sábado, 9 de janeiro de 2021

His Dark Materials - 1ª Temporada

Assisti a 1ª Temporada da série His Dark Materials (2019) de Philip Pullman da BBC na HBO Go. Eu estava querendo uma série pra distrair, foi na época da virada do ano e achei que uma de fantasia seria bom. Enfim, é uma boa série, mas é muito, mas muito pesada, um dramalhão só. E bastante confusa. Pelo o que percebi os livros também são.

Vou dar spoilers: O discurso religioso me incomoda bastante porque é muito confuso. Parte da ideia que a humanidade surgiu com Adão e Eva, que existiam daemons antes, e porque Eva comeu a maçã, veio o pecado original e os daemons sumiram ou se transformaram em animais maus. Adão e Eva é uma lenda com o intuito de deixar bem claro qual o papel da mulher na sociedade, a mulher é o pecado, acreditar nesse absurdo para colocar toda a base de livros para adolescentes acho meio forçado e preconceituoso, mas enfim, seguimos. Eu adorei os atores que interpretam a Lyra e o Roger, Dafnee Keen e Lewin Lyod. Inconformada que o garotinho morre, inacreditável, quase não quis falar da série por isso. Eu amo os daemons.
Eu confesso que acho bem estranho uma série de fantasia só maiores de 14 anos, eu mesma achei muito, mas muito pesada. Demônios resolveram separar os daemons das crianças, que ficam verdadeiros vegetais, pra experiência religiosa deles, monstros. No elenco ainda estão: Ruth Wilson, James McAvoy, Lucian Msamati, Anne Marie Duff e Ariyon Bakare. James McAvoy pouco aparece, umas poucas cenas no primeiro episódio e depois só no último. Lin Manuel Miranda é outro personagem inútil. A feiticeira (Rute Gedmintas) diz que ele tem que ir logo pra ajudar a Lyra, mas ele some depois dessa cena. Antes ele leva a Lyra no balão, mas deixa ela cair, enfim, um inútil. A feiticeira tinha tido um grande amor no passado com o gípcio (James Cosmo), o filho deles morreu e eles se separaram por anos. Ele envelhece, ela não, ele sofre que ela não vai gostar dele envelhecido, ela jura que gostou, mas fica paquerando o novinho do balão. A primeira temporada termina tão depressiva que vou demorar pra ver a segunda. 

Tem uma história paralela muito, mas muito chata nos dias de hoje. Um portal permite a passagem de um para o outro. E é muito confusa e mal explicada. O menino (Amir Wilson) tinha um pai e todos querem as cartas do pai dele que ele acha que está morto, mas o pai não aparece, então a gente só acha que não morreu. A primeira temporada não lê nenhuma carta e fica no mesmo mistério. Totalmente desnecessária. São cenas longuíssimas da perseguição de um homem que não sabemos o que quer dessa família. Só vamos saber depois e bem mais ou menos. Não precisava tanto tempo mostrando eles na porta de casa vigiando a família, eles dentro da casa, o garoto sofrendo buillyng na escola e não revelar nada. Lyra também a gente não sabe muito a que veio. O tempo todo falam que ela não tem ideia da importância de quem é, do que fará, bom, mas nem salvar o amiguinho conseguiu, que poder é esse? Esse é o problema da temporada, contar muito pouco e a gente ficar com a sensação que foi enganado. Quem sabe melhora na próxima. 

Beijos,  
Pedrita

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Enola Holmes

Assisti Enola Holmes (2020) de Harry Bradbeer na Netflix. Queria ver algo leve, às vezes eu até tento mas não sigo adiante. Gostei bastante desse filme, acho que o que me agradou mais foi não subestimar a inteligência do público. Dá pra torcer por essa heroína, mesmo o cartaz depondo contra tudo o que o filme prega. O filme é a Enola e só ela, todos os outros são pra lá de coadjuvantes, não faz sentido ela dividir o brilho com os outros do elenco. O medo de bancar uma atriz pouco conhecida no cartaz é uma grande pena. O filme é baseado nos livros de Nancy Springer.

Enola Holmes vive sozinha com a mãe que ensina tudo pra ela. Faz ela ler todos os livros da biblioteca, ensina lutas e principalmente a ser independente. O nome mesmo vem de Alone, sozinha. Adorei Millie Boby Brown, sua mãe é Helena Boham Carter que aparece bem pouco, no relato no começo, no final e um pouco nas lembranças da protagonista. Queria que existissem muitas mães como as da Enola que estimulam a independência feminina, ter conhecimento, voz e coragem. Inclusive eu acho que a mãe faz parte das Sufragistas, das mulheres que resolveram lutar pelo direito ao voto das mulheres. Enola acha bombas, e as sufragistas perceberam que só os discursos não vinham chamando a atenção então resolveram ser mais violentas. A própria Helena Bonham Carter foi uma sufragista no filme que comentei aqui.
Há uma briga judicial pela forma como retrataram Sherlock Holmes, que seria mais afetivo no filme, sinceramente? Ele é tão coadjuvante no filme. Na história, os dois, Sherlock e Enola são brilhantes porque a mãe estimulou nos dois os raciocínios, lógica, adquirir conhecimentos, ler muito. Henry Cavill interpreta Sherlock, mas pouco aparece. O outro irmão é interpretado por Sam Claflin.

A estrutura do filme é ótima, há várias formas da história ser contada, tem animação, ótimas edições, muito inteligente. Tem um papel maior o personagem do jovem ricaço interpretado por Louis Partridge. Alguns outros do elenco são: Fiona Shaw, Burn Gorman, Adeel Akhtar, Susan Wokoma e Frances de la Tour. É possível que tenha outro filme, ou seja lançada uma série, acho que só vai depender do resultado do processo judicial. Mas dá pra sumir com o Sherlock nos próximos.

Beijos,
Pedrita 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Sorte Cega

Assisti Sorte Cega (1981)  de Krzystof Kieslowski no Telecine Cult. É o último filme que gravei do especial desse diretor. Gravei mais dois que não vi, mas uma confusão interminável na grade de programação do Telecine fez ter dois filmes que vi na gravação de outros filmes que não vi. Esse é muito diferente, difícil mesmo de assistir. Outra dificuldade é que quando eu gravo algumas legendas desaparecem, não sei se no ao vivo esse defeito acontece. Muitas falas se perdem e fica mais difícil ainda a compreensão. Przypadek foi um filme censurado pelo governo e ficou anos sem poder ser exibido, tanto que em um determinado momento some um trecho que se perdeu, mas é bem pouco. Após o filme ser recuperado ele foi restaurado.

Witek (Boguslaw Linda) está em uma estação de trem, quase perde o trem. O filme passa então a contar três histórias a partir desse momento na estação de trem. Em um, ele pega o trem, noutro não consegue, briga com o guarda e é preso, no terceiro ele não pega o trem e reencontra uma colega da faculdade. O protagonista cursa medicina, após a morte do seu pai resolve dar um tempo no curso, escolheu medicina porque era o desejo do seu pai, resolve então tentar outras possibilidades. No primeiro filme ele entra no partido. Nas três versões ele se dá mal, não há saída. Na primeira, inocente demais pro meu gosto, ele fala demais sobre as ações clandestinas da namorada (Boguslawa Pawelec) que é presa. Na segunda versão o seu amor é outro (Marzena Trybala). Ele ajuda na confecção de jornais clandestinos, quando viaja para Paris a sede do jornal clandestino é descoberta. Todos acham que ele que entregou o grupo.
Na terceira, com a amiga da faculdade (Monika Gozdzik) ele resolve retomar o curso de medicina. Ele não aceita participar politicamente de nada. O desfecho é bem surpreendente.


Beijos,
Pedrita

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Uma Menina Está Perdida no Seu Século à Procura do Pai de Gonçalo M. Tavares

Terminei de ler Uma Menina Está Perdida no Seu Século À Procura do Pai (2014) de Gonçalo M. Tavares da Porto Editora. O Carlos do Geocrusoé comentou sobre esse livro no  blog dele, que vou ler a postagem com detalhes depois de escrever esse post. Um amigo me perguntou o que eu queria de Portugal e enviei uma listinha, sem abusar muito, mas já abusando, e vieram 4 livros, esse é o primeiro que li. Meu amigo deixou a listinha em um alfarrabista, o sebo aqui do Brasil, o dono do sebo comentou com ele: "sua amiga tem bom gosto" e eu deixo esse elogio para o Geocrusoé, já que a lista é dele. Achei tudo lindo, a edição é primorosa e que texto! Nossa, que livro! Comecei bem o ano! No Brasil esse livro é editado pela Companhia das Letras.

O marcador de livro também foi outro presente desse amigo querido, Achei muito lindo. E o ursinho da querida Patry do Marion e Sua Vida. E a toalha de Natal da minha mãe, que saudade.

Obra Fada Azul e Pinóquio (1995) de Paula Rego

Um homem encontra uma menina, ela diz que está a procura do seu pai. É uma menina com trissomia 21. Ele tem dificuldade de conseguir informações com ela que só sorri. O livro tem muita surrealidade que é minha paixão. Ele começa então a procurar informações pelos objetos que ela traz, uma caixa de fichas com instruções de sobrevivência, que servem mais para quem encontrá-la do que pra ela, e um outro objeto.

Obra Soria-Nimes (1971) de Joaquim Rodrigo

São tantos detalhes, cada frase é mágica. O protagonista repara que a relação das pessoas com ele mudam com a companhia de Hanna, sempre sorridente. As pessoas o tratam melhor, são mais solícitas, porque Hanna sempre sorri. Tudo é fascinante! O encontro com um colador de cartazes, de uma família coladora de cartazes, que deixa mensagens por onde passam. O hotel sem nome. O contraponto entre o Terezín e o dono do antiquário. O Terezín acha que os objetos não são importantes e vai esvaziando o seu quarto ficando com o mínimo que acha necessário. O do antiquário, mais o meu estilo, dá um jeito de ter objetos mágicos em cada canto de seu minúsculo apartamento. O autor diz que o dono do antiquário, como eu, parece se interessar mais pelas histórias de quem passou pelos objetos do que pelos objetos. Que sonho seria eu poder ir nesse antiquário, mas morreria de medo das escadas. Eu ficava me perguntando onde o livro chegaria, como seria quando o protagonista achasse o pai da Hanna. O desfecho é espantosamente surpreendente! Que livro!

Beijos,
Pedrita

domingo, 3 de janeiro de 2021

Paraíso

Assisti Paraíso (2016) de Andrei Konchalosky no Telecine Cult. Faz tempo que gravei esse filme, agora vários estão para sair da lista de gravações. Como é da Segunda Guerra Mundial e na época que gravei estava lendo um livro achei melhor esperar. Que filme! Foi o que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e ganhou vários prêmios. E não é porque trata desse tema, mas pela forma como é realizado. 

Três pessoas estão sendo interrogadas e com isso conhecemos as histórias deles. Uma aristocrata russa é investigada por um francês, depois ela está em um campo de concentração e reencontra uma pessoa que conheceu no passado. Agora ele é um militar de alta patente do governo nazista.

As tomadas de câmeras são interessantíssimas. Às vezes só vemos uma pessoa em um ambiente, não sabemos mais quem está lá. Paraíso é um filme muito filosófico. O oficial francês precisa seguir as ordens nazistas, teme por sua família. O alto militar alemão é muito rígido e vai ao campo de concentração investigar corrupções. Ele já investigou em outros campos e seus relatórios levaram ao fuzilamento dos responsáveis. Como se a corrupção fosse o que se fizesse de errado em campos de concentração. A atriz que faz a judia é deslumbrante e como atua, Yulika Vysotskaya. O belíssimo alemão por Christian Clauss. O francês por Philippe Duquesne.
Muito chocante o final e imprevisível. O filme é em homenagem aos imigrantes que deram suas vidas para salvar crianças.

Beijos,
Pedrita