quarta-feira, 14 de maio de 2025

Sanga Menor

Terminei de ler Sanga Menor (2009) de Cintia Lacroix da Dublinense. Só quando postei que ia começar a ler esse livro que descobri que foi o primeiro editado pela Dublinense. Começaram muito bem! Essa obra foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura. Já entrou na minha lista dos livros mais amados, daqueles que quero que todos leiam. Daria uma excelente série. Bela capa.

O marcador de livros ganhei de uma amiga.

Obra Escada com Galinhas (2017) de Ana Elisa Egreja

A história começa com a família decadente, com tudo puído, um homem acamado e vegetativo, um filho inerte e superprotegido. Uma mãe que mima demais e uma tia ranzinza. Tudo é velho e decadente. Lírio Caramunhoz teve pneumonia na infância, então a mãe e o médico exageram nos cuidados. Não pode vento, janelas sempre fechadas, tijolo quente nos pés, com o doente na casa, os cuidados se redobram. Mimado, Lírio se acomoda nos seus medos e vive quase vegetando como o pai. 
Obra de Leda Catunda

Até que chega um primo da cidade grande. Ele consegue levar Lírio que passa a ter outras experiências. É quando o realismo fantástico invade a trama e novas histórias fascinantes começam a nos conduzir. Sem falar nos nomes dos personagens Percival, Rosaura, Valderez, nada é comum. A capacidade da autora de contar histórias é incrível!

Obra Ser na cumbuca é se mergulhar em gostos com a vida de Heloisa Hariadne

Caetana de Fantoches é fascinante e tem uma vida brilhante. Ela nunca aceitou as convenções, sempre incomodou a cidade de Sanga Menor, até partir com seu filho pequeno. Na cidade grande sustentava seu filho com o teatro de marionetes na praça. Com uma bela cabeleira ruiva, ela desafiava a tudo e a todos. Fiquei apaixonada por Caetana. Que livro! Vai deixar saudade!
Beijos,
Pedrita

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Última Chamada para Istambul

Assisti Última Chamada para Istambul (2023) de Gonenc Uyanic na Netflix. É um bonito filme de amor. O roteiro é de Nuran Evren Sit.

Um casal se conhece no aeroporto de Nova York. A mala dela extravia, ela liga para quem levou a dela igual por engano e ele se propõe a acompanhá-la na busca. Os dois são muito lindos Beren Saat e Kivanç Tatlitug.

Eles vão parar em um hotel muito charmoso com um belo bar na cobertura. Os dois são casados, ela sempre quis viver uma experiência profissional na cidade, ele foi a negócios. Eles passeiam pela cidade, nem sempre tudo dá muito certo, quando voltam ao hotel se envolvem. No dia seguinte ela volta para o quarto dela, foi marcada a audiência do divórcio, vemos a foto do casal e é muito parecido com o que ela conheceu no aeroporto. Aos poucos vamos entendendo o passado. É realmente comum psicólogos sugerirem do casal relembrar as conquistas, como se conheceram, para ver se conseguem se reconectar, se ainda se amam e se é possível uma conciliação. 


Beijos,
Pedrita

domingo, 11 de maio de 2025

Globo Repórter 60 Anos

Assisti Globo Repórter 60 da TV Globo na Globoplay. De todos os eventos em comemoração a data, esse era o que mais elogiavam, resolvi ver depois pela Globoplay. Interessante que o programa fala exatamente isso, que o jeito de ver TV mudou, agora assistem não só no horário, em outros dispositivos. E entendi porque gostaram tanto. Fala da história da TV Globo desde a sua fundação e claro que os fatos se misturam com a história do país. Fiquei surpresa em saber que Natália Timberg foi a primeira apresentadora da emissora. Eles reconstituíram o estúdio, com a bancada onde ela apresentava o jornal. Reginaldo Faria foi convidado porque foi o primeiro galã de novela da Globo. Sandra Annenberg apresentou o especial e os repórteres Graziela Azevedo e Pedro Bassan fizeram as entrevistas. Na bancada está sentado Herbert Fiuza que representou a equipe técnica.
O primeiro programa infantil foi Uni-Dune-Tê com a professora Fernanda Barbosa Teixeira, a tia Fernanda. As crianças podiam escrever para participar do programa. A produção localizou uma criança que foi na época, o entrevistaram e ele ainda participou como figurante na novela Garota do Momento, no programa do Alfredo Honório. 
O especial falou dos dois incêndios nos estúdios, eu só sabia de um, aquele que todos tentaram salvar os rolos de fitas, elenco, profissionais, fizeram um mutirão tirando o que podiam de fitas, mas muito se perdeu. Falou também dos vários endividamentos de Roberto Marinho, primeiro com o rompimento de um patrocinador estrangeiro, exigência da justiça brasileira pela constituição anterior e depois para o investimento em tecnologia. Nessa última os credores aconselhavam que a Globo abandonasse as novelas que eram muito caras. E que Roberto Marinho recusou.
Um pouco depois a Globo teve o sucesso retumbante com Escrava Isaura, a primeira novela a ganhar o mundo. Contaram que inicialmente os textos das novelas eram estrangeiros, só depois com Dias Gomes e Janete Clair começaram a ser adaptar textos brasileiros e escrever novelas originais com histórias nossas. Escrava Isaura é baseado no livro de Bernardo Guimarães. Gostei que entrevistaram noveleiros, que assistem juntos novelas. Eu participo de um grupo de noveleiras no Whatsapp, costumamos assistir juntas sempre que possível e palpitar como quê. Falaram do começo das TVs que ainda eram muito caras e os vizinhos se reuniam juntos para assistir.

Falaram da censura, a novela Roque Santeiro foi censurada uns dias antes de estrear. Foi Janete Clair que salvou o horário com Pecado Capital. O filho de Roberto Marinho conta que procurou Paulinho da Viola para fazer a música tema e que tinha que ser composta em horas, a novela e a música são conhecidas até hoje. Após o sucesso de Dancing Days, Reginaldo Faria contou que foi em muita cidade brasileira inaugurar danceterias.

Eu amo as novelas da Globo e mostraram antigas como a clássica Irmãos Coragem e atuais como Vai na Fé. O especial falou também de tecnologia, mostrou as TVs antigas, os ajustes das antenas nos telhados. Selva de Pedra que foi a primeira novela a dar 100% de audiência. Mostraram a exibição do primeiro homem à lua. Foi muito especial.
Beijos,
Pedrita

sábado, 10 de maio de 2025

Loving Adults

Assisti Loving Adults (2022) de Barbara Topsoe-Rothenborg na Netflix. Foi o primeiro filme dinamarquês feito exclusivamente pra esse streaming, começo ruim porque o filme é bem mais ou menos. É um filme policial forçado, cheio de furos e com atuações canastronas. Eu já tinha abandonado outra vez, resolvi insistir. Dá pra ver sem grandes expectativas.

A esposa era violinista e abandonou a carreira para cuidar do filho doente. São escolhas que nem sempre há como se evitar. Acho que dificilmente uma mulher agiria diferente. O filho agora é saudável, está prestes a se formar, missão cumprida. O casal está bem de vida e ele está com uma amante mais jovem. Enfim, a conta chegou. Tudo aquilo que foi escolhido a dois, decidido pelos dois, vem em peso só para um. Ela é Sonja Richter, ele é Dar Salim. O filme é cheio de reviravoltas, a polícia é incompetente.
A escolha em como contar a história não poderia ser pior. O policial, aquele incompetente, conta para a filha e narra pra nós a história. Ao final descobrimos que a filha vai se casar logo após a história e o pai quis contar para a filha pra ela não acreditar no amor. Isso mesmo, antes dela entrar na igreja. Mais tóxico impossível.

Beijos,
Pedrita

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Squid Game 2

Assisti a 2ª Temporada da série Squid Game 2 (2024) de Hwang Dong-hyuk na Netflix. Foi o primeiro que comecei a assistir agora que o streaming está dentro do meu pacote com comerciais, mas demorei muito pra terminar porque é muito, mas muito forte, mesmo que sempre necessário. Eu tinha amado o primeiro, queria muito ver. A próxima será a temporada final e já tem data de estreia.

 

O vencedor do primeiro está mais revoltado que nunca. Ele nunca conseguiu gastar o dinheiro que ele chama de sujo, e que sujeira, 455 mortos valeram o prêmio. O primeiro episódio é todo do lado de fora. Ele contrata uma legião de pessoas para encontrar o recrutador, Gong Yoo. Ele quer chegar na cúpula do jogo, quer acabar com o jogo. E claro que dá errado porque vemos ele dentro do jogo novamente. Confesso que seria mais produtivo ele usar o dinheiro para ajudar pessoas desesperadas e evitar que fossem recrutadas, mas aí a série não teria continuação. Lee Jung-Jae sempre maravilhoso! Que ator!


Em paralelo o irmão do líder do jogo procura a ilha. Ele é interpretado por Wi Ha-joon
O 456 acaba entrando no jogo novamente e seu aliado é nada menos que o criador do jogo. 456 pensa que é só mais uma vítima do sistema. Lee Byung-hun quer mostrar que o 456 está errado e acaba conseguindo um pouco. Mesmo que a série sirva para o mundo de hoje, fale sobre poder, falar de jogos nesse momento se torna fundamental. Vários estão ali porque se endividaram seriamente em jogos de azar, desses que estão destruindo famílias aos montes. A pessoa joga e ganha logo no começo, se empolga, e jogo não vai mais permitir que ela ganhe. Quem não continuar e tentar tirar o pouco que ganhou, nunca vai conseguir, o sistema vai propositalmente dar erro. E pessoas com esse perfil de jogador compulsivo, acham sempre que no próximo jogo vão conseguir ganhar e pagar suas dívidas. 456 descobre que se eles votarem que não querem continuar, o sistema finaliza o jogo, divide o dinheiro e todos saem. Mas esses viciados não querem e 456 não imaginava. Eles sempre querem mais um jogo, o dinheiro ainda não é muito. Mesmo inúmeros mortos, eles querem arriscar matar mais pessoas. O roteiro é inteligentíssimo. A desilusão de 456 que começa a entender que não são só os líderes que são perversos, mas também há a manipulação. O jogo é muito, mas muito inteligente, infelizmente. Fico sempre muito reflexiva sobre a humanidade.
Os personagens são ótimos. A mãe que descobre que o filho está lá também. Militares. Uma jovem grávida que encontra o pai do filho no jogo também. Uma trans. Um alucinado. E um primo do 456.

Outro contraponto interessante é dar rosto aos atiradores. Agora conhecemos a 11. Ela quer conseguir trazer sua filha pra perto dela então aceita o trabalho. Park Gyuyoung está incrível. Como vimos no primeiro, há tráfico de órgãos de um grupo que supostamente faz isso clandestinamente, eu tenho minhas dúvidas. E a 11 acaba com o sofrimento de que todos que atira. Eles a pressionam que não seja tão eficiente, para que eles ainda estejam vivos, mas ela continua atirando com precisão. A Netflix oferece um documentário com entrevistas que gostei muito também. Estou ansiosa pra temporada final.
Beijos,

Pedrita

terça-feira, 6 de maio de 2025

O Quarto ao Lado

Assisti O Quarto ao Lado (2024)  de Pedro Almodóvar na Netflix. Imagine juntar Almodóvar, Tilda Swinton e Julianne Moore, claro que sairá algo próximo a perfeição. Que filme poético, triste, sem ser melodramático!

Eu relutei em ver porque não vejo filmes que falam de doença, até porque a maioria apela ao melodrama, músicas trágicas, muito choro. Como é Almodóvar, achei que daria para arriscar e encontrei um filme que fala de morte o tempo todo com poesia, sem exageros e muitos silêncios. Dá pra fazer um filme com um tema tão difícil sem carregar em músicas incidentais oportunistas. A delicadeza do filme me tocou profundamente.
Juliane Moore é Ingrid, uma escritora de renome, está em mais um lançamento de seu livro e fica sabendo que sua amiga, que há tempos estavam afastadas, está com câncer no hospital. Ela vai visitá-la e começa uma bela relação de amor e cumplicidade. Uma união que faz juz a máxima: ninguém solta a mão de ninguém. O câncer da amiga é nos ossos. Ela conta que está há anos em tratamento, que recusou no começo. Parece que nos Estados Unidos não é obrigatório acompanhante, então ela está sempre sozinha no quarto. E parece que as duas estão muito bem nas finanças. Tilda Swinton é Martha, uma repórter de guerra. Quando o câncer volta a se espalhar, ela se decide pela eutanásia que é crime nos Estados Unidos.
Ela pede que a amiga fique no quarto ao lado. Ela reluta um pouco em aceitar, mas cede. Elas tem conversas lindas, falam do passado, de seus trabalhos. Martha foi casada com Damian de John Turturro, quando se separou a amiga teve um romance com o ex. Martha conta que acompanhou inúmeros fins de militares nas guerras que trabalhou, quando não tinha a mínima possibilidade de socorro. Ela tem uma compreensão muito peculiar da morte e estabelece as regras de convivência. Quando a porta do quarto estiver fechada, o momento chegou. Elas passam a ter uma bela relação na lindíssima casa que Martha aluga. A vista é maravilhosa, no meio do nada, entorno de mata. Ingrid vai ter que fingir para a polícia que nunca soube das intenções da amiga. A deslumbrante Casa Zsoke da filmagem fica na Espanha.
Almodóvar é cirúrgico ao final. Ingrid vai depor e é tratada como criminosa. O policial trata como suicídio e não eutanásia e intimida Ingrid o tempo todo. Quando ele diz que é religioso, sendo que investigação precisa ser laica, Ingrid resolve chamar a advogada que já tinha sido preparada para essa situação. Incrível o diretor colocar o fanatismo religioso tão em voga atualmente para fazer doer o que já dói e trazer uma infinidade de preconceitos individuais as escolhas dos outros.
Beijos,

Pedrita

segunda-feira, 5 de maio de 2025

To Catch a Killer

Assisti To Catch a Killer (2023) de Damián Szifron no Max. É um bom filme do gênero, mas com cenas forçadas e muitos furos. Preferiram seguir a fórmula de bolo do cinema americano à risca, o que prejudicou o resultado. O diretor é argentino.
 

Eu gosto muito da Shailene Woodley e foi o motivo de começar a ver. o filme Ela é policial iniciante. O começo é muito bem feito. É Ano Novo. Muitas festas em coberturas, quando pessoas de vários lugares começam a ser assassinadas aleatoriamente. O filme peca em querer transformar a jovem em heroína, fica forçado e menospreza a experiência dos outros profissionais. Ela que desvenda tudo praticamente sozinha, o que torna o filme forçado e artificial. Ben Mendelsohn percebe o olhar da jovem e o fato dela parecer entender o atirador melhor que eles e a inclui na equipe. Jovan Adepo é quase figuração. De novo quiseram mostrar que são inclusivos, mas ele é quase inútil no filme.
Gostei que mostrou o jogo de poder entre as polícias, FBI, todos querem o crédito da captura do assassino. Embora não original, mostra bem o assédio moral entre os decisores e a pressão por desvendar. O ruim é a forçada final. Está dando tudo errado, eles não tem nem o nome do assassino, são destituídos da investigação. Ela vai desolada pra casa e olhando na banheira o teto descascado descobre tudo. Eles tem algumas horas pra entregar o posto e começa o corre-corre clássico do gênero para desvendar a tempo. 
Beijos,
Pedrita

sábado, 3 de maio de 2025

Mayombe de Pepetela

Terminei de ler Mayombe (1979) de Pepetela da LeYa Brasil. Eu tenho amigas que distribuem livros de vez em quando, ou porque chegam até elas, ou porque se desfazem. Esse eu não compraria por minha escolha, mas gostei muito. Esse livro foi leitura obrigatória no vestibular da USP. Achei linda demais essa capa.

A mesma amiga me presenteou com esse marcador de livros magnético de Inhotim.


 

Obras Rostos Culturais (2018) de Marques Nguxi

Pepetela participou do MPLA - Movimento Popular de Libertação da Angola na década de 70. No Brasil tivemos a independência em 1822, mesmo continuando com o filho do rei de Portugal no trono. Foi na Proclamação da República em 1889 que a monarquia deixou o poder. Na Angola somente na década de 70 que lutaram pela libertação do país. Achei então que seria um livro de lutas, que mesmo necessários, acabo não tendo muito identificação. Mas o livro é todo dividido, lutas mesmo só na primeira parte quando os combatentes lutam em meio a mata.

Obra Tchitundo Hulo (2019) de Carnott Junior

Depois os guerreiros montam uma sede no meio da mata e conseguem ficar melhor até a comida começar a acabar. Alguns seguem pra cidade, mas os líderes não estavam preocupados com a fome de seus guerreiros, queriam fazer política, falar, viver confortável, mas não se preocupavam com a precariedade dos guerreiros na luta.

Obra de Guizef

Em meio as divergências de lideranças surge a bela e livre Ondina. O autor mostra que os conflitos são também decididos por homens que se divergem, que são diferentes, que tem interesses diferentes. Gostei bastante do livro.
Beijos,
Pedrita