Obra Jarra e Frutas de Inimá de Paula
A temática central lembra Gritos e Sussurros do Ingmar Bergman. Uma família vive em torno de uma doente, mas não sabem expressar afeto. Parece que quem mais sente a dor é quem cuida da doente. Os silêncios são cruéis. Mas a Crônica da Casa Assassinada tem vários aspectos brasileiros e de mineiros. Como muitas famílias, os Meneses já foram uma família muito rica, moram em uma bela propriedade em franca decadência. Vivem dos poucos recursos que restaram. Só o que sabem fazer é expiar os outros pelos cantos. Um deles se casa com uma mulher belíssima, dessas que fazem todos silenciar com o seu brilho. Todos acham que ela é uma afortunada, quando ela também é infeliz. Os Meneses começam então a sufocá-la com os seus segredos, o seu ciúme e com o desejo de serem ela.
Obra Paisagem (1939) de Funchal Garcia
Crônica da Casa Assassinada é uma obra cheia de mistérios, estamos sempre tentando entender o que realmente aconteceu. Os silêncios, as viagens sem explicações. Alguns relatos de quem visitou a casa, de pessoas da casa, fazem com que consigamos unir as pontas, mas elas sempre ficam soltas e não é raro descobrimos que fomos enganados, que essa família mentiu. Há nos personagens todos os sentimentos possíveis, como na realidade cada um tem. Quando descobrimos que até um que parecia o mais cordial, o que não teria inveja, descobrimos que ele também queria roubar aquilo que o outro pela beleza ganhava. Uma pretendente para um dos Meneses é preparada para ser um nada, roupas austeras, silenciosa, oprimida. Quando ela percebe que pode ser muito mais, em vez de se transformar, passa a odiar a que é livre e a tentar ter tudo o que é da outra, em vez de se libertar da austeridade imposta. A crueldade de todos, até mesmo dessa bela mulher, é sufocante.
Obra Vaso de Flores (1970) de Nello Nuno
A Crônica da Casa Assassinada é uma obra extensa, de difícil leitura, rico vocabulário e uma riqueza impressionante de sentimentos. São inesgotáveis as nuances dos personagens. Simplesmente maravilhoso. A Crônica da Casa Assassinada está esgotada, só é possível achar em bibliotecas e em sebos. Há um filme de 1971, com Norma Bengell, de Paulo Cesar Saraceni que quero muito ver.
Tanto os pintores, bem como o compositor são mineiros como o autor.
Beijos,
Pedrita