sábado, 10 de abril de 2021

Amor de Mãe

Assisti a novela Amor de Mãe (2019-2020-2021) de Manuela Dias na TV Globo. A direção foi de José Luiz Villamarim. Que belíssimo trabalho, que roteiro! Essa novela foi atropelada pela pandemia, pararam as gravações. Fizeram um esforço de guerra pra retomar e fechar a história da forma que fosse possível e infelizmente algumas tramas ficaram sufocadas, mas nada tirou a maravilha que foi essa novela. Inesquecível! A trama entrelaça a história de três mulheres, incrível no final que entendemos a relação delas desde que foram mães. Vitória (Taís Araújo), uma famosa advogada, tinha sido uma jovem estudante grávida que dá o seu filho. Lurdes (Regina Casé) que tem seu filho vendido pelo marido para a mesma mulher que recebe o filho da Vitória. E Thelma (Adriana Esteves) que compra o filho dessa mesma mulher. Todas maravilhosas, que atrizes. Gostei de falar de co-responsabilidade. O quanto nossos atos podem interferir ou promover crimes, o quanto cada um de nós é responsável pelo todo.

Eu fiquei muito brava com um programa de fofoca de televisão que antes da novela começar já contou quem seria o filho de Lurdes (Chay Suede) e de sopetão, não deu nem ao trabalho de avisar que ia dar spoiler, quem não quisesse ouvir que zapeasse, bom, TVs não fazem isso, pedir pra pessoa sair do canal, então não dê spoilers. Sim, minhas amigas disseram que a novela deu várias pistas, mas antes da novela começar? Achei um desrespeito com o trabalho de todos os envolvidos. Um gosto por furo muito grosseiro. A cena da revelação foi emocionante! Pra novela poder ser realizada, todos tinham protocolos de segurança muito severos e eram testados periodicamente. Infelizmente todos os núcleos não poderiam voltar. Quanto menos elenco, cenas, equipes, mais seguro, mas valeu o esforço, foi lindo! Pena que alguns envolvidos não entendiam nada de protocolos. Acho que viviam em uma bolha porque em agosto já se sabia que não se sabia se a pessoa que tinha ficado contaminada não se contaminaria de novo. Achavam que poderia durar uns 5 meses, mas nada era certeza mesmo em agosto quando já se sabia também que dentro de casa não podem todos tirar as máscaras se vierem das ruas. A Lurdes poderia ter ficado na casa do Magno, e ter pouco contado com os jovens da casa e quando tivesse só por máscaras. Tirar as máscaras pra falar era muito assustador. Quando Sandro (Humberto Carrão) tira a máscara no hospital, local de contaminados, nem higienizando as mãos seria seguro, imagine sem higienizar como ele fez. Vitória também, depois de ficar com uma pessoa sem máscaras no carro, não ficou isolada em casa e nem fez teste pra se reaproximar da família. Já se sabia em agosto desses protocolos. E pior, foi na pior época de disseminação do vírus no Brasil. Colocaram em texto no final, mas eu acho que teria sido melhor em intervalos diferentes, uma pessoa, podia ser a ex-BBB Thelma, que é médica, explicar esses detalhes, já que há negacionista demais no Brasil. 
Lindo o amor de Penha (Clarissa Ribeiro) e Leila (Arieta Correa). A vida das duas foi se transformando na trama. Penha era a doméstica maltratada pela ricaça Lídia (Malu Galli). E Leila começou a novela em coma. Várias reviravoltas fazem as duas se unirem, se tornarem grandes bandidas e conseguiram fugir como no filme Thelma e Louíse, mas com final feliz. Por incrível que pareça eu torcia por elas.

Outro grande valor de Amor de Mãe foi ter chamado grandes atores não tão conhecidos da televisão. Como a talentosa Magali Biff como Nicette. Sua personagem acaba se misturando em quase todos os núcleos e tendo papel fundamental. Primeiro ela é mãe do homem (Paulo Gomes) que o Magno acha que matou. Magno namora sua filha Betina (Isís Valverde) que não sabe da história. Depois Nicette mora em Guapori, a região contaminada pela indústria de Álvaro, que depois descobrimos que Betina é irmã de Álvaro porque o pai dele abusou de sua mãe. Mas a teia continua, ela é avó do filho da mulher do Álvaro, que engravidou do filho dela. E Álvaro, um dos grandes vilões da trama, aceita o filho de outro homem da esposa, surpreendente. Outros personagens marcantes com atores pouco conhecidos da televisão foram interpretados por Démick Lopes, Dida Camero, Rodolfo Vaz, MC Cabelinho, WJ, Nando Brandão, Rodrigo Garcia, Isabel Teixeira, Giulio Lopes,  Aldene Abreu, Antonio Negrini, Stella Rabello e Mariana Nunes
A trilha sonora também era maravilhosa: Gal Costa, Gonzaguinha, Maria Bethânia, Cartola, Olodum, Chico Buarque, Clara Nunes, Elza Soares, Caetano Veloso, Elis Regina, Nina Simone, Jorge Benjor e Madredeus. Tem no spotify.
Amor de Mãe falou muito sobre questões sociais. Educação inclusive na personagem da Camila, da incrível Jessica Ellen. Professora de uma escola pública em lugar de vulnerabilidade, ela procura ajudar seus alunos a procurar um futuro diferente para as suas vidas. Inclusive vários de seus alunos tornam-se personagens importantes na trama como Cacá Ottoni, Dan Ferreira, Jennifer Dias, Dora Friend e Aisha Moura.
Foi uma novela de muitas perdas, estranhamente não por covid. E atores jovens como o belíssimo português Filipe Duarte e Léo Rosa que fez uma pequena participação como um jornalista.

E Durval, ai o Durval, que personagem carismático do Enrique Diaz e todo errado, todo não, mas sim, foi um pai ausente. Eu me incomodei da filha (Duda Batsow) exigir muito dinheiro na pandemia pondo o pai em risco. Ele vai trabalhar de entregador de aplicativo, correndo o risco de morrer de covid. Se a filha e e a mãe (Clarissa Kiste) estivessem passando necessidade, é certo, mas não era o caso, ela poderia esperar a pandemia passar pra exigir a responsabilidade financeira do pai. E principalmente quando o reencontrou. Acho que na pandemia nós precisamos muito mais lidar com a empatia e com a compaixão. E quem trabalha com artes ficou totalmente sem emprego, devia ter exigido antes quando ele tinha como correr atrás. Foi bem mais inteligente quando ofereceram moradia pra ele que não tinha dinheiro nem pra alugar uma vaga em pensão. Atrapalhado como sempre foi, teria grande chance de ir morar nas ruas como muitos nesse período escuro. E apesar de todos os defeitos, Durval era um bom dono de casa, bem bagunceiro, mas cozinhava, cuidava da filha, seria uma forma de ajudar no orçamento tendo funções domésticas. Mas a autora reserva um respiro pra ele, e a trama promove momentos deliciosos com a Dona Unicórnia.

Gostei demais da atriz e cantora que interpretou a Verena, a Maria. Linda e talentosa. Fez par romântico com o personagem do gigante Irandhir Santos. Pena que foi bem pequena a parte da mãe biológica (Olívia Araújo) do Tiago. Muitas tramas pareciam já ter sido pensadas desde o começo, mas a pandemia encurtou as abordagens, mesmo assim foi uma linda cena. Uma pena também que não puderam definir o destino amoroso de Lurdes disputada pelos personagens dos grandes Luiz Carlos Vasconcelos e Nanego Lira. As crianças eram demais, já bem grandinhos um ano depois quando voltaram a gravar. E foram mais poupados, pouco apareciam. A bebê da Vitória então nem apareceu, mais seguro assim. Eram interpretadas por Clara Galinari e Pedro Guilherme. A lista de grandes atores é imensa: Vladimir Britcha, Murilo Benício, Erika Januzza, Tuca Andrada, Débora Lamm, Milhem Cortaz, Letícia Lima, Douglas Silva, Vera Holtz, Ana Flávia Cavalcanti, Camilla Márdila, Lucy Alves, Júlio Andrade, Alejandro Claveaux, Dan Ferreira, Eliane Giardini  e Fabrício Boliveira.

E a família da Dona Lurdes? Que personagens ricos, complexos, só grandes atores, que saudade já! Juliano Cazarré, Nanda Costa e Thiago Martins. Foi esperançoso no final todos sem máscaras falando que a vacina chegou pra todos, pena que não é realidade. Triste!




Beijos,
Pedrita

terça-feira, 6 de abril de 2021

Elegia Caipira

Asssisti Elegia Caipira (2020) de Ron Howard na Netflix. Insisti com esse filme porque concorre ao Oscar. Glenn Close está irreconhecível, mas muito parecida com a mulher que interpreta. O filme é baseada na história de J. D. Vance que foi transformada em autobiografia.

O protagonista cursa direito. Está na fase de entrevistas para estágio. Ele tem três empregos e mesmo assim as contas não fecham, se conseguir um estágio, a remuneração é bem melhor. Pelo jeito nos Estados Unidos os estágios pagam com mais dignidade que no Brasil. Ele recebe então o telefonema da irmã, sua mãe foi internada com overdose de heroína. Me incomodaram muitos os diálogos sobre essa mãe doente. O tempo todo a mãe é criticada por não tentar sair dessa, como se ela fosse culpada por ser dependente de substâncias químicas. No final do filme falam que ela conseguiu ficar sóbria, mas já sabemos que é sempre um dia de cada vez e que é comum recaídas. É uma dificuldade eterna não se viciar novamente. Acusar é muita covardia. Sim, viver e conviver com dependentes não é fácil, mas acusar faz tudo ficar muito pior.

Ele volta a sua cidade natal interiorana e passa a lembrar de sua vida e da família disfuncional. O filme quer reforçar a tese se ele vai ou não largar a família e tentar um futuro melhor, ou se vai desistir e aceitar viver no interior, aceitar aquele destino de poucas possibilidades e muita violência. Acho que arrasta muito o suspense se ele vai ir para a entrevista no dia seguinte, ou ficar cuidando da mãe. Amy Adams interpreta a mãe. Ele é interpretado por Gabriel Basso. Na adolescência por Owen Aztalos. Sua irmã por Haley Bennett. Sua namorada por Freida Pinto.

J. D. Vance e a avó.

 
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Rainha de Espadas

Assisti Rainha de Espadas (2019) de Aleksandr Domogarov no TelecinePlay. E mais um dos filmes que amo. É demais esse! Inteligente, bem realizado, amei! Estava dublado, coloquei no som original, mas estava em inglês, parecia também dublado, que pena, o idioma é o russo. Detesto dublagens, perdem demais! Os sons ambientes quase desaparecem nas dublagens ou são forjados em estúdio. Os filmes orientais sempre podem ser ouvidos no som original, nada a ver esse não poder. Só continuei a ver porque queria muito, senão tinha desistido. No Brasil está com A Maldição do Espelho, tanto que achei que já tinha visto, só quando li que é russo que tive certeza que não. O nome oficial, Rainha de Espadas, é muito melhor e mais original. O diretor também tem o mesmo nome de um ator.

A mãe e dois filhos estão viajando. Eles sofrem acidente, a mãe morre. Como o pai do garoto não quer saber do filho, eles vão a um colégio interno. Os dois são muito lindos: Angelina Strechina e Daniil Izotov.  Que locação incrível! Cheguei a achar que iria para um filme adolescente. A jovem vai a um quarto e começa a se reunir com jovens, mas não, é um ótimo filme e roteiro.
O garotinho vai a um lugar estranho em reforma na escola. Era proibido claro. Ingenuidade de internato achar que crianças e adolescentes não explorariam um lugar fechado. Lá eles encontram a Rainha de Espadas. Nossa, o final é muito irritante e surpreendente! Amei!



Beijos,

Pedrita