sábado, 24 de agosto de 2013

A Cigarra e as Formigas

Assisti a peça infantil A Cigarra e as Formigas no Teatro Bibi Ferreira. Dirigida por Alex Moreno, A Cigarra e as Formigas é livremente inspirada na Fábula de Esopo. É bem bonitinho e gostei da solução para essa fábula. Concordo com o texto adaptado que cultura é trabalho. E realmente trabalhar com alguém cantando e dançando é bem melhor. Eu fiquei muito triste quando a Cigarra passou frio.

A Cigarra é interpretada pela linda Patrícia de Sabrit. As formigas por Maju Martins e André Grecco. A Borboleta por Carla Martelli. As músicas são bem alegres. A Cigarra e as Formigas fica em cartaz até o dia 29 de setembro.

Beijos,
Pedrita

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Vestígios

Assisti a peça Vestígios no Teatro Centro da Terra. O impactante texto é de Aimar Labaki. A produção é de um grupo de Recife, do Teatro de Amadores de Pernambuco. É uma peça difícil, no final o público tem dificuldade de aplaudir, ficamos pensando se devemos aplaudir os horrores da ditadura, então acabamos sendo mais econômicos nos aplausos. Mas o espetáculo, os ótimos atores, o excelente texto, os cenários de Doris Rollemberg, merecem.

Vestígios fala de um período que não gostamos de saber, muito menos ver, mas que não podemos esquecer, a tortura na ditadura. É uma peça indigesta, onde dois burocratas tentam arrancar nomes de um Professor de História. Esse professor foi envolvido em uma história que nada sabe, mas precisa saber para ver se sofre menos na mão desses homens. Vestígios nos faz sentir vergonha de sermos humanos, se é que somos humanos, ou o que é ser humano. Fala da tortura, em determinado momento fala de técnicas milenares de torturas usadas em vários momentos deprimentes da nossa história. Sempre fico chocada com a forma como os homens acham formas de subjugar o outro ao seu poder, maltratar, ferir. Técnicas que promovam a demora da morte para aumentar o sofrimento. A maldade do ser humano sempre me horroriza. Não foi fácil assistir esse espetáculo. O elenco está ótimo: Carlos Lira, Marcelino Dias e Roberto Brandão. Essa foto é de Elias Vilar. Vestígios foi contemplado pelo Prêmio Funarte Myriam Muniz 2012 e já viajou para o Rio de Janeiro, Belo Horizonte. Em São Paulo terá apresentações até o domingo, ingressos bem razoáveis, R$ 20,00. Depois mais duas apresentações em Caruaru.

Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Coisas de Meninos

Assisti a peça Coisas de Meninos da Cia. dos Meninos no Teatro Commune. O excelente texto e a direção geral é de Kléber de Lázzare. Eu já tinha ouvido falar nesse grupo e adorei o espetáculo! É um drama épico musicado onde meninos contam um pouco de suas experiências em uma cidade tão pequena, mas tão pequena, que tudo é um. Uma igreja, não grande, mas muito grande para uma cidade tão pequena, um rio, normal, uma única escola e uma única professora que ensinava tudo. De tão pequeno, quando alguém morria, eles respiravam melhor. O texto é todo contundente, metafórico. As interpretações são fortes.

Por ser um grupo jovem, eles trazem aspectos atuais, cantam e tocam bem, mas eles realizam o teatro de experimentação, então essa união da música com o teatro experimental traz um universo muito particular. A supervisão musical é de Edu Berton. Gostei demais. Todos os atores atuam muito bem, e são bons músicos: Arthur Berges (violão), Carlos Sanmartin (contrabaixo), Davi Tápias (piano), Guilherme Delazzari (percussão) e Pier Marchi (percussão). Coisas de Meninos fica em cartaz até 26 de setembro.




Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Flores Raras

Assisti no cinema Flores Raras (2012) de Bruno Barreto. Há anos acompanho as matérias sobre a realização desse filme, desde quando começaram escolher as atrizes para interpretar a poeta Elizabeth Bishop e a arquiteta Lota de Macedo Soares. O meu interesse por esse filme contagiou minha mãe no último ano que igualmente passou a assistir entrevistas sobre a sua realização. Em uma das entrevistas, os produtores falaram da dificuldade de conseguir patrocínio para um filme que falaria do amor entre duas mulheres. Nós adoramos Flores Raras.

Eu amava os poemas de Elizabeth Bishop e me surpreendi em saber que ela viveu 20 anos no Brasil e que parte de sua produção foi escrita aqui, inclusive a obra Norte & Sul que levou a poeta a ganhar o Prêmio Pulitzer.
Não conhecia o trabalho da arquiteta Lota de Macedo Soares, responsável pelo parque do Aterro do Flamengo. Elizabeth Bishop vem ao Brasil passar poucos dias em uma viagem de barco para relaxar e no Rio de Janeiro vai visitar uma antiga amiga, a companheira de Lota. Elizabeth resolve logo ir embora, mas uma alergia por ter comido caju, faz com que ela fique mais tempo e ela e a Lota se apaixonem. Surge então um difícil triângulo amoroso, imposto por Lota que quer continuar a amizade com sua outra companheira Mary. Outra dificuldade foi superar a diferença entre as duas, mas pelo tempo que viveram juntas, elas conseguiram harmonizar por muitos anos os seus temperamentos. Belíssima a forma como Flores Raras retrata esse romance. Glória Pires e Miranda Otto arrasam nas personagens. 

Os figurinos são belíssimos. E a casa construída por Lota em Petrópolis é lindíssima. Carlos Lacerda é interpretado por Marcello Airoldi. A Mary por Tracy Middendorf. A Joana por Luciana Souza.

Chemin de Fer - poema de Elizabeth Bishop
Tradução de Paulo Henriques Britto

Sozinha nos trilhos eu ia,
coração aos saltos no peito.
O espaço entre os dormentes
era excessivo, ou muito estreito.

Paisagem empobrecida:
carvalhos, pinheiros franzinos;
e além da folhagem cinzenta
vi luzir ao longe o laguinho

onde vive o eremita sujo,
como uma lágrima translúcida
a conter seus sofrimentos
ao longo dos anos, lúcida.

O eremita deu um tiro
e uma árvore balançou.
O laguinho estremeceu.
sua galinha cocoricou.

Bradou o velho eremita:
“Amor tem que ser posto em prática!”
Ao longe, um eco esboçou
sua adesão, não muito enfática.


Beijos,
Pedrita

domingo, 18 de agosto de 2013

À Margem Esquerda

Terminei de ler À Margem Esquerda (1994) de James Campbell da Editora Record. O nome original é Paris Interzone. Comprei esse livro por um acaso, nem o conhecia. Uma banca de jornal vendia vários livros novos no chão por R$ 9,00. Fiquei olhando os livros, uma ou outra informação, não dava pra pesquisar muito e escolhi alguns. James Campbell é inglês, é difícil achar informações sobre ele na internet e há muitos homônimos, o que dificulta mais. O autor escreve sobre a efervescência cultural em Paris após a Segunda Guerra Mundial.

A figura central é o negro americano Richard Wright. Ele queria ir para Paris, não conseguia o visto, até que a escritora Gertrude Stein interfere e consegue. Richard Wright é autor do livro Black Boy. Gertrude Stein é autora do livro Autobiografia de Alice Toklas publicado no Brasil pela LP&M. Quero ler esses dois livros agora. Richard Wright depois era procurado pelos Estados Unidos, então voltou para Paris para ficar por lá com a família. À Margem Esquerda relata então as várias revistas que saíram nesse período como a famosa Merlin, Os Tempos Modernos e tantas outras, onde todos escreviam além de Wright, Sartre, Simone de Beauvoir, Francis Ponge.

Depois o autor relata a editora de Maurice Girodas que publicava obras que transgrediam, livros eróticos e alguns pornográficos. Muitos escreviam sobre pseudônimo. À Margem Esquerda passa a relatar obras de Alexander Trocchi (foto), Henry Miller, Nabokov, William Burroughs, Marques de Sade, entre outros. Por último À Margem Esquerda fala da Guerra Fria, da CIA, de como as instituições destruíam as relações. Muitos acabavam sendo informantes pressionados, ou por dinheiro, ou por medo. Boatos também surgiam então ninguém sabia o que era verdade ou era para desestabilizá-los e afastá-los da força cultural desses grupos. À Margem Esquerda traz ainda fotografias. Adorei a obra que é possível achar pra comprar no Brasil.

Escolhi um vídeo com a interpretação do Boris Vian, trompete, que é mencionado no livro.
Esse grupo mencionado no livro aparece no filme Meia Noite em Paris do Woody Allen que comentei aqui e que agora quero rever.



Beijos,
Pedrita