Encontro Mônica Barbosa e Rayana Rayo

Fui na vernissage da exposição Encontro Mônica Barbosa e Rayana Rayo na Galeria Leme. Gosto muito de obras coloridas e me identifiquei muito com as telas de Mônica Barbosa, muito bonitas e instigantes as de Rayana Rayo. A curadoria é de Catarina Duncan.

Obra Morrer não é sobre secar (2021) de Mônica Barbosa

São mais de 10 pinturas com obras das duas artistas. Mônica Barbosa é do Piauí.

Obra Jornada Dupla II (2023) de Rayana Rayo

Rayana Rayo é de Pernambuco. A mostra vai até 10 de junho e é gratuita.

Beijos,

Pedrita

Timbuktu

Assisti Timbuktu (2014) de Abderrahmane Sissako no Canal Futura. No régua do canal seria outro filme que quero muito ver e coloquei pra gravar. O filme andava e o protagonista não aparecia, resolvi voltar ao início e vi que era outro filme. É insuportável, dilacerador, mas urgente! Vi com muito esforço porque dói, dói a alma. O diretor mauritano se inspirou na ocupação da cidade por extremistas islamistas em Timbuktu no Mali, país do continente africano.
 

O povo começa a receber ordens absurdas. Religiosos islâmicos não-extremistas tem importantes diálogos com os radicais. Os extremistas começam a exigir luvas e meias as mulheres, a casar a força com meninas de 12 anos, dar chicotadas, enterrando vivos e apedrejando, em uma sordidez insuportável. Perversão, maldade, tudo em nome da religião. O filme foi inspirado no apedrejamento público de casais não casados na região.

Tudo é proibido, ser feliz principalmente. A arte é proibida, não pode cantar, dançar. Futebol é proibido. É uma sociedade que lidera pelo medo e pela violência em nome da religião. No elenco estão Ibrahim Ahmed, Abel Jafri, Toulou Kiki, Layla Walet Mohamed e Mehdi A.G. Mohamed. O filme ganhou vários prêmios como César de Melhor Filme.

Beijos,

Pedrita

Amadeo

Assisti Amadeo de Côme de Bellescize no Tucarena. Queria muito ver esse espetáculo mas sabia que não seria fácil. É sobre um jovem que sofre um acidente de carro e fica em coma, inspirado em uma história real. Que espetáculo impressionante! Ficará impregnado na minha pele por muito tempo. Absolutamente inacreditável!

Não só pelo roteiro, mas também pela estrutura da peça, Nelson Baskerville, um dos grandes diretores de teatro do momento, criou um espetáculo ágil, até angustiante, tal a velocidade dos atores em cena que devem ficar exaustos. Tudo anda, gira, a maca, as cadeiras, sejam as de game ou as outras, em uma impactante cenografia de Marisa Bentivegna. Vários atores fazem vários personagens. São fixos a mãe, o filho e uma personagem que permite muitas interpretações. Todos atores estão inacreditáveis. Chris Couto é a mãe controladora, como sofre, coitada. 

Foto de Ronaldo Gutierrez

Thales Cabral é o filho e Claudia Missura o Clóvis, que pode ter qualquer interpretação, pode ser um amigo imaginário, um alter-ego, um ser divino, uma ilusão, o inconsciente. Como o protagonista fica em coma muito tempo e só se comunica com o indicador escrevendo ao computador, os diálogos só acontecem com Clóvis, provocador, incômodo e delirante, ele expressa toda a angustia do aprisionado jovem a sua condição. É o Clóvis um dos que mais tem incansáveis ações corporais, eu ficava exausta só de olhar. Esses desenhos feitos no chão, videomapping, são realizados pelos talentosos André Grynwask e Pri Argoud, somadas a instigante iluminação de Wagner Freire.

Foto de Gal Opido

Os outros personagens se alteram. Os atores fazem vários personagens em uma genialidade inacreditável. São poucos detalhes que transformam um bombeiro em um médico, uma amiga em uma jornalista e parece que temos outro ator no palco, quanta genialidade, que espetáculo. Os figurinos nada convencionais são de Marichilene Artisevskis. Cesar Mello faz o bombeiro, o médico. Thomas Huszcar o amigo e o insuportável administrador financeiro do hospital.

Foto de Ronaldo Gutierrez

Foi Janaína Suaudeau que quis trazer o texto ao Brasil e é responsável pela tradução junto com Clara Carvalho. Ela faz a namorada do rapaz, a jornalista e uma profissional de saúde. Queria que todos vissem Amadeo, mas já aviso que não é um espetáculo fácil, é profundamente catártico. Amadeo está em fim de temporada infelizmente, fica até 28 de maio.

Foto de Ronaldo Gutierrez

Aqui tem outras postagens com trabalhos de Nelson Baskerville

Beijos,

Pedrita