sábado, 8 de novembro de 2008

O Gabinete do Dr. Caligari

Assisti ao filme alemão O Gabinete do Dr. Caligari (1919) de Robert Wiene no Telecine Cult. Tinha lido no blog Cult que iam passar vários filmes do Expressionismo Alemão, esse foi o primeiro, todos os outros serão todas as quintas-feiras, por volta das 19h45. Eu sempre quis ver esse filme, estava naquela lista de filmes que temos que ver uma vez na vida, mas uma vez parece pouco agora. Entrou para a lista daqueles filmes que devemos tê-los para rever momentos inúmeras vezes. Tudo é impressionante. O filme é mudo e feito com poucos recursos. Sabiam muito pouco dessa tecnologia e conseguem fazer algo inovador e magnífico, até mesmo para os dias de hoje. Utilizaram recursos de luzes absurdamente inovadores. Os cenários são todos pintados em pedaços de madeira e pano pelos pintores expressionistas Walter Reimann e Walter Rohrig e refletem claramente a linguagem do filme. São tão impressionantes que eu li que atualmente os cenários estão em exposição no Museu do Cinema Henri Langlois, em Paris.
Um homem resolve se inscrever em uma feira de variedades. Ele anuncia um Sonâmbulo que fará previsões. Começam então a acontecer assassinatos. Li que o Prólogo e o Epílogo não existiam na versão original, foram mudados por imposição dos produtores. Mas continua genial assim mesmo!

No elenco estão
Werner Krauß, Conrad Veidt, Friedrich Feher, Lil Dagover, Hans H.Twardowski, Rudolf Lettinger e Rudolf Klein-Rogge.

Música do post: Bruch, Max - Scottish Fantasia Op.46.3. London Symphony Orchestra



Beijos,

Pedrita

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Lucien Leuwen

Terminei de ler Lucien Leuwen (1835) de Stendhal. Esse é um livro inacabado do autor que foi publicado postumamente em 1894. Também essa obra não tem conclusões, só anotações de como talvez viesse a ser o final. Tanto que em um momento, a amada de nosso protagonista, resolve procurá-lo em Paris, mas depois não ficamos sabendo se ela foi e aparece uma outra mulher encantada com ele. Nosso protagonista é um anti-herói. Eu comprei esse livro em um sebo, está esgotado no Brasil. Só é possível encontrar o importado em francês pra comprar. Ou alguma edição em um sebo. É da Editora Francisco Alves, e na abertura eles relatam o nosso protagonista como um homem engajado. Eu não sei, ele é muito anti-herói e egoísta para o meu gosto. Ele parece só buscar os seus próprios interesses em detrimento do coletivo. E muda completamente a cada vento para alcançar seus interesses particulares. Ele também fala que não liga para o dinheiro, mas é filho de um banqueiro, tem um emprego como militar que lhe dá uma confortável fonte de renda e mal trabalha. Assim é fácil dizer que não se importa com dinheiro.

Tela Salão de Alfred Emilien Comte de Nieuwerkerke de Auguste François Biard
Ele ainda vive almejando estar nos salões mais cobiçados da sociedade e só se interessa por mulheres ricas. Tanto que apesar dele trabalhar graças ao pai na política, ele só passa a se interessar pelas manipulações do voto, quando se desentende de forma banal com o prefeito, quer duelar, é impedido pelos seus superiores. Aí ele começa uma verdadeira batalha pra denegrir o prefeito e fazer ele perder votos. Sem nenhum interesse político, só por picuinhas pessoais. O texto de Stendhal é sempre ágil, inteligente e com muitas nuâncias. Stendhal escreve maravilhosamente, mas eu não costumo me apaixonar por seus livros.
Obra The Horse Fair (1867) de Rosa Bonheur
Anotei vários trechos de Lucien Leuwen de Stendhal, vou selecionar alguns:

“Lucien Leuwen foi expulso da Escola Politécnica por ter ido passear inoportunamente num dia em que, como todos os seus camaradas, estava confinado: foi na época de uma das célebres jornadas de junho, abril, ou fevereiro de 1832 ou 1834.”

“Como se vêem, as conversas ali não eram apropriadas ao carreirismo e a conquistar belas posições. Apesar desse inconveniente, que afastava muita gente, cuja falta aliás, não se sentia havia uma grande avidez por ser admitido no círculo da Sra. Leuwen. Seu salão estaria na moda, se ela quisesse torná-lo acessível; mas era preciso reunir muitas condições para ser recebido ali.”


“Olhava os lanceiros e sentia-se arrebatado de alegria e admiração. Ali estavam os companheiros de Napoleão; ali estava o soldado francês! Examinava os mínimos detalhes com um interesse ridículo e apaixonado.”

“O tempo voava rapidamente para o nosso herói. Mas os amantes são tão felizes nos momentos em que estão juntos que o leitor, em vez de simpatizar com o quadro dessa felicidade, fica com ciúmes e geralmente se vinga dizendo: “Deus do céu! Como este livro é enfadonho!”



Música do post: Gounod-Romeo et Juliette



Beijos,

Pedrita

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O Ultimato Bourne

Assisti O Ultimato Bourne (2007) de Paul Greengrass no Telecine Premium. Como comentei no post de A Identidade Bourne, o Telecine passou esse filme na Super Estréia, mas antes colocou os anteriores na programação e consegui ver os três. Realmente a diferença do segundo e desse é bem grande em relação ao primeiro que é bom, mas tem algumas lacunas, uns momentos arrastados e outros que não convencem. Percebe-se em Paul Greengrass um grande diretor, porque esses dois dirigidos por ele são ágeis, muito bem dirigidos, e muito bem organizados na trama complexa baseada na obra de Robert Ludlum. Como em A Supremacia Bourne, O Ultimato começa com nosso protagonista fugindo da perseguição em Moscou. Nesse aparece um outro grupo interessado em capturá-lo, homens especializados em localizar grupos terroristas. Os três de uma certa forma trilham aquele caminho de filmes americanos mais recentes, mostrar a irracionalidade dessas instituições que em nome de uma segurança ao homem americano praticam verdadeiras atrocidades com outros seres humanos. Esse grupo então que caça terroristas mata qualquer um que possa ser uma ameaça, mesmo que seja um jornalista porque escreveu uma matéria com o que ouviu de uma fonte.

Dessa vez Julia Stiles tem uma participação bem maior. Matt Damon é sempre excelente. Outra que continua no elenco é a ótima Joan Allen. Outros novos que entram nesse episódio são: David Strathairn, eu gosto muito desse ator e ele está muito bem interpretando um personagem desprezível; Albert Finney; Paddy Considine, Joey Ansah e Colin Stinton.
Em O Ultimato Bourne, o Telecine resolveu colocar legendas da música principal, ficou ótimo.
O Ultimato Bourne ganhou 3 Oscars de Melhor Edição, Melhor Som e Melhor Edição de Som e 2 prêmios no BAFTA de Melhor Som e Melhor Edição.

Música do post: Extreme Ways (Bourne's Ultimatum) - Moby

Beijos,

Pedrita

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Achados e Perdidos

Assisti Achados e Perdidos (2006) de José Joffily no Canal Brasil. Eu quis muito ver esse filme quando esteve em cartaz nos cinemas, mas não consegui. Gosto muito desse diretor e os elogios a esse filme eram ótimos. E Achados e Perdidos é bárbaro! O roteiro é baseado em um livro de Luiz Alfredo Garcia-Roza. É uma trama policial muito bem desenvolvida, com ótimo elenco. Começa com o assassinato de uma prostituta, interpretada pela ótima e bela Zezé Polessa. O maior suspeito é o seu amante, um ex-delegado, interpretado pelo excelente Antônio Fagundes. Junta-se a ele então a melhor amiga da morta, interpretada por outra bela e talentosa atriz, a Juliana Knust.

Começa então uma trama complexa, cheia de segredos, com vários momentos de lembranças do passado e flashs do que poderia ter acontecido. Nosso protagonista lembra muito pouco do que aconteceu e diz não saber nada sobre a morte de sua amada. A trilha sonora do André Abujamra também é bárbara. Além desses três atores, há outros do elenco, alguns em participação especial: Genézio de Barros, Malu Galli, Flávio Bauraqui, Roberto Bomtempo, Ricardo Blat e Hugo Carvana.
Achados e Perdidos ganhou 2 Lentes de Cristal no Festival de Cinema Brasileiro de Miami, de Melhor Filme e Melhor Atriz (Zezé Polessa).
Música do post: Arnaldo Antunes - Consumado

Beijos,
Pedrita