sábado, 29 de agosto de 2015

Recital do Centro de Música Brasileira

Fui ao recital do Centro de Música Brasileira no Centro Brasileiro Britânico. Inicialmente tocou a flautista Celina Charlier com o pianista Paulo Gori. Eu adoro flauta, está entre os meus instrumentos preferidos e essa flautista é incrível. Adoro esse pianista também. Foi uma apresentação simplesmente maravilhosa. Esses dois músicos tocam muito fora do Brasil. Não é fácil conseguir ouví-los por aqui. Celina Charlier disse que vive há muitos anos nos Emirados Árabes. E que repertório maravilhoso! Belíssimas obras de Osvaldo Lacerda, Gilberto Mendes, Ronaldo Miranda, Villani-Côrtes e Ernesto Nazareth. Adoro esses compositores. Ronaldo Miranda estava na plateia. Gostei muito de conhecer a obra de Pattápio Silva e do Ricardo Tacuchian. Celina Charlier contou que o duo inicialmente quis fazer obras solo e depois obras que mostrassem as muitas possibilidades técnicas da flauta e do piano. Tanto que a única obra ela tocou com flautim.

Osvaldo Lacerda                                                     Brasiliana nº 1* (1965):
(São Paulo, 1927-2011)                                                    (para piano solo)
                                               - Dobrado
                                               - Modinha
                                               - Mazurca
                                               - Marcha de Rancho

Osvaldo Lacerda                                                     Ostinato para flauta solo** (1995)   

Gilberto Mendes                                                      Sinuosamente, Veredas*** (1995)
(Santos, 1922)                                                           para flauta solo)

Pattápio Silva                                                           Primeiro Amor
(Itaocara,1880- Rio de Janeiro, 1907)                       (para flauta e piano)

Ronaldo Miranda                                                    Alumbramentos (2009)
(Rio de Janeiro, 1948)                                               (transcrita pelo compositor para flauta e piano
                                                                                  para Celina Charlier) 

Ricardo Tacuchian                                                 Litogravura (2007)
(Rio de Janeiro, 1939)                                               (para flauta e piano)

Edmundo Villani-Côrtes                                         Fantasia Sakura**** (2003)
(Juiz de Fora, 1930)                                                         (para flauta e piano)

Ernesto Nazareth                                                    Apanhei-te, Cavaquinho!
(Rio de Janeiro 1863-1934)                                      (arranjo para flautim e piano por Osvaldo Lacerda) 

* Obra estreada por Paulo Gori em Santos em 1966.
** Obra composta para e estreada por Celina Charlier em São Paulo em 1995. 
*** Obra composta para e estreada por Celina Charlier em São Paulo em 1995.
**** Obra composta para e estreada por Celina Charlier em Nova York em 2003.

Depois se apresentaram a cantora Patricia Endo e o pianista Dante Pignatari. Eles interpretaram Osvaldo Lacerda e Alberto Nepomuceno. Que repertório lindo! Dante Pignatari contou que tem contato há anos com Nepomuceno, já que foi sua tese de mestrado. 

Osvaldo Lacerda ( 1927-2011 ) :
Murmúrio ( texto de Cecilia Meireles ) – de 1965

Alberto Nepomuceno ( 1864-1920 ) :
Olha-me                                                         (texto de Olavo Bilac)
Coração triste, Op. 18 nº 1                (texto de Machado de Assis)
Trovas, Op. 29 :                                                        
- nº 1: Com expressão                                   (texto de Osório Duque Estrada)
- nº 2: Scherzando                                         (texto de Carlos Magalhães Azeredo)
Candura                                                         (texto de Rabindranath Tagore)
Xácara, Op. 20 nº 1                           (texto de Orlando Teixeira )
Despedida, Op. 31 nº 1                                 (texto de C. M. Azeredo)
Canção da ausência                           (texto de Hermes Fontes)
Turquesa, Op. 26 nº 1                        (texto de Luis Guimarães Filho)
Soneto                                                (texto de Coelho Netto)
Cantigas                                           (texto de Branca de Gonta Colaço)
Canto nupcial                                     (do Livro de Ruth, I/16-17)
Medroso de amor, Op. 17 nº 1            (texto de Juvenal Galeno)
Numa concha                                     (texto de Olavo Bilac)

O recital foi gratuito e o teatro estava lotadíssimo. Foi uma apresentação memorável.
O vídeo com a Celina Charlier é com outro pianista.


Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Os Boxtrolls

Assisti Os Boxtrolls (2014) de Graham Annable e Anthony Stacchi no Telecine Premium. Na verdade gravei e vi depois. É do mesmo grupo que realizou Coraline que amei e esse não é diferente. Mas é muito angustiante e sombrio. Logo no início um bebê é levado por um boneco em uma caixa. Um homem horrível procura o nobre da cidade para avisar e pedir para destruir todos os boxtrolls para ganhar um chapéu branco da nobreza. O nobre aceita.

Passamos a conhecer então os fofos dos Boxtrolls e o menino que passa a viver com eles. Os boxtrolls são fofos demais e o menino cresce. É uma bela animação, mas muito triste. A trama se resolve e tudo fica bem, mas é angustiante até lá. Tecnicamente é muito bem realizada. Há uma brincadeira com dois personagens na hora do letreiro que é muito legal.

Beijos,
Pedrita

terça-feira, 25 de agosto de 2015

O Iluminado

Terminei de ler O Iluminado (1977) de Stephen King da Suma de Letras. Eu queria muito ler. Amei o filme de que comentei aqui. E fiquei com vontade de ler o livro. Uma vez achei uma edição em um sebo, mas estava muito judiada e não era uma bela edição. Como há muito texto nesse livro, era uma edição compactada com as letras meio emboladas. Não quis adquirir. Em uma dessas promoções de dia do livro, dia disso ou aquilo, adquiri com 50% de desconto essa linda edição. E que livro!

Obra Orpheus em Las Vegas (1984) de Jack Levine

Eu sempre me surpreendo com a capacidade de um autor de transformar toda a tensão através das letras. O tempo todo eu lia ansiosa, acelerada, com medo e angustiada. Como alguém consegue isso em palavras? Stephen King tem um texto inteligente, não-óbvio. E é uma obra de arte como o filme, mas bem diferente. Kubrick foi inteligente em criar toda a tensão que existe no livro. Jack Nicholson foi maravilhoso como Jack. Mas são obras bem diferentes. No filme eu tinha me surpreendido de ver que O Iluminado era o garoto e não o pai. No livro o protagonista é o garoto não o pai. Foi muito inteligente Kubrick focar no pai e não no garoto. Seria bem inviável ir pelo livro, as cenas com o menino são muito violentas, praticamente impossíveis de serem filmadas. Hoje a pressão para não traumatizar o ator, acho que seria praticamente impossível fazer o filme com o foco no garoto. Quero rever o filme agora, minha vizinha já disse que vai me emprestar.

Obra sem título (1962) de Sam Francis

O menino passa todo o tipo de violência. O livro mostra bem muito antes de irem ao hotel o pai já tinha quebrado o braço do garoto. Era um homem violento. Tinha perdido o emprego por espancar um aluno. A bebida tinha deixado de ser um problema quando vai trabalhar no hotel. Diferente do filme, o pai realmente escreve no hotel. O livro é praticamente o garoto que sofre todo o tipo de violência. É quase estrangulado por uma mulher gorda e nua. Arbustos no parque em formato de animais atacam. Se o diretor do filme escolhesse fazer algumas cenas, precisaria de efeitos especiais. Só conseguiria ficar bom se fosse muito bom no gênero. Kubrick foi muito inteligente em criar a tensão com um número menor de elementos. E a violência que o garoto sofre no hotel seria bem complicada de realizar e muito traumática para o ator.

Obra Wall Drawing #370 de Sol LeWitt

O hotel quer o garoto. A iluminação do garoto é tão potente que os mortos conseguem viver e aproveitar o hotel só com a energia que o garoto fornece. Então o hotel quer que o pai mate o menino no hotel para que eles possam viver livremente no hotel. Sem o menino, o hotel fica meio adormecido e só de vez em quando eles conseguem reviver e aproveitar o hotel. É muito genial toda a estrutura do livro. Mais genial ainda o quanto mostra as desestruturas familiares. A mãe teve vários problemas de auto-estima na infância com uma mãe opressora e agressora. Coincidentemente ela casa com um homem muito parecido com esse modelo agressor. Me surpreende também a compreensão de psicologia do autor.

Tanto os pintores, bem como o compositor são americanos como o escritor.


Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Casa, a morada das almas

Fui ver a exposição Casa, a morada das almas no Museu da Casa Brasileira. As fotos são de Zaida Siqueira. A mostra traz fotos e objetos que mostram como são construídas vários tipos de casas, taipas, arbo, pau a pique. Entre as fotos estão pedaços de paredes, para que possamos ver como eram montadas as casas. São 72 fotografias, além dos objetos. Fascinante.

Não é de hoje que o museu faz mostras com tipos de casas, eu falei de outra mostra sobre casas no museu aqui. Nós que estamos acostumados com as residências hoje, que vemos poucas variações de materiais, é muito bom uma exposição que mostre vários tipos de casas e construções. Hoje há um exagero de obras para ficar tudo perfeito, liso, e podemos ver casas que são perfeitas mas em outros conceitos. 

Elas são muito mais frescas que as casas atuais, mas não trazem paredes exageradamente retas, telhados lisos, em compensação trazem um conforto incrível. Eu tive oportunidade de conhecer algumas casas como as que estão fotogradas e são deliciosas de frescor e conforto. Algumas das casas que vi lembrei do cheiro delas, já que o barro traz um cheiro delicioso. Eu gosto muito desse conceito de conforto, da beleza mais rústica do que excessos de obras por raciocínios ilógicos de beleza atuais. Eu visitei a mostra Casa, a morada das almas no último dia.
Beijos,
Pedrita