JK foi um brilhante médico, mesmo de origem humilde, ele conseguiu estudar, trabalhando à noite no telégrafo para se sustentar e pagar os estudos. JK sempre foi um homem obstinado, que parecia gostar muito de dinheiro, não por ser um homem ganancioso, mas por ser um homem ambicioso. Acho que se apaixonou realmente pela Sara, mas acho que ele não olharia para uma mulher mau vestida, sem elegância, ele sempre gostou de tudo o que era bom. A minissérie transformou JK em herói e acho que é um dos poucos pecados dessa obra. Seus feitos e tudo o que passou já eram suficientes para admirar essa personalidade, mas ele tinha defeitos também e seu desejo de fazer muito, fazia ele exagerar em obras em seus governos desde o início. Ainda tentaram minimizar as traições de JK em uma única amante, quando no mínimo foram três. E tentaram romantizar demais a traição para não turvar a imagem de JK e ficou forçado.
Esse olhar exagerado já fica claro quando ele congela o noivado e vai pratica-mente sem dinheiro a Paris e faz uma viagem enorme, inclusive nas pirâmides do Egito. Ele nunca se contentava com pouco nem quando não tinha dinheiro. Não seria diferente com Brasília. Havia na constituição a mudança da capital federal que JK fez questão de construir. É uma bela cidade, com belas arquiteturas, promoveram excesso de dívidas ao Brasil, mas eu ainda acho que não foi uma boa ideia levar os políticos tão longe dos eleitores. Sempre que falam que deveríamos cobrar quem votamos eu penso como, se eles ficam tão distantes. E também o fato deles ficarem mais só entre eles, sem o convívio com a maioria da população, os deixa livres demais e acabam achando tudo normal, já que todo o grupo age da mesma forma. Se estivessem em uma cidade que tivesse uma vida além da política, nas ruas poderiam ser abordados e questionados, o que seria bem melhor.
Gostei de algumas histórias paralelas, outras nem tanto. Acho importante haver ficção mesclada com a realidade porque mostra o momento político em que estavam inseridos, dando contexto. No início o Coronel Licurgo, interpretado pelo masgistral Luís Melo, mostra como os coronéis decidiam em quem seria votado e ganhar, mas depois exageraram um pouco em sua história, bem como a da Salomé, interpretada pela Deborah Evelyn.
Como a minissérie passa em vários períodos e estados, há muitas perso-nalidades históricas, o elenco é enorme e excelente. Eu não conhecia o poeta Augusto Schmidt, um dos grandes personagens dessa minissérie interpretado magistralmente pelo Antonio Calloni. Sua bela esposa foi interpretada pela ótima Alessandra Negrini. Gostei muito também do elenco da pensão, a dona da pensão é a maravilhosa Nathalia Timberg, uma mulher nobre, que teve muito dinheiro, mas para sobreviver monta uma pensão em sua casa enorme e luxuosa, como muitos ricos na época. Na pensão circulam jornalistas e principalmente atores e cantores que cantavam em casas noturnas, depois no rádio e em seguida na televisão. Nesse elenco estão: Débora Bloch, Camila Morgado, Claudia Netto, Ana Carbatti, Patrícia Werneck, Domingos Meira, Betty Goffman e Lucci Ferreira.
A caracte-rização e inter-pretação dos persona-gens históricos estavam incríveis, alguns deles foram: Carlos Lacerda (José de Abreu), José Maria Alckmin (Paulo Betti e Ranieri Gonzales), Oscar Niemeyer (Rodrigo Penna), as filhas de JK (Samara Fellipo e Andréia Horta), a mãe de JK (Júlia Lemmertz e Ariclê Peres), a irmã de JK (Denise Del Vecchio e Juliana Mesquita).
O elenco primoroso continua: Letícia Sabatella, Hugo Carvana, Caco Ciocler, Dan Stulbach, Cássia Kiss, Paulo Goulart, Xuxa Lopes, Guilhermina Guinle, Otávio Augusto, Mila Moreira, Paulo Nigro, Regina Braga, Dudu Azevedo, Tato Gabus Mendes, Cássio Gabus Mendes, Mariana Ximenes, André Frateschi, Sérgio Viotti, Mateus Solano, Bukassa Kabengele e Louise Cardoso.
Youtube: JK
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Beijos,
Pedrita