sábado, 12 de setembro de 2020

Senhoras de Negro

Assisti Senhoras de Negro (2018) de Bruce Beresford no HBO Mundi. Eu vi que era um filme de época e coloquei pra gravar faz tempo, vi que vai reprisar no dia 18 em algum canal da HBO. É a história de quatro mulheres, vendedoras de uma loja e que usam preto. Um pouco otimista e artificial demais pro meu gosto, mas é um delicado filme baseado no livro da escritora australiana Madeleine St John, o filme também é australiano.

É perto do Natal e uma estagiária é contratada, a jovem interpretada por Angourie Rice é muito estudiosa e quer fazer curso superior em artes, quem sabe vir a ser uma atriz. As duas outras vendedoras, uma é solteira e mora sozinha, Rachel Taylor, e a outra é casada, Alisson McGirr.

A personagem da Julia Ormond é uma vendedora de roupas exclusivas. Ela é estrangeira, viajada e é casada com o personagem do
Vincent Perez
. Ela resolve ajudar a jovem estudiosa há se sofisticar, tirar o jeito provinciano. É um filme bonito, um pouco arrumadinho demais. Todas elas conseguem ser amadas e respeitadas, a convencer homens antiquados a respeitá-las, a relevar erros do passado. Muito bonitinho na teoria.

Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Em Nome dos Pais de Matheus Leitão

Terminei de ler Em Nome dos Pais (2017) de Matheus Leitão da Intrínseca. Eu tinha comprado esse livro que queria muito ler em uma Feira da USP, mas demorei tanto pra começar que acabei vendo antes uma série de mesmo nome sobre essa pesquisa.

O marcador de livros é magnético com uma parte da obra de Tomie Ohtake.

Matheus Leitão faz uma pesquisa para entender o passado dos seus pais, Marcelo Netto e Míriam Leitão, desaparecidos, presos e torturados na Ditadura Militar em Vitória, Espírito Santo. Como são produtos diferentes, o documentário e o livro, cada um traz parte da pesquisa, mesmo que se repitam alguns momentos, é diferente ver em imagem, ou ler em detalhes, os dois se complementam.

O livro conta como os pais deles se conheceram. Míriam Leitão nasceu em Minas Gerais. Em Vitória começou a trabalhar em veículos de comunicação quando conheceu Marcelo que estudava Medicina. Ela e umas amigas panfletavam contra o governo, pichavam muros. Marcelo encontrava-se com grupos que desejavam que ele fosse para a luta armada no Araguaia, mas Marcelo relutava. Até que os dois são presos, sem mandado de prisão, quando iam a praia. Míriam tinha somente 19 anos, estava grávida. Todos os presos foram severamente torturados. Fico imaginando o desespero da jornalista que ficava nua, sempre era assim o início da tortura e constantemente ameaçada de estupro. Ela não chegou a ser estuprada, mas teve amigas presas que foram. Os homens ficavam sadicamente se deliciando em torturar. Me assustam as torturas, mas esse prazer sexual na tortura como filme pornô de sadomasoquismo me assusta mais ainda. Fico pensando em uma jovem de 19 anos, no início da sua sexualidade, exposta há vários homens nua, sendo humilhada e torturada. Uma das torturas Míriam Leitão relatou que a deixaram em um local escuro, nua, com uma cobra, por muito tempo. É sadismo demais! Quando Míriam saiu da prisão pesava 40 quilos, seu filho no ventre foi desenganado, mas ela procurou outro médico que a indicou uma alimentação reforçada, banho de sol e Vladmir Neto nasceu.
Marcelo ficou mais tempo preso depois que os dois "desapareceram" na praia. A combatividade de Míriam é admirável. Além de tudo o que precisava fazer para que o seu filho nascesse e sobrevivesse, ela ainda buscava brechas na lei para ajudar Marcelo ainda preso. Se fosse casada, ela poderia visitá-lo. Como as proclamas já estavam em andamento antes do desaparecimento, ela conseguiu o direito ao casamento por estar grávida mesmo Marcelo estando preso. Os relatos do casamento me emocionaram demais. Os militares eram donos dos corpos presos e torturados, então não avisaram da remoção desumana ao Rio de Janeiro. Foram transferidos algemados e tortos de qualquer jeito nos veículos. Míriam continuava trabalhando em Vitória, com pouco dinheiro, grávida e sem facilidade para viajar, ia de vez em quando ver o marido no Rio de Janeiro. Marcelo continuou a ser torturado. Ele ficava em uma solitária minúscula, com luz acessa 24 horas durante 9 meses, sem direito a sol. Ele ficou muito abalado depois, pouco fala do período. 
Eu temo muito pelo Matheus Leitão. Apesar de existir a Lei de Acesso à Informação, de ter existido a Comissão da Verdade, ainda é proibido mexer e fazer reparação do passado. Quando Paulo Malhães assumiu para a Comissão da Verdade que torturou na Ditadura Militar, ele apareceu morto, o inquérito disse que foi por assalto. Como o jornalista mostra na obra, vários países já fizeram a reparação histórica. É uma forma de coibir a volta e os abusos no futuro. Nelson Mandela fez também a reparação na África do Sul, que lhe rendeu Prêmio Nobel pela Paz. E aqui continuam proibindo pesquisas e acessos à informação. 
Foto de Sergio Lima


Beijos,


Pedrita

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Sonata de Outono

Assisti Sonata de Outono (1978) de Ingmar Bergman no Telecine Cult. Faz tempo que pus pra gravar. Bergman está entre os meus diretores preferidos, mas eu sempre fico na dúvida se já vi i filme. Os nomes dos filmes do Bergman variam muito no Brasil e eu vi vários faz tempo. Precisei começar a ver para ter certeza que não tinha visto esse.


 

Os filmes do Bergman são uma discussão de relação constante. Em Sonata de Outono é a relação conturbada entre mãe e filha, mãe e filhas, mãe e família. As conversas permeiam o filme. A protagonista é uma pianista famosa, faz turnês pelo mundo, então sempre esteve ausente. De comportamento mimado e infantil, ela tumultuava a família no pouco tempo que aparecia. A mãe não deveria ter tido filhos, assim poderia viver intensamente a carreira.

A filha vive em harmonia com o marido em uma cidade pacata. Ele é pastor e ela tem algumas atividades na igreja. Ela resolve convidar a mãe para ficar um tempo com eles após ficar viúva. A mãe resolve aceitar e vem como um trator pra cima da filha e da família. Ela é daquelas pessoas que resolve interferir em tudo na vida dos outros, parece nunca ter conseguido entender que a filha é mais tranquila, que gosta de uma vida mais pacata, de usar roupas mais casuais e confortáveis, de um casamento sereno sem sobressaltos. Em uma noite, regada a vinho, a filha faz o ajuste de contas, e diz tudo o que ficou entalado a vida toda. As ausências da mãe, as cobranças, a falta de paciência da mãe com as questões da infância. A protagonista tem uma irmã doente que estava em uma instituição. Ela levou a irmã para a casa para cuidar. A mãe fica revoltada em saber, diz que se soubesse não tinha vindo.  Ingrid Bergman e Liv Ullman arrasam.

Beijos,


Pedrita

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Doutor Sono

Assisti Doutor Sono (2019) de Stephen King na HBO Go. Quando vi esse cartaz achei que era uma cópia barata de O Iluminado e demorei pra tentar ver. Eu não gosto de ler detalhes pra não ler spoilers, então demorei pra descobrir que eu que estava redondamente enganada, é a continuação de O Iluminado, inspirado exatamente no livro sequência de mesmo nome do mesmo autor. E que filme genial! Que roteiro! A direção é de Mike Flanagan.

Começa com o garotinho ainda garotinho. Escolheram um garoto realmente parecido com o filme anterior, Roger Dale Floyd. Quando ele cresce é interpretado muito bem por Ewan McGregor. Ele é alcoólatra, mora nas ruas, até que ele resolve se mudar para uma cidade, encontra uma pessoa que resolve ajudá-lo interpretado por Cliff Curtis. Ele paga um período de aluguel de um quarto e o leva a um centro de reabilitação de alcoólicos. Lá, o pastor  (Bruce Greenwood) arruma um emprego em um asilo. E é no asilo que Dan recebe o apelido de Doutor Sono, ele acalmava e ajudava as pessoas na hora da morte. Fiquei curiosa pelo livro porque essa parte deve ser bem mais extensa. O filme é muito longo, mais de 2 horas, mas cada minuto é incrível. Daria inclusive uma série começando pelo primeiro livro.
Em paralelo, um grupo atrai crianças pra torturar e matar e com isso aspirar a vida da criança, para que eles vivam a vida eterna. Esse grupo é liderado pela belíssima Rebecca Ferguson. Ela também traz para o grupo uma jovem de 15 anos que tinha o poder de entrar na mente da pessoa e dar ordens, o que facilitaria em pegar as crianças. Essa jovem é interpretada pela linda Emily Alyn Lidd.

É a personagem da Kyliegh Curran que une as duas histórias. Que atriz talentosa e linda. Ela tem poderes e descobre que um garoto é morto pelo grupo, então ela aciona o Dan para localizar a cova do garoto.

O final acontece no hotel e todos os personagens reaparecem. Inclusive o pai do Dan. Fizeram bons recursos de imagem, parece mesmo o Jack Nicholson, mas nunca filmam de close, bem inteligente. O elenco é extenso, alguns são: Carl Lumbly, Zackary Momoh, Zahn McClarnon, Nicholas Pryor,  Violet McGraw, Jacob Trembly, e Selena Anduze. A postagem do livro está aqui.

Beijos,
Pedrita