Também foi o ano de Nise - O Coração da Loucura onde uma psiquiatra concursada não consegue solicitar choques aos pacientes, nem lobotomia e aceita a função de terapia ocupacional que era a que sobrou para não perder o trabalho. No hospital ela começa a modificar o tratamento aos doentes com escárnio de boa parte da classe médica que hoje nem é lembrada e ela é tão cultuada. Até chegar a pintura e ser reconhecida mundialmente pelo seu trabalho. O próprio Jung trocou correspondências com ela trocando informações. Em uma entrevista o diretor comentou que achavam o filme muito local para circular pelo mundo. Estranho que Jung não achou o trabalho de Nise local, mas os avaliadores mundiais de cinema sim.
O último filme no cinema foi o maravilhoso Deserto de Guilherme Weber com a incrível Magali Biff. Que filme! Vem arrebatando prêmios por onde passa.
Em teatro As Benevolentes - Uma Anatomia do Mal foi muito, mas muito impressionante! Thiago Fragoso visceral, que grande ator. Direção de Ulisses Cruz, iluminação de Caetano Vilela, texto de Jonathan Litell. Que espetáculo! Arrebatou alguns prêmios durante o ano.
Também incrível a Sinal de Vida com texto de Lauro César Muniz com Beto Bellini no papel principal. A peça mistura um pouco ficção e realidade, com fatos da vida do escritor e o triste episódio da ditadura. Que bela montagem!
Foi o ano de espetáculos infantis muito impactantes. Como O Inimigo da República Ativa de Teatro com texto incrível do Davide Cali que mostra o quanto somos tão iguais. Em época de tanta polaridade, ver essa peça tornou-se fundamental.
E o genial Nosferatu do Maravilhoso Teatro Ambulante da Academia de Palhaços. Adoro o filme do Murnau e essa montagem foi inteligente, engraçada e excelente!
Em literatura não foram muitos livros. Acabei pegando livros extensos para ler e não foram em grande número. Mas eu acho que leitura é prazer, então não é quantidade nem agilidade que fazem uma obra ser incrivelmente desfrutada. Foram obras incríveis, mas poucas. Em geral eu alterno livros mais finos, entre os grossos, amo livros grandes, mas alguns que escolhi pareciam finos, como o maravilhoso Dôra Doralina de Rachel de Queiroz. A edição tinha letra muito, mas muito pequena, que pegava quase toda a extensão da página. Sem dúvida o melhor livro de 2016.
Outro incrível e que não parecia tão extenso foi 12 Anos de Escravidão. Conta a trágica história de Solomon Northup sequestrado de sua família e vendido como escravo nos Estados Unidos. Que livro doloroso!
Em novela foi o ano da incrível Liberdade Liberdade. Que produção, elenco, direção de arte e que roteiro. Mesmo sendo de época foi muito inovadora, com texto ácido. Maravilhosa!
Em exposição, foi o ano de Mondrian e o Movimento de Stijl no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo. Que exposição!
Em época de crise econômica a tv a cabo é uma grande companheira. Foi o ano de ver grandes séries como Westworld que me deixou muito impactada.
Concomitantemente a incrível segunda temporada de Magnífica 70 que eu achei que seria difícil ser tão incrível como a primeira e conseguiram subverter tanto e ser tão sensacional.
E a série que foi quase unânime em apreço, Justiça, que mesmo com algumas impossibilidades foi majestosa com interpretações e roteiros destroçantes.
Foram muitos eventos musicais incríveis como o recital com Emmanuelle Baldini e Dana Radu na Biblioteca Mário de Andrade.
Destaque também para o Duo Flutuart com as execuções de obras de Patápio Silva e para a pianista Eliana Monteiro da Silva que interpretou obras de compositoras brasileiras como Eunice Katunda e Nilcéia Baroncelli.
E a do Quarteto Camargo Guarnieri interpretando Dvorak e Borodin.
E fechei o ano com chave de ouro vendo A Hora e a Vez de Augusto Matraga. Incrível filme! Apesar que eu deva ver mais algum por esses dias.
Eu adorei o BBB16 desse ano, principalmente até a saída da Ana Paula. Foi demais! Confesso que não estou apostando nada na escolha do Thiago Leifert, confesso que nem me agradou. Pedro Bial sempre foi respeitoso com todos os participantes, vai ser difícil alguém substituí-lo com qualidade. Talvez o Otaviano Costa me agradaria.
E foi o ano das Olimpíadas e das Paralimpíadas Rio 2016. Confesso que tinha muito receio que tudo saísse de acordo, mas foi emocionante e lindo. E teve um carinho especial porque vários amigos foram voluntários. A Patry do blog Marion foi uma delas e fez lindos relatos.
Um Bom 2017 pra todos!
Pedrita