sábado, 6 de janeiro de 2018

Entre Irmãs

Assisti Entre Irmãs (2017) de Breno Silveira na TV Globo. Eu queria muito no cinema, com a Patry inclusive do blog Marion e Sua Vida, porque ela, como eu, é fã da Marjorie Estiano. e eu adoro o Breno Silveira. Mas o filme só estava em um único cinema e uma única sessão, às 22h. Piorou sensivelmente a possibilidade de ver filmes brasileiros nos cinemas nos últimos anos. Como os cinemas resolveram a questão das cotas com comédias que dão bilheteria, ficam só nesse gênero. Então 99% dos filmes brasileiros lançados no ano ficam praticamente secretos. Já passou da hora de mudarmos isso. Eu quero poder ver os filmes que são lançados em vários horários e em várias salas de cinema. Nem estou dizendo que precisam ser salas demais e horários demais, mas os filmes precisam ser melhor distribuídos. Nem no Projeta Brasil entrou, foi o primeiro filme que procurei na lista. Ficam falando que Entre Irmãs foi um fracasso de bilheteria, mas um filme que ninguém consegue ver não poderia ter resultado diferente. Entre Irmãs na verdade foi um fracasso de distribuição. Por sorte a TV Globo colocou como série, dividindo em capítulos e pude ver essa maravilha! É baseado no livro O Cangaceiro e a Costureira de Frances de Pontes Feebles que quero muito ler.

O filme conta a história de duas irmãs que vivem no sertão nordestino. Elas são órfãs, vivem com a tia, e as três são costureiras. Vivem costurando na casa de um coronel da região. Os cangaceiros aparecem e levam uma irmã. A tia fica doente e inconsolável até morrer. Amo a Marjorie Estiano que está maravilhosa, mas que belíssima interpretação também da Nanda Costa e que personagem denso. A tia é interpretada por outra grande atriz, a Cyria Coentro.

Por sorte a outra irmã que fica sozinha recebe um convite de casamento de um rapaz da alta sociedade de Recife. O rapaz é interpretado pelo Romulo Estrela que também está ótimo. Igualmente adoro esse ator.

Muito interessante colocar que a que se realiza no amor é a que entra pro cangaço e tem um romance e casamento com o líder do bando interpretado brilhantemente por Júlio Machado. A sonhadora, que queria um príncipe e conseguiu, descobriu logo que tudo era ilusão.

O elenco é todo incrível: Letícia Colin, Claudio Jaborandhy, Fábio Lago, Ângelo Antonio e Rita Assemany. E que fotografia maravilhosa de Leonardo Ferreira! Amei Entre Irmãs, inesquecível! 

Beijos,
Pedrita

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Outros Jeitos de Usar a Boca de Rupi Kaur

Terminei de ler Outros Jeitos de Usar a Boca (2015) de Rupi Kaur da Planeta. Ganhei esse livro de poemas. O nome original é Milk and Honey. Confesso que achei estranho alguém me presentear com ele, mas fui ler sobre a autora e me surpreendi e depois com os seus poemas. Rupi Kaur nasceu na Índia, mas aos 5 anos foi para o Canadá.

Obra Papoulas de Helen Lucas

Rupi Kaur é feminista e me surpreendi com os poemas sobre relacionamento no Canadá, não tinha ideia que o machismo no país é muito parecido com o brasileiro. As ilustrações, também da autora, são simples e fortes. Na primeira parte, A Dor, Rupi Kaur fala sobre a invasão de corpos sem autorização. É o capítulo mais impactante a forma como ela fala de estupro, assédio. Com poucas palavras e com tanta força:

Trecho: "o estupro 
vai te rasgar 
ao meio

mas
não vai ser
o seu fim"

E os menos óbvios cheios de significados que muitas vezes só mulheres conseguem ler nas entrelinhas:

"quando minha mãe abre a boca
para conversar durante o jantar
meu pai enfia a palavra silêncio
nos seus lábios e diz que ela
nunca deve falar com a boca cheia
foi assim que as mulheres da minha família
aprenderam a viver de boca fechada"
Obra de Barbara Kruger

Depois vem o capítulo Do Amor onde a autora fala muito de submissão e da posse ao corpo da mulher. O que interessa é o corpo. É onde surge o poema que traz o nome do livro no Brasil:

"você fala demais
ele sussurra no meu ouvido
conheço jeitos melhores de usar essa boca"

Após o amor vem A Ruptura e por último A Cura quando a autora fala de auto-estima, de ser feliz consigo mesma de amar como é. Fala de temas muito do universo feminino como pelos, menstruação, padrões de beleza:

"você
é a sua própria
alma gêmea"

Outros Jeitos de Usar a Boca de Rupi Kaur esteve em primeiro lugar na lista de mais vendidos do The New York Times. Gostei muito da forma como a autora coloca as palavras, pela força de dizer o simples de forma tão direta. O livro que ganhei está na 14ª edição. 



Beijos,
Pedrita

domingo, 31 de dezembro de 2017

Rainha do Katwe

Assisti Rainha de Katwe (2016) de Mira Nair da Disney no TelecinePlay. Faz tempo que esse filme está disponível no Now. É lindo demais e baseado na história de Phiona Mutesi, uma jovem de uma família miserável que vivia em Katwe na Uganda.

Ela descobre um lugar onde dão mingau. As crianças reclamam que ela fede. Ela toma banho, na verdade tudo é difícil demais. Eles buscam água muito longe, então se lava em baldes. Ela mora com a mãe em uma das favelas superpopulosas de Katwe. A mãe tem muitos filhos, precisam pular o córrego para chegar as ruas. Ela e os irmãos pegam legumes de caminhões, milho principalmente e vão vender para os carros nas ruas. São inúmeras crianças vendendo o mesmo, em uma disputa desequilibrada. Gente demais, interesse de menos. Passam fome, miséria. Não há direito a saúde, tudo é pago. Precisam largar a escola para poder vender pra comprar comida. Phiona passa a aprender xadrez como as outras crianças e mesmo sem saber ler, passa a se destacar. Esse lugar, a dos Pioneiros, é um grupo mantido por missionários.
Por esforço do líder dos Pioneiros, Phiona passa a ir com as outras crianças a disputar torneios de xadrez. Primeiro em uma escola paga. Há uma enorme dificuldade do líder dos Pioneiros em conseguir que o diretor da escola aceite as crianças da favela no concurso. Ele não quer misturar seus alunos negros bem nascidos, que pagam muito caro a escola, com as crianças "pobres e sujas" como ele diz. Com muito esforço aceita as crianças de Katwe e Phiona é campeã. E assim começam as disputas. É um filme muito emocionante, de muita luta, sacrifício. Nada é fácil, Phiona desiste algumas vezes porque sua mãe precisa de ajuda, porque são despejadas e vão morar nas ruas. Tudo é difícil demais. 
A primeira foto é do filme, a segunda, Phiona é a de blusa verde. Phiona é interpretada brilhantemente por Madina Nalwanga. Sua mãe pela Lupita Nyong´o. O instrutor por David Oyelowo. A esposa do treinador por Esther Tebandeke. No final aparecem lado a lado os atores e quem eles representaram. É muito emocionante o filme, mas muito triste ver tanta miséria. Sim, no Brasil é horrível também, mas Katwe consegue ser pior. Aqui mesmo com a saúde muito precária, é gratuita para todos. Horrível também, mas alguns pobres conseguem auxílio médico e remédios. Em Katwe nenhum pobre tem acesso a saúde.

Beijos,
Pedrita