sábado, 27 de janeiro de 2018

A História de Aia de Margaret Atwood

Terminei de ler A História de Aia (1985) de Margaret Atwood da Marco Zero. Até gosto da capa com ilustração de Fred Marcellino, mas a edição é muito feia. Tem uns comerciais de livros no final e uma capa de trás de chorar. Eu tinha amado dessa autora Vulgo Grace que li no ano passado, entre os melhores livros que já li na vida. No Brasil atualmente A História de Aia está como O Conto de Aia pela Rocco e há novos para vender. O livro está entre os mais vendidos faz tempo. Eu ganhei essa edição de uma amiga que me presenteou com vários livros dela que ela tem no idioma original. O nome original é The Handmaid´s Tale que culminou na série recente que vem ganhando inúmeros prêmios como Melhor Série do Ano e Melhor Atriz no Globo de Ouro.

O livro é absolutamente incrível! O estilo de Margaret Atwood é sempre surpreendente. O estilo da narrativa é bem diferente de Vulgo Grace, mas é igualmente mágico e complexo. Demoramos para entender o que acontece. Eu fiz questão de não ler nada sobre a série ou sobre o livro então nada sabia daquelas mulheres de vermelho. Aconselho que se possível façam o mesmo, o fascínio potencializa os impactos da obra. Não sabemos se o que a protagonista lembra é passado ou futuro. Tudo aos pedaços, fragmentado. Fantástico!!! Em todos os sentidos! Genial!

Obra Perspectivas (1956) de Jean-Paul Riopelle

Assustador a manipulação dos líderes. Eles conseguem destruir a comunicação. Cada grupo só fala com o seu, na verdade quando conseguem escondidos falar, são proibidos de falar entre si. Em geral falam em pares, mas tem medo que o outro entregue a conversa, porque a punição é a morte, no caso das mulheres de vermelho por enforcamento. Logo no começo uma delas vê três enforcados, mas é quase no final que vamos conhecer como o enforcamento é feito, muito, mas muito assustador. É pelo medo que controlam todos. 

Obra Estou com Ciúmes de Gathie Falk

Margaret Atwood fala muito da condição da mulher. Os dois livros que li são muito, mas muito diferentes, mas ambos são muito contundentes com a situação feminina. E não é panfletário. Nos fragmentos vamos unindo os pontos e alguns podem até não perceber porque não é escancarado, mas são as mulheres as mais prejudicadas nesse regime monstro. Nossa protagonista é uma reprodutora. Assim que não puder mais reproduzir será descartada. O governo que decide o que vestem, com quem se relacionam. Falar não podem falar com ninguém. Na hora que precisam ser fecundadas a parte debaixo do corpo é usada. A protagonista descobre mulheres em outras funções e uma conta ainda de outras incumbências, tudo monstruoso. Não há liberdade. As metáforas com o que vivemos hoje estão ali, as sutilezas. Quando alguém resolve infringir as regras, em geral as punições maiores são as mulheres. Como as punições aos homens são mínimas, eles se divertem em usá-las, brincar com elas. Se algo der errado, só elas serão punidas. É tudo sutil, mas dá perfeitamente para fazer paralelos com os dias de hoje. Nesse também a autora quebra a forma de narrativa. No final da história da protagonista não sabemos o que acontece. E vem uma reunião de estudiosos sob um material encontrado. Mas será que é real? É um livro muito complexo, ambíguo, denso. Estou impactada, envergonhada da humanidade, confusa com a obra, acho que vai povoar meus pensamentos por muito tempo.

Os artistas plásticos são canadenses bem como a autora.


Beijos,

Pedrita

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O Rastro

Assisti O Rastro (2017) de J. C. Feyer no TelecinePlay. Como eu queria ver esse filme, pena que não consegui ver nos cinemas. Eu tinha visto matérias, ficado muito instigada e amo esse gênero. Confesso que achei que teriam fantasminhas, não, não tem, mas é genial!!! Amei!!!

Dr. Renato, quer dizer, Dr. João Rocha, interpretado pelo Rafael Cardoso, tem a espinhosa missão de desativar um hospital em frangalhos. Eu fiquei com dó, mas logo vi que o hospital estava péssimo, realmente não tinha como atender pacientes naqueles pedaços de tudo, caindo os pedaços de tudo. Fiquei com o dó do médico chefe interpretado pelo Jonas Bloch que insiste em ficar no hospital. 

As remoções dos pouquíssimos pacientes é feita de madrugada para não ter tanta comoção popular. Até que o Dr. João percebe que uma paciente sumiu e ele não acha nada sobre ela. É muito angustiante. O Rastro é incrivelmente bem editado, com elenco maravilhoso e uma locação de dar medo. Simplesmente amei!

Leandra Leal é a esposa do médico e para aumentar a tensão do filme ela está grávida e no final da gravidez. Alguns outros estrelados do elenco são: Claudia Abreu, Natália Guedes, Felipe Camargo, Érico Brás, Alice Wegmann, Domingos Montagner e Sura Berditchesvky

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Beleza Oculta

Assisti Beleza Oculta (2016) de David Frankel na HBO OnDemand. O roteiro é de Allan Loeb. Fiquei curiosa em ver esse filme desde que estreou na HBO. Will Smith gosta de projetos reflexivos, particularmente acho os projetos um pouco auto-ajuda demais, mas geram bons filmes. Com Beleza Oculta não é diferente!

Começa com o personagem do Will Smith dando palestra. Ele é um executivo muito bem sucedido. Três anos se passam, ele está catatônico porque perdeu sua filha e não consegue superar. Os seus colegas de trabalho não querem perder um grande cliente, então querem provar que o parceiro não está bem psicologicamente. É um horror o que querem fazer com esse amigo que tanto dinheiro gerou para a empresa só porque ele está em um momento de crise.
A solução para resolver o impasse é o melhor do filme. O executivo contrata três atores para que representem o amor, o tempo e a morte, já que ele escreve cartas para eles. Então os atores leem as cartaz e representam esses gêneros. Cada executivo acompanha e orienta um ator com as cartas. Cada executivo está exatamente com problema no segmento que cuida. Gosto muito de utilizar o teatro para ajudar as pessoas a resolverem os seus conflitos. 

Um está para morrer, outra quer ser mãe e o tempo biológico está se esgotando e o outro está com problemas com a filha. O elenco é incrível: Edward Norton, Kate Winslet, Keira Knightley, Michael Peña, Helen Mirren, Jacob Latimore e Naomi Harris. Gostei muito da condução do roteiro, é um belo e emocionante filme.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Rei Arthur: A Lenda da Espada

Assisti Rei Arthur: A Lenda da Espada (2017) de Guy Ritchie no Now. Eu só vi esse filme porque ele veio de graça junto com Mulher Maravilha, esse eu estava louca pra ver. Aí pra não perder a promoção resolvi assistir. Rei Arthur ia ser daqueles filmes que ia estrear em algum canal e eu ia enrolar se é que ia parar pra ver algum dia. E seria melhor, porque é bem ruinzinho.

Eric Bana faz uma passagem relâmpago, é só para servir de chamariz pro filme, morre antes mesmo do filme ser apresentado. O bebê aparece para moças que trabalham em bordel em uma cidade e criam o garoto.

O garoto cresce praticando pequenos delitos, até que chama a atenção de um treinador e passa ser treinado em lutas e ganhar lutas. Particularmente achei péssima a escolha do ator para ser o Rei Arthur, Charlie Hunnam, com figurino e cabelo de piloto da primeira guerra mundial. Parece até que foi teletransportado para o tempo antigo.

O roteiro até seria interessante. Boa a ideia do rei de fazer pactos com mulheres n´água. Interessante a bruxa  interpretada pela bela Astrid Bergès-Frisbey, que ajuda Rei Arthur a subir ao trono. Mas algo não funciona, lutas demais, artificial, esquisito. Jude Law é o rei vilão. O elenco é grande e as tramas são confusas: Djimon Hounsou, Aidan Gillen, Freddie Fox, Tom Wu, Annabelle Wallis e Michael McElhaton. A sensação que tenho é que o filme ficou grande demais, foram cortando e perdeu a coerência.


Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Treze Dias Longe do Sol

Assisti Treze Dias Longe do Sol (2017) de Luciano Moura na TV Globo. Estava ansiosa por essa série. A Patry assistiu antes no GloboPlay e tinha gostado muito. Sim, as chamadas me lembraram muito Supermax e a série também. Um grupo fica preso em um lugar todo cinza, com muitas dificuldades, tendo que cada um lidar com as alterações de humores dos outros em situações extremas. E depois que comecei a ver me lembrou Os 33, onde mineiros ficam presos após o desabamento, essa a semelhança foi com a cobertura internacional do acidente.

Apesar das semelhanças também amei a série e o roteiro é muito bom e ligado a nossa realidade brasileira , infelizmente. Logo no início o prédio desaba como aconteceu com o Palace 2 por motivos muito semelhantes, ganância de construtoras. Há tantos anos tivemos o incidente do Palace 2 e as construtoras continuam fazendo o que querem com o Brasil em parceria vergonhosa com políticos. Sim, os motivos do engenheiro chefe e da diretora financeira eram nobres. O dono da construtora tinha morrido e eles queriam levantar dinheiro para comprá-la. Muito provavelmente não conseguiriam honestamente pelo volume de dinheiro e eles tem a infeliz ideia de fazer um prédio com redução de 20% do material. Já é horrível essa decisão, mas a ganância vai mais longe e o engenheiro chefe vai reduzindo mais ainda a compra de material como ferros que foram reduzidos em 40%. Bastou uma chuva forte para o prédio desabar, antes mesmo de ser inaugurado. Déborah Bloch está incrível, outra personagem cheia de camadas. Ela fica possessa com os exageros do engenheiro, mas aceitou antes a redução de 20% do material. Muito triste a cena do pai dela na estrada, interpretado pelo incrível Emiliano Queiroz. Nada justifica o que ela fez, mas a solidão dessa personagem corta o coração.
Como em Supermax, os que ficam no subsolo precisam lidar uns com os outros em situações limites. Incrível a construção dos personagens, muito ricos em características e ótimos atores. Além dos atores que adoro e mais conhecidos como Selton Mello, Carolina Dieckman, Lima Duarte, Maria Manoella, Enrique Diaz e Teca Pereira. Incríveis os outros, principalmente os operários. Bem complexos os operários, inclusive os que eram um casal interpretados brilhantemente por Démick Lopes e Pedro Wagner. Se amavam muito, mas eram agressivos com o mundo externo duas pessoas de difícil socialização. Os atores estão incríveis. Gostei que os personagens tinham vários lados. Como o chefe de obra, Antônio Fábio, que era respeitado por todos, inclusive pelo engenheiro chefe, mas abandonou anos a filha, Camila Márdila, sem ligar para ela.

Fabrício Boliveira merece um bloco só sobre ele. Entre os melhores atores de sua geração, entre meus atores preferidos, brilhou como o chefe dos bombeiros. Ele teve um incidente anterior de fracasso, está de licença, mas o enviam para liderar o grupo. Está nas buscas por sobreviventes, mas outro superior chega, Eucir de Souza, e diz que estão encerradas as buscas. É emocionante quando ele descobre que há pessoas no subsolo, ou mesmo quando fazem contato por um equipamento eletrônico. Fabrício arrasa em todos os momentos.
Gostei do desfecho. O Brasil é um país que faz uma construtora ainda ter alto valor de venda no mercado mesmo depois de um fracasso e de tanta corrupção. O herdeiro, Paulo Vilhena, consegue vender a construtora por um bom valor para um ávido interessado, Luciano Chirolli, até porque logo esquecem o absurdo do desabamento, farão um marketing que agora a empresa será séria pra tudo continuar mais do mesmo e com alto apoio político e alta corrupção política. Construtoras estão no topo com todo tipo de regalia. Qualquer empresa por muito menos teria falido, mas no Brasil construtoras são objeto de luxo.

Beijos,
Pedrita