sexta-feira, 31 de outubro de 2014

À Procura de Sana

Terminei de ler À Procura de Sana - Duas palestinas, dois deuses (2012) de Richard Zimler da Relume Damará. Foi a Fátima Pombo que me apresentou esse autor e eu li dele Trevas da Luz, que gostei muito. Aí ela me presenteou com esse. Logo no início quase pensei em ler primeiro O Último Cabalista de Lisboa que adquiri recentemente, mas resolvi antecipar esse já que o presente já estava aqui há um tempinho. Eu tinha uma enorme curiosidade de saber porque a Fátima Pombo queria me presentear com esse livro. Durante a leitura volte e meia achava que era por aquele trecho, ou mesmo aquele. Mas a arte é isso, posso ter imaginado algo totalmente diferente do que fez ela me presentear. As possibilidades da arte são tantas, que qualquer suposição pode ser totalmente diferente do que aconteceu. Interessante é que a obra dá essa sensação de que tudo pode ter sido muito diferente, já que são muitos segredos, alguns por proteção, que podem ser bem diferente como relataram.

Obra de Ismail Shammut

Quando Richard Zimler vai participar de um evento conhece uma mulher que se mata no dia seguinte. Ele conhece ela muito rapidamente e ela diz ter lido o livro dele O Último Cabalista de Lisboa. Ele fica muito chocado com o suicídio, ele não tem certeza, mas tudo indica que foi um suicídio e começa e tentar saber um pouco mais dessa mulher. Desse fato então começa À Procura de Sana e uma mistura de ficção e realidade. Conhece então Helena, e é ela que começa a contar um pouco a história dessa mulher. São histórias cheias de mistérios e segredos já que elas nasceram em uma região de muitos conflitos. O tempo todo ficamos na dúvida se realmente o que contam a ele é como aconteceu, porque os segredos é que protegem as pessoas. O fato do Richard Zimler ser judeu, dá muita propriedade a obra. É um judeu falando de palestinos, de violência, contando a história dessas duas mulheres pelo olhos de quem procura. Ele não conta como um judeu, e sim como o relatam, mas o fato dele ser judeu, fortalece a narrativa, já que o interesse dele é tentar entender um pouco o que pode ter acontecido e não de fazer uma apologia a qualquer conflito. Em meio as investigações acontece o ataque a 11 de setembro, o que dificulta muito obter informações, já que aqueles com quem Zimler falava precisam sumir por uns tempos por segurança, mesmo que não estivessem envolvidos, só por serem palestinos.

Obra Paisagem sobre a Lua de Jumana El Husseini

À Procura de Sana é um livro muito triste e dramático. Essas duas amigas passaram maus bocados com a violência a seu povo. Helena, amiga de Sana, acha que não é possível acordos de paz, e com a leitura do livro essa sensação fica bem forte. Há muita intolerância em todos, muito ódio. O que a família de Sana passa é aterrorizador. A violência com a sua mãe e com o seu irmão especial é assustador. Raramente e família é avisada que algum parente foi preso, ele simplesmente desaparece. Basta alguma denúncia, com fundamento ou não, para uma pessoa ser presa, torturada e massacrada. E o ódio vai se expandindo. Os judeus também sofrem com os ataques e a violência, mas o ódio que alguns policiais usam contra palestinos suspeitos é revoltante.

Obra de Sliman Mansour

Em vários relatos fica clara a angústia dos palestinos de não poderem viver em suas terras. Na infância a família dessas mulheres precisa sair de onde vivem. E voltam clandestinamente. Uma família consegue os documentos para se fixar, a outra não. Depois, por questões de segurança, alguns precisam viver em outros países, mas sempre falam do desejo de voltar, de viver entre os seus.

Todos os pintores do post são palestinos.


Beijos,
Pedrita

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Dancin´Days

Assisti Dancin´Days (1978-1979) de Gilberto Braga no Canal Viva. Dirigida por Daniel Filho. A maioria dos capítulos eu vi às 13h30, alguns eu vi depois da meia noite. Linda a história do Cacá e da Júlia, interpretados por Antônio Fagundes e pela Sonia Braga, excelentes diálogos. Muito bom o texto quando o Cacá repreende o seu pai para não ser piegas e penitente, que é um lugar comum na tristeza.

A Júlia tinha uma personagem complexa. Ela fica presa vários anos, a irmã, interpretada pela Joana Fonn, esconde da sobrinha (Glória Pires) a história da mãe. Mostra bem a hipocrisia da sociedade que discriminava a ex-presidiária, até que ela volta moderna, com dinheiro, promovendo altas festas, aí todos a bajulam.

Muito rico também o personagem do Alberico interpretado brilhantemente pelo Mário Lago. Ele era um sonhador que vivia colocando a família em problemas financeiros. Para melhorar o orçamento da família alugavam os quartos. Incrível a personagem da Áurea, interpretada pela maravilhosa Yara Amaral. Filha do Alberico, casa bem, ganha um posto social e passa a viver de futilidades. Preconceituosa, é a primeira a querer longe a ex-presidiária. A irmã é interpretada pela Pepita Rodrigues. A esposa do Alberico é interpretada pela Lourdes Mayer.

O outro triângulo é bem jovem com os belos Lídia Brondi, Glória Pires e Lauro Corona. Ele e a personagem da Glória casam muito cedo, arrumam filho e as desavenças começam com a imaturidade. Cláudio Corrêa e Castro faz um pai castrador que não mede esforços para demover os filhos de suas escolhas, mesmo que sejam ilícitas suas ações. A novela é o no formato antigo, mais maniqueísta e com quadros muito longos. 

O elenco todo é muito bom: Reginaldo Farias, Sura Berditchevsky, Eduardo Tornaghi, José Lewgoy, Chica Xavier, Jacqueline Lawrence, Neusa Borges, Cleyde Bota, Gracinda, Freire, Beatriz Segall, Milton Moraes e Suzana Queiros. Dancin Days foi líder de audiência do canal.

Beijos,

Pedrita

domingo, 26 de outubro de 2014

A Caça

Assisti A Caça (2012) de Thomas Vinterberg no Telecine Cult. Eu tinha adorado Festa de Família que foi um dos primeiros filmes do Dogma desse diretor. A Caça é tão pesado e contundente quanto. Um homem arruma trabalho em uma escola com crianças. Uma menina está sofrendo com os desentendimentos do pai que é o melhor amigo desse homem. A criança fica com raiva desse homem e resolve inventar uma maldade sobre ele.

A inabilidade da escola em lidar com o problema é assustador. Um homem é chamado para conversar com a criança, e como ela não fala ele vai falando por ela e pedindo que ela confirme. E ele vai criando uma história por conta própria e a menina vai dizendo que sim. Sem apurar melhor falam logo em seguida como afirmação para todos os pais de alunos que começam a achar que as revelações dos filhos são também de abuso. Para julgá-lo e condená-lo com indícios, essa comunidade passa a cometer vários crimes.

O filme é todo irônico, falam de caçadas. Mads Mikkelsen está surpreendente, inclusive ele ganhou por esse filme Melhor Ator no Festival de Cannes. Difícil personagem. Alguns outros do elenco são: Thomas Bo Larsen, Annika Wedderkopp, Susse Wold, Lasse Folgstrom e Alexandra Rapaport.

Beijos,
Pedrita