A
Ematejoca me convidou a participar da blogagem sobre
Os Livros da Minha Infância. Como estava com posts tristes na seqüência, achei esse ideal para ser o post de
Natal do
Mata Hari e 007. Nada melhor para comemorar o
Natal com livros. E que todos dêem e ganhem muitos livros nesse
Natal. E caso estejam com pouca verba, lembrem-se que há muitas
bibliotecas gratuitas que podem fazer a felicidade e a magia de cada um. Ou encontrem parentes e amigos generosos em emprestar livros e desfrute-os, cuide e devolva-os intactos num breve espaço de tempo.
Obra
Le Chemin de Fer (1872-73) de
Edouard Manet
Mas vamos ao post: Minha mãe comprava bastante livros infantis. Nós viajávamos às vezes e em dias de chuva íamos comprar livros para passar o tempo. Eu sempre amei duas histórias e me emociono até hoje com elas:
O Patinho Feio e
Heidi. Tínhamos uma coleção que era vendida em bancas, com capa dura colorida, uma foto bonita e
Heidi era minha paixão. A escola foi a que mais atrapalhou esse processo. Aos 10 anos uma professora insana obrigou a classe a ler
Luzia Homem. Não imaginam o quando fiquei chocada com aquela história. Isso porque era um momento tão moralista, as pessoas tão cheias de pudores. Às vezes acho que ela nem sabia do que se tratava. Nesse período os livros para moças da minha avó fizeram bem mais efeito no meu imaginário com as lindas obras
Mulherzinhas e
O Sheik.
Mas foi
Agatha Christie a grande responsável pela minha paixão por livros. Minha mãe lia mais ou menos, não eram obras clássicas, mas assim que ela viu que devorávamos os livros da
Agatha Christie das prateleiras começou a nos presentear com vários nos aniversários e no
Natal. Nessa época li ainda
Pássaros Feridos,
Dom Casmurro, Corações de Vidro e algumas obras de
Richard Bach. E a biblioteca do colégio foi outra grande companheira. Foi um professor de matemática que indicou uma obra do
Lin Yutang. Aí surgiu uma vizinha, as encantadoras vizinhas, que sócia do
Clube do Livro era "obrigada" a comprar um livro por mês. Ela não era uma devoradora deles, nem entendia muito deles. Lia lá as propagandas da revista do
Círculo do Livro, que romanceava quase todas as sinopses e os comprava. Ela então deixou que eu pegasse livros ainda no celofane, que ela nunca veio ler depois de abertos e foi aí que as obras começaram a ficar mais clássicas. Dela que li
Ilusões Perdidas do
Balzac. Nessa época que uma dessas coleções de banca enviou um catálogo com muitos livros a preço de banana. Como se fossem de R$ 1,00 a R$ 5,00 de hoje. E pedi inúmeros, sem nem saber o que pedia, escolhi no escuro. Vieram então:
Relações Perigosas do
Choderlos de Laclos,
Vermelho e Negro de
Stendhal. Foi nessa época também que minha mãe me presenteou com
As Brumas de Avalon que devorei.
Passada a adolescência, fiquei muito tempo sem poder comprar livros, que dirá na velocidade que precisava lê-los e foram as bibliotecas os lugares mais mágicos para liberar minhas fantasias. Era sócia de
6 bibliotecas na época. A que gostava mais era a do
Sesi no prédio da
Fiesp na Avenida Paulista, porque era a que tinha livros mais recentes. Bibliotecas muitas vezes trazem livros mais antigos e daqueles que todo mundo já leu. Essa não era assim. Li que hoje não está mais lá. Bastava levar uma conta de luz, era possível ligar para atrasar a data da devolução, desde que não fossem livros com lista de espera. Então eu evitava livros indicados para vestibulares e conseguia esticar se necessário o tempo de leitura. Foi lá que descobri
Italo Calvino, que li a biografia do
Freud por
Peter Gay, que li muito
Saramago. Toda essa peregrinação fez eu achar um livro um dos melhores presentes para dar e ganhar em qualquer data. Foi nessa época que comecei a anotar listas e listas de livros que precisamos ler na vida, inclusive uma extensa do
Paulo Francis e comecei a nortear melhor minhas leituras.
Hoje consigo comprar livros com mais regularidade. Com minha irmã também, fazemos um bom intercâmbio de leituras. O
Submarino foi um bom companheiro e o
Sebo Alternativa no centro de São Paulo. Não chega a ser um dos sebos mais bem equipados, mas tem colaborado muito nas minhas aquisições. Recentemente somei ao
Submarino a
Fnac que traz às vezes preços incríveis. Minhas listas de livros que me aconselham a ler aumentaram consideravelmente. Eu e minha irmã passamos a ler os autores que ganharam no
Nobel e o
Paisagens da Crítica me traz inúmeras sugestões de Literatura Contemporânea.
Desejo a todos vocês um Natal com uma árvore recheada de livros ou ao menos de sonhos. Não esqueçam que as bibliotecas gratuitas podem rechear esses sonhos com muita imaginação.
Ah, esqueci, preciso indicar pessoas pra participar. Fiquem a vontade se desejarem declinar o convite:
Paisagens da Crítica
Marion
Pensieri
Saia Justa
O Tempo Redescoberto
Por entre letras - ele está de férias, deverá demorar para escrever, mas acho que vai gostar da brincadeira. -
já respondeu
Beijos,
Pedrita