sábado, 11 de agosto de 2007

Código Da Vinci

Assisti Código Da Vinci (2006) de Ron Howard na HBO. Nunca me interessei pelo livro. Não gosto de oportunismos comerciais. O autor de Código Da Vinci pega uma série de suposições sobre a vida de Cristo e claro que polêmicas pra vender, coloca tudo junto numa maçaroca, insere um suspense e pronto, ganha uma fortuna. Adoro os livros do Umberto Eco, um historiador que coloca fatos em seus livros densos, mas ele não vende, porque ele não é oportunista, ele é um historiador e escritor. E ele quase ninguém lê, porque os textos dele não são fáceis, são densos, principalmente pelo detalhismo histórico. Então fico com as obras dele e não me interesso por esses alpinistas que usam a cultura para fazer fortuna, usurpando da história, escrevendo superficialmente para vender. Minha irmã ganhou o livro e leu e disse que realmente o texto é superficial. É um bom livro de suspense e nada mais. Mas eu não tenho vontade de ler o livro.

Mas ver o filme que passa na TV a cabo eu vejo. Não quis dar bilheteria pra essa farsa, mas ver na TV, eu vejo.

Infelizmente o filme Código Da Vinci é bem ruinzinho. Entendi agora porque o diretor Ron Howard foi indicado ao Franboesa de Ouro. Eu adoro o Tom Hanks e a Audrey Tautou, mas os dois estão canastrões demais. Veja os olhares deles nessa foto. É assim o filme todo. Fora que acabaram com o cabelo dos dois. Há uma cena que a Audrey Tautou está com uma arma na mão que é de chorar. Não entendo porque o diretor não repetiu ao cansaço para ficar melhor.
Um livro de tanto sucesso poderia pelo menos ter um bom filme blockbuster. Outra cena patética é quando a personagem da Audrey Tautou anda de ré em alta velocidade por ruazinhas. Bem filminho de ação vagabundo.

De qualquer forma, Código Da Vinci traz aquele amontoado de teorias e suposições sobre a vida de Cristo tudo junto, que poderia ter resultado em um bom filme de suspense. Fala muito do Santo Graal, que o Wally deve um dia explicar no seu blog Camelot or What?. O duro é a explicação que o filme dá. Bem forçadinha. Espero que ele comente a versão do filme no post sobre o assunto.

O elenco é bom, alguns atores são: os ótimos Jean Renó, Ian McKellen e Alfred Molina.


São patéticas as cenas com o personagem do Paul Bettany. Logo no início, quando ele tira a roupa, tem a corrente na perna e está com marcas de chicote, imaginei que ele é daqueles religiosos que se auto flagelam. Mostrar um pouco pra quem não entendeu vá lá. Mas é apelativa o tempo que fica mostrando ele se auto flagelar. Ridículo. Esperando o sangue escorrer. Digno de filme de terror.
Código Da Vinci é o típico filme de um diretor medíocre que não consegue nem ganhar dinheiro com o sucesso milionário de um livro oportunista.


Beijos,


Pedrita

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Deu a Louca na Chapeuzinho

Assisti Deu a Louca na Chapeuzinho (2005) de Cory Edwards no Telecine Premium. Amei, nunca ri tanto, me diverti demais, é um roteiro baseado na história de Todd Edwards e Cory Edwards e muito inteligente. O 007 também adorou. O Marcelo Janot, como eu, também queria muito ver Deu a Louca na Chapeuzinho, espero que ele tenha conseguido ver porque eu me diverti muito.
Começa com a clássica história da Chapeuzinho. Ela chegando na casa da vovó e lá está o lobo fingindo ser a vovó. Aí a polícia chega e começa o inquérito. Muito, mas muito divertido. Cada um conta a sua versão, começando a história tudo de novo, mas cada vez com o olhar do outro.

Nossa Chapeuzinho é muito cínica. Seus olhares são deliciosos. Ela não aguenta burrices. É muito engraçado quando o investigador de polícia acha o cúmulo o nome Chapeuzinho e quer saber de onde veio e a Chapeuzinho fala que o dele também deve ter alguma origem e ele, em pensamento, lembra da origem, muito, mas muito divertido.
Vou falar detalhes do filme: Adorei também nossa Vovozinha ser campeã em esportes radicais. Ela tem muitos, mas muitos prêmios. Adorei ainda quando a Chapeuzinho e a Vovó começam a lavar roupa suja na delegacia e todos começam a sair de fininho. A voz da Vovó é feita pela Glenn Close.

Também é muito divertido o alemão que vende espetinhos dançando com seus fregueses. O 007 pediu pra avisar que o personagem preferido dele é o esquilo que ajuda o policial e é todo acelerado. Realmente é muito divertido.
A explicação do mistério é meio boba. Tentaram ser muito surpreendentes e o desfecho é meio bobo. Mas é tão divertido tudo, que isso fica apenas um detalhe.



Beijos,

Pedrita

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Shalimar, o equilibrista

Terminei de ler Shalimar, o equilibrista (2005) de Salman Rushdie, da Companhia das Letras. Eu adoro esse autor e queria muito ler esse livro. Há uns anos teve uma oferta no Submarino e não resisti. Ficou lá aguardando o dia de lê-lo. É simplesmente maravilhoso!


Todas as telas são de Dina Nath Walli, pintor indiano de Caxemira.
No início um embaixador é assassinado. Logo depois começamos em uma cidade, Caxemira, que fica entre a Índia e o Paquistão. Uma pacata cidade onde nasce Shalimar.

Vou falar detelhes do livro: Aos poucos vamos unindo as pontas e conhecendo também o início da história do Embaixador. Ele é de Estrasburgo, também uma região que teve interferência na guerra e mudou de domínio. Max queria fugir com seus pais, mas eles pediram para esperar. Depois dele conseguir sair do país, ele entra no mundo clandestino e igualmente como Shalimar, passa ,em nome de seu grupo, a resistência, a matar.

Shalimar, o equilibrista é um livro irônico, sobre conflitos do mundo todo. Também traz outra ironia. Apesar de Shalimar se tornar um terrorista, seu crime é passional. Ele matou o embaixador porque este lhe roubou a mulher. É um livro ambígüo. Como Salman Rushdie foi jurado de morte e viveu fugido, alguns de seus personagens passam o livro todo jurados de morte. O calculismo frio de Shalimar é intensificado porque ele se torna um terrorista só para passar o tempo, já que precisa esperar seus sogros falecerem para poder cumprir seu juramento de matar sua mulher e o embaixador. Ele jurara aos sogros que não os mataria, mas fizera outro juramento que os mataria. Para poder cumprir os dois juramentos, decidiu que cumpriria o primeiro enquanto os sogros fossem vivos e depois cumpria o segundo.


Também é muito triste a destruição de Caxemira e as regras impostas pelos muçulmanos. Caxemira era uma cidade pacata e alegre. Shalimar, o equilibrista vivia com uma trupe, sua mulher era a dançarina. Eles faziam apresentações. Com as novas regras, as mulheres eram obrigadas a usar a burca e a seguir os ditames muçulmanos. Algumas cidades como Caxemira resistiram e foram exterminadas.

Shalimar, o equilibrista mostra muito os conflitos que trouxeram muita intolerância a aqueles povos. Mas o mais estranho é o paralelo que Salman Rushdie faz como Ocidente que não é menos violento e opressor. Claro que fica difícil compreender na sua profundidade os conflitos nessa região de Caxemira, mas adorei por Shalimar, o equilibrista elucidar um pouco o momento em que a intolerância e as burcas, entre outras insanas regras, chegaram na região.
Shalimar, o equilibrista é um livro maravilhoso! Gosto muito do estilo narrativo de Salman Rushdie, seus parágrafos longos e ambígüos, a profundidade de seus racioncínios. Sou fascinada por esse autor.


Anotei alguns belíssimos trechos de Shalimar, o equilibrista, alguns são dos capítulos finais do livro, mas falam principalmente de momentos históricos na região de Caxemira:
“Haviam enterrado os maridos com quem passaram quarenta ou mesmo cinqüenta anos de vida desconsiderada. Curvadas, fracas, sem expressão, as velhas lamentavam os destinos misteriosos que haviam feito dar ali, afastadas, do outro lado do mundo, de seus pontos de origem. Falavam línguas estranhas que podiam ser georgiano, croata, uzbeque. Os maridos lhes falharam ao morrer. Eram pilares que desmoronaram, haviam pedido que confiassem neles e trazido as esposas para longe de tudo que lhes era conhecido, para essa terra-lótus sem sombra, cheia de gente obscenamente jovem, essa Califórnia cujo corpo era o templo e cuja ignorância era a felicidade, e depois tinham se mostrado indignos de confiança, soçobrando num campo de golfe ou caindo de cara numa tigela de sopa de macarrão, revelando assim a suas viúvas nesse último estágio de suas vidas, o quanto eram pouco confiáveis a vida geral e os maridos em particular.”

“Os fanáticos matam nosso cavalheiros e o Exército envergonha nossas damas.” Fuzilamentos, enforcamentos, esfaqueamentos, decapitações e bombas. “Este é o islã deles. Querem que a gente esqueça, mas nós lembramos.” Enquanto isso, o Exército usava o ataque sexual para desmoralizar a população. Em Kunan Poshpora, vinte e três mulheres tinham sido estupradas por soldados sob a mira de armas. A violação sistemática de meninas por unidades inteiras do Exército indiano estava se transformando em lugar-comum, as meninas levadas a acampamentos do Exército nuas, amarradas a árvores, os seios cortados com facas.

“De joelhos, Bombur Yambarzal foi condenado à morte em sua própria casa e disseram a sua mulher que, se os aldeões não parassem com esse comportamento pouco religioso e adotassem os modos sagrados, dentro de uma semana os militantes voltariam para executar a sentença. Naquele momento, Bombur Yambarzal, com um revólver na testa e uma faca na garganta, perdeu para sempre a visão, literalmente cego de terror. Depois disso, as mulheres não tiveram escolha senão usar burcas.”

Beijos,


Pedrita

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Chicken Little


Assisti Chicken Little (2005) de Mark Dindal no HBO. Eu adoro animações e tinha querido muito ver esse no cinema. É uma graça, mas bem pra criança, principalmente pequena. Me diverti, o desenho é muito bem feito e o roteiro baseado na história de Robert L. Baird e Dan Gerson é bonitinho.

Gosto atualmente das construções dos desenhos. Quem é nosso narrador é o próprio Chicken Little, ele não sabe como começar a contar a sua história e faz várias referências a filmes de sucesso como o Rei Leão. Uma graça.

Até que realmente ele começa a contar a sua história. Um belo dia ele toca o sino da igreja, todo mundo da cidade aparece e ele diz que caiu um pedaço do céu. Tenta mostrar, ninguém vê, ele fica desmoralizado e vira chacota na cidade. Um ano depois fazem até filme com o episódio, ele é maltratado na escola e ridicularizado na escola.

Fiquei muito triste de como o pai lida com a situação. Ele cria sozinho o Chicken Little. Em vez de ajudar o filho, ele fica se desculpando com a cidade, mentindo para encobrir o filho. E não o apoia nas dificuldades que Chicken Little encontra. O pai tem vergonha do filho. Dói muito ver o pai praticamente ignorar as dificuldades do filho de convivência na escola depois do que aconteceu um ano antes.

São na verdade os amigos do Chicken Little que o ajudam, eles também são excluídos na escola por serem diferentes.
Vou falar detalhes de Chicken Little: No final a cidade faze um filme com o sucesso do episódio. É engraçado quando o Chicken Little pergunta ao pai se serão fiéis ao que aconteceu e o pai diz: Ah, mas é Hollywood. E é uma delícia o filme que fazem do sucesso do Chicken Little. Transformam o Chicken Little em um galã adulto, tem uma mocinha. Mas o mais divertido é ouvir a platéia dizer que foram muito fiéis aos fatos, hilário.

Tecnicamente Chicken Little é muito bem feitinho e bonitinho. Chicken Little é da Walt Disney e os efeitos especiais são feitos pela Industrial Light & Magic.


Beijos,

Pedrita

domingo, 5 de agosto de 2007

Alguns livros da minha vida

A Andrea me convocou a participar dessa deliciosa incumbência. Indicar cinco livros. Não é uma tarefa fácil, eu indicaria muitos outros, mas vou escolher alguns especiais para cumprir esse ótimo pedido. Estou curiosa porque sei que algumas amigas devem fazer a lista também em breve. Algumas que já fizeram, eu já anotei algumas indicações que me interessaram.



A Misteriosa Chama da Rainha Loana de Umberto Eco

Eu simplesmente amei esse livro. Já adorava esse autor, mas foi muito surpreendente as descobertas da obra. Fala muito da memória, do saber ou não sobre o nosso passado, é ambigüo, complexo e simplesmente magnífico.

Trecho: "Era como se acordasse de um longo sono, e no entanto estava ainda suspenso em um cinza leitoso. Era um estranho sonho, desprovido de imagens, povoado por sons. Como se não visse, mas ouvisse vozes que me contavam o que devia ver. E contavam que eu ainda não via nada, exceto um fumegar ao longo dos canais, onde a paisagem se dissolvia."




Rumo ao Farol de Virgínia Woolf.

Li há muitos anos. Peguei emprestado de uma biblioteca, nem tinha saído o dessa coleção da Folha. Nem lembro de que biblioteca era, já que era sócia gratuitamente de várias e pegava em várias. Nessa época eu não tinha dinheiro para comprar livros, nem em sebos, e as bibliotecas foram minhas companheiras. Não cobravam nada e tinham ótimos acervos.

Amo essa escritora e dela essa obra foi a que mais me marcou. Uma viagem de uma família. Maravilhoso! Não sei em que agenda anotei trechos, vou pegar alguns na matéria sobre o livro no site da Folha.

Trecho: "Essas palavras trouxeram uma extraordinária alegria a seu filho, como se a excursão já estivesse definitivamente marcada. Após a escuridão de uma noite e a travessia de um dia, o desejo - por tantos anos aspirado - era agora tangível. "

Baú de Ossos de Pedro Nava

Foi minha irmã que me apresentou esse autor e me emprestou esse livro. Ela tem a continuação, mas ainda não li. Pedro Nava relata as origens de sua família. Começa com a chegada de seus familiares no Maranhão. Até que as gerações chegam ao seu nascimento em Minas Gerais. Toda a vivência rural e hábitos alimentares lembraram muito minha infância, apesar de minha origem não ser de Minas Gerais.

Trecho: "Cada açúcar no seu lugar, cada açúcar na sua hora. É por isto erro rudimentar querer classificar os açúcares em superiores, inferiores, de primeira, de Segunda. Esse é o critério de quem os vende e não de quem os degusta. Só se pode fazer melado, com rapadura. Só com ela se tempera café forte e autêntico. Só se pulveriza doce seco com o cristalizado. Só com o mulatinho se obtém o bom café-com-leite-de-açúcar-queimado. Para doce de coco, baba-de-moça e quindim - o refinado. Para o de mamão verde, idem. Idem, ainda, para a cocada branca seca ao sol e para a cocada em fita. Para as cocadas raladas de tabuleiro e de rua -açúcar preto. E assim por diante..."

A Montanha Mágica de Thomas Mann

Esse livro ficou muitos anos como um mistério para mim. Minha mãe comprou-o daquela coleção do Círculo do Livro, tinha que comprar um livro por mês ao menos e comporu pelo que ela leu na revista. Ela não tinha o hábito e ler e conhecer grandes clássicos. Eu comecei a tentar lê-lo aos 17 anos. Parei várias vezes, recomeçava e sempre parava pela página 30. Alguns anos depois é que descobri a maravilha que essa obra que é. Os debates entre o jesuíta, o ateu e o indeciso são umas das grandes preciosidades que já li na vida. Cada um defendia muito bem as suas crenças ou descrenças, que eu ficava confusa das convicções que tinha a cada momento. Maravilhoso!
Trecho: "Que era, então, a vida? Era calor, o calor produzido pela instabilidade preservadora da forma; era uma febre da matéria, que acompanhava o processo incessante decomposição e reconstituição de moléculas de albumina, insubsistentes pela complicação e pela engenhosidade."

Os Irmãos Karamazov de Fyodor Dostoyevsky

Foi uma decisão difícil porque gosto imensamente de outra obra desse autor, mas amei esse livro e não poderia deixar de mencioná-lo. Eu comprei de uma coleção que saía nas bancas há muitos anos, em dois volumes e foi uma descoberta fascinante. Não tenho trechos anotados, talvez em alguma agenda, como anotava no passado, mas não lembro o ano. Vou colocar um trecho que achei na internet.
Trecho: "É preciso notar, no entanto, que, se Deus existe, se criou verdadeiramente a terra, fê-la, como se sabe, segundo a geometria de Euclides, e não deu ao espírito humano senão a noção das três dimensões do espaço."

Bom, agora tenho que escolher cinco blogueiros para participar também e indicar bons livros. Espero que todos participem porque tenho uma curiosidade enorme de ver suas indicações e de conhecer novas obras. São eles:



Poemas, Poesias e Elegias



Beijos,
Pedrita