Terminei de ler
O Continente (1949) de
Érico Veríssimo. Como perceberam fiquei meses degustando essa maravilha que é a primeira parte de
O Tempo e O Vento. Eu comprei
O Continente em um sebo. É um livro que foi dado pela filha a um pai de presente e está lá a dedicatória datada em 1949, bem que minha amiga comentou que possivelmente seria a primeira edição da obra, acho que ela tinha razão, é a mesma data do lançamento. O que tenho é da
Editora Globo. As páginas nem estavam amareladas, estavam quase marrom. Já estou com os seguintes,
O Retrato e
O Arquipélago, em uma edição bem mais recente que peguei emprestado da minha mãe. Não devo ler na sequência. Vou ler outras obras no meio antes. Eu sou fascinada por
Érico Veríssimo, adoro obras extensas onde acompanhamos a história de uma família. Eu havia visto a minissérie que saiu em DVD e comentei
aqui. Além da minissérie reduzir um pouco o DVD tirou uma parte bem grande de
O Continente que era interpretado pela
Lilian Lemmertz como
Bibiana e
Carla Camuratti como
Luzia. Embora adore
Érico Veríssimo foi a minissérie que me instigou em ir atrás de todos os livros de
O Tempo e o Vento.
Obra Capão de Oscar Boeira
O DVD começa com Ana Terra, mas O Continente começa muito antes. Há várias capítulos em uma tribo indígena. Trecho das Missões. Depois que Ana Terra passa por muitos dissabores, ela resolve ir com um grupo para um povoado que está sendo formado. Nós estudamos na escola os conflitos no Rio Grande do Sul, mas eu particularmente só tive a dimensão das sucessivas guerras com O Continente. Eles guardavam fatos e os mencionavam definindo em que guerra que aconteceu. Foram anos e anos de guerras, mortes. Gerações e gerações que as mulheres perdiam seus pais, irmãos, filhos, netos e gerações seguintes. O Continente começa exatamente como o DVD, com O Sobrado. Depois entre a trama o conflito no Sobrado volta. É fascinante ver que no início mal temos simpatia pelos personagens, assim que vamos conhecendo a história deles e dos familiares, o sofrimento da família no Sobrado parece mais próximo.
No meio da obra tem o livro mais conhecido de O Tempo e o Vento, Um Certo Capitão Rodrigo, que eu não precisei ler nas folhas marrons de letras muito miúdas e sim na edição da Folha que comprei há uns anos. Confesso que não entendo muito essa ideia de picotar uma obra. No meio de Um Certo Capitão Rodrigo há várias referências a outras partes da obra que quem não leu não irá compreender. Quando um dos filhos de Ana Terra pensa que ela teve coragem, nós sabemos o que houve, ele vagamente. E quem só ler essa obra ficará com a ideia vaga, uma pena. O bom é conhecer toda a obra. O Capitão Rodrigo foi interpretado brilhantemente pelo Tarcísio Meira, mas na descrição da obra, o Capitão Rodrigo tinha belos olhos azuis.
Obra de Glênio Bianchetti
Eu anotei vários trechos de O Continente de Érico Veríssimo, chegou uma hora que achei melhor parar de anotar.
“Era uma noite fria de lua nova.”
Um Certo Capitão Rodrigo
“Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o
cap. Rodrigo Cambará entrara na vida de Santa Fé.”
“Os velhos diziam “Foi na guerra de 1800...” ou “foi
na de 1811... ou 1816... ou 1825”. Mas no espírito da maioria, principalmente
no das mulheres – que faziam o possível para esquecer as guerras -, essas datas
se misturavam.”
“Ao pensar na Corte, Pedro pensou em governo. Para
ele era uma palavra que significava algo de temível e ao mesmo tempo odioso.
Era o governo que cobrava os impostos, que recrutava os homens para a guerra,
que requisitava gado, mantimentos e às vezes até dinheiro, e que nunca mais de
lembrava de pagar tais requisições... Era o governo que fazia as leis – leis
que sempre vinham em prejuízo do trabalhador, do agricultor, do pequeno
proprietário.”
O compositor e as duas obras da ilustração do post são de artistas do Rio Grande do Sul.
Beijos,
Pedrita