pepita Rodrigues. Luiz Carlos Miele um informante. E Neusa Borges como uma cartomante.

Adorava os empregados. A medrosa Ivete (Aline Xavier) que sempre queria arrumar um namorado. A engraçada Leda (Marizabel Pacheco), o motorista Adriano (Eduardo Gaspar) e a cozinheira (Dja Marthins). Eles sofriam com os mandos e desmandos contraditórios dos patrões. Zezé Motta também interpretou uma empregada da Leonor (Rita Êlmor). 

Inclusive as participações na Boogie Oggie eram geniais. Zezé Motta cantou lá, Betty Faria e Francisco Cuoco participaram de um concurso de dança. Adorei também a breve participação de uma golpista fingindo de grávida, Jussara (Thati Lopes) pena que ela foi embora. E os dançarinos Lyv Ziese, Renata Ricci e Luis Navarro na Boogie Oggie. Eles também participaram da dança da mudança de casa. Acabam parando na casa da Augusta. Inusitado e hilário, mas com lógica. A Augusta passa a ter dificuldades de pagar as contas e o filho convida os três para ajudar no orçamento.

O elenco todo foi incrível, Uma pena não conseguir colocar foto de todo mundo. Adorei a Luisa (Alexandra Ritcher), as mulheres tinham características fortes, inteligentes. E imperfeita, ela escondeu que os pais eram porteiros, outros atores que adoro: Cacá Amaral e Ana Rosa. Ela participou da dança das cadeiras, infernizava a Carlota, mas depois vai trabalhar na VIP para investigar o Beto (Rodrigo Simas) em ótimo personagem também. Eu torcia muito para ele ficar com a irmã que não é irmã, a Vitória, fiquei feliz que ficaram juntos, mesmo que tenha sido sutil a aproximação. Gostava do casal intepretado por Caco Ciocler e pela portuguesa Maria João. Estava com saudades dessa atriz. O arqui vilão era interpretado por José Loreto. Amei que a Carlota deu a volta em todo mundo e se deu bem. Tinha lido outra possibilidade, mas gostei muito mais desse final. Ela era muito ardilosa, ficaria perfeitinho demais ela se dar mal.  Fizeram participações: Christiana Guinle, Junno Andrade, Laura Cardoso e Priscila Fantim.

Por ser uma novela cheia de aventura, as cenas de ação eram impecáveis. Lindíssima e triste a cena do acidente do noivo de Sandra. Muito bem feitas as cenas de atropelamento, as de tiro. Eu amei tudo nessa novela, figurinos, reconstituição de época, textos, personagens. Gostei de mostrar produtos da época, as latas de sorvete, crush, leite de rosas. Pode reprisar quanto quiser.

Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 6 de março de 2015

Amélia

Assisti Amélia (2009) de Mira Nair no Telecine Touch. Sempre quis ver esse filme, nunca dava. A diretora é indiana. Gostei demais. É a história da aviadora Amélia Earhart (1897-1937) baseado no livro de Susan Butler e Mary S. Lovell. Amélia sempre quis pilotar avião, tinha pouco tempo de voo quando é convidada a cruzar o Atlântico. As outras mulheres que tentaram morreram, mas ela iria como passageira, não como piloto. Ela não gosta da ideia, mas aceita. O mundo a parabeniza quando eles conseguem, mas ela acha que é uma fraude porque ela não pilotou.

Ela consegue convencer George Putnam a cruzar o Atlântico sozinha. Fica mais famosa ainda e ele consegue que ela faça muitos comerciais de produtos para viagens, malas, roupas para financiar seus novos projetos. Ela se incomoda, mas aceita. Amélia passa a participar de corridas de aviões com outras mulheres e sua fama vai aumentando. Ela se apaixona por George Putnam que quer casar com ela, mas ela diz que só aceita se ele deixá-la livre. Além dos voos ela dava palestras principalmente para mulheres, para que elas fossem pilotar.

Ela acaba convencendo-o ao seu projeto mais ousado, dar a volta ao mundo tendo ao lado um especialista em voos e mapas. Ela queria fazer um voo que ninguém tinha conseguido, nem um homem e consegue quase realizar a façanha. É uma época que a aviação engatinhava, que tudo era precário, que os aviões tinham muita dificuldade de comunicação, em poucos lugares a comunicação alcançava. A viagem vai muito bem, está quase no final, quando o avião desaparece no Pacífico. Admirável a história dessa aviadora. Amélia é interpretada por Hilary Swank. George por Richard Gere. Outro piloto por Ewan McGregor. O filme é muito bem realizado, a história de Amélia Earhart maravilhosa, pena que triste.
Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 5 de março de 2015

A Concepção

Assisti A Concepção (2015) de José Eduardo Belmonte no Cine Chat Brasil do Canal Brasil. Não participei das conversas sobre o filme na internet. Só vi o filme. O tempo todo me lembrava o incrível Os Idiotas de Lars Von Trier e parece que a referência não foi aleatória. A Concepção é ambientada em Brasília.

Aos poucos vamos tentando entender o que acontece. Um grupo se reúne em um apartamento para viver sem regras e livremente. Até que aparece X, levando drogas, muitas pílulas, fórmulas que cria. Passam a aparecer e viver com eles muitas outras pessoas. Criam então A Concepção, um manifesto. Como em Os Idiotas, muitos ali só querem diversão, viver livre, mas alguns querem fugir de suas vidas opressoras. Eles queimam identidades, o falsificador faz outras, faz cheques, cartões de crédito falsos. Também eles passam a interpretar outras pessoas. Se vestem diferente, colocam terno, entram em reuniões como se participassem, passam a dar palpites. Vivem vários personagens.

É muito parecida a história de uma com outra de Os Idiotas. Ela não suportando a situação do pai desaparece. Depois de problemas sérios com drogas é internada, acham a irmã que vai buscá-la. Parece que a irmã sentiu saudades, mas depois vemos que o que a irmã queria mesmo era a volta da outra, porque é a outra que cuida do pai doente. A irmã não faz nada enquanto a outra que estava desaparecida se desdobra em cuidados.


O elenco é ótimo. Os amigos iniciais são interpretados por Juliano Cazarré, Milhem Cortaz e Rosanne Mulholland. X é interpretado por Matheus Nachtergaele. A amiga que forma o quarteto por Gabrielle Lopez. Outro amigo é interpretado por Murilo Grossi, A Concepção ganhou dois Candangos no Festival de Brasília, de Melhor Trilha Sonora e Edição. Acabei vendo o vídeo do Cine Chat depois.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 3 de março de 2015

Música de Câmara Brasileira

Assisti ao concerto da série Música de Câmara Brasileira no Theatro São Pedro. Foi a segunda apresentação da série e tocaram os músicos:
Caroline Jadach, mezzo-soprano
Eduardo Fujita, barítono
Ariel Sanches, violino
Fabrício Rodrigues, violoncelo
André Dos Santos, piano
Eu gosto muito dos compositores que estavam no repertório: Ronaldo Miranda, Edino Krieger e Guerra Peixe. Belíssimas e complexas as obras. Ronaldo Miranda estava na plateia.
Essa série é gratuita e acontece na hora do almoço.
Irineu Franco Perpétuo é o curador e ele fez um vídeo que coloquei abaixo onde explica melhor sobre o programa.

Programa

Ronaldo Miranda (1948)
Cal Vima, para mezzo-soprano, violoncelo e piano
Texto de Gerardo Milaseca

Edino Krieger (1928)
Balada do Desesperado, para barítono e piano
Sonâncias II, para violino e piano

Sonetos de Drummond, para mezzo-soprano e piano
  1. Os poderes infernais
  2. Carta
III.     Legado


Guerra-Peixe (1914-1993)
Sumidouro, para barítono, violino, violoncelo e piano

  1. Noite-dia (“Pituna-ara”)
  2. Itinerante (Nuvem)
III.     Interlúdio (Instrumental)
  1. Ciclos
  2. Sumidouro

  3. Os vídeos musicais são com obras do repertório do concerto, mas não são desse concerto.

Beijos,
Pedrita

domingo, 1 de março de 2015

Homens são de Marte e é pra lá que eu vou

Assisti Homens são de Marte e é pra lá que eu vou (2014) de Marcus Baldini no Telecine Premium. Eu não tinha muita vontade de ver esse filme, até que alguém comentou comigo que funciona. Realmente é bonitinho, bem editado, com ótimo elenco, com texto um pouco conservador. A protagonista é uma mulher imatura afetivamente, há mulheres imaturas até na terceira idade, mas o fato da protagonista ter 39 anos e ser tão infantil afetivamente, me incomoda. Homens são de Marte e é pra lá que eu vou é fruto de uma peça muito bem sucedida que ficou 9 anos em cartaz com a Mônica Martelli. Talvez na peça a protagonista fosse mais jovem.

A protagonista que faz tudo para ter um relacionamento estável e casar.  Ela é uma mulher muito bem sucedida profissionalmente, realiza festas de casamento, mas é desesperada pra casar, carente e infantil. Ela acredita em qualquer mentira que os homens lhe fazem, nem percebe que alguns só querem uma noite. Estranhei ela dormir com os homens que só queriam diversão. Homens que só querem transar tratam logo de ir embora ou despachar a mulher, de forma carinhosa e sedutora, mas eles se livram logo do compromisso de dormir que já pode caracterizar um romance.

O segundo, interpretado por Humberto Martins, eu acho que queria algo mais sério, talvez até tivesse assumido um compromisso, casar ou mesmo morar junto. A questão é que o personagem é um  aventureiro, adora ação, não para quieto e muito provavelmente adepto do relacionamento aberto e viver aventuras sexuais em grupo. A mulher pode querer ou não, mas eu acho que ele estava realmente gostando dela.

Adorei que o ator Peter Ketnath de Cinema, Aspirinas e Urubus está no elenco. O terceiro também estava feliz com o "casamento" que eles tinham. Esse personagem é o mais artificial. Em geral um amor e uma cabana, o banheiro é um buraco na terra e não no rio onde eles pescam o peixe. Muito irreal. Eles não lavaram as roupas, tudo era bonitinho e limpinho demais. Meio fake. Como toda mulher imatura, que busca algo irreal, ela faz tudo o que o homem quer. Abandona sua personalidade para agradar e fatalmente não dá certo. Mas não é o fato dela transar na primeira vez que caracteriza não dar certo, muito machista essa concepção. O filme tenta dar outra conotação, mas todo o discurso sempre leva por esse ser o erro. É bem mais complexo. São as ações continuadas dela e a visão romanceada dela, querendo um príncipe e não aceitando o homem como ele é que fazem as relações desandarem, não o fato dela transar na primeira vez.

O elenco é extenso. Os parceiros de trabalho e amizade são interpretados por Paulo Gustavo e Daniele Valente. Muitos grandes atores fazem participações: Eduardo Moscovis, Marcos Palmeira, Irene Ravache, Herson Capri, Milhem Cortaz, Ana Lúcia Torre, Cláudia Missura, Nathalia Rodrigues e Otávio Martins. Alguns outros do elenco são: José Loreto e Alejandro Claveaux. Lulu Santos também aparece como ele mesmo no filme.

Beijos,
Pedrita