Assisti Os Instrumentos Mortais: Cidades dos Ossos (2013) de Harald Zwart no HBO On Demand. Não era esse cartaz, era um com neve. O HBO On Demand tem pouquíssimos filmes no Now. Faz tempo que fui ver o que era esse e entre várias opções estava fantasia no gênero. Achei que era um filme mais infantil, mas é um filme juvenil, naquela febre do Crepúsculo. Só que o roteiro é mais elaborado e interessante. Não é só uma luta de gangue e um filme romântico. Tem vários segredos. Funciona, é ágil, bem realizado e interessante.
Nossa protagonista parece uma jovem normal. Mora com a mãe. Ouvimos o namorado da mãe dizendo que ela tem que contar para a filha. E vemos a filha vendo coisas. Só ela vê. Até que ela descobre que não é humana, que sua mãe esconde um grande segredo, onde está o cálice. E começa a ser ajudada para descobrir onde está sua mãe e tudo o que está acontecendo. Tem um bom ritmo. A garota é interpretada por Lily Collins. O jovem que a ajuda por Jamie Campbell Bower. O amigo de infância por Robert Sheehan. Ainda no elenco Kevin Zegers, Jemima West, CCH Pounder e Harry Van Gorkum.
Jonathan Rhys Meyers faz uma pequena participação. Os fãs desse ator costumam constantemente vir a esse blog. Eles sempre procuram um filme raro, Bela do Senhor, que não se acha em lugar algum, que eu vi uma vez e comentei aqui. É um filme que comentei faz tempo, mas vive aparecendo nos mais vistos desse blog, clicado pelos fãs desse ator. Lena Heady também faz uma pequena participação como a mãe da protagonista. O filme deixa claramente vários mistérios sem serem revelados deixando aberto a uma continuação. Não sei se foi bem de bilheteria e se realmente vão continuar com os filmes. Nunca ouvi nada e no IMDB não há nenhum filme em produção dessa série. Esse filme ganhou vários prêmios.
O trailer mostra exatamente a agilidade do filme, não é falso, é exatamente assim, um segredo e acontecimento interessante atrás do outro. Com algumas lutas chatas, mas no geral é bom.
Fui na exposição À Meia-Noite Levarei a sua Alma no MIS - Museu da Imagem e do Som. Aproveitei que fui no outro evento para ver essa mostra. Amo esse gênero de filmes, infelizmente só vi um do Zé do Caixão, quero ver todos os outros.
Fiquei impressionada com a capacidade do José Mojica Marins, que cria o personagem Zé do Caixão, de colecionar objetos, fotos, filmes de sua obra. É tão raro acharmos informações, imagens de filmes depois da década de 80, mas Zé do Caixão é um excelente guardador, são fitas de vídeo, fotos promocionais, cartazes, vários, de vários filmes, não um só de cada. Admirável para um brasileiro que em geral cuida tão pouco de sua memória. Fiquei mais fã ainda. A curadoria e concepção é de André Sturm, baseada na seleção feita por Liz Marins, filha de Mojica, e Marcelo Colaiacovo, guardião e curador do acervo do cineasta. Adorei o termo guardião, é isso mesmo, em um país de pouca memória é imprescindível guardiões de objetos históricos. Poucos objetos são de outros acervos como mãos, rostos, para maquiagem cênica.
E a exposição está muito bem montada. O mais incrível é que dá medo. É um labirinto escuro. No final entramos em salas com objetos de cenas de seus filmes, aterrorizador e fascinante. O programa também é lindo, pena não ter achado para colocar a imagem aqui. Vai até 10 de janeiro, terça-feira é grátis, nos outros dias baratinho, R$ 10,00 e meia-entrada.
Fui ao concerto de lançamento do CD-Livro Antonio Vieira: Do Tejo ao Amazonas no MIS - Museu da Imagem e do Som. Que evento maravilhoso! Adoro esse espaço! Eu sou fã dos Sermões do Padre Antonio Vieira desde a adolescência quando vi um monólogo no teatro. Fiquei muito impactada. E fiquei muito emocionada em saber que fariam um projeto com esses sermões que ganharam narração, música eletroacústica, canto gregoriano, percussão e vozes. Foi maravilhoso! Emocionante!
O projeto iniciou há sete anos. A Flip convidou Anna Maria Kieffer para preparar um evento para Paraty. A proposta de gravar os sermões veio de Joaci Pereira Furtado. O patrocinador deu pra trás e o projeto foi transferido para uma apresentação no Pátio do Colégio. Imaginem o trabalhão para uma única apresentação e aproveitaram para gravar em estúdio. Anna Maria Kieffer trouxe inclusive um ator português, o Luís Lima Barreto para recitar. Esse ator é muito atuante no teatro e no cinema, esteve em vários filmes do Manoel de Barros, logo os filmes que ele atuou eu não vi, infelizmente. Atuou também em um filme da Maria de Medeiros que tentei até ver e não consegui e é membro do Teatro da Cornucópia em Portugal. Depois de anos a Anna Maria Kieffer conseguiu apoio para a finalizar do projeto.
Crédito da foto: Chico Escher.
E ver ao vivo esse ator português também foi muito emocionante. Os sermões são muito atuais. Fiquei muito impactada sobre o do omisso. Antonio Vieira fala do mal que faz o omisso, e como sei disso. Aquele que não se posiciona, que não vê, não protege. Belíssimo texto!
Trecho do sermão: "A omissão é o pecado que com mais facilidade se comete e com mais dificuldade se conhece; e o que facilmente se comete e dificultosamente se conhece, raramente se emenda. A omissão é um pecado que se faz não fazendo; e pecado que nunca é má obra, e algumas vezes pode ser obra boa, ainda os muito escrupulosos vivem muito arriscados em este pecado."
Na eletroacústica estava Vanderlei Lucentini. Além da Anna Maria Kieffer, estavam entre os cantores Eduardo Janho-Abumrad e Alessandro Grecco. Na regência do coro, Roberto Rodrigues e entre os cantores Sandro Bodilon. Na percurssão, Elson Leonidas. O evento foi muito emocionante, gratuito e badaladíssimo.
Não há vídeos desse evento. Vou colocar dos artistas.
Assisti Annabelle (2014) de John R. Leonetti na HBO. Fiquei eufórica quando vi que era a estreia do filme na HBO. Amo o gênero, gostei do primeiro e queria muito ver. Já tinha lido críticas negativas, mas podiam falar o que fosse, eu ia ficar empolgada em ver. OHugodo Cinema - Filmes e Seriados comentou aqui. Ok, não é tudo isso, mas a emoção de ver foi maior que a qualidade do filme. Gostei, funciona, é tenso, mas realmente perde muito do charme do primeiro, A Invocação do Mal, que comentei aqui. É menos sutil, mas bem realizado.
O casal de protagonistas é meio fraquinhho: Annabelle Wallis e Ward Horton. A protagonista tem coleção de bonecas antigas, tem várias e o marido acha Annabelle para a coleção. Na noite que a boneca chega há um assassinato horroroso na casa ao lado. A filha que tinha fugido para viver com grupos de ocultismo volta com um homem e matam os pais. Entram na casa ao lado, a da boneca, esfaqueiam a barriga da grávida, mas a polícia os matam. O casal não quer voltar a essa casa, se mudam e a boneca misteriosamente aparece na mudança.
Uma mulher interpretada por Alfred Woodard passa a ajudar a esposa angustiada. O padre interpretado por Tony Amendola também ajuda. Claro, o filme já insinua outra continuação. A boneca desaparece e vemos ela sendo comprada novamente.
Assisti Philomena (2013) de Stephen Frears no Telecine Touch. A Liliane do blogPaulamar tinha comentado comigo sobre esse filme e fiquei com vontade de ver. Vi que ia passar e coloquei pra gravar. Incrível, mas muito triste! Há tantas questões. É baseado em uma história real, dá pra ver na internet as fotos das pessoas que levaram a esse filme. É com a maravilhosa Judi Dench que está mais maravilhosa ainda!
Judi Dench interpreta Philomena Lee. Quando seu filho faz 50 anos é que ela resolve contar a filha a sua história. Aos 16 anos ela engravidou, seu pai a internou em um convento. As freiras faziam de tudo para as adolescentes sofrerem pelo o seu pecado mortal de terem se entregue a luxúria. Não davam assistência ao parto, nenhum médico ou parteiro. As próprias freiras que não entendiam nada de partos e bebês é que ajudavam essas adolescentes, muitas morriam juntos com os seus bebês após um sofrimento atroz, para que pagassem pelos seus pecados. Freiras monstruosas, vergonha da igreja católica. Isso quase acontece com Philomena, mas a freira volta ao parto desesperada, na intuição e vira a criança. Já que as freiras recusaram chamar um médico. Por sorte deu tudo certo. As adolescentes só podiam sair do convento pagando um dinheirão, então ficavam lá em cárcere privado. E as freiras colocavam as crianças para a adoção. Uma hora por dia as mães podiam ver as crianças. Philomena quer então encontrar o seu filho, ela já tentou várias vezes sem sucesso.
Agora surge então outro elo dessa trama. A filha horrorizada conta a um jornalista. Ele é interpretado por Steve Coogan, Essa parte também é incrível. Esse jornalista tinha sido um grande jornalista de televisão. Como acontece com muitos, ele fica arrogante. O poder subiu a cabeça como sobe em muitos. Ele caiu em uma armação de outro jornalista carreirista que distorce as palavras desse jornalista que é demitido e perde a sua credibilidade. Ele é arrogante com essa jovem que o procura. Até entendo. A imprensa usa e abusa de histórias pessoais, encontros entre pais e filhos com anos de distância para um sensacionalismo barato e vulgar. Ele não concorda com esse jornalismo e não aceita. Mas depois repensa, ele está tão pra baixo, sem trabalho. Quando ele vai ouvir a história de Philomena descobre que a trama não é só um encontro entre mãe e filho e sim uma história sórdida, ocultada da igreja católica e ele começa a ajudar a Philomena.
Não há como aceitar o que as freiras fizeram no passado, é compreensível, não aceitável, mas dá pra entender. Era a época da palmatória nas escolas, dos castigos violentos, de espancamentos em crianças para corrigir, de trabalho infantil. O que mais assusta nessa trama é o que as freiras fazem hoje para encobrir seu passado hediondo. Era medonho o que fizeram mas era dentro de uma lógica da punição, da mulher como única culpada de seus pecados. O pai abandonar a filha grávida em um convento já é monstruoso, mas era cultural. O que as freiras fizeram hoje é inadmissível. Elas negavam as essas mães e aos filhos de se reencontrarem. Falaram ao filho moribundo da Philomena que não tinham como encontrar a mãe dele, sendo que ela ia regularmente ao convento tentando informações, falaram para essa senhora que não sabiam do filho o que era uma mentira. Queimaram os arquivos que auxiliariam as buscas. E as freiras do passado não eram somente monstruosas, eram gananciosas. Elas vendiam as crianças por valores absurdos para pais americanos interessados. Medonho! Faturavam em cima dessas adolescentes e crianças na forma mais nojenta do capitalismo, e iam rezar depois sem culpa alguma. Que vergonha!
A relação desses dois é muito interessante. O jornalista era das grandes esferas, não lidava com o cotidiano de seus entrevistados. Ele tem que lidar com uma senhora que lia livros melosos, tinha um universo mais restrito. Uma fofa! Ele lia grandes obras, é intelectual. Philomena acaba autorizando que ele escreva essa história que agora quero ler. Ele queria na verdade escrever livros sobre a Rússia, que acaba escrevendo posteriormente. O auxílio dele nesse processo é fundamental. Como jornalista ele sabia ir conversando com as pessoas por onde passava, foi aí que ele descobriu que vendiam as crianças para os Estados Unidos. E foi os Estados Unidos que forneceram os arquivos. Só poderiam fornecer a mãe, e eles foram juntos para o país. No final contam que muitas mães ainda estão buscando os seus filhos. Mas eu imagino que ele colocar essa história ao conhecimento público tenha ajudado um pouco. Alguns outros do elenco são: Sophie Kennedy Clark, Mary Winningham, Barbara Jefford, Ruth McCabe, Peter Hermann e Sean Mahon. Philomena ganhou vários prêmios como Bafta de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Atriz para Judi Dench no prêmio da crítica de Londres, no Festival de Veneza, Melhor Roteiro, no Filmes sobre Mulheres, Melhor Atriz para Judi Dench e Melhor Filme sobre Mulheres.