Assisti The Whole Truth (2021) de Wisit Sasanatieng na Netflix. Que filme impressionante! No começo achei até que seria só sobre fantasminhas, mas é tão, mas tão profundo que fiquei em estado de choque, até hoje ainda estou pensando no filme que fala de famílias muito, mas muito disfuncionais. O nome original é fundamental, o no Brasil, Segredo das Paredes tira toda a potência do filme. O tempo todo os personagens falam que nem sempre a verdade aparece, que nem sempre o que aparece é realmente aconteceu de fato. Eu costumo dizer isso que entre quatro paredes, é muitas vezes a palavra de um contra a do outro, que só quem estava lá é que sabe realmente o que aconteceu. O excelente roteiro é de Abishek J. Bajaj.
Uma mãe muito trabalhadora é promovida, trabalha até tarde, sofre um acidente e fica em coma. Do nada aparecem um avô e uma avó que os filhos não conheciam, que nunca tinham ouvido falar. Tinha momentos que eu achava que algum deles era um fantasminha.
O avô avisa que a avó está com demência, que tinha momentos que ela perdia a lucidez, que os netos precisavam ter paciência com ela. Os netos começam a ver um buraco na parede que só eles veem. A construção do filme é muito interessante, e o desfecho assustador. No elenco: Sutatta Udomsilp, Mac Nattapat Nimjirawat, Sompob Benjathikul, Tarika Tidatid e
Assisti Alice dos Anjos (2021) de Daniel Leite Almeida no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro no Canal Brasil. O canal colocou na programação vários filmes que concorriam ao prêmio que já teve o seu resultado. Alice dos Anjos ganhou merecidamente alguns: Melhor Longa por Júri Popular, Melhor Direção, Melhor Direção de Arte, Melhor Caracterização Maquiagem e Figurino e Melhor Longa Metragem segundo júri da Abraccine.
Alice dos Anjos é um musical em uma versão de Alice no País das Maravilhas no sertão. Foi filmado em Vitória da Conquista e representa o cinema baiano. Linda demais a atriz que faz a Alice, Tiffanie Costa. O coelho é um bode (Fernando Alves Pinto), o gato é um calango (Cristiano Martins), a rainha é a rainha do cangaço (Vicka Matos), há o coronel (Ricardo Fraga) e o índio (Pajé Aripuanã).
É uma graça, as canções são lindas e ácido. A esposa (Thiana Barbosa) do coronel tem um altar onde ela reza pra Pedro Álvares Cabral e Cristovão Colombo pra que devolvam as "suas" terras. São muitos personagens e atores: Fernando Leandro dos Santos, Priscila Amaral, Rebeca S. Reis, Ana Carolina Medrado, Jomir Gomes, Alan Miranda, Ailton Trindade Lopes, Antony Soares, Dayse Maria, Rerbert e Webert Viana, Monica Gedione, Eloá Santiago e Cristina Evangelista.
Terminei de ler Minha História (2018) por Michelle Obama da Objetiva. Comprei esse livro na Feira de Livros da Unesp. Queria muito ler!
Michelle conta a sua história desde a infância. Ela viveu com a família em um andar de cima da casa da tia avó em Chicago. Os pais sempre incentivaram os filhos a estudar. A tia avó era pianista e lecionava, os dois irmãos estudaram piano. O irmão de Michelle é muito extrovertido, tinha sempre muitos amigos, jogava basquete. Michelle sempre foi mais introspectiva. Ela escolheu ser advogada, e fez faculdade em Princeton e em Harvard. Após a faculdade foi trabalhar em um escritório de advocacia em Chicago e precisou contratar um estagiário que era o Obama. Pela trajetória intelectual de Michelle, confesso que estranhei ela assumir o sobrenome do marido, mesmo ele vindo a ser o presidente dos Estados Unidos. Os dois gostavam muito de ler, ir a eventos culturais. Quero agora ler a biografia do Obama.
Os dois são muito diferentes em temperamento. Obama é muito ativo, tem inúmeras atividades, Michelle sempre gostou da vida mais organizada. Obama logo já escrevia um livro, viajava muito e passou a se candidatar e ser político. Após o escritório de advocacia, Michelle sentia necessidade de um trabalho menos burocrático, mas não tinha ideia do que queria e foi fazendo entrevistas, até ser contratada em uma prefeitura para atuar em projetos sociais ligados a capacitação de jovens de bairros com menor oportunidade em Chicago. Depois foi diretora de um departamento semelhante na Universidade de Chicago. Quando Obama foi eleito senador e viver em Washington, Michelle quis continuar seu trabalho em Chicago. Ela sempre se diferenciou das esposas de políticos. Só mudou efetivamente pra Washington quando Obama foi eleito presidente e foram viver na Casa Branca.
Obama e Michelle na posse com suas duas filhas Mayla e Sasha - Foto de Chuck Kennedy
Michelle queria um trabalho como Primeira Dama com suas características. Quando ela e Obama trabalhavam muito em Chicago uma de suas filhas tinha tido alterações no peso por alimentação irregular, muito delivery, e ela contratou um especialista em alimentação saudável. Eu já achei estranho quando ela relata que na infância as amigas iam bastante na casa dela e a mãe servia pra elas no chão sanduíches de almoço. Vários estudos já mostram que a alimentação do brasileiro baseada em arroz e feijão é muito saudável, infelizmente o arroz a R$ 25,00 tornou-se inviável pra muitas famílias que vem recorrendo a salgadinhos em pacotes enormes a R$ 3,00, que não precisam de gás pra ser cozido, que está caríssimo, em macarrão instantâneo e refrigerantes por ser barato. Esses alimentos tem subsídios e redução de impostos, diferente do arroz com feijão. Com a fome no Brasil aumentou a obesidade por esses alimentos baratos e não-saudáveis e consequentemente a subnutrição. As crianças pobres estão gordas e desnutridas. Michelle percebeu a importância de ampliar o que aprendeu para o país quando foi Primeira-Dama. Primeiro plantou uma horta na Casa Branca com crianças de escolas públicas depois todos fazendo as refeições por lá. Ela sempre achou importante levar estudantes pra Casa Branca. Também fez reuniões com produtores de alimentos para que reduzissem custos de hortifrutis e buscando uma conscientização da indústria para reduzir a quantidade de sódio e carboidratos nos produtos industrializados. Michelle mostrou a importância de reduzir o custo de alimentação saudável. Diferente do que tem sido feito no Brasil, deixando alimentos fundamentais como arroz e feijão caríssimos e sem incentivo para o plantio. O Brasil foi o país com maior ganho de peso na pandemia que muito deve-se a fome.
Foto de Doug Mills do New York Times
Boa parte do trabalho da Michelle é incentivar jovens e crianças a acreditar em seu potencial e estudar. Ela está sempre com projetos sociais para crianças e adolescentes. E buscar incentivos e projetos que ajudem os jovens a ter acesso aos estudos e ao ensino superior.
Sei que uma comparação com Michelle é quase um sacrilégio, quem sou eu, se eu dissesse isso pra Michelle ela diria: você é especial. Sim, Michelle sempre estimulou jovens a acreditar em seus potenciais. Ela é uma otimista, acho que nisso somos diferentes, eu acho fundamental estimular o estudo, a que acreditem em suas potênciais, mas sou pessimista, talvez porque viva no Brasil, onde é muito difícil ter acesso as oportunidades e emprego.
Foto de arquivo pessoal.
Michelle conta a difícil transição de poder para o retrocesso. Devem estar satisfeitos com a vitória de Biden, grande amigo de Obama, parceiro político por tantos anos. Curiosa pra acompanhar a trajetória profissional das filhas de Michelle.
Assisti A Batalha Esquecida (2020) de Matthjis van Heijningen Jr. na Netflix. Li que é o primeiro filme holandês para a plataforma. Baseado na Segunda Guerra Mundial, fala da luta dos exércitos em ter o controle de um porto na Holanda e da possessão nazista na Alemanha.
As cenas de guerra impressionam pelo realismo. Há muitas questões. Como deve ser realmente, é tudo muito anárquico. Tem o planejamento estratégico, mas na hora do ataque, nem sempre tudo funciona como a maioria dos filmes, alguns não conseguem atirar, outros perdem a noção pra onde precisam ir, atordoados pelos barulhos das bombas, tiros, pelo medo. Era o final da Segunda Guerra Mundial, quando Hitler mandou ao combate inúmeras crianças. Quando vencem os nazistas, ninguém comemora, voltam todos em silêncio, se arrastando na lama, muitos doentes, famélicos, deprimidos. Não há vitoriosos, só desolação. Não há comemoração como muitos filmes do gênero.
Acompanhamos a história de alguns personagens. Primeiro a cidade é resgatada dos nazistas que volta a tomar o controle depois. Por ter um porto estratégico, o local é muito visado. Incrível a animação inicial que mostra a chegada dos aliados retirando os nazistas das cidades, até chegar na Holanda e várias lutas acontecerem pelo porto. O elenco também é excelente: Susan Radder, Gijs Blom, Justus von Dohnanyi, Jan Bijvoit, Pit Bukowski, Jamie Flatters, Marthe Schneider, Mark vun Eeuwen e Tom Felton.